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terça-feira, 31 de julho de 2018

"Submersos" de J.M. Ledgard

Esta é a história de um cativeiro e como tal não pode ser uma leitura suave nem, tão pouco, agradável às sensações. É dura, agoniante em certas descrições e que impressiona em muito o leitor caso esteja bem atento a tudo o que é narrado. Os nossos sentidos ficam em estado de alerta e mantêm-se assim mesmo quando, num salto temporal, o autor descreve o início do romance entre os dois personagens principais: Danielle e James. Ela uma bióloga e matemática que aplica a matemática ao estudo da vida no oceano e ele, um suposto "consultor hidráulico", disfarce usado para encobrir a sua verdadeira actividade, a de espião.  

Disso vamo-nos apercebendo lentamente com o decorrer da história e também é lentamente que nos vão sendo descritos os relatos do seu cativeiro na Somália, junto com descrições do ambiente social e político dos seus captores, jihadistas. Paralelamente vamos acompanhamdo Danielle no seu trabalho de pesquisa do e no oceano.

Assim, a leitura é intercalada com cenas do mais puro horror, que se não verídicas, pelo menos verosímeis, e outras mais suaves e românticas, espelho de um passado feliz entre os dois personagens. 

Uma leitura dura que adorei mas que não recomendo aos estômagos mais frágeis! Sempre aprendendo com estes meus amigos, os livros!

Terminado em 21 de Julho de 2018

Estrelas: 5*

Sinopse
Confinado a um quarto sem janelas, algures na costa oriental africana, James More é mantido em cativeiro por guerrilheiros jihadistas. Capturado enquanto espiava as operações da al-Qaeda na região, enfrenta agora privações extremas, tortura e marchas forçadas pelas terras áridas da Somália.

A milhares de quilómetros de distância, no mar da Gronelândia, Danielle Flinders, biomatemática, prepara-se para mergulhar nas águas profundas do oceano a bordo de um submarino. Apesar da distância que separa James e Danielle, as memórias de ambos fazem-nos regressar ao Natal do ano anterior, passado num hotel na costa atlântica francesa, num encontro do qual resultou um intenso romance entre os dois. E é sempre de um para o outro e para o oceano que as suas mentes os conduzem num magnetismo poderoso, ao mesmo tempo ameaçador.

Para saber mais sobre este livro, aceda ao site da Editorial Presença aqui.

Cris

sexta-feira, 27 de julho de 2018

A Escolha do Jorge: "A Noite do Professor Andersen"


“A Noite do Professor Andersen”
Dag Solstad 
(Cavalo de Ferro)
O que agita os corações das massas são as consequências da nossa própria inadaptabilidade.” (p. 80)
(…) Já não temos uma consciência histórica, porque isso significa que o nosso tempo desaparecerá connosco.” (p. 81)
Romancista, contista e dramaturgo, Dag Solstad (n. 1941) é um dos nomes mais importantes ligado às letras norueguesas na actualidade. Para quem leu “Pudor e Dignidade” (Ahab, 2009), rapidamente se recordará do estilo irónico, contido, reflexivo e também corrosivo na forma como expõe as suas ideias no que concerne aquilo que interpretamos por vida moderna e aquilo que nos move no sentido da felicidade.
Neste romance “A Noite do Professor Andersen” (1996) de Dag Solstad, publicado agora pela Cavalo de Ferro e com uma tradução elegantíssima tanto quanto soberba a cargo de João Reis, apresenta-nos uma obra que tem uma vez mais como figura central um professor, desta vez, um professor universitário de Literatura Norueguesa, um especialista das obras de Ibsen, o grande dramaturgo de todos os tempos da Noruega.

A narrativa parte de um episódio singular de o professor Andersen, na noite de Natal, estando sozinho em casa, assiste ao assassinato de uma mulher, a partir da janela da sua casa, no prédio em frente. Não sabendo como, nem porquê, o professor Andersen decide não comunicar o sucedido à polícia, optando por deixar o assassino em liberdade ainda que se questione sobre quem seria a mulher, entretanto assassinada, e o que acontecera com o corpo.
É este episódio de grande comoção e estremecimento que leva o professor Andersen a reflectir sobre a importância das obras de Ibsen e a sua relação com as tragédias gregas de há 2500 anos. Sob o mote de “Quando é que te comoveste pela última vez ao ver ou ler uma tragédia grega?” (p. 80), o professor Andersen reflecte sobre o estímulo que nos liga à vida e simultaneamente ao passado, não esquecendo a reflexão sobre a durabilidade de uma dada obra de arte, literatura, neste caso, por exemplo as obras de Ibsen, no contexto da cultura norueguesa, mas como participantes de todo um espírito herdado da cultura grega.
É esta ideia de emoção/comoção impulsionada pela literatura que constitui o estímulo que nos liga à vida, num ciclo que avança no tempo através das novas gerações face à inquietação que sentem ao compreenderem a obra de arte. Tal só é possível graças à consciência histórica que temos enquanto homens e mulheres, mas esta consciência é em si mesma limitada graças à batalha que travamos com o tempo, o tempo linear, onde vivemos e morremos.
O professor Andersen reflecte sobre esta temática na medida em que, de um modo geral, o ser humano apenas consegue ter recordação ou memória até duas gerações. A partir daí entramos na escuridão. Em função desta ideia, desenvolve-se precisamente a capacidade de as obras de arte sobreviverem ao tempo em que foram criadas. “A suspeita de que a consciência humana não era capaz de criar obras de arte que sobrevivessem à sua própria época. A batalha fútil da consciência contra o tempo.” (p. 84) “A corrosão do tempo destrói até os maiores feitos intelectuais, torna-os pálidos, esbatidos.” (p. 82)
Neste sentido, é, pois, necessário, ao apresentar as obras de Ibsen, proceder a uma articulação com as tragédias gregas, de forma a que se perpetue a ideia de cultura, num sentido mais abrangente. É esta percepção da humanidade no que concerne à consciência história que constitui o estímulo, a ligação passado-presente como que uma ideia ancestral que remonta aos primórdios da Civilização Ocidental, neste caso, a Grécia Antiga, o berço da Civilização Ocidental, que constitui a identidade cultural que nos permite saber quem somos e de onde viemos.
Neste sentido, a obra de arte, literária ou não, deverá resistir ao tempo em oposição à vida do Homem em geral, mas porque participa da História, porque conta, em certa medida, a História do Homem.
Assim, o estímulo constitui a força geradora que fomenta a criatividade para a “construção” de obras de arte; o estímulo é uma espécie de grito como resultado do choque em detrimento de ideias e paradigmas estabelecidos.
Sobre este ponto em particular, o professor Andersen reflecte sobre a sua atitude, enquanto jovem, no que respeita ao seu interesse pela arte, na medida em que “não procurava conforto, mas inquietação. Não procurava a ordem que fora programado para ver e compreender, mas a dissolução dessa ordem. Não se voltou para a arte para receber, mas para ver.” (p. 39)
Passados trinta anos, o professor Andersen é levado a concluir que estagnou no tempo. A sua vida, a boa vida que leva face ao estatuto social que a sua profissão lhe confere, à semelhança dos demais amigos da sua geração, igualmente bem-sucedidos, apesar do conforto e qualidade de vida adquiridos por via do dinheiro que coleccionam e esbanjam em luxos e caprichos, não é sinónimo, contudo, de continuarem a sentir a força, a energia que os move para a construção do futuro ainda que com ligação ao passado, numa perspectiva cultural.
O professor Andersen é cáustico no que respeita a esta ideia de comodismo dado que é este comodismo que é interpretado por inadaptabilidade pelas gerações mais jovens que permitem que a vida e o futuro avancem. “(…) Não somos intelectuais intemporais, somos intelectuais numa época comercial e profundamente influenciada pelo que agita os corações das massas. O que agita os corações das massas são as consequências da nossa própria inadaptabilidade.” (p. 80)
Regressando ao episódio do assassinato na noite de Natal a que o professor Andersen assistiu, talvez tenha sido a luta entre o dever moral, o de informar as autoridades face ao sucedido, e o ter o poder de decidir a liberdade ou a prisão do assassino que tenha gerado a ideia ou mesmo o sentimento de emoção/comoção que há décadas não o vivia e que, agora, com 55 anos, já um homem maduro, voltou novamente a sentir a ilusão conferida pelas tragédias gregas de há 2500 anos filtradas pela linha do tempo e assimiladas pela cultura que se construiu.
Ao mergulharmos neste romance-ensaio de Dag Solstad, somos levados a reflectir sobre nós e o mundo, assim como a arte em geral, como manifestação do espírito criativo, que tenta sobreviver ao seu tempo.
Mordaz e inteligente, “A Noite do Professor Andersen” é uma obra singular que apresenta a literatura como obra de arte nessa difícil tentativa de subsistir no tempo como as obras de Ibsen.
Texto da autoria de Jorge Navarro

quinta-feira, 26 de julho de 2018

A Convidada Escolhe: "O Nervo Óptico"


O Nervo Óptico, María Gainza, 2014
Tive com este livro uma experiência que nunca tivera antes. Li-o e quando cheguei ao fim decidi voltar a lê-lo, desta vez com mais vagar, pesquisando os pintores e os quadros que são nomeados ao longo do livro, como se eu também acompanhasse a narradora/autora nas suas deambulações pelos museus, galerias e salas onde ela encontra os seus quadros favoritos ou aqueles que de alguma forma a levam “a sentir aquela agitação que alguns descrevem como borboletas no estômago…”
Também a capa me atraiu e me criou repulsa. A imagem é sugestiva e corresponde à imagem de uma mulher sozinha numa sala de um museu a observar aquele quadro especial e único. Mas o título tal como está grafado, numa subserviência ao novo acordo ortográfico é um disparate. “O Nervo Ótico” para traduzir “El Nervio Óptico”! O Dicionário da Língua Portuguesa distingue de forma clara: ótico= do ouvido; relativo ao ouvido e óptico= referente à óptica ou à vista; visual.
Costumo ignorar as sinopses na contracapa dos livros, mas esta é perfeita, sintética e muito completa, suficientemente sugestiva e não enganadora.
O livro é constituído por onze capítulos distintos em que a autora/narradora nos guia por momentos diversos da sua vida enquanto criança, jovem adolescente, adulta, desvendando-nos acontecimentos em que os pais, ou os irmãos, amigas/os, familiares, o marido ou ela própria são protagonistas. São quadros da sua vida que vai associando a quadros de pintores que ela visita em museus na Argentina ou noutras partes do mundo, alguns argentinos menos conhecidos, outros mais famosos. A sua formação em História da Arte permite-nos seguir pelo livro como se acompanhássemos uma guia em visita a um museu, enquanto nos convida a reflectir sobre temas tão diversos como os medos, a infância e a velhice, a fragilidade da vida, mas usando frequentemente um tom bem humorado.
Alguns breves traços desses capítulos:
Como para ela os museus são uma espécie de abrigo, pois “o meu instinto de sobrevivência leva-me sempre aos museus”, a recordação de um dia em que o ar da cidade de Buenos Aires ficou irrespirável devido à poluição e às cinzas de um fogo descontrolado, levou-a a tentar ver as telas de Candido López, um pintor argentino conhecido pelas cenas de guerra para quem o fogo e o fumo eram o mais difícil de pintar.
A partir da ideia presente em todo o livro de que “escrevemos uma coisa para contar outra”, a cena de caça pintada por Alfred de Dreux em que um cervo é encurralado por cães fá-la recordar a morte acidental de uma amiga apanhada por uma bala perdida.
Quando fala da amiga de infância - Alexia - a sua outra metade, uma espécie de “amiga genial”, cheia de contradições e de disfarces, associa-a à personalidade do japonês Fujita, o pintor de gatos, um verdadeiro camaleão ao longo da sua vida.
A atracção de Courbet pelo mar tempestuoso fá-la recordar uma prima invulgar também chamada María que um dia se afogou e que cobria as paredes do quarto com recortes azuis de revistas, numa colagem de mar revolto.
Os cavalos, um dos temas favoritos de Toulouse-Lautrec dão ensejo a que recorde um episódio vivido pela prima – Amalia – que conhecera duas japonesas a quem dera aulas de conversação em espanhol e que viviam numa casa encostada a um hipódromo. O traço comum entre a jovem japonesa e Toulouse-Lautrec foi o destino trágico de ambos cuja vida os marcou por uma deformidade física.
A referência a Rothko aparece em dois momentos: numa reprodução na sala de espera do consultório de um oftalmologista que a narradora consultou por causa do “olho louco” e numa imagem junto à cama do hospital onde o marido está internado. São apenas reproduções. Mas para ver Rothko, tem que se ver uma tela ao vivo, porque uma reprodução não consegue ter a força das cores vibrantes deste pintor. Artistas invulgares e que ganham notoriedade dificilmente conseguem deixar de ser alvo de críticas e de invejas, mas ao contrário de outros pintores que são engolidos pelo sistema, Rothko não se vendeu ao “dinheiro podre”.
A imagem do tio Marion fica associada à liberdade, ao desejo de romper com as prisões, com as convenções, mesmo quando nas visitas que faz aos sobrinhos lhes leva um colibri numa gaiola, sabendo que dificilmente ele irá sobreviver. Com efeito, “encerrarias num frasco os raios de sol?”
O medo de andar de avião, coisa que passou a ser persistente com a idade, leva a narradora a falar sobre a arte de Henri Rousseau e de como os balões de ar quente o fascinaram e em muitas das suas pinturas o céu é cortado por balões e outras máquinas de voar.
María Gainza fala da sensação que teve ao olhar “La Niña Sentada” uma pequena tela de Schiavoni e reconhecer-se nesse quadro quando era criança. Embora seja para ela um motivo de alegria rever-se naquele quadro, com a idade tem evitado visitar-se com frequência. O confronto com o que fomos e o que somos nem sempre é feliz!
O último capítulo, episódio, conto… é ensejo para falar da pintura de El Greco, pintor cuja obra ela viu numa visita que fez ao irmão mais velho que vive nos Estados Unidos. Um irmão com quem sempre teve uma relação difícil. Anos mais tarde, a família recebeu a notícia do seu falecimento repentino. Também um dia, a autora se vê confrontada com um tumor que a vai pôr em contacto com “um grupo de iluminados que vem diariamente fazer rádio” e parece que há em todos eles uma tranqulidade, uma capacidade de viver sem ansiedade. Cito as frases com que termina este livro diferente, especial: “Sinto uma suave felicidade no cair da neve, felicidade poética, acho que é assim que dizem. Daria um braço para me lembrar de quem lhe chamou assim.”
24 de Julho 2018
Almerinda Bento



quarta-feira, 25 de julho de 2018

"A Música da Fome" de J. M. G. Le Clézio

Já tinha ouvido falar deste livro várias vezes. As opiniões foram consensuais, todas positivas. Aproveitando um desafio em que estou a participar (#bookbingoleiturasaosol2) fui à estante resgatá-lo.

Sabia vagamente que a época retratada rondava a II Guerra e foi esse o meu principal apelo para o ler. Contudo, não foi uma leitura semelhante às que tenho feito e, se por um lado, tive pena que as personagens não tivessem um papel mais participativo na guerra, por outro lado, gostei de ler algo diferente do habitual.

A guerra está lá, é certo, e isso vê-se na falta de alimentos que grassava na altura, na ida dos homens para a frente, na mudança de vida que se verificou sobretudo ao nível dos personagens secundários. Mas, é como se ela caminhasse paralelamente à história de Ethel Brun, a personagem principal, sem lhe tocar verdadeiramente. Foi isso que senti. Ethel passa quase incólume à devastação que foi o holocausto, não tendo sido este acontecimento o principal motor da mudança que se deu na sua vida. O amor pelo seu tio-avô, a inconstância do seu pai que os levou à ruina, marcou muito mais a sua vida. Este foi um aspecto de que verdadeiramente não estava à espera.

A escrita de Clézio é suave, descritiva e bastante pormenorizada, o que nos leva a imaginar os lugares e as situações muito detalhadamente.

Da amizade da protagonista com Xenia, uma colega da escola, espera-se que resulte algo mais do que o descrito no final. Não sei bem se isso me agradou ou não. E digo isto porque a vida é mesmo assim e às vezes prega-nos partidas: quem não teve já um(a) amigo(a) importante na sua infância e que, simplesmente, o "perdeu"?

Gostei, recomendo e fiquei com a sensação que poderia perfeitamente ser um romance baseado em factos verídicos. 

Estrelas: 4*

Sinopse
Ethel Brun é filha de um casal de exilados, formado por Justine e Alexandre, um homem afável e irrequieto que muito jovem deixou a ilha Maurícia e que, na alegre Paris dos anos 20 e 30, se dedica a delapidar a herança em negócios pouco recomendáveis. Na infância, o único prazer de Ethel é passear pela cidade com o seu tio-avô, o excêntrico Samuel Soliman, que sonha ir viver para o pavilhão da Índia Francesa construído para a Exposição Colonial. E, na adolescência, Ethel conhecerá algo parecido com a amizade pela mão de Xenia, uma colega de escola, vítima da Revolução Russa e que vive quase na miséria. O bem-estar de Ethel começa a resvalar quando, nas refeições que o seu pai oferece a parentes e conhecidos, se repete cada vez mais o nome de Hitler. Serão os primeiros sinais do que ameaça a família Brun: a ruína, a guerra, mas, sobretudo, a fome. Ela marcará o despertar da jovem Ethel para a dor e o vazio, mas também para o amor, num romance em torno das origens perdidas, durante uma época que culminou com um apocalipse anunciado.

Cris


terça-feira, 24 de julho de 2018

"999+1 Piadas Ainda Mais Secas" de Pedro Pinto, Gonçalo Castro e João Ramalhinho

Abri este livro ao calhas para um desafio de leitura em que estou a participar. A categoria era ler um "livro silly". São tantas mas tantas piadas secas que nos fazem sorrir interiormente que voltei a abri-lo de novo noutra página... Confesso que não sei se li as páginas todas porque esta foi, para mim, uma leitura invulgar. Não é todos os dias que pego num livro onde posso abrir as páginas à sorte e, como tal, posso ter deixado escapar alguma página. Espero bem que não.

Mantive este livro alguns dias na mesa de cabeceira e, de quando em vez, lia algumas piadas. São, na verdade, piadas que nos dispoēm bem, algumas meias parvas de tão ridículas e evidentes que são. O subtítulo sugere "tenta lá (não) rir". E é mesmo verdade! É mesmo impossível não sorrir!

Querem divertir-se? Este é o livro!

Terminado em Julho de 2018

Estrelas: 4+

Sinopse
Depois de porem milhares de portugueses a rir, e a pedido de muitas famílias que já não aguentavam ouvir as mesmas 500 tentativas de ter graça, os autores do bestseller O Caderno das Piadas Secas voltam à carga com 999+1 Piadas AINDA Mais Secas.

O dobro das piadas, mas metade da graça… Porque para bom entendedor, meia palavra basta.

Dos autores do bestseller «O Caderno das Piadas Secas» - livro revelação de 2017 - com mais de 40 mil exemplares vendidos.

Para saber mais sobre este livro, clique aqui.

Cris

segunda-feira, 23 de julho de 2018

"O Pecado da Gueixa" de Susan Spann

Talvez esperasse algo diferente deste livro por sugestão do título. Li alguns livros sobre gueixas e lembrei-me imediatamente que relatavam as suas vidas e os seus costumes, esperando algo do género. No entanto, pela leitura da sinopse, fiquei a saber que se tratava de uma investigação de um crime por parte de um samurai e de um padre português, jesuita. Ë, pois, um thriller mas com contornos históricos onde o ambiente vivido na época está soberbamente descrito.

É uma verdadeira viagem no tempo a que este livro nos propõe. 1560, aproximadamente. Quioto, Japão. Uma gueixa é encontrada junto a um homem morto numa casa de chá, completamente desfeita emocionalmente e com as roupas manchadas de sangue. Tudo indica que foi a autora do crime...

A partir daí uma sucessão de acontecimentos rápidos e envolventes dão origem a dois dias de uma procura relâmpago do verdadeiro assassino por parte de Hiro, o samurai, e do Padre Mateus. Mas também, e sobretudo (tratou-se da parte que mais gostei) de um explicar muito aprofundado dos costumes dessa época, onde a honra dos samurais obrigava a uma conduta específica e regras que nos são desconhecidas e estranhas. 

Se descobri o assassino? Não sou a pessoa mais indicada para chegar a meio de um livro com a "certeza" de ter descoberto quem matou quem e, aqui, também não foi diferente. Embora goste de ler thrillers não é o meu género de leitura dominante. Porém, mesmo para os mais ágeis leitores nestas coisas de mortes, acredito que aqui não será fácil descobrir o assassino! Eu não desconfiei nadica de nada.

Envolvente e enriquecedor, um thriller para guardar na prateleira dos "preferidos".

Terminado em 14 de Julho de 2018

Estrelas: 5*

Sinopse
Um missionário português enfrenta o código samurai para salvar a vida de uma mulher.
Um romance repleto de pormenores de época e com um refinado conhecimento da cultura japonesa.
Quioto, 1564. O padre Mateus, um jesuíta português, está no Japão como missionário. Quando uma gueixa convertida ao cristianismo é acusada da morte de um samurai, o padre compromete-se a ajudá-la, arrastando o seu protetor, o mestre ninja Hiro Hattori, para a investigação.
Ao mergulhar nas perigosas águas do mundo noturno de Quioto, percebem que toda a gente tem um motivo para querer manter a morte do samurai envolta em mistério. As pistas amontoam-se e apontam para demasiados suspeitos: da rara arma do crime a uma mulher samurai, passando por uma relação amorosa, um viajante incógnito e alguns negócios obscuros.

Cris

domingo, 22 de julho de 2018

Resultado do Passatempo 8º Aniversário - Alma dos Livros


O vencedor foi
Margarida Pombo de Lisboa

Resultado do Passatempo 8º Aniversário - Gonçalo Dias (autor)


O vencedor foi
Maria Quintas de Esmoriz

Resultado do Passatempo 8º Aniversário - Vieira da Silva


O vencedor foi
Marcos Silva de Torres Vedras

Resultado do Passatempo 8º Aniversário - Arte Plural


O vencedor foi
Abílio Domingos de Lisboa

Resultado do Passatempo 8º Aniversário - Marcador


O vencedor foi
Maria Simões de Paúl

Resultado do Passatempo 8º Aniversário - Saída de Emergência


O vencedor foi
Ana Sotero de Lisboa



Resultado do Passatempo 8º Aniversário - Presença


O vencedor foi
Hélder Santos de Setúbal

Resultado do Passatempo 8º Aniversário - Clube do Autor


O vencedor foi
António Saraiva do Porto



O vencedor foi
Carla Silva de Coimbra

Resultado do Passatempo 8º Aniversário - Planeta


O vencedor foi
Paula António de Falagueira



O vencedor foi
Alice Domingues de Lisboa

Resultado do Passatempo 8º Aniversário - Bizâncio


O vencedor foi
Regina Filipe de Caldas da Rainha

sábado, 21 de julho de 2018

Na minha caixa de correio

  

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Esta semana o blogue esteve a meio gás... Preguiça (mesmo) de quem chega de férias, após uma semana a dar cumprimento a outra paixão: viajar! Desta feita dei uma volta pela Alemanha
(Frankfurt, Mainz, Munique), França (Estrasburgo e Colmar) e Áustria(Innsbruck e Salsburgo). Adorei! Quem não...?

Mas, se o blogue esteve parado, os livros não pararam de chegar! Então foi assim:
- A Tia Júlia e o Escrevedor, À Luz do que Sabemos e Ensina-me a Voar Sobre os Telhados comprei em segunda mão. Chegaram via CTT.
- Do Liga e Ganha fui buscar: A Última Mentira, A Esposa Secreta, A Fome, Cebola Crua Com Sal e
Broa, Reencontro com o Passado (livro de bolso), A Mulher do Expresso do Oriente, Nó Cego e Visão Mortal;
Oferecidos pelas editoras parceiras (o meu obrigada, desde já!):
- Diz-lhe Que Não, Esfera dos Livros,
- O Manuscrito, Bertrand
- Calvin Esparguete, D. Quixote
- A Filha de Cayetana, Casa das Letras
- Um de Nós Mente, Gailivro
- Vamos Ajudar a Terra, Asa
- Trânsito, Quetzal
- Melhore a sua Visão, Pergaminho.

Em resumo, uma semana sem posts mas recheada de livros! Amanhã saem os resultados do passatempo do 8 Aniversário do blogue. Estejam atentos!

sexta-feira, 13 de julho de 2018

A Convidada Escolhe: "Todos devemos ser Feministas e o conto Casamenteiros"


Todos devemos ser Feministas e o conto Casamenteiros
Chimamanda Ngozi Adichie
2012, 2014
À medida que ia lendo este livrinho da escritora nigeriana, mais forte se tornou a minha convicção de que são estes livros simples, mas tremendamente eficazes que podem ser o clique que vai ajudar os/as jovens a questionarem e a questionar-se acerca de muitas ideias preconcebidas que lhes são inculcadas desde o berço. Um livrinho magnífico, uma excelente prenda, um magnífico ponto de partida para uma conversa sobre o que é ser feminista, ou sobre o patriarcado, ou como os estereótipos condicionam a nossa forma de ver o mundo!

E o livro é eficaz porque com uma linguagem simples e partindo de exemplos da sua vida enquanto mulher, Chimamanda nos convida a ter uma perspectiva crítica sobre o que nos é “servido” como natural e normal. Não apenas na sociedade nigeriana ou nas culturas africanas, mas a nível global. Quando para alguns, feminista pode vagamente ser o mesmo que apoiante do terrorismo, a verdade é que para muitos/as a palavra está ainda dentro da categoria das palavras malditas, percepcionada como atributo de mulheres infelizes, que odeiam homens, que não gostam de se arranjar e estão sempre zangadas e sem sentido de humor! Ao longo de umas poucas páginas, a autora desmonta o mito de que hoje as mulheres já têm tudo o que querem. Porque elas continuam a ganhar menos do que eles, mesmo quando têm as mesmas habilitações; elas não podem aceder a certos espaços sem serem acompanhadas por um homem sob pena de serem molestadas ou humilhadas; elas são educadas a serem submissas, não serem demasiado ambiciosas, não serem duras, controlarem os seus impulsos, ao contrário dos rapazes que a sociedade quer afirmativos, ambiciosos, duros, impulsivos. Ela questiona exactamente essa educação que é nociva para elas e também para eles, porque lhes rouba, a todos e todas, a capacidade de ver e agir no mundo de forma plena e inclusiva. E Chimamanda não deixa também de mencionar quem se posiciona contra o feminismo e as feministas, invocando os argumentos da biologia, da cultura, ou da classe. E é clara relativamente aos/às que consideram não ser necessário usar a palavra feminista, quando se é a favor dos direitos humanos! “Porque seria desonesto. O feminismo faz, obviamente, parte dos direitos humanos de uma forma geral – mas escolher uma expressão vaga como direitos humanos é negar a especificidade e particularidade do problema de género. Seria uma maneira de fingir que as mulheres não foram excluídas ao longo dos séculos. Seria negar que a questão de género tem como alvo as mulheres”.

“Casamenteiros” é um conto extraído da colectânea “A Coisa à volta do teu Pescoço”. É um pequeno conto que questiona a aculturação a que é forçada a jovem Chinaza, vinda de Lagos depois do casamento que os tios lhe arranjaram com um conterrâneo, médico interno em Nova Iorque. A ideia de ir viver num paraíso – a América, uma casa, um marido médico com uma boa situação, um casamento feliz – tudo isso se vai desmoronar no contacto com a realidade. Afinal o que lhe é apresentado é que se apague como africana, como mulher, como estrangeira, como diferente e passe a tornar-se igual aos outros da grande metrópole civilizada, para se tornar parte dessa massa homogénea e sem alma. E para isso, a metamorfose terá de ser total, mudando o nome, os hábitos, a cultura, os modos de falar e de estar, a comida, a língua!

Nia, a vizinha com quem ela se abre, a única pessoa que afinal ela tem naquele mundo estranho pergunta-lhe:
“ – Tu nunca dizes o nome dele, nunca dizes Dave. É uma questão cultural?
– Não – disse eu. Olhei para baixo, para o individual de tecido impermeável. Apetecia-me dizer que era porque não sabia o seu nome, porque não o conhecia.”

Julho de 2018
Almerinda Bento

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Para os mais pequeninos: O Pavão Yoyô e o Tigre Gagá Juntos Fazem Yoga


Que livro lindo, este! Quem pratica Yoga, como eu, vai adorá-lo. Este vai ficar na minha estante mas hei-de comprar alguns para oferta, isso é certo. 

Uma sábia junção entre animais e posiçôes de yoga com um texto lindo e ilustrações maravilhosas de Patrícia Furtado. Fiquei maravilhada ao reconhecer as posições que habitualmente faço e a sua associação às posições de alguns animais como por exemplo a borboleta, o pavão, o tigre, a avestruz, o flamingo, a girafa, o elefante e tantos outros...

Um livro lindo de morrer! Amei de verdade! Ora vejam:









Cris

quarta-feira, 11 de julho de 2018

"Guerra - e se fosse aqui?" de Janne Teller

Sei que fica bonito dizer-vos que não escolho livros pela capa! Mas não seria verdade e por isso fica essa frase para outra vida porque nesta isso acontece-me com alguma frequência. A minha atracção primeira é, muitas das vezes, pelo exterior e só depois sigo para a sinopse... Neste livro tive uma paixão imediata pela capa, facto que me fez pedi-lo à editora! Pela capa e pelo título fortíssimo e actual.

Quando abri o envelope a surpresa foi total: o seu tamanho era tão reduzido! Como se de um passaporte se tratasse! Faz todo o sentido e começa precisamente pela capa a mensagem que a autora quer transmitir e que o título é prova disso.

Janne Teller para além de ser uma activista dos direitos humanos, trabalhou na resolução de conflitos nas Nações Unidas, na União Europeia, em Moçambique, na Tanzânia e no Bangladesh. Verificou de perto os problemas que os refugiados passam e a sua vontade última de voltar às sua terras, de retomar as vidas deixadas para trás...

O texto do livro é adaptado ao país onde é editado. Simples, directo, atingindo e tocando o leitor. Começa assim: "E se Portugal estivesse em guerra. Para onde ias tu?" Faz pensar. Isso é o pretendido, claro está. Fará mudar também as mentalidades?

A minha experiência pessoal foi marcada também por algo semelhante, não igual. O horror que hoje assistimos na TV parece ainda pior. E no entanto, uma guerra é sempre isso mesmo, uma guerra. Será que o Homem nunca aprende?

Quando era ainda miúda, 11 anos, deixei a minha terra, as minhas amigas, as minhas bonecas e os meus livros. Foi a coisa mais difícil da minha infância. Vim para um país onde se falava a mesma língua mas onde a linguagem era diferente. Fui considerada uma retornada sem o ser. Não estava a retornar. A minha terra não era aqui, nem nunca tinha sido. No entando, depressa me adaptei. Era miúda. Os meus pais ficaram sempre com vontade de voltar para a terra "deles". Esta nunca foi a sua terra. Nunca mais voltámos. Agora aquela terra já não é a minha. Quando me perguntam onde nasci não sei bem o que responder. O sítio onde nasci já não existe como nos meus sonhos. Lá, nos meus sonhos, ele continua intacto.

Terminado a 3 de Julho de 2018

Estrelas: 5*

Sinopse
Janne Teller faz uma experiência provocadora: vira do avesso a atual crise de migrantes e faz de nós os refugiados. Faz-nos ver como se sente alguém que é obrigado a fugir do seu país, a ser exilado e a lutar pela sobrevivência num país estrangeiro.

Neste conto, a Europa desintegrou-se devido à guerra e o único ponto do globo que está em paz e é acessível é o Médio Oriente. Seguimos a fuga de uma família comum e vemos a sua vida de refugiados através do seu filho de 14 anos.

Cris