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sábado, 28 de fevereiro de 2015

Na minha caixa de correio

  

  

  


Obrigada ao Clube do Autor pela oferta do livro De Zero a Dez de Margarida Fonseca Santos. Já há algum  tempo que o queria ler!
Obrigada também à Saída de Emergência por Últimos Gritos! Li comentários muito bons sobre ele...
Os restantes livros foram comprados no Continemte (€5) e na Loja Cash Converters que visito com alguma regularidade.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Novidade ARENA

A ENZIMA PRODIGIOSA 2
de Hiromi Shynia
Na ENZIMA PRODIGIOSA, o Dr. Hiromi Shinya oferecia aos leitores um tratamento comprovado em centenas de pacientes que foi modificando ao longo da sua carreira – mais de 50 anos como profissional de medicina –, e que consistia na geração corporal de uma enzima vital a qual chamou 
“enzima prodigiosa”: a chave para uma vida longa e saudável. Dedicou a sua obra a explicar o seu funcionamento e por que é tão importante nos seres humanos, num livro que já conquistou mais de 2 milhões de leitores em todo o mundo. Após o sucesso obtido com A ENZIMA PRODIGIOSA e movido pela necessidade de seguir explicando os detalhes de um método que está a revolucionar o mundo da saúde e melhorou a vida de milhares de pessoas, o Dr. Hiromi Shinya regressa ao panorama editorial para insistir que a chave para saúde está em nós próprios. A ENZIMA PRODIGIOSA 2 aporta novos hábitos saudáveis para incluir no nosso dia-a-dia e assim obter a vitalidade e a saúde da juventude em todas as etapas da vida.

Novidade Porto Editora

A Quimera de Praga
de Laini Taylor
Pelos quatro cantos do mundo, marcas de mãos negras começam a aparecer nas portas, gravadas a fogo por estranhos seres alados, saídos de uma fenda no céu.
Numa loja escura e empoeirada, o abastecimento de dentes humanos de um demónio começa a ficar perigosamente reduzido. E nas ruelas labirínticas de Praga, uma jovem está prestes a embarcar numa jornada sem retorno.
O seu nome é Karou. Karou não sabe quem é, nem porque vive dividida entre o mundo humano e a sua família de demónios, mas crê que as respostas podem estar para lá de uma porta nos recantos 
sombrios de uma loja, ou no confronto com um completo desconhecido, de olhar abrasador e aparência divina – o anjo que queimou as entradas para o seu mundo, deixando-a só.

Novidade Suma de Letras

Até que a morte nos una
de Jonathan Tropper
Quando Judd Foxman encontra a esposa, Jen, na cama com o seu chefe numa posição muito comprometedora, perde o trabalho e a mulher. E no momento em que começava a pensar que as coisas não podiam piorar, recebe a notícia da morte do pai, cuja última e derradeira vontade é que os filhos cumpram o Shivá, uma tradição judaica que pretende juntar, debaixo do mesmo tecto, toda a família durante sete dias. 
Esta será a primeira vez que o clã Foxman se reúne desde há muito tempo.  
Algumas famílias podem-se tornar tóxicas quando expostas a uma exposição prolongada. E a família Foxman em particular pode atingir um nível de toxicidade letal. 
É nisso que Judd está a pensar, com o prato de salmão e batatas à sua frente, na mesa, tentando alhear-se dos gritos dos sobrinhos. O telemóvel do cunhado não pára de tocar, a irmã e seu eterno compincha (o irmão mais novo) insistem em desferir-lhe dardos venenosos enquanto a sua mãe, num vestido demasiado justo, o olha com uma insuportável expressão de pena.
Bastam algumas horas para que a casa se torne num barril de pólvora prestes a explodir, com velhos rancores, paixões nunca silenciadas e segredos vergonhosos. E, enquanto todos à sua volta parecem perder o controlo, Judd terá de tentar descobrir se consegue encontrar um novo equilíbrio, apesar de tudo.

Novidade ASA

A BELA E O VILÃO
de Julia Quinn
Agora, Francesca está novamente livre. Infelizmente, ela vê Michael apenas como um ombro amigo – até à fatídica noite em que lhe cai inocentemente nos braços, e a paixão se revela mais poderosa e intensa do que o mais perverso dos segredos…
Libertino. Devasso. Debochado. Três adjetivos que podiam descrever Michael Stirling na perfeição. Bem conhecido nas festas londrinas, quer desempenhasse o papel de sedutor ou o papel de seduzido, uma coisa era certa: nunca entregava o coração.
Ele teria até acrescentado a palavra “pecador” ao seu cartão de visita se não achasse que isso mataria a pobre mãe. Mas ninguém é imune ao amor. Quando a seta de cupido atinge Michael, dá início a uma longa e tortuosa paixão – pois o alvo dos seus afetos, Francesca Bridgerton, tem casamento marcado com o seu primo. Mas isso foi antes.

Novidade Casa das Letras

COZINHAR COM O CORAÇÃO
de Rita Sambado
Uma das bases mais importantes numa cozinha vegetariana e energética é o tipo de alimentos que é usado. Ou seja, devemos não só recorrer a alimentos frescos, orgânicos, da época e da região onde habitamos, mas também a determinados alimentos que fazem toda a diferença em termos energéticos.
Com Cozinhar com o Coração descubra quais os superalimentos a que pode recorrer para reforçar a sua saúde e energia, saiba quais os princípios básicos e os benefícios de comer de forma saudável e experimente um plano detox, sabendo quais os alimentos que deve escolher e utilizar.
Um livro que pretende dar a conhecer que é possível uma alimentação mais saudável para toda a Família, estimulando o prazer que retiramos da comida. É como se fosse uma viagem, uma aventura, que cada alimento quer contar sob o formato de história.
Leonor, a filha mais velha da autora, foi a grande impulsionadora deste projecto e responsável por todas as fotografias do livro.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A Escolha do Jorge: Todos os Dias São meus

A proposta de leitura desta semana recai sobre um pequeno livro que me chegou às mãos de forma totalmente inesperada. Tendo já ouvido diversos elogios a “Todos os Dias são Meus” de Ana Saragoça, por vezes é preciso que os livros cumpram o seu ciclo misterioso de circularem de mão em mão e não há dúvida que a melhor publicidade que se pode fazer é muitas vezes aquela que circula de boca em boca através das pessoas com quem lidamos ou através de opiniões daqueles que mais consideramos, incluindo aquelas que vamos lendo aqui e acolá na esfera digital.
Deste modo, ao iniciarmos a leitura deste pequeno livro publicado em 2012 pela Editorial Estampa e que tem passado de certa forma despercebido dos leitores (como, regra geral, acontece com a maioria dos livros publicados), rapidamente vislumbramos que se trata de um dos mais belos frescos da sociedade lisboeta contemporânea através de uma narrativa centrada num prédio de s
pequena dimensão onde habitam desde pessoas singulares a famílias com crianças, idosos, no fundo, os vários géneros de famílias dos nossos dias.
Escrito em estilo tendencialmente policial em que uma jovem moradora do prédio é encontrada morta no elevador, todos os moradores são entrevistados pela polícia, tantos as crianças, como os mais idosos, no intuito de perceber até que ponto não haja algum dos vizinhos implicado naquela misteriosa morte.
À medida que a narrativa vai desfiando, vamos percebendo aos poucos quem é quem naquele prédio lisboeta com todas as suas vicissitudes relacionadas com o quotidiano. Telhados de vidros todos têm e medos também é coisa que afinal é parte intrínseca ao ser humano, mais não seja o medo da solidão face ao envelhecimento que se agrava e intensifica na sociedade atual.
Com soberbos momentos de humor, “Todos os Dias são Meus” apresenta-nos um estilo de escrita acutilante retratando também com rigor todos os moradores do prédio em questão atendendo ao seu nível etário, não esquecendo o nível socioeconómico a que pertencem. É essa transposição do discurso oral dos personagens para a escrita que é um dos grandes pontos a favor desta narrativa, evidenciando com rigor todo um quadro mental da sociedade portuguesa adensando por um lado o aspecto de benevolência, mas por outro de uma profunda mesquinhez, intriga e diz-que-diz entre dentes.
À medida que todos os moradores são visitados, o leitor vai tomando consciência do modo como a solidão (ou o medo dela) exerce um peso determinante sobre o modo de ser e estar das pessoas criando mecanismos de autodefesa, por vezes algo incompreensíveis na fugaz tentativa de chegar ao outro.
Numa escrita limpa e reflectida, Ana Saragoça apresenta-nos em “Todos os Dias são Meus” um livro que nos inebria conquistando desde as primeiras páginas, levando-nos a compreender de forma por vezes dolorosa, como o ser humano pode ser levado à loucura e à morte em situações limite.

Excertos:
"Olhe, aí escusa de bater que não está ninguém. O velhote ontem chegou tarde e quando soube o que aconteceu, deu-lhe uma coisa e foi para o hospital. Também credo, não era caso para isso, a rapariga não lhe era nada. Morava por cima, e depois? Esse, desde que a mulher morreu, mais valia ter ido também. Os viúvos são a coisa mais desasada que há, não aguentam nada. E os filhos são uns desnaturados. Muito importantes, muito importantes, mas veja lá se levam o velho para casa deles. Os homens ainda vá, já se sabe como é que são, mas pensa que a filha é melhor? Eu bem a ouço na escada a despedir-se, adeus papá, tenha cuidado papá, ó papá não mexa no fogão, mas para casa dela é que ela não o leva, é o levas. Está bem, eles pagam à mulher que vem cá todos os dias tratar-lhe da casa e da comida, e ela até me disse que são muito certos a pagar. Quando me disse quanto é que recebia eu ia morrendo, só me faltou o vagar. Se soubesse que era tanto, tinha-me oferecido eu para tratar dele. E era de mais confiança, que a mim ninguém me tira que esta quando enche a despensa ao velho enche também a dela." (pp. 29-30)

"Quando a minha ex andou com os miúdos naqueles gurus new age, foi um fartar vilanagem: reiki, regressão, florais de Bach, os quartos redecorados por um especialista em feng shui, xaropes e cápsulas do Celeiro, e eles cada vez mais descompensados, mais traumatizados, e com os chakras mais desalinhados. Mil vezes a psicóloga, que aliás é uma mulher muito interessante, apesar de me culpar por todos os problemas dos miúdos, da hiperactividade à prisão de ventre, e de nunca ter aceitado jantar comigo." (p. 36)

"Na vida as pessoas são tudo menos coerentes e conseguiram surpreender-me sempre - pela negativa. Os livros existem porque alguém concebeu uma intriga com princípio, meio e fim, com peripécias e um desenlace. A vida real pode arrastar-se indefinidamente por intrigas mesquinhas, completamente desprovidas de interesse, e sem outro fim à vista que não a morte." (p. 60)

Texto da autoria de Jorge Navarro

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A Convidada Escolhe: A Caminho de Casa

"Quando pedi este livro emprestado à minha boa amiga Cristina esperava ser arrebatada por ele e estava ansiosa por dar inicio à leitura. Contudo, a vida nem sempre nos permite realizar o que queremos quando o planeamos e assim muitos meses depois e num período em que fiquei impedida de trabalhar por doença, agarrei-me a este livro.
No inicio não compreendi as personagens e as suas motivações e senti-me algo desiludida. As personagens, dois irmãos que pouco se viam porque viviam em Londres e Milão e quando se falavam era acerca do pai em telefonemas breves e formais. Dois homens muito diferentes que nao tinham conseguido ter uma relação mais intima, fraterna. Uma relação de cumplicidade familiar. Andrea e Marco não tinham rancores ou grandes questões por resolver mas quando o pai os impediu de questionar a doença da mãe na vá tentativa de os proteger, piorou tudo porque aumentaram os medos e conflitos interiores de cada um. Não os protegeu da própria infelicidade.
Nesta fase, aproximadamente na pag. 70 comecei a compreender a densidade das personagens enredadas em bloqueios e relações afetivas turbulentas. Andrea, casado, sem filhos e infeliz, enquanto Marco livre e desimpedido em amizades coloridas que surgiam por coincidência e solidão mas preso a um amor correspondido da sua juventude que nunca assumiu e como tal nunca evoluiu.
Novamente a doença vai sujeitar a que as suas vidas sejam alteradas e cria uma brecha na fortaleza que criaram em torno dos seus sentimentos. Confrontos e argumentação revelam muito do não sabiam um do outro e de si mesmos. Uma surpresa final vai liberta-los.
Romance terno e compassivo que atinge os leitores dependendo do seu estado de espírito e as suas vivências. Despretensioso e simples mas eloquente.
Uma lição de vida.
Vera Sopa

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

"Viagem ao Coração dos Pássaros" de Possidónio Cachapa

Peguei neste livro e só o larguei quando a última página apareceu! É um livro pequeno, eu sei, mas este autor tem o condão de me enfeitiçar com as suas palavras.

É um livro diferente do Materna Doçura, que adorei, porque a escrita é mais poética, com algo de mágico. Lembrou-me que talvez se enquadrasse um pouco na dita corrente de Realismo Mágico.

Com personagens de carácter muito vincado, este romance centra-se na vida de Evangelina e Kika, mãe e filha respectivamente, ambas marginalizadas pela gente da aldeia onde vivem. A primeira por ser considerada uma "mulher da vida" porque, abandonada pelo marido, apaixona-se perdidamente por outro e a segunda por ter deixado quase de falar quando seu pai partiu e por ser dada a mistérios e adivinhações.

Kika é diferente. O pai ausente, a mãe pouco dada a carinhos e afagos e a sua sensibilidade extrema que a leva a comunicar com aqueles que já morreram mas que ficaram presos num limbo, torna-se uma atracção para o povo que a solicita frequentemente para desvendar os mistérios existentes nas suas vidas, muito embora não abandone as suas superstições. O seu dom, a sua inocência e mais tarde o seu amor pelo Escritor fazem dela uma personagem única.

Um livro com uma escrita poética, possuidor de uma grande harmonia, que me deu prazer ler. Com algo de misterioso, fascinante. Fiquei curiosa com o outro romance de Possidónio, "O Mar por Cima". Conseguirá o autor elevar a fasquia a que nos habituou nestes dois romances? (Sim, porque este é o segundo romance do autor. Foi reeditado agora pela Editora Marcador.)

Terminado em 8 de Fevereiro de 2015

Estrelas: 4*+

Sinopse

Viagem ao Coração dos Pássaros remete-nos para um universo único mas que se repete sempre no tempo dos seres humanos. Fala-nos das contradições e dialéctica do mundo, do amor, da vida, mas também dos seus opostos.
É um livro que se lê num sopro, como se fosse um instante, numa viagem que o leitor faz ao coração, o seu próprio, e o dos protagonistas da história, realista, autêntica e bela.
Possidónio Cachapa conduz-nos através da sua escrita profunda, revelando-nos os dons que todos temos e as nossas virtudes mas também as nossas debilidades e fraquezas, numa simplicidade narrativa que nos prende da primeira à última página.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Um Livro Numa Frase



"Há inúmeros momentos ao longo da vida de uma pessoa em que é necessário optar entre abrir-se ao mundo ou enterrar-se cada vez mais em si próprio."
In Um, Dó, Li, Tá de M. J. Arlidge, pág. 280

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Na minha caixa de correio


 A Jacarandá, do grupo Presença, enviou-me um livro que vai ser rapidamente devorado: A Bastarda de Istambul. Muito curiosa com este livro!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Novidades TopSeller




Novidade Suma de Letras

ATÉ QUE A MORTE NOS UNA
de Jonathan Tropper
Quando Judd Foxman encontra a esposa, Jen, na cama com o seu chefe numa posição muito comprometedora, perde o trabalho e a mulher. E no momento em que começava a pensar que as coisas não podiam piorar, recebe a notícia da morte do pai, cuja última e derradeira vontade é que os filhos cumpram o Shivá, uma tradição judaica que pretende juntar, debaixo do mesmo tecto, toda a família durante sete dias. 
Esta será a primeira vez que o clã Foxman se reúne desde há muito tempo.  
Algumas famílias podem-se tornar tóxicas quando expostas a uma exposição prolongada. E a família Foxman em particular pode atingir um nível de toxicidade letal. É nisso que Judd está a pensar, com o prato de salmão e batatas à sua frente, na mesa, tentando alhear-se dos gritos dos sobrinhos. O telemóvel do cunhado não pára de tocar, a irmã e seu eterno compincha (o irmão mais novo) insistem em desferir-lhe dardos venenosos enquanto a sua mãe, num vestido demasiado justo, o olha com uma insuportável expressão de pena.
Bastam algumas horas para que a casa se torne num barril de pólvora prestes a explodir, com velhos rancores, paixões nunca silenciadas e segredos vergonhosos. E, enquanto todos à sua volta parecem perder o controlo, Judd terá de tentar descobrir se consegue encontrar um novo equilíbrio, apesar de tudo.

Novidade Marcador

Quando o Sol Brilha 
de Rui Conceição Silva 
Felismino, a quem alcunharam de Jardins, vive uma vida feliz até encontrar a mulher, morta, na horta de casa. Amava-a muito. A sua perda aprisiona-o, passando a habitar num mundo de sonho e imaginação.
O seu filho Edmundo é um simples operário. Mas tem um segredo que esconde às pessoas da sua aldeia: gosta de ler livros. E ama o seu pai, mesmo doente e ausente de tudo. 
Um dia, Edmundo tem um terrível acidente. Preocupada com a sua ausência, a mulher sai com a filha, ainda pequena, à sua procura. Mas o dia estava frio e tempestuoso e a menina apanha uma pneumonia. Morre dias mais tarde. O mundo de Edmundo entra em colapso. Sente-se culpado da morte da filha, que tanto amava. 
No lugar mais inesperado de todos, vislumbra o sentido de todas as coisas e compreende o verdadeiro valor do amor, da vida e da amizade.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A Escolha do Jorge: O grande Manuscrito

O sérvio Zoran Živković tornou-se conhecido dos bibliófilos graças ao pequeno livro de contos intitulado "A Biblioteca" tendo-lhe valido a atribuição do World Fantasy Award.
Basta ler o primeiro conto "A Biblioteca Virtual" para o leitor rapidamente perceber que o universo de Zoran Živković é de facto o mundo fantástico que tenta em certa medida articular com a realidade muitas vezes incompreensível. Qualquer rasgo de inverosimilhança é, pois, associado à essência das obras do escritor sérvio, tornando-se o leitor um incondicional apreciador das suas obras, daí que seja sempre um acontecimento a publicação de um novo livro do escritor.
No caso específico de "A Biblioteca", o livro regressou novamente às livrarias nas últimas semanas com uma nova capa que merece toda a atenção dado fazer jus à ideia geral que apresenta.
A par deste agradável regresso, foi também publicado um novo romance de Zoran Živković intitulado "O Grande Manuscrito" que tem novamente como principal personagem o Inspector Dejan Lukić a quem é atribuído um novo caso de investigação com um forte cariz literário à semelhança do que já tinha acontecido com o insólito "O Último Livro".
Não entrando em pormenores até para manter a curiosidade de mais um livro incontornável de Zoran Živković, o Inspector Dejan Lukić terá agora de desmontar um curioso, interessante e até perigoso puzzle que mistura não poucas vezes a ficção e a realidade, entrando no domínio do fantástico, do sonho e da ilusão.
Como conseguirá o Inspector Dejan Lukić desvendar o mistério do desaparecimento da escritora de policiais Jelena Jakovljević cuja casa se encontrava fechada por dentro? Que explicação encontrar no telemóvel sem bateria e sem cartão SIM que recebe e envia mensagens? O que tem de extraordinário "O Grande Manuscrito" que tantos interessados maliciosos tudo fazem para lhe deitar a mão? Quem é de facto Jelena Jakovljević?
Se juntarmos a todos estes enigmas o facto de este livro ter-se tornado na sequela de "O Último Livro" anteriormente publicado, nem o próprio Inspector Dejan Lukić sonharia alguma vez com o desfecho, do mesmo modo que concluirá que o passado inevitavelmente lhe baterá à porta com vista à resolução de algo pendente e inesperado.
Com "O Grande Manuscrito" fica a garantia de momentos únicos de prazer à conta de um policial fora do comum como somente Zoran Živković nos tem habituado, além de que quem ainda não leu "O Último Livro" será certamente desta vez que não o deixará fugir. Mas cuidado!

Excertos:
"- Estamos a falar do maior desafio que se pode colocar a quem… quem tiver um interesse especial por fechaduras. Nunca ninguém conseguiu fechar à chave do lado de fora uma fechadura que tem uma chave por dentro. Quem o conseguir fazer, tornar-se-á famoso. Famoso em certos meios, claro, mas não menos cobiçado por isso. Por conseguinte, não é de admirar que haja quem tenha recorrido aos mais variados embustes.
- Como por exemplo?
- Normalmente há outra forma de sair do local que está fechado por dentro.
- Mas não há outra saída da casa da Menina Jakovljević. Tem quatro janelas, mas estavam todas fechadas.
- Pode ter uma saída na qual o colega não tenha reparado. Temos de saber o que procuramos para conseguirmos encontrar essa coisa." (p. 61)

"- Jelena Jakovljević deve escrever romances realmente muito empolgantes, visto que os seus leitores não têm paciência para esperar pela publicação do livro e chegam ao ponto de invadir o seu
computador para obterem o manuscrito. Deve ser terrivelmente invejada por todos os escritores.

(…)
- Não são leitores normais.
- Pois não. Os leitores-ladrões não são nada normais.
- Não é isso que os torna excepcionais.
- Então, o que é?
- Dariam tudo para ser os primeiros a ler o manuscrito.
- Não percebo. Porque é que têm tanto interesse em ser os primeiros?
(…)
- Porque este pode ser o Grande Manuscrito." (p. 83)

Texto da autoria de Jprge Navarro

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

"O Cemitério dos Amores Vivos" de Jorge Araújo

Fiquei um pouco triste quando terminei este livro. Angustiada, talvez seja a palavra certa. Leitura para um dia de domingo caseiro, necessitei de ir anotando os livros que são referidos pelo personagem principal e que ficaram na "wish list" para mais tarde procurar, tal era a abundância de referências... 

É um livro muito forte em termos de sentimentos. Um pai conta-nos como se viu afastado do seu filho por ser acusado de pedofilia pela própria mulher. Nunca recuperou da injustiça, nunca desistiu de amá-lo mesmo que à distância. Os seus sentimentos estão ao rubro quando nos conta a sua história. Também ao rubro, mas infelizmente cheio de ódio, está o filho que, a pretexto de vir entregar uma carta da mãe, o acusa de abandono.

No meio deste intenso amor/ódio estão vários apontamentos de livros que pertencem ao pai e da paixão pela leitura que ambos partilham. Uma delícia para o leitor!

Estava à espera de outro final. Quase fiquei zangada com o autor! Mas nestas coisas dos livros isso acontece muitas vezes... Não deixo, porém, de conselhar esta leitura. Sentimos uma empatia imediata pelo personagem principal, tal é a forma como explode de amor por esse filho que cresceu longe de si.

Leiam!

Terminado em 15 de Fevereiro de 2015

Estrelas: 4*

Sinopse

Este livro é uma obra dura e intensa, capaz de suscitar sentimentos tão díspares como o ódio, a culpa, o perdão e a esperança. Trata-se da história de um amor incondicional e de um ódio sem limites. Do amor de um pai pelo filho, do ódio de uma mulher abandonada que faz do filho arma de destruição. Destruição do pai.
Nestas páginas, caminha a dor sem tréguas de um pai privado do filho, a força avassaladora desse inferno. Segundo a ordem natural das coisas, são os filhos que enterram os pais e não o contrário. Como é possível um pai enterrar um filho que respira? Onde fica o cemitério dos amores vivos?

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

"O Projeto Rosie" de Graeme Simsion

Emprestado por um amigo, este livro esperou demasiado tempo na minha estante e não fora a vergonha de o ter "à espera" ainda agora se encontraria lá... E que perda, se assim fosse!

A capa não desvenda nem um pouco o seu conteúdo. Não a acho feia, só um pouco sem sabor, se bem que integrada no conteúdo do livro. O interior, no entanto, é delicioso. Sim, "delicioso" é a palavra correta. O narrador, o personagem principal, conta-nos uma história. A sua. E poderia ser algo pacífico, quase amorfo, não fosse ele uma pessoa deveras especial. O nosso sorriso está presente em toda a leitura deste livro.

Vamo-nos apercebendo que as suas capacidades sociais são muito diminutas se o compararmos com uma pessoa dita "normal", enquanto que, por outro lado, as suas capacidades intelectuais, a sua memória são surpreendentes. Ao contar-nos como decide arranjar uma esposa, como programa o seu dia-a-dia até à exaustão, como "vê" os outros, como lhe é dificil compreender tudo sem ser pela lógica e pela razão, como encara a vida, não podemos deixar de criar uma forte empatia com quem nos deixa de sorriso nos lábios.

Associei, de imediato, o seu "problema" a uma forma de autismo, o Sintoma de Asperger. Creio que foi uma brilhante maneira de me fazer sentir por dentro de alguém a quem é mais fácil olhar o mundo através da lógica e onde as emoções nao fazem sentido. Até certo dia... porque na vida nem tudo é o que parece.

Adorei a ironia subjacente a todos os acontecimentos que surgem na vida deste professor de genética que tenta desesperadamente enquadrar-se no mundo em que vive, moldando e alterando a sua forma de agir quando descobre que nem tudo é racional nem lógico e que começa a aprender a reagir às situações através do instinto, através do coração.

Deveras deliciosa a forma como o autor conta uma história simples, que se podia resumir em poucas frases, não fosse a sua escrita e a sua forte imaginação. Recomendado. Muito.

Terminado em 14 de Fevereiro de 2015

Estrelas: 5*

Sinopse

Don Tillman está noivo. Mas ainda não sabe de quem.
Professor de Genética e pouco sociável, decide que chegou o momento de arranjar uma companheira, e elabora um questionário que irá ajudá-lo a encontrar a mulher perfeita.
Quando Rosie Jarman aparece no seu gabinete, Don assume que ela pretende concorrer ao "Projeto Esposa" e penaliza-a por fumar, beber, não comer carne e ser pouco pontual.
Mas Rosie não ambiciona tornar-se a Sra. Tillman. O seu objectivo é recorrer ao profissionalismo de Don, para que ele a ajude a encontrar o seu pai verdadeiro.
Às vezes, não somos nós que encontramos o amor; é o amor que nos encontra…
O Projeto Rosiede Graeme Simsion
Críticas de imprensa
«Um livro maravilhoso. Don Tillman é tão confuso e inconveniente quanto adorável e encantador.»
John Boyne, autor de O Rapaz do Pijama às Riscas

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Um Livro Numa Frase



"Eu também sou assim, a biblioteca é a primeira coisa que vasculho quando entro numa casa, a primeira impressão é muito importante, é a que conta, os livros são o melhor espelho do nosso anfitrião."
In o Cemitério dos Amores Vivos de António Araújo, pág. 58

Um Livro Numa Frase




"As palavras que ainda não lera já me roubavam a paz de espírito."

In O Cemitério dos Amores Vivos, pág 15

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Na minha caixa de correio

  

  



Da Esfera dos Livros veio O monstro de Monsanto. Que capa linda!
Do Clube do Autor, O Cemitério dos Amores Vivos. Curiosa com este livro...
Da Porto Editora um livro que desejo muito ler: o último da trilogia Cavalo de Fogo.
Oferta de uma afilhada, A Chave de Salomão.
De uma loja Cash Converters vieram: Reencontros no Deserto, O Menino Alemão e Sem Ti Eu Não Existo.

Passatempo Especial Dia dos Namorados com a Quinta Essência


Para comemorar este dia especial que celebra o Amor nada melhor que a companhia de um livro romântico! Assim, a Editora Quinta Essência associou-se, muito gentilmente, ao Tempo Entre os Meus Livros e tem para oferecer, aos seguidores do blogue, um exemplar do livro Todos Os Teus Beijos de Laura Lee Guhrke.
Para isso basta responder corretamente às questões colocadas e ter um pouquinho de sorte! O vencedor será sorteado aleatoriamente através do Random.Org.
Para além deste passatempo, os concorrentes ficam habilitados automaticamente a ganharem outro livro desta editora que tenho cá em casa em duplicado (estado: novo). A autora da frase mais original (terceira pergunta) irá ganhar o livro de Barbara Cartland, À Beira do Lago Encantado.
O passatempo decorre até dia 27 de Fevereiro.
Boa sorte!



Novidade Porto Editora

Hereges
de Leonardo Padura
Em 1939, o S.S. Saint Louis, onde viajavam novecentos judeus fugidos da Alemanha, passou vários dias ancorado no porto de Havana à espera de autorização para desembarcar. Um rapaz, Daniel Kaminsky, e o tio aguardam no cais a saída dos familiares, confiantes de que estes tentariam os oficiais havaneses com o tesouro que traziam escondido: uma pequena tela de Rembrandt, na posse dos Kaminsky desde o século XVII. Mas o plano fracassou e o transatlântico regressou à Europa, levando consigo qualquer esperança de reencontro e condenando muitos dos seus passageiros.
Volvidos largos anos, em 2007, quando essa tela vai a leilão em Londres, o filho de Daniel, Elías, viaja dos Estados Unidos a Havana para descobrir o que aconteceu com o quadro e com a sua família. Só um homem como o investigador Mario Conde o poderá ajudar. Elías descobre então que o pai vivia atormentado por um crime, e que esse quadro, uma imagem de Cristo, teve como modelo outro judeu, que quis trabalhar no atelier de Rembrandt e aprender a pintar com o mestre.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Novidade Esfera dos Livros

O Monstro de Monsanto
de Pedro Jardim
Uma rapariga encontrada morta na floresta de Monsanto. Um delicado vestido azul a cobrir o corpo. O cabelo cuidadosamente penteado. Uma máscara de papel branco com um poema de Florbela Espanca sobre o rosto. É este o cenário que Isabel Lage, inspetora da Brigada de Homicídios da Polícia Judiciária, encontra no local do crime. A primeira vítima de um serial killer que não deixa pistas, que habilmente se move pela floresta e que parece conhecer todos os passos da polícia. Isabel está apostada em resolver este mistério e fazer justiça em nome das mulheres que morrem às mãos de um assassino frio e calculista. Mas todas as pistas levam a João, o seu antigo companheiro de patrulha, e com quem partilhou mais do que aventuras profissionais.

Iniciativa Leya/FNAC - Livros sem capa procuram leitores apaixonados para relacionamento sério

Sabia que a capa de um livro pesa, pelo menos, 60% no seu processo de decisão para o escolher? E quanto pesa a aparência física na escolha de um grande amor? Não sabemos, mas afiançamos que, tal como as ilustrações das capas, esteja claramente sobrestimada.

E se as capas não existissem? Como escolheríamos os livros e as histórias pelas quais nos apaixonamos? É este o mote da ação do Dia dos Namorados nos centro comerciais Alegro Alfragide e Alegro Setúbal promovidos com o apoio da LeYa e da Fnac, em plena época de São Valentim, de 7 a 15 de fevereiro. Durante este período, os dois centros comerciais Alegro vão desafiar os seus visitantes a terem um envolvente blind date, mas com livros. O objetivo é que os visitantes peguem num qualquer livro com a capa escondida (todas estarão escondidas) e leiam as primeiras 10 páginas do mesmo, sem julgar a história pela sua capa. A experiência pode ser arrebatadora: histórias nas 
quais nunca “viajaria” podem, de repente – e livremente - surpreender. Esta experiência pode ser vivida por solteiros, por casais apaixonados, e até na companhia dos elementos mais pequenos da família, que terão à sua disposição um cantinho de leitura infantil e atividades aos fins-de-semana.

A ação envolve mais de 1.000 livros, impacientemente anónimos e a postos para saltarem das prateleiras para as mãos dos leitores. Haverá, ainda, mensagens perdidas no interior dos livros, oferta de marcadores personalizados com fotografias tiradas no momento (exclusivo dias 14 e 15), cartões oferta Alegro no valor de 10 euros e, claro, promoções imperdíveis nos livros escolhidos para um relacionamento sério.

P.S. os amores literários que já não tenham lugar no coração e na casa do leitor, poderão ser doados no próprio espaço para serem entregues a duas instituições locais.

Locais: junto às lojas FNAC dos centros comerciais Alegro Alfragide e Alegro Setúbal

Datas: de 7 a 15 de fevereiro 2015

Horários: sábados e domingos, das 10h às 21h; de segunda a quinta-feira, das 16h às 20h; sexta-feira das 16h às 21h

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A Escolha do Jorge: Golpes

O francês Jean Meckert (1910-1995) foi-nos dado a conhecer através da Antígona no final de 2013 com a publicação de "Abismo e outros contos" que para aqueles que tiveram oportunidade de ler os três contos, manifestamente ficou agarrado às histórias cruas e densas do autor e que de certeza sentiu vontade de ler mais obras do autor.

No final de janeiro, a mesma editora publicou "Golpes", o primeiro romance de Jean Meckert publicado inicialmente em 1941 tendo rapidamente ficado na mira daqueles que apreciam a rebeldia das letras que traduz em certa medida a rebeldia no viver.

Tendo passado muitas dificuldades durante certos períodos da sua vida, Jean Meckert conheceu de perto o que é a fome e o desespero agarrando inúmeros trabalhos precários para poder comer e sobreviver, daí que estes temas desempenhem um papel fulcral nas suas obras. À medida que vamos conhecendo alguns pormenores da vida do escritor, rapidamente concluímos que a sua escrita reflete de forma significativa situações muito concretas da sua vida, nomeadamente aquelas que se prendem com a precariedade.

É precisamente o repúdio que sente em relação à burguesia vigente na época que Jean Meckert critica ou até mesmo a classe média que procura a todo o custo afirmar-se e copiar os padrões dessa burguesia que dita as regras sociais no que respeita ao poder de compra acabando por arrasar os mais necessitados e desprotegidos.

Esta é uma das tónicas que é transversal ao longo de "Golpes" na medida em que o personagem Félix que começa a trabalhar numa oficina sem ser propriamente um trabalhador qualificado apaixona-se por Paulette, uma das colegas, com quem acaba por contrair matrimónio. À medida que vai conhecendo a família da esposa, Félix rapidamente compreende que aquele não é o seu meio, além de ser constantemente humilhado face à sua condição social. Por outro lado, Félix reconhece nesta família a quão vazia e despropositada é face aos seus anseios de aspiração social, caindo tantas vezes no ridículo.

Clivagens sociais à parte, Jean Meckert apresenta em "Golpes" o protótipo de uma relação entre duas pessoas que passa da fase de encantamento e de enamoramento, paixão até, e que com o desenrolar da narrativa e das vivências dos personagens, acabam mesmo por se tornar estranhos entre si. A ideia de um projeto comum, idealizado a partir de dificuldades que os uniram com força e determinação numa fase inicial, viram-se completamente vazias e sem sentido nas vésperas do casamento de Félix e Paulette.

O matrimónio é então contraído quando na verdade já pouco havia entre Félix e Paulette. É certo que ambos nutriam amor um pelo outro, porém o que os ligava já era muito pouco e ainda assim tomaram a decisão de cometerem a imprudência que em pouco tempo arrastaria o casal para um contexto de violência doméstica que começou no dia do próprio casamento.

Escrito de uma forma penetrante e objetiva, Jean Meckert arrasta-nos por completo para o âmago desta complexa relação que tantas vezes nos esmaga sem recorrer a subterfúgios linguísticos. Tudo é tratado com todas as letras e palavras, tornando "Golpes" numa obra extremamente atual ao ponto de esquecermos que já foi publicada há mais de 70 anos. Até mesmo nos aspetos que remetem para a mentalidade, não existe um desfasamento assim tão grande com a atualidade sobretudo no que respeita ao nosso país que ainda se mantém provinciano e antiquado ainda que envolto de capa de aparente modernidade.

Totalmente preso a uma cadeia de dissabores, Félix vê-se como um indivíduo que questiona constantemente a sua insatisfação face ao mundo em que vive e que aquilo a que habitualmente se designa por felicidade nada mais é do que fruto de breves momentos egoístas que cada um sente. Em suma, a realidade, a vida, é tudo uma farsa que impede o homem de alcançar ou de experienciar a felicidade em pleno.

O amargo de boca que fica no final de "Golpes" segue em linha com o já não saber o que pensar e fazer, além de que em tantas situações o homem preferir a ficção à realidade e que até mesmo nessa situação também não lhe traz a alegria suprema.

Excertos:
"Sem sofrimento, não existe história, arte, civilização, nada. Já sabemos.
Se virmos bem, a felicidade é sempre qualquer coisa de obsceno.
Um contentamento perfeito, tanto à superfície como em profundidade, comer bem, gozar a vida, em espasmos ou em preces, eis a base de tudo. O resto não passa de uma grande farsa e de um biombo. A felicidade é começar por nos fecharmos num grande egoísmo. Não é que seja bonito, mas é repousante." (p. 99)

"Talvez esteja errado, mas não gosto dos conversadores. Da mesma maneira que a moda é feita para as pessoas sem gosto, a cavaqueira é o disfarce daqueles que não têm nada na cabeça, é a grande busca do impasse a que chamamos infinito, é a grande fraude civilizada, aquilo que vemos de fora, o grelado, o falhado." (p. 127)

"Nós pensamos no Pão, e não tanto na igualdade. O Pão para todos, o mínimo, o trabalho garantido, a coragem de viver. Isso não é um mal!
Pensamos também na Paz, e não tanto no antimilitarismo e na objeção de consciência. A paz sólida, duradoura. Queremos criar uma potência que se chamaria: Paz! Não há razão para tapar a cara." (p. 133)

"De repente lembrei-me de um famoso casal discretamente conflituoso e amargurado, os dois extenuados de uma noite de cinema, que havíamos julgado de alto, no tempo da nossa perfeição.
Era nesse estado que estávamos agora! Não dava para acreditar!
Os dois teimosos, mas atormentados, cheios de uma raiva surda, à beira de explodir, não havia que enganar.
Sentia espasmos dolorosos do estômago. Por um nada, ter-me-ia posto a chorar.
Buscava na cabeça alguma coisa para lhe dizer, problemas, porquês, comos. Queria estar calmo para lhe falar com ponderação e perguntar-lhe o que tinha ela contra mim que explodia em sacanice gratuita." (p. 220)

Texto da autoria de Jorge Navarro

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

"A Ridícula Ideia de Não Voltar a Ver-te" de Rosa Montero

Adorei este título! Sugestivo e imaginativivo q.b. Mas também revelador da temática do livro. A perda, a ausência permanente, a morte, essa palavra difícil de pronunciar quando se trata de um ente querido.

No entanto, ela não é tratada de uma forma penosa e chocante mas sim como um tributo à vida. Porque se viveu bem, porque se viveu completamente, porque todos temos de partir.

Sabemos que a autora estava a passar por uma perda, dois anos passados sobre a morte do seu marido, e a escrita desta obra foi como que um catalisador do seu estado de espírito. Uma catarse. Ler o diário de Marie Curie, duas vezes prémio Nobel, redigido no ano seguinte à perda do marido, Pierre Curie, ajudou-a. Reviu-se nela, compreendeu-a.

E este livro não é só sobre Marie Curie, a sua vida, os momentos passados e a sua luta pelos seus sonhos e projectos numa época que as mulheres tinham o dever de estar enfiadas na cozinha e quase nada mais... Este livro é sobre a vida, sobre a luta. Sobre VIVER. Sobreviver.

Num estilo coloquial, onde muitas vezes somos questionados e tratados por "tu", Rosa Montero deixa marcas no leitor. Não é uma leitura leve, mas aconselho-vos a terem um papel e um lápis à mão. Tantas pequenas frases para anotar, tantos pensamentos...

Terminado em 7 de Fevereiro de 2015

Estrelas: 4*+

Sinopse

Quando Rosa Montero leu o diário que Marie Curie começou a escrever depois da morte do marido, sentiu que a história dessa mulher fascinante era também, de certo modo, a sua. Assim nasceu A ridícula ideia de não voltar a ver-te: uma narrativa a meio caminho entre a memória pessoal da autora e as memórias coletivas, ao mesmo tempo análise da nossa época e evocação de um percurso íntimo doloroso.
São páginas que falam da superação da dor, das relações entre homens e mulheres, do esplendor do sexo, da morte e da vida, da ciência e da ignorância, da força salvadora da literatura e da sabedoria dos que aprendem a gozar a existência em plenitude.
Um livro libérrimo e original, que nos devolve, inteira, a Rosa Montero de A Louca da Casa - talvez o mais famoso dos seus livros.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A Convidada Escolhe: A Rainha dos Sipaios

A Rainha dos Sipaios, de Catherine Clément, é um romance em que as personagens, com exceção de duas, e os factos históricos são reais. A rainha indiana Lakshmi Bai é a principal inspiradora deste livro pois foi uma das principais personagens na Revolta dos Sipaios, grande movimento indiano, no século XIX, de libertação face ao império Britânico.
A Inglaterra colonizadora da Índia havia dois séculos, começou a pretender novos domínios e cada vez mais impunha novas exigências junto dos reis e rajás de reinos livres e seus povos. Quando começou a ser aplicada uma doutrina no sentido de acabar com o direito dos descendentes dos marajás a herdarem os seus reinos para poderem ser anexados, o descontentamento tomou forma de luta. Os sipaios, indígenas recrutados, formados pelo exército britânico até aí disciplinados e obedientes, iniciaram a sua revolta. A Inglaterra reagiu e a chacina foi enorme. Os reinos iam caindo um a um para as mãos dos ingleses que já nem respeitavam os seus aliados. Foi assim que a rainha Lakshmi Bay, viúva, jovem arrapazada, que era em princípio aliada dos ingleses, por força das circunstâncias se viu obrigada a juntar-se aos sipaios revoltosos e com uma coragem inexcedível lutou à frente dos soldados numa guerra sem tréguas. As vinganças e as chacinas foram monstruosas de parte a parte. Os avanços e os recuos eram uma constante. Esta rainha guerreira, líder de um exército de autênticas amazonas, vestida de homem, sucumbiu gloriosamente em combate. A partir daí os ingleses dominaram de novo. Esta Revolta dos Sipaios é considerada a primeira luta pela independência da Índia.
É uma obra apaixonante, que nos recorda o que foi o império Britânico na Índia e o poderio da Companhia das Índias Orientais e que se lê com muito interesse e agrado.

Maria Fernanda Pinto

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

"O-Bicho-da-Seda" de Robert Galbraith

Demasiado "gordo" para andar com uma pessoa de metro e meio (eu!), tive de intercalar esta leitura com outro livro mais leve, que me permitisse transportá-lo. E, se no princípio isso não constituiu um problema, já para o meio das 520 páginas, tal facto irritou-me profundamente. Explico porquê...

A narrativa instiga-nos, num constante crescendo, a tentar descobrir quem praticou o terrível assassinato que o livro descreve e ter de parar a leitura e intercalá-la com outra foi, na verdade, um suplício!

Este livro suplanta em muito o anterior "Quando o Cuco Chama", quer em termos gráficos visto que o assassinio é descrito de uma forma explícita (bastante horrível, aliás!), quer na descrição física das personagens (muito visual!) como também na sua profunda descrição psicológica (não seria de esperar outra coisa de J.K.Rolling!).

Agradou-me muito mergulhar no ambiente (será tembém aqui um pouco assim?) algo conturbado dos escritores e editoras, com ódios e rancores guardados e projectados; na relação pessoal e amorosa de Robin, ajudante do detective Strike, com o noivo (num próximo livro aposto que tem os dias contados!) e nos problemas de Cormoran Strike, quer físicos (foi-lhe amputada parte de uma perna aquando de uma explosão na guerra do Afeganistão) quer do foro psicológico. Gostei, sobretudo, de seguir as suas deduções que o ajudaram a descobrir o assassíno e a sua busca de pistas e provas na tentativa de comprovar a sua teoria!

Com uma escrita detalhada e envolvente, a autora de Harry Potter, soube cativar com pequenos pormenores, com o mistério crescente e com cenas mais audases.
Se gostei no primeiro livro, o que dizer deste? Muito melhor! E é assim mesmo que deve ser! Venha o próximo desta série...

Terminado em 2 de Fevereiro de 2015

Estrelas: 5*

Sinopse

Quando o escritor Owen Quine desaparece, a sua mulher contrata os serviços do detetive privado Cormoran Strike. De início pensa que o marido se ausentou por uns dias - como já acontecera anteriormente - e recorre a Strike para o encontrar e trazer de volta a casa.No decorrer da investigação, torna-se claro que o desaparecimento do escritor esconde algo mais.Quine tinha acabado de escrever um romance onde caracterizava de forma perversa quase todas as pessoas que conhecia. Se o livro fosse publicado iria certamente arruinar algumas vidas - pelo que haveria várias pessoas interessadas em silenciá-lo. E quando Quine é encontrado, brutalmente assassinado em circunstâncias estranhas, começa uma corrida contra o tempo para tentar perceber a motivação do cruel assassino, um assassino diferente de todos aqueles com quem Strike se tinha cruzado...Um policial de leitura compulsiva com um enredo que não dá tréguas ao leitor, O Bicho-da-Seda é o segundo livro desta aclamada série protagonizada por Cormoran Strike e pela sua jovem e determinada assistente Robin Ellacott.
Para mais informações sobre o livro veja aqui!

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Um Livro Numa Frase



"E onde encontrarei eu uma alma se a minha partiu contigo?"

In A Ideia ridícula de Não Voltar a Ver-te de Rosa Montero, pág. 170

Ao Domingo com... João Nogueira

Este é o meu livro, “Pés bem assentes na Lua”.
    O livro surgiu como consequência de algumas dezenas crónicas e textos escritos desde 2010, publicados no blog, homónimo do livro, e no magazine Mais Opinião. 
Embora a escrita seja uma condição existencial inerente à produção de um escritor, para se ser escritor é preciso publicar, fazer a escrita nascer para os outros e eu gostava de ser escritor um dia. Um escritor de frases curtas. De palavras simples. Capaz de fazer da cara de quem me lê um teatro de fantoches. Ora a rir. Ora a chorar. Mas chorar lágrimas disparadas pelo peito. Não pelos olhos. Isso é fácil.  Mas isso leva tempo. São precisas geografias. Paisagens. Sítios. Pessoas. Filhos, talvez. Porque só podemos transformar os outros quando nos transformamos primeiro. 
    Ninguém é escritor por escrever bem. Por ter a rima que rima mais longe. Por ser espectacular a dividir sujeito e predicado. Por nunca se esquecer de colocar o acento no primeiro "a" de cágado". Um escritor traz a gramática nos olhos, primeiro. Só depois é que ela lhe foge para os dedos. 
    A capa deste livro já indica ao leitor o que se poderá encontrar. Não se trata de uma lua qualquer, nem de sapatilhas que se encontram à venda nas melhores lojas. São apenas símbolos de algo que nasce jovem. Que se pretende que seja arrojado e contemporâneo. E que tenta percorrer um percurso de sonho. Um livro com janelas para o olhar. Gavetas abertas para o quotidiano. Pretende ser uma viagem intensa pelos labirintos da alma e do tempo: família, amigos, saudade, sonho, infância. 
    Este livro fala de mim. Muito. Demais, se calhar. Numa primeira leitura pode parecer pretensioso. E numa segunda também. Mas não. Não é, de todo, essa a intenção. Escrevo aquilo que vivo. Escrevo aqueles que vivem em mim. Os viajantes da minha viagem. O bom de escrever é que desapareço. Engano o tempo. Regresso aos sítios de onde nunca saí. Às caras de onde nunca saí. Na máquina do tempo que tenho cá dentro vou lá atrás e invento futuros. E vejo-me outra vez como já fui. E como eram os meus
Escrever alivia. Guia-nos para um sítio bonito. Com sorte, leva-nos ao sítio mais alto de nós.
    Escrever afectos é difícil. Escrever sítios onde construímos o que somos é difícil. Escrever pessoas que são o nosso Deus é difícil. Escrever saudade é difícil. 
Para mim, é! Sai-me do peito. Que é onde tenho mil deuses aos berros. Escutar o deus certo dá que fazer. E eu sou um ouvinte. Que escuta os consílios que fazem as Bodas de Fígaro no meu peito.
    Às vezes escuto bem. Às vezes mal.
    Este é o meu livro. Duzentas e dezoito páginas de pessoas. E de sítios. E de Homens. E de Mulheres. E de saudade. E de tempo. E de todas as estações do ano que um Homem tem cá dentro.
    Do livro fazem parte 34 crónicas. Que, sendo pessoais, tenho a expectativa que consigam ser abrangentes, na medida em que, por mais diferentes que sejamos, temos uma idiossincrasia comum. Somos sempre mais iguais do que diferentes.
    O livro tem a pretensão de ser para todos. Porque todos temos sítios. Todos temos sonhos. Todo somos personagens da nossa própria vida. E personagens na vida dos que partilham a nossa viagem.
    Nestas linhas há muitas caras. Pessoas reais. Que amam, que desamam, que riem, que choram, que têm coragem e que têm medos. Como todos nós. Pessoas que se transformam em personagens para o leitor.
    São as minhas. As que me foram aparecendo. 
    O livro fala de distância. E de saudade. Muito de saudade.  E da relação entre ambas. Quando o amor é longe, um homem deixa de ter um ponto cardeal.  Não há remédio. Há que agradecer, porque há amor. Longe, mas amor. Passa a ser nómada. Anda de um lado para o outro. Às vezes nem sabe de que terra é. Está sempre no meio da ponte. A fazer a espargata. Um braço e uma perna para um lado. O outro braço e a outra perna para o outro. A pedir, a ambos, que o vão buscar. De um lado, família. Do outro, uma Mulher. O meu peito, que é o peito de um nómada, é um sítio com dois montes. Há andorinhas num e noutro. Também há relâmpagos num e noutro. No peito de um nómada nunca há paz. Há tribos seminuas que tocam tambor. Há música, sempre. Às vezes boa. Às vezes má. E um nómada precisa de descansar. E um nómada precisa de paz. Mas há um tesouro nos dois montes. E o nómada nunca há-de ter paz. 
    É um livro de partidas. E de chegadas. Do medo das partidas. Da euforia das chegadas. E da vida que há no meio disso. Porque a distância é aborrecida. A vida deve ser todos os dias. Não pode ser só quando calha. 
    Nestas páginas há malas. Que contam histórias. Que vão sempre levezinhas. Mas quando voltam trazem o mundo todo lá dentro. Há amigos. Mas daqueles que são animais selvagens a correrem-nos nas veias. Há amigos que a vida nos bifurcou. Que nos reduziu a lembranças. E a culpa é sempre nossa quando nos deixamos desperdiçar quando nos temos à mão de semear.
    No livro há Deus. Sem haver. Uma coisa mal resolvida. De quem acha inconcebível existir um ser perfeito. Que está em todo o lado. Que sabe tudo. Que está nas alturas. Mas que acha igualmente inconcebível que isto acabe de um momento para o outro. E que depois não haja mais Pai. Nem Mãe. Nem irmã. Nem Mulher. 
    No livro há família. A minha. Esses são o meu Deus. E neles tenho uma fé inabalável. E deles serei sempre apóstolo. Eles, que têm Deus. Mas estão enganados. Porque só devemos louvar quem é maior do que nós. E ninguém. Ninguém é maior do que Eles. 
Neste livro há Porto. Que é um sítio onde as pessoas têm pelo na venta. Fazem escarcéu. Puxam do pregão a torto e a direito. Mais a torto do que a direito. O Porto é uma maternidade de onde sai gente como a gente dos outros sítios. Quem o visita, diz que tem alma. Que é uma coisa que se vê sem ser com os olhos. Aliás, para se ver uma coisa com olhos de ver, os olhos só atrapalham. Só embaciam. Para os líricos, como eu, o Porto é Mãe.

João Nogueira

(João Nogueira, 34 anos, licenciado em Ensino Básico\1° Ciclo pela ESE de Paula Frassinetti, ex-aluno do curso de Línguas e Literaturas Modernas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, colunista no magazine "Mais Opinião" e animador de sessões de Filosofia com crianças.) 
http://rjoaonogueira.wix.com/joaonogueira
https://www.facebook.com/pesbemassentesnalualivro



Um. Livro Numa Frase



"Antes de o inverno chegar, a cigarra gozou de uma vida fantástica, enquanto a existência da formiga foi sempre bastante monótona."

In A Ridícula Ideia de Não Voltar a Ver-te, pág. 150