A Rainha dos Sipaios, de Catherine Clément, é um romance em que as personagens, com exceção de duas, e os factos históricos são reais. A rainha indiana Lakshmi Bai é a principal inspiradora deste livro pois foi uma das principais personagens na Revolta dos Sipaios, grande movimento indiano, no século XIX, de libertação face ao império Britânico.
A Inglaterra colonizadora da Índia havia dois séculos, começou a pretender novos domínios e cada vez mais impunha novas exigências junto dos reis e rajás de reinos livres e seus povos. Quando começou a ser aplicada uma doutrina no sentido de acabar com o direito dos descendentes dos marajás a herdarem os seus reinos para poderem ser anexados, o descontentamento tomou forma de luta. Os sipaios, indígenas recrutados, formados pelo exército britânico até aí disciplinados e obedientes, iniciaram a sua revolta. A Inglaterra reagiu e a chacina foi enorme. Os reinos iam caindo um a um para as mãos dos ingleses que já nem respeitavam os seus aliados. Foi assim que a rainha Lakshmi Bay, viúva, jovem arrapazada, que era em princípio aliada dos ingleses, por força das circunstâncias se viu obrigada a juntar-se aos sipaios revoltosos e com uma coragem inexcedível lutou à frente dos soldados numa guerra sem tréguas. As vinganças e as chacinas foram monstruosas de parte a parte. Os avanços e os recuos eram uma constante. Esta rainha guerreira, líder de um exército de autênticas amazonas, vestida de homem, sucumbiu gloriosamente em combate. A partir daí os ingleses dominaram de novo. Esta Revolta dos Sipaios é considerada a primeira luta pela independência da Índia.
É uma obra apaixonante, que nos recorda o que foi o império Britânico na Índia e o poderio da Companhia das Índias Orientais e que se lê com muito interesse e agrado.
Maria Fernanda Pinto
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