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sexta-feira, 30 de outubro de 2020

"Dias de Outono" de José Rodrigues

Capa bonita, sóbria. Título sugestivo, condizente. Autor português que não conhecia. Amigas que gostaram desta leitura. Que mais precisava eu para pegar neste livro?

Parti com as expectativas altas. Gostei da escrita simples, directa, sem grandes floreados. Gostei da história, contada por um narrador, de conhecer o seu ponto de vista sobre aspectos familiares em convulsão, ausências parentais, remorsos de uma vida dedicada ao trabalho em detrimento de horas passadas com os filhos. Apenas achei que se notou, no início da leitura, uma visão dicotómica das personagens que formam o casal: um é "bom", mostra-se arrependido; o outro é "mau", não quer saber... Se bem que nos é mostrado apenas um dos lados.

Até meio da leitura, embora estando a gostar, pensei que o ritmo não se alteraria o que poderia fazer com que este romance fosse morno. Mas não. Uma reviravolta, daquelas que a vida nos oferece sem querermos, faz mudar o rumo do que o leitor prevê e isso é bom.

Um aspecto que achei brilhante foi o acompanhamento através de fotografias, em cada início dos capítulos, de pequenos apontamentos que, uns mais do que outros, tornam perceptível ao leitor, do que o capítulo seguinte poderá trazer. Captar as palavras através das imagens. Muito bom. Parabéns Sara Augusto, por isto que referi e pela capa lindíssima! 

Terminado em 25 de Outubro de 2020

Estrelas: 4*+

Sinopse

«O sentimento de felicidade pode dar medo. Medo de que, de repente, tudo se desmorone. Que o coração gele, depois de aquecer. Que a pele esfrie, depois de recolher os melhores pedaços do Sol.»

Os dias de Miguel são divididos entre a intensa atividade profissional e o apoio a Teresa, a sua tia, institucionalizada com uma doença irreversível. Na família encontra o conforto dos seus dias agitados, com Catarina e os filhos André e Tiago. As alterações recentes na administração do banco onde trabalha, a degradação do casamento e os problemas vividos pelo filho adolescente levam Miguel a questionar as opções de vida. Ao mesmo tempo, retoma as memórias mais antigas, incluindo a sua vila no interior e a casa onde nasceu e viveu, criado por Teresa, num ambiente de permanente felicidade. Quando o mundo de Miguel parece desabar, passado e presente unem-se numa longa jornada de salvação e de mudança de prioridades, onde o amor se transforma no principal caminho para a reconstrução da felicidade, mesmo quando a perda e a saudade pareciam não querer dar tréguas…

Cris

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Para os Mais Pequeninos: O Regresso de Telma, o Unicórnio


A Telma já é nossa conhecida. um pequeno pónei que queria muito ser um unicórnio, de tal forma que o conseguiu. Mas será que ficou contente? Essa é a história do primeiro livro de Telma, que podem ver comentada aqui, e que é o ponto de partida da história que se segue!

Neste, Telma, o pónei, está um pouco triste porque vê que os fãs da Telma, o unicórnio, queriam muito que ela voltasse. E Telma não sabe o que fazer! Será que deveria fazer de conta, outra vez, e transformar-se num unicórnio? E, mais uma vez, pediu ajuda ao seu amigo Óscar... porque ela tinha medo daquela gente maldosa que só sabe dizer mal e que tem inveja das pessoas que são felizes!

O que vai Telma decidir?  O que lhe aconselha Óscar? Será que vai transformar-se de novo naquele unicórnio cheio de brilho e luz que fazia as delícias de todos?

Luz, cor e brilho, um livro que conta o regresso de Telma. Por detrás, a mensagem: devemos ignorar quem não nos quer bem e tem inveja de nós. Eles não merecem o nosso sofrimento! E qual é o mal de sonharmos, afinal?






Cris

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Experiências na Cozinha: Cozinha Vegetariana Rápida e Prática


Trazemo-vos hoje uma comidinha que já não será tão apropriada para este tempo frio e chuvoso mas, mesmo assim, quisemos experimentar porque tem um ingrediente não muito usual no nosso prato: os tremoços. Claro que todos os comemos mas não é frequente comer sem ser ao natural...

Os wraps de guacamole e tremoços fizeram sucesso!  Basta descascar 1 1/2 chávena de tremoços e juntar com 1 abacate, 1 dente de alho, coentros, azeite, manjericão ou salsa. Triturar tudo e juntar agua se necessário. Colocar numa taça. Juntar uma cebola e um tomate previamente picados e temperar.

Depois é só rechear os wraps e colocar também palitos cortados finamente de pepino, cenoura, curgete ou algo mais que se lembrem... Vejam que bonitos (e bons!) ficaram! São óptimos para levar na marmita!





Palmira e Cris

terça-feira, 27 de outubro de 2020

"Consentimento" de Vanessa Springora

Estou literalmente sem palavras após esta leitura! E, no entanto, a minha cabeça está repleta, num turbilhão de ideias e interrogações! Esta leitura foi, sem dúvida alguma, uma das que mais me impressionou. De todo o sempre. Não me vou esquecer deste livro e de como me senti revoltada com as páginas e páginas de uma violência que não sei qualificar nem quantificar. E, sobretudo, da impunidade com que um indivíduo que considero um violador reiterado gozou a vida inteira. 

Não sei se estão a par do conteúdo desta história! Era bom que se tratasse apenas de ficção e mesmo assim seria de uma dureza imensa! Quero dar os parabéns à autora pela coragem que precisou ter para colocar no papel a sua história, a sua vida. Nua e crua.

V. apaixona-se por G.! Isso não seria de espantar mas V. tem apenas 13 anos e G. é trinta e seis anos mais velho. Que mais há para dizer? Que G. utilizou a sua experiência para a conquistar de modo a que ela se entregasse de livre vontade? Não sei se, legalmente, o podemos chamar de violador visto que há o chamado consentimento da menor mas  podemos chamar, entre outras coisas!, de abusador sexual. 

Como é possível que um homem assim tivesse passado impune à Justiça durante a sua vida toda? Um escritor, com toda uma obra cujo foco é precisamente as (suas) relações sexuais com menores de dezasseis anos.  

V. demora muito até descobrir o verdadeiro carácter de G. Demora muito tempo a aceitar-se como vítima. Afinal, como refere, como "admitir que fomos abusados quando não podemos negar que consentimos?" Demorará muitos mais anos a conseguir afastar-se das garras de V. 

Uma das coisas que mais me chocou foi a aceitação/colaboração da parte dos adultos que a rodeavam! Que amor lhe tinham? 

Um livro duríssimo que deve ser lido. Continuo sem palavras e com a cabeça num turbilhão!

Terminado em 23 de Outubro de 2020

Estrelas: 6*

Sinopse

O livro-testemunho que incendiou a sociedade francesa. Uma história de amor e perversão, de vítimas e predadores. Paris, meados da década de 80: a jovem V. procura nas páginas dos livros algo que preencha o vazio de afecto deixado pelo divórcio dos pais. Com treze anos, num jantar, conhece G., escritor, figura da elite intelectual parisiense, semblante de monge budista e «olhos de um azul sobrenatural». Desconhece a reputação sulfurosa de que o escritor de cinquenta anos goza e desde o primeiro olhar é conquistada pelo magnetismo daquele homem, pelos olhares que lhe dedica. Depois de um meticuloso cortejo de algumas semanas, V.entrega-se a G. de corpo e alma.

Cris

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

"A Corrente" de Adrian McKinty

Já tinha ouvido falar neste thriller e andava muito curiosa, esperando arranjar tempo para o ler. Quando chegou a sua vez, fiquei um pouco desconsertada com a sua premissa! A ideia de uma corrente que se estabelece para perpetuar uma série de raptos, onde os raptores por terem um familiar raptado, tornam-se, eles próprios, raptores, era demasiado horripilante para ser verdade! É pois uma história bem macabra mas não posso deixar de felicitar o autor pela originalidade da sua ideia, que aliás, foi retirada de uma série de raptos por troca que tiveram lugar no México e na ideia de cartas enviadas que têm por base uma corrente, uma cadeia de pedidos.

Mas, mesmo assim, comecei a ler e ... fiquei presa nesta malha humana de pais aflitos, que se recriminam por não se considerarem bons pais (que pai não se culparia se acontecesse algo semelhante ao seu filho?) mas que tudo fazem para salvarem as suas crias! Tudo é tudo mesmo! E isso deixa-nos a pensar... 

Viciante, perturbador, este livro é electrizante. Quem está por detrás desta corrente do mal que obriga os pais, para que os seus filhos regressem sãos e salvos, a agir de forma a ficarem presos nas suas malhas? Que farias se, para teres o teu filho de volta, tivesses de raptar alguém e obrigasses a que esses pais, por sua vez, raptassem o filho de outrem, porque só assim terias a tua cria de volta? Que motivação teria alguém para criar esta corrente, perguntam-se vocês?  Para além desta corrente que torna os pais/vítimas em pais/agressores está como pano de fundo o resgate que todos têm de pagar...

Às vezes é preciso ler um livro assim!

Terminado em 21 de Outubro de 2020

Estrelas: 5*

Sinopse

A manhã começa normalmente. Rachel Klein deixa a filha, Kylie, na paragem de autocarro e segue a sua rotina diária. Mas um telefonema a partir de um número desconhecido para o seu telemóvel muda tudo. Do outro lado da linha, está uma mulher a avisá-la de que tem Kylie em seu poder, no banco de trás do seu carro, e que Rachel só voltará a ver a filha se pagar um resgate... e raptar outra criança. A mulher diz -lhe que é mãe de um rapazinho que foi também raptado e que, se Rachel não fizer exatamente o que ela lhe diz, o menino morrerá e Kylie também. Rachel faz agora parte da Corrente, um esquema aterrorizador que transforma os pais das vítimas em criminosos - e que, ao mesmo tempo, deixa alguém muito rico. Rachel é uma mulher comum mas , nos dias que se seguem, vai ultrapassar limites até aí inimagináveis. Terá de fazer escolhas morais impossíveis e praticar coisas terríveis. A Corrente é implacável e totalmente anónima. As suas regras são simples: entregar o dinheiro exigido, encontrar uma vítima e, a seguir, cometer um ato abominável que nunca passaria pela mente de uma pessoa comum. Os cérebros por trás da Corrente sabem que os pais farão qualquer coisa pelos seus filhos. Mas o que eles não sabem é que podem finalmente deparar -se com alguém à sua altura. Rachel é inteligente, determinada e uma sobrevivente. Será ela a pessoa capaz de quebrar A CORRENTE?

Cris

domingo, 25 de outubro de 2020

Ao Domingo com... Iris Bravo


Ser médica e trabalhar em Infertilidade é muito bom. Já o faço exclusivamente há dez anos e continuo a deleitar-me com a sensação maravilhosa de fazer uma ecografia, espreitar para dentro do útero da paciente que teve um teste de gravidez positivo e encontrar o tão desejado embrião. Um pequeno ser com um coração minúsculo a bater, que aparece como um ponto preto e branco a piscar no ecrã.
Durante alguns segundos, os estritamente necessários para confirmar que está tudo bem antes de o anunciar ao casal, estamos só os dois, eu e aquele embrião tão especial. Sou a única que sei que ele está ali, uma nova vida, a crescer e a prosperar. Uma vida para a qual eu também contribuí, ao longo de consultas e ecografias, ao retirar óvulos e quando o coloquei dentro daquele útero. Saber que aquele embrião também é um bocadinho meu, faz-me regozijar, sentir-me orgulhosa e muito grata pela minha profissão.

Como o casal está sempre ansioso por saber notícias boas e não os quero fazer sofrer, sou muito rápida a dar-lhes os parabéns e a virar o ecrã na sua direção, para que eles também apreciem toda a extraordinária beleza que existe na forma de feijãozinho de um embrião com dez milímetros.

É nesse momento que eles se libertam e se descompõem, um descompor bom, de alívio, abraços e felicidade, com risos e lágrimas que nos contagiam. É um momento muito emocionante e que calculo que nunca vá perder a magia.

Lembro-me perfeitamente da reação do meu primeiro diretor, na altura com mais de quarenta anos de carreira em procriação medicamente assistida, quando estava ao meu lado no momento em que se ouviam as batidas rápidas de um coração, de olhos brilhantes e um sorriso rasgado na direção dos futuros pais.

- Ena! Que espetáculo! Este vosso embrião quer apanhar o comboio!

Se o meu diretor se emocionava assim ao fim de quarenta anos, eu também tenho o direito de me sentir de coração cheio e ficar com os olhos húmidos ao fim de dez...

Trabalhar em Infertilidade também é mau. Porque apesar de conseguirmos ajudar muitas mulheres e muitos casais, não conseguimos ajudar todos, nem o iremos conseguir num futuro próximo. E isso é extremamente frustrante.

Custa muito acompanhar um casal, ao longo de vários anos e dos três tratamentos de fertilização in vitro a que têm direito no sistema nacional de saúde, e depois do último teste de gravidez negativo, dizer-lhes que a sua luta connosco chegou ao fim.

É injusto que as outras tenham engravidado e aquela mulher não, que também fez as mesmas inúmeras injeções, ecografias, anestesias, cirurgias, análises ao sangue e outros procedimentos que considerámos necessários, que lhe propusemos e ela aceitou, cheia de esperança e confiança em nós.

Chegámos ao fim da linha, mas ela continua ali à minha frente, a querer um bebé para dar colo exatamente como no dia da primeira consulta, só que eu não tenho mais nada para lhe oferecer.

Foi a pensar que gostaria de fazer algo mais por estas mulheres que comecei a escrever A Terceira Índia. Fiz do insucesso o ponto de partida e tentei que a Sofia fosse uma heroína que as representasse. Uma espécie de homenagem a todas as pacientes a quem dei alta, pela sua coragem numa batalha em que não conseguiram o tão desejada prémio, depois de uma luta que é dura, na maioria das vezes anónima e sobre a qual as pessoas não envolvidas pouco sabem.

“A Verdade é que me doía. ” A Terceira Índia começa com o sofrimento da Sofia e a sua luta por uma gravidez, algo natural e simples de alcançar para a maioria das mulheres, mas não para si. Como muitas das minhas doentes, ela deseja intensamente ter uma família e está disposta a tudo para a conseguir, mas a sua quinta Fertilização in Vitro é cancelada porque o seu ovário não respondeu, uma situação em que se deve assumir que o melhor é desistir.

Ela tinha um casamento de sonho, que se desgastou com a sua infertilidade, um aborto e múltiplos tratamentos que não resultaram. Estes revezes transformam-na numa mulher obcecada em engravidar, que acabou por se afastar do marido, não só pela sua atitude melancólica, mas também porque ele não aceita que façam tratamentos com óvulos de outra mulher e ela não o perdoa por isso.

Depois de descobrir que o marido a traiu, a história ganhou asas e vida própria. Talvez para redimir a “minha” Medicina que ainda não tem resposta para tudo, imaginei que todas essas tragédias precisavam de acontecer, porque de outra forma ela continuaria a sua vida quase perfeita e não alteraria a sua trajetória, e ela estava destinada a ir para outros lugares, conhecer outras pessoas e realizar ações que não aconteceriam se tivesse engravidado.

Rendi-me ao sincrodestino, essa ideia romântica de que os destinos dos seres humanos estão todos ligados e a acontecer ao mesmo tempo. Num determinado momento e com determinados personagens pode parecer que está tudo a correr mal, mas é apenas porque vemos um pedaço que faz parte de um plano maior, só visível à posteriori e quando todos os intervenientes se tiverem cruzado, para que um bem maior seja alcançado.

Se por um lado procurei chamar à atenção para o sofrimento das mulheres com infertilidade, uma causa muito querida para mim, por outro, de uma forma um pouco egoísta, também perdoei as limitações da Procriação Medicamente Assistida, que na minha história, acabaram por contribuir para que o mundo se tornasse num lugar um pouco melhor.

E como diz a Sofia e eu também acredito, “é nas pequenas coisas que se muda o mundo".

Iris Bravo

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Para Os Mais Pequeninos: "Abre a Porta, Toupeirinha!"


Este livro é muito visual. As imagens aqui têm um papel de destaque e por isso acho que os mais pequeninos vão adorar! Quer dizer, os mais pequeninos e os mais graúdos também porque fiquei a olhar embevecida para os amiguinhos desta Toupeirinha, que numa noite de tempestade e neve, não consegue ficar descansada! Os seus amigos, um a um, vêm-lhe pedir abrigo...

E este livro traz uma surpresa fantástica! E se ao contarem a história aos pequenotes tiverem com vocês uma toupeirinha em peluche, igual à do livro? Já imaginaram as brincadeiras que se podem proporcionar com a junção do livro e do brinquedo?

Ficam as fotos para espreitarem:






Cris

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

"Quem É Amado Nunca Morre" de Victória Hislop

Já não lia nada desta autora há bastante tempo! Até me tinha esquecido de como as suas palavras são especiais e como consegue construir uma história com sentido, sem pontas soltas sobre assuntos que, muitas vezes, estão relacionados com a História de um povo e de como os seus personagens são psicologicamente completos e, em muito, semelhantes às pessoas reais.

Não há muito mais a dizer. Gostei muito desta leitura e recomendo-a vivamente. A trama acompanha a história de uma família grega, um casal com quatro filhos todos muito diferentes e com vontades políticas opostas. Depois centra-se na filha mais nova e é através das suas vivências que vamos assistindo ao desenrolar da História da Grécia, deste antes da II Guerra até 2016. 

Este livro constitui uma verdadeira lição de História. As facções internas, que dividiram este povo, as lutas civis de quem era a favor e contra o governo, as mortes e assassínios de parte a parte, fizeram do povo grego um povo massacrado, com poucos momentos de liberdade.

Saber contar a História, através das vivências de uma família, sem cansar o leitor e instigando-o a virar as páginas, ansiosamente, é obra de mestre. Victória Hislop soube fazê-lo na perfeição!

Terminado em 16 de Outubro de 2020

Estrelas: 6*

Sinopse

Atenas, abril de 1941. Tendo resistido a uma primeira tentativa de invasão, a Grécia é ocupada pelas potências do Eixo. Após décadas de incerteza, o país encontra-se dividido entre a direita e a esquerda políticas. Themis, então com quinze anos, vem de uma família separada por essas diferenças ideológicas. A ocupação nazi não só aprofunda a discórdia entre aqueles que a rapariga ama, como reduz a Grécia à miséria. É impossível ficar indiferente: na fome que se seguiu à ocupação, e que lhe levou os amigos, os atos de resistência são quase um imperativo moral para ela. Porém, com o fim da ocupação, advém a guerra civil. Themis junta-se ao exército comunista, onde experimenta os extremos do amor e do ódio. Quando por fim é presa nas ilhas do exílio, encontra outra mulher cuja vida se entrelaçará com a sua de maneiras que nenhuma delas poderia antecipar, e descobre que deve pesar os seus princípios contra o desejo de viver. Um romance poderoso, que lança luz sobre a complexidade e o trauma do passado da Grécia, a partir da vida extraordinária de uma mulher comum.

Cris

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Experiências na Cozinha: "Mente Sã, Corpo São"

Hoje trazemo-vos uma receita um pouco diferente para que possam experimentar algo que não é muito usual na nossa comida, o nishime.

Nishime é um estufado longo, quase sem água, muito usado na macrobiótica.  É indicado para quem tem digestões difíceis e é comida de conforto, apropriada para a época fria.

Se feito com raízes e legumes doces, ajuda a controlar os níveis da glicemia.

Podemos usar várias combinações, com sugestões no fim da receita.

Aqui usei repolho, cebola, cenoura, abóbora Hokkaido com casca (porque é biológica) e coentros.





Palmira e Cris

terça-feira, 20 de outubro de 2020

"Maneiras de Voltar para Casa" de Alejandro Zambra

Às vezes é engraçado reparar como os livros saltam da estante e colocam-se nas nossas mãos para serem lidos! Para participar num desafio precisava de um livro que tivesse a letra Z no nome do autor ou fosse o começo de uma palavra do título... O Z de Zambra saltou à vista, li a sinopse e agradou-me.

Não devia espantar-me o quanto aprendemos ou relembramos coisas/acontecimentos com estas letras juntas, estas ideias que alguém, um dia se dispôs a construir! Mas fico e isso delicia-me.

Como explicar-vos o poder deste livrinho pequeno, o quão depressa ele nos transporta para o seu interior, para a História do povo chileno, vista através dos olhos de quem recorda a sua infância?  

O narrador, um escritor, brinca com o leitor ao ponto de este não saber se o que lê são as suas recordações ou o livro que está a escrever. Gostei disso, dessa dúvida que se vai desfazendo com o decorrer da leitura. Ao narrar os acontecimentos que o marcaram, o autor / narrador / personagem do seu livro aborda factos históricos da História do Chile (terramoto, ditadura, golpe de estado), que "obrigam" o leitor a pesquisar sobre eles.

Engraçado como são contados episódios de uma infância feliz e na pouca percepção que as crianças possuem da realidade política e social em que estão envolvidas e como as "explicam" e vivenciam à sua maneira! 

Um autor desconhecido para mim que gostei muito de descobrir e de envolver-me na sua escrita.

Terminado em 16 de Outubro de 2020

Estrelas: 5*

Sinopse

Na década de 1980, um rapazinho de nove anos brinca às escondidas com os amigos nos subúrbios de Santiago de Chile, enquanto os adultos se enredam lentamente na violência do regime de Pinochet, cúmplices ou vítimas do seu governo brutal.

Enquanto o país estremece sob a ditadura, o menino cria histórias para explicar as cenas esporádicas de violência, os desaparecimentos e o silêncio ensurdecedor dos seus pais.

Até que, na noite do terramoto de Santiago, aparece uma garota misteriosa chamada Claudia, que irá abalar para sempre o mundo do rapaz.

Mais tarde, já adulto e meditando sobre as tragédias da sua infância, ele tem de arranjar coragem para enfrentar tudo o que não podia perceber enquanto criança e para desenlear o passado conturbado do seu país. Enquanto tenta começar a escrever um romance sobre o confronto entre a inocência e a cumplicidade, esbatem-se as fronteiras entre a ficção e a realidade, e a bela Claudia reaparece na sua vida.

Com precisão e melancolia, Alejandro Zambra reflecte sobre o passado e o presente do Chile. Maneiras de Voltar para Casa é o romance mais pessoal de um dos grandes escritores da nova geração.

Cris

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

"A Filha do Comunista" de Aroa Moreno Durán

Eu acho que tudo neste livro está perfeito. É a prova em como em apenas um pouco mais de 100 páginas se consegue escrever uma história com sentido, ensinar a História de um povo, escrever bem e fazer o leitor interessar-se pelas personagens, tal a profundidade com que são descritas!

A leitura é rápida, embora a escrita seja um pouco diferente mas muito bem conseguida. O leitor
estranha-a um pouco, mas entranha-a logo de seguida! Diferente mas no bom sentido. Os capítulos são pequenos, todos situando a história cronologicamente o que é importante para nos situarmos no tempo e registarmos os acontecimentos mais importantes na memória. 

Quase que afirmo que a personagem principal não é Katia, a narradora, mas sim "o muro" mais conhecido da História... O muro de Berlim, o antes e o depois, constitui o pano de fundo desta narrativa. Katia é filha de emigrantes espanhóis na Alemanha de Leste, vive aí com seus pais e irmã. Sem pensar muito, em 1971, decide aproveitar a oportunidade que lhe propõe Johannes, um rapaz do "outro" lado e fugir para o lado de lá. Aí viveu amortecida, sem querer pensar nos familiares que deixou para trás sem os avisar da sua fuga. Até à queda do muro em 1990...

Um olhar sobre uma vida, que adorei ler! Um retrato de uma menina/mulher que se sentiu sempre uma alemã de segunda. Depois, o viver sem terra, a perda e a dor sufocadas, a saudade e a liberdade condicionada. Muitas vezes, os muros não são feitos só de tijolo!

Finda esta obra uma frase que nos deixa a pensar: "Vinte sete anos depois da queda do muro de Berlim, existem no mundo mais de outros quinze com os quais se tenta impedir violentamente o fluxo de pessoas".

Recomendo muitíssimo!

Terminado em 12 de Outubro de 2020

Estrelas: 6*

Sinopse

Um romance íntimo e político que narra a vida de uma família de emigrantes espanhóis na Alemanha de Leste, traçando em simultâneo um retrato da Berlim Oriental, uma cidade constantemente alerta, através do olhar de uma rapariga que vai crescendo sob a égide da República Democrática Alemã.

A vida de Katia, as suas opções e a irreversibilidades dos seus atos poderiam ter sido contados de inúmeras maneiras, mas a prosa de Aroa Moreno Durán, brilhante e incisiva, devolve beleza ao peso da História e valeu lhe o Prémio Ojo Critico de Narrativa 2017.

Cris

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Para os Mais Pequeninos: "Na Terra Dos Animais Falantes"

Gosto muito dos livros de Richard Zimler. Alguns mais do que outros, é certo, mas livros como A Sétima Porta ou Os Anagramas de Varsóvia estão sempre presentes quando o nome deste autor vem à baila... Por isso, saber que tinha escrito um livro infantil despertou a minha curiosidade!

"Na Terra Dos Animais Falantes", como o próprio nome indica, os animais têm esse poder de comunicar com o Nuno, um menino que se sente muito triste porque perdeu o seu melhor amigo, o seu cão. Nuno vai encontrando (ou sonhando?) alguns animais e todos o querem ajudar a diminuir essa tristeza encontrando para isso um lema de vida que o faça mais feliz! Mas Nuno não encontra nenhum lema que o satisfaça verdadeiramente...

Este livro é delicioso. O texto é grande e, por isso, sugiro que se vá contando a história aos poucos, aproveitando para apreciar as ilustrações que se encaixam maravilhosamente nas palavras sábias destes pequenos seres que Nuno vai encontrando no seu passeio.

Inspirador e instrutivo, este livro vai encantar os vossos pequeninos! Deixo-vos com algumas imagens:







Cris