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terça-feira, 20 de abril de 2021

"O Mundo Em Que Vivi" de Ilse Losa

Não sei que recordações me traz esta capa. Quando olho para ela sei que a (re)conheço mas não me lembro em que circunstância ela ficou marcada na minha memória. Aqui há tempos, ouvi falar de Ilse Losa e como a autora tinha escolhido o nosso país para viver. Esse aspecto e a capa bastaram para ter ido à net e comprado um dos seus livros. Li-o num ápice não só por ser pequeno mas porque o seu conteúdo, em jeito de confidência, despertou todo o meu interesse.

A autora começa a descrever a sua infância, desde os tempos em que, pequenina, vivia com o seu avô e a importância que ele teve no seu crescimento. Recordações, pequenos episódios, que recorda com carinho, sobretudo pelo amor recebido desse senhor que lembra com muita ternura e que a "defendia" sempre da rigidez da avó.

E é com mais recordações que, subtilmente, nos vai introduzindo nos pequenos sinais que apontam certeiramente para todo o mal-estar que o povo judeu começou a sentir antes já da subida de Hitler ao poder. Mal-estar que se traduziu em pequenos confrontos internos e não só. Num país que considerava seu, a Alemanha, passou a sentir-se estranha e estrangeira. Mais do que isso, em perigo. O avolumar do anti-semitismo, a defesa de ideias que colocavam os judeus como causadores da crise que assolava o país. 

Gostei muito. Muito.

Terminado em 7 Abril de 2021

Estrelas: 5*

Sinopse

«Numa escrita inexcedivelmente sóbria e transparente, e através de breves episódios, este romance conduz-nos em crescendo de emoção desde a primeira infância rural de uma judia na Alemanha, pelos finais da Primeira Grande Guerra Mundial, até ao avolumar de crises (inflação, desemprego, assassínio de Rathenau, aumento da influência e vitória dos Nazistas) que por fim a obrigam ao exílio mesmo na eminência de um destino trágico num campo de concentração...»

«...Há uma felicíssima imagem simbólica de tudo, que é a do lento avançar de uma trovoada que acaba por estar "mesmo em cima de nós". Assistimos aos rituais judaicos públicos e domésticos, a uma clara atracção alternativa entre a emigração para os E.U. e o sionismo. Fica-se simultaneamente surpreendido pela correspondência e pelas diferenças entre o adolescer e o viver adulto em meios culturais muito diversos, pois há relances de vida religiosa luterana, católica e de agnosticismo à margem da experiência judaica ortodoxa. Perpassam figuras familiares de recorte nítido: os avós da aldeia, o pai, negociante de cavalos, desfeitado por anti-semitas e falecido de cancro, os tios progressistas Franz e Maria, o avô Markus, a amorável avozinha Ester (Kleine Oma), Paul (o jovem quase-namorado que se deixa intimidar pelo ambiente), Kurt (o jovem enamorado assolapado, culto e firme nas suas convicções). A acção é desfiada numa sucessão de fases biográficas progressivamente dramáticas - e nós acabamos por participar afectivamente de um destino ao mesmo tempo muito singular e muito típico, que bem nos poderia ter cabido. Um romance de características únicas na leitura portuguesa - e emocionalmente certeiro.» Óscar Lopes

Cris

5 comentários:

  1. Deve ser muito interessante!

    (estou a gostar de ler o que recebi) :)
    -
    Escondi os olhos em pranto...
    -
    Beijo e uma excelente tarde!

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  2. Este livro está no meu antigo quarto, na casa dos meus pais. Penso que foi leitura escolar da minha irmã e que também o cheguei a ler...

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  3. Já há muito tempo que ando com vontade de ler esta escritora que só conheço de nome.
    E aquele penteado é muito anos quarenta/cinquenta.
    Bom fds, Cris.
    🌾🌼

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