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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

"O Despertar de Chtulhu" de Lovecraft e Baranger

Este livro é uma obra prima. Não sendo um género que frequentemente leia, este conto com as fantásticas ilustrações que possui, encheu-me as medidas. Li-o rapidamente porque queria emprestá-lo a um amigo mas tive tempo de sobra para o admirar e, sobretudo, para constatar como o texto e a ilustração se complementam e se relacionam entre si. Fundem-se um no outro como amantes perfeitos.

A história é-nos contada pelo sobrinho-neto de um professor, depois deste ter morrido de forma estranha, que se vê enredado numa aventura macabra sobre uma escultura de baixo relevo de um monstro de cabeça cefalópode, de uma cidade fantasmagórica e vários casos relacionados de pânico, suicídio e mortes. Em causa estão adoradores de uma criatura horrenda, adormecida há muitos anos. Que a fará acordar? Onde se encontra?

Um conto que está espectacularmente bem ilustrado e que faz as delícias visuais do leitor! Recomendo vivamente. Um livro que dá gosto ter na estante para folhear de quando em vez!

Terminado em 19 de Outubro de 2019

Estrelas: 5*

Sinopse
Boston, 1926. Depois da morte, em circunstâncias estranhas, do seu tio-avô, Francis Thurston descobre nos documentos que herdou a existência de uma seita que venera uma criatura inominável, adormecida há milhões de anos. Sacrifícios indescritíveis praticados nas docas do Luisiana, mortes misteriosas em vários locais do globo, artistas assolados pela demência depois de visões nocturnas terríficas e, sobretudo, uma cidade ciclópica que surge do oceano depois de uma tempestade… Pouco a pouco, Thurston descobre que as investigações do seu tio-avô relacionadas com o culto a Cthulhu são mais verdadeiras do que imaginava e que, nas sombras, os seguidores do deus pagão se preparam para o acordar, prontos para trazer a loucura e a destruição ao mundo. Os astros estão alinhados? Estará o fim próximo?

Lovecraft escreveu nos anos 20 do século XX uma das mais famosas histórias da literatura fantástica americana. Cthulhu, o grande ancião que sonha e que espera nas profundezas do abismo do oceano negro, tornar-se-á por si próprio o símbolo de todo o universo criado pelo autor de Providence, e ganha vida nestas páginas ilustradas pelo reconhecido François Baranger. Fascinado desde sempre por esta obra povoada por criaturas que espreitam dos recantos mais sombrios e por Anciães titânicos cujo único olhar é suficiente para nos fazer mergulhar na loucura, François Baranger, ilustrador reconhecido mundialmente pelos seus talentos de concept artist para cinema e videojogos, começou a trabalhar na tarefa «ciclópica» de reproduzir em imagem os principais contos de H. P. Lovecraft.

Cris

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Experiências na Cozinha: "Cozinha Vegetariana Para Quem Quer Poupar"

Muitas pessoas afirmam que até comeriam mais vezes comida vegetariana se não fosse muito cara. Nada de mais errado! Este livro é prova disso. Se optarem por comida processada e embalada isso acontece, de facto. Quem disse que a comida vegetariana é significado de "saudável"? Também aqui é preciso saber escolher. Como em tudo na vida, aliás! Frutas e legumes: tantas combinaçōes possíveis!

Eu e a Palmira somos fãs da Gabriela. Já aqui o dissemos e, de quando em vez, lá vamos buscar os seus livros... Eles são um sucesso porque as suas receitas funcionam. São práticas e resultam sempre. Que mais há a referir? Façam e comprovem vocês mesmo.

Trazemo-vos hoje "Grão salteado com alho-francês e alecrim". Quem não tem estes ingredientes em casa? 

Vejam a delícia e imagem o sabor! Toca a experimentar! 







Palmira e Cris

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Para os Mais Pequeninos: "Sophia, A Menina Do Mar"


Hoje trago-vos um livro que nos fala de Sophia de Mello Breyner Andresen , desde a sua infância até mulher adulta e do seu grande amor pela escrita. É uma história para os mais pequeninos aprenderem a reconhecer esta escritora e poetisa e, também, um dos seus livros mais conhecidos, A Menina Do Mar.

Simples, conciso mas apaixonante! Como foi a sua vida. 

Ficam algumas fotos de forma a apreciarem também as bonitas ilustraçōes. 







Cris

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

A Convidada Escolhe: "Os Dez Espelhos de Benjamin Zarco"

Li quase de seguida dois livros do Richard Zimler: "A Sétima Porta" e "Os Dez Espelhos de Benjamin Zarco".

Se, quando li o primeiro, achei que era o melhor, agora não consigo dizer de qual gostei mais.

Os "Dez espelhos" é um livro surpreendente pela forma como está escrito: dividido em capítulos, dedicados às personagens principais, em que cada um conta a sua história, na primeira pessoa, envolvendo os restantes, e vai andando para trás no tempo embora termine na actualidade.

A ficção leva-nos, também, até à 2ª Guerra Mundial onde vamos conhecer a história de Benjamin Zarco (judeu que vivia na Polónia), e como conseguiu escapar aos nazis, escondido em casa de uma professora de piano, cristã, que pôs a sua vida em risco por ele, acabando por fugir para Portugal quando suspeitou que tinham sido descobertos.

Da família apenas ele sobreviveu juntamente com o seu primo Shelly que o procurou na Polónia após a guerra e que acabou por o encontrar, com a ajuda do seu companheiro George.

Os três - Benjamin, Shelly e George - sobreviveram à guerra e aos seus familiares e amigos, mas viviam atormentados com sentimentos de culpa por a Vida lhes ter dado essa oportunidade. Refizeram as suas vidas, construiram as suas famílias, nunca lhes contando os pormenores do que tinham vivido, para não os sobrecarregar com o seu passado.

Capítulo a capítulo os personagens vão-se revelando com os seus dilemas, dificuldades e traumas de uma forma que só alguém com elevada sensibilidade consegue descrever.

Já gostava de ouvir o Zimler, nas várias entrevistas que já deu. Agora estou fã da sua escrita.

Palmira Estalagem

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

A Escolha do Jorge: "Conduz o Teu Arado sobre os Ossos dos Mortos”

“Conduz o Teu Arado sobre os Ossos dos Mortos”
Olga Tokarczuk 
(Cavalo de Ferro)

“Os mecanismos naturais foram desregulados e, agora, é preciso ter tudo controlado para não haver uma catástrofe.” (p. 207)
“Nós temos uma visão do mundo e os Animais têm um sentido do mundo, sabias?” (p. 214)

A publicação do romance “Conduz o Teu Arado sobre os Ossos dos Mortos” coincide com a nomeação da escritora polaca Olga Tokarczuk (n. 1962) para o Prémio Nobel de Literatura. Este é o segundo romance da escritora publicado em Portugal após a edição de “Viagens” no início do ano e ambos os títulos estão publicados pela Cavalo de Ferro.
“Viagens” veio a baralhar o universo literário no que concerne à tentativa de classificar a natureza da obra na medida em que é uma miscelânea de géneros, desde o romance à narrativa breve, o ensaio, além de muitas notas autobiográficas e pensamentos soltos.
A nova obra recentemente publicada, embora assuma características mais comuns no que respeita à ideia de romance clássico, mantém a irreverência apresentada ao longo da narrativa que tem como pano de fundo um thriller que mistura o macabro com questões políticas e ambientais.
Passado numa pequena comunidade rural da Polónia próxima da fronteira com a República Checa, este romance tece inúmeras considerações aos direitos dos animais, assim como à preservação da natureza, algumas ideias mais como fruto das obsessões de Janina Duszejko, a personagem principal, revoltada na sequência de as suas duas cadelas terem sido mortas.
Antiga engenheira e professora reformada, Janina Duszejko ocupa os seus dias a traduzir as obras de William Blake com o seu antigo aluno Dyzio que é polícia, dedicando-se também com particular afinco à astrologia.
Isolada de tudo e de todos, Janina Duszejko é encarada como uma ‘outsider’ face às ideias em que acredita, na supremacia da natureza e dos animais em relação aos homens. Aquilo que vê através do alinhamento dos planetas não é bom, aludindo frequentes vezes à ideia de Catástrofe que se instalará, acabando mesmo por desenvolver uma teoria da conspiração na sequência do aparecimento de vários indivíduos ligados ao clube de caça local que aparecem mortos, indiciando a ideia de um assassinato de modo violento e cruel.
Janina Duszejko prontifica-se a colaborar com a polícia local perante o mistério dos assassinatos que ocorreram, sugerindo às autoridades que devam estudar os astros porque atendendo à hora de nascimento, ano e local das vítimas, os planetas ditavam um mau augúrio.
O desfiar da narrativa sucede ao sabor das estações do ano enquanto percebemos do quotidiano da pequena comunidade esquecida pelo poder central, onde nada acontece e onde agora os habitantes são surpreendidos com as mortes em série.
Percebemos nas entrelinhas por que razão Olga Tokarczuk se tornou uma voz incómoda no seu país na medida em que denuncia o esquecimento e, por isso, uma menor intervenção do poder central em relação às populações mais afastadas dos grandes centros urbanos e, fruto destas questões de natureza geográfica e política, constitui terreno fértil para a fomentação de pequenas máfias e corrupção no seio das próprias instituições públicas.
A narrativa avança e o leitor é surpreendido com uma linha muito ténue que constitui a fronteira entre a lucidez e a loucura e, em função disso, são colocadas em causa as tradições de todo um país e até o próprio sentido de justiça.
Numa época em que as questões ambientais e a defesa do planeta assumem um papel determinante, são muitas as vozes que saem em defesa destes valores, mas o que Olga Tokarczuk vem a defender é que nem tudo o que parece é, e que alguns dos heróis com grande projecção não passam de falsos profetas com objectivos muito próprios e pouco claros.
Mas mesmo em assuntos menos sérios, Olga Tokarczuk critica muitas situações do quotidiano alternando entre o tom irónico e o cáustico. Somos levados a rir ou a esboçar um sorriso amarelo porque também nos revemos naquele que é o espelho da humanidade com todas as virtudes e defeitos.
“Conduz o Teu Arado sobre os Ossos dos Mortos” é um romance que nos desconcerta ao longo de toda a narrativa. É literatura. É política. É intervenção. Mas também é arte feita de palavras. Não estamos habituados a este género tão próprio de Olga Tokarczuk, mas quem disse que cada um tem de se encaixar numa gaveta própria? Olga Tokarczuk rompe com géneros e estilos e voa. E nós leitores, voamos também…
Excertos:
“O mundo é uma prisão cheia de sofrimento, construída de modo que, para se sobreviver, seja preciso infligir dor a outros. (…) Que mundo é este? Um corpo transformado em calçado, em almôndegas, em salsichas, em tapete estendido junto à cama, em caldo feito com os ossos de outro ser… Sapatos, sofás, malas de pendurar ao ombro feitos da barriga de outros seres, aquecer-se à custa do pelo de outrem, comer o corpo de outrem, cortá-lo aos pedaços e fritá-lo no óleo… Será verdade? Será possível tal pesadelo macabro, tamanha matança, cruel, desapaixonada, mecânica, sem pesos na consciência, sem a mínima reflexão, reflexão que é afinal o objecto dos engenhosos campos da Filosofia e da Teologia?” (p. 117)
“Eu tinha a minha Teoria sobre estas bengalas linguísticas: todo o Homem tem uma palavra da qual abusa. Ou que emprega de modo inadequado. Estas palavras são a chave para a nossa mente. O Senhor «Ao que parece», o Senhor «Geralmente», a Senhora «Provavelmente», o Senhor «Foda-se», a Senhora «Não Acha?», o senhor «Como Se». O Presidente era o Senhor «Verdade». É claro que existem modas para usar determinadas palavras, tal como existem modas que, de repente, levam as pessoas, movidas por um desvario qualquer, a calçar botas idênticas ou a usar roupas iguais; o mesmo acontece com as pessoas que de repente começam a usar uma palavra em concreto. Nos últimos tempos, esteve em voga o «geralmente»; agora, domina o «basicamente».” (p. 197)

Texto da autoria de Jorge Navarro


quinta-feira, 24 de outubro de 2019

"O Diário Oculto de Nora Rute" de Mário Zambujal

Não me canso de elogiar a escrita deste autor. Brejeira, atrevida, marota. E também bem disposta, que nos faz sorrir amiúde, que caracteriza pormenorizadamente os personagens sem, contudo, enjoar através de excesso de detalhes.

São livros pequenos, adequados para leituras de um dia só. Mas considero-os um relato fidedigno quer da época que pretende retratar quer de um estilo de personagem marcadamente citadino, malandreco.

Gosto mais de alguns livros do que outros, como seria de esperar, mas este encheu-me as medidas. O autor coloca-se, desta feita, na voz de uma jovem de 21/22 anos que escreve pela primeira vez num diário que lhe ofereceram. Estamos em Dezembro de 1968 e a acção decorre durante um ano num Portugal com um ambiente fechado mas em que os jovens teimam em alargar horizontes. Torna-se muito engraçado recordar aspectos dessa época! Para quem é mais novo é uma leitura importante. A comparação entre o Portugal de ontem com o de hoje torna-se inevitável.

E depois os nomes que Zambujal arranja para os seus personagens!!! Nora Rute, quem se lembraria de tal? Mas não ficamos por aqui: Sesinanda, Pedro Camilo, Sílvia Natália sāo outros tantos...

Admiro muito a imaginação fértil de Mário Zambujal. O seu estilo de escrita é inconfundível. Recomendo. Este foi um dos seus livros que mais gozo me deu ler.

Terminado em 18 de Outubro de 2019

Estrelas: 5*

Sinopse
Nora Rute é uma personagem de romance e, ao escrever o seu diário, vai escrevendo, no desconhecimento do que virá a seguir, o seu próprio romance. Ao mesmo tempo, acrescenta-lhe o registo de acontecimentos e usos que marcaram um ano (1969) desde a chegada do Homem à Lua à moda da minissaia, das manifestações estudantis a guerras em África, aos bares e cafés de Lisboa.

Narrativa de marcada originalidade, O Diário Oculto de Nora Rute coloca os leitores no caminho irrequieto de uma jovem que desafia as regras, as de uma sociedade machista de um pai austero.

Predominam as personagens que são membros da família, não só uma misteriosa tia Nanda, a prima Mé mas um quase desconhecido que parece ter conquistado, em definitivo, o amor de Nora Rute. E um primo ribatejano que lhe revelará o reverso das luzes e sombras da cidade.

Ao colocar-se na sua mente de uma forma travessa, Mário Zambujal, sem abandonar o seu estilo próprio de escrita, incorpora-o no espírito e na conduta de uma jovem que descreve no seu diário a agitação dos seus dias.

Cris

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Experiências na Cozinha: "O Grande Livro dos Hambúrgueres Vegetarianos"

Já tinha provado alguns destes hamburguers aquando da apresentaçāo deste livro numa sessão muito especial realizada no simpático restaurante "O Botanista" a convite da editora Arte Plural Edições. Podem ver aqui o post.

Falei com verdadeira paixão dos sabores por lá partilhados à minha parceira de crime, a Palmira, mas o livro foi ficando para trás e nāo experimentámos nenhuma receita. Até agora! 

Nāo preciso de vos dizer mais nada. As fotos mostram tudo (ou quase, porque o sabor, esse que nos deliciou o palato, só eu e a Palmira degustámos!). Aqui estão elas e as receitas claro, porque desta vez fizémos duas: 








Palmira e Cris

terça-feira, 22 de outubro de 2019

"Crime, Disse o Livro" de Anthony Horowitz

Ouvi falar bem deste policial. Ao estilo de Agatha Christie, disseram. Fui comprovar e depressa fiquei enredada no fantástico labirinto que é este livro. Uma história dentro da história e cada uma com pistas (falsas?) que nos fazem desconfiar de todos. Com mortes à mistura, pois claro, ou nāo seria um policial à maneira!

Uma vida dentro dos livros e uma vida fora dela. Assim vive a personagem principal, Susan Ryeland, editora já há bastantes anos numa editora pequena mas com alguns autores de sucesso. Ao pegar no nono livro de uma saga de sucesso, Susan abre-nos a porta a um policial cheio de labirintos, volte-faces, que me faz esquecer até meio do livro que essa era uma história dentro da história que Susan nos estava a mostrar! Mas o livro termina sem que o autor revele quem é o assassino e Susan procura desesperadamente as páginas perdidas! 

Passamos, assim, a meio do livro, à vida real. Somos brindados com mais uma morte! Susan suspeita que não se trata de suicídio e começa a fazer perguntas...

Enredo que prende, cheio de personagens (as do livro e fora dele) que acabam por estabelecer ligações entre elas. Duas histórias que decorrem em paralelo e que primam pela originalidade e das quais gostei muito! Não saberia qual escolher se tivesse que decidir-me por uma. Leiam que vale muito a pena!

Terminado em 17 de Outubro de 2019

Estrelas: 5*

Sinopse
Existem vários mistérios por resolver dentro das páginas deste livro. Tudo começa quando Susan Ryeland se senta para ler o manuscrito do autor mais vendido da editora onde trabalha. Porém, a narrativa termina abruptamente no ponto em que o detetive da história está prestes a revelar o assassino, levando por isso Susan a procurar os capítulos perdidos. Mas este é apenas o ponto de partida de um dos mistérios…

Extraordinariamente bem concebido e bem escrito, em Crime, disse o livro encontramos duas histórias que correm em paralelo, personagens interessantes e autênticas, tramas sólidas, inteligentes e bem estruturadas, várias reviravoltas e, por fim, um desenlace absolutamente surpreendente.

E se um mistério dentro de outro mistério significa o dobro da adrenalina, para os fãs do género este livro traz também prazer a dobrar. Prepare-se: vai ser difícil pousar o livro!

Cris

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Para os Mais Pequeninhos: "Ão! Ão!" e "Bip! Bip!"


Desta vez venho mostrar-vos dois livros em vez de apenas um. Sobretudo porque ambos 
complementam-se e são da mesma colecção: Toca Criança, para bebés.

Os livros possuem uma cartonagem grossa, própria para as mãos ainda não tão seguras e revela texturas diferentes para que os bebés possam sentir as rugosidades, a macieza, o brilho. 

Um é sobre animais e os seus diferentes habitats na natureza, o outro é sobre os transportes diversos utilizados pelo Homem. O som está presente em ambos. Só é preciso uma ajudinha de quem supervisiona a leitura e o bébé. A cor também. Cada página é uma explosão de cor! 

Creio que é uma colecção muito interessante que prepara o bébé para a linguagem simples, a primeira a ser por ele utilizada, as onomatopeias, como os títulos indicam.

Ora vejam:





Cris

domingo, 20 de outubro de 2019

Ao domingo com... Ana Bárbara Pedrosa


Depois de três anos e meio a escrever um romance, ainda por publicar e entretanto metido na gaveta, deixei-me ficar a sós com a pressa. Contra um romance a medo, tudo pensado, tudo gasto, tudo espancado, deixei que as personagens me espancassem. Deixei-as falar contra os meus pudores, dei-lhes espaço para as próprias canalhices. Permiti que a narrativa tivesse um estertor que me instrumentalizasse a mão, pus noutras vozes frases que nunca diria. Não fui outras pessoas, porque as assumi sempre como gente fora de mim.


“Lisboa, chão sagrado” foi a coisa mais livre que já fiz. A regra máxima da literatura, kill your darlings, foi aplicada ao ponto não só de matar o que me é querido, mas também de matar a linguagem com que estou confortável. No percurso, quis lá saber: não interessava a minha vergonha, interessava fazer uma coisa apesar dela, que a chutasse para canto completamente. Como resultado, o que ali está é outra coisa e ninguém pode encontrar-me no lugar onde me escondi da paráfrase.

É que o que me interessa na escrita não sou eu e o que me interessa na literatura não é a sua capacidade de descrição do mundo. Para isso estarão os jornalistas, os antropólogos, os sociólogos. Interessa-me mergulhar no que está escondido, escarafunchar as feridas, ver como é que infectam. Faz-se da caneta um bisturi e expõe-se o que a ciência não pode contar. Interessam-me a dor e a vergonha, sem nunca fazer do romance um mar de tristeza. Em vez disso, quero-o como o oceano que une países e afoga cinismos. A literatura não é o peito dado à bala: é a bala que mostra o peito.

Ana Bárbara Pedrosa

sábado, 19 de outubro de 2019

Na minha caixa de correio

  

   



Esta semana o carteiro foi meu amigo! Ofertados pelas editoras parceiras chegaram:
da editora Alma dos Livros,  Sangue Frio, O Último Folego e Segredos Mortais;
da Porto Editora, No Escuro e A Rede de Alice;
da Planeta, Perdidos no Quarteirāo Espanhol.

Fiquei realmente de coraçāo cheio! O meu obrigada a todas!

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

A Convidada Escolhe: "As Longas Noites de Caxias"


As Longas Noites de Caxias, Ana Cristina Silva, 2019

A cada novo livro de Ana Cristina Silva que leio, reforço a ideia que já anteriormente expressei de que “a autora revela a sua mestria em analisar e transmitir-nos estados de alma das personagens que cria”. Desta vez, partindo de factos verídicos, o foco é o que o medo faz às pessoas e até que ponto pode chegar a perversidade de uma pessoa para com outras. Para tal, evoca o instrumento que o Estado Novo utilizou para subjugar um povo – a PIDE – analisando o uso do poder e do medo por parte dos torturadores e a capacidade de resistência por parte dos que eram presos pela PIDE.
A autora começa “As Longas Noites de Caxias” dedicando-o “A todos os resistentes antifascistas” e é clara a vontade, com este livro, de não deixar esquecer o que foi a polícia política de Salazar, num país e num mundo onde a democracia mostra sempre quão frágil e vulnerável é a todos os populismos e inimigos da liberdade e da democracia.
Antes, referi torturadores e torturados. Mas neste livro, as personagens são femininas, ou seja, torturadora e torturada. Laura Branco, a jovem natural de Mértola que, pelo seu excelente percurso escolar, consegue chegar à universidade graças à obtenção de bolsas de estudo e que acaba por ser presa. No Alentejo tinha convivido com crianças descalças, com crianças que iam para a escola com fome, com crianças que eram tratadas diferentemente consoante o seu estatuto social, mas em Lisboa, na faculdade, a compreensão dessa realidade ganhou outra dimensão no contacto com outros estudantes que falavam de discriminações, da sociedade de classes, da guerra colonial que abominavam, sempre com o risco da prisão ou de serem ouvidos por informadores, um pouco por todo o lado.
Maria Helena, tristemente conhecida por Leninha, é também apresentada, não apenas como a feroz chefe de brigada que se empenhava em torturar as presas nas longas noites de Caxias em que estava de turno durante a tortura do sono, mas que exibe um traço maléfico persistente de ódio à mãe vítima da brutalidade do marido que considerava uma mulher fraca, de maldade para com as colegas da escola e de arrogância e total falta de humanidade ou remorso quando, após o 25 de Abril, foi julgada e confrontada com as presas que tinha torturado. São inesquecíveis as páginas que relatam os métodos usados para com as detidas em Caxias, ou a descrição da forma bárbara como matou um gatinho que se lhe enrolou às pernas e a fez cair, num dia em que ainda menina ia para a escola. Esta mulher nunca mostrou o mais leve assomo de sensibilidade ou humanidade, excepto no seu amor à figura de Salazar e no conceito que tinha de amor à pátria. Tal como o beijo que Salazar lhe deu na testa quando criança a marcou para toda a vida, a morte do ditador foi como que o desabar do mundo e a convicção de que os métodos na tortura deviam ser intensificados, sobretudo nos estudantes que ela considerava inimigos da pátria.
O livro tem muito interesse do ponto vista histórico e de testemunho do que era a polícia política, dos seus métodos, do medo que paralisava e tolhia um povo, mas também dos que resistiam e que acreditavam que a ditadura iria acabar. Maria Helena/Leninha foi uma figura sinistra e outros nomes de PIDEs temíveis são lembrados como Barbieri Cardoso, Tinoco ou outros. Os presos eram todos os que ousavam lutar contra a injustiça, a pobreza, a guerra, a ditadura, sendo neste caso focado o papel que o movimento estudantil teve no processo do derrube do regime fascista, com uma referência concreta ao assassinato do estudante Ribeiro dos Santos. Os informadores eram uma teia enorme e difusa e os torcionários eram maioritariamente homens, mas também houve mulheres, embora Leninha tenha sido a única mulher que conseguiu ascender a chefe de brigada, exactamente pela sua ambição de subir na hierarquia e pela ferocidade e brutalidade dos seus métodos. No fim do livro, doente, debilitada e sozinha, mas acompanhada pelo busto de Salazar na sala, ela confessa a uma colega da PIDE que a visita que aquele tempo em que torturou em Caxias tinha sido o período mais feliz da sua vida.
Agora que foi criada uma cadeira opcional no 12º ano – História, Culturas e Democracia – este “As Longas Noites de Caxias” poderia ser um excelente livro para constar da bibliografia a ser usada. Ou com toda a pertinência, fazer parte do Plano Nacional de Leitura.
10 de Outubro de 2019
Almerinda Bento









quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Experiências na Cozinha: "Cozinha Vegetariana à Portuguesa"


A Gabriela dispensa apresentações. Muito menos os seus livros. Quem compra um, qualquer um, fica rendido. Basta experimentar uma receita para perceber que são fáceis e, por isso, nada complicadas. Saem sempre bem. São imprescindíveis numa cozinha vegetariana, e não só! Já agora, era bom se experimentassem o conceito de "segundas sem carne" que passo a explicar: a ideia é não comerem carne (nem peixe) um dia por semana. 'Bora lá tentar? Vão conhecer muitos sabores diferentes, garantimo-vos! O vosso palato vai agradecer-vos.

Esta receita que experimentámos não foi excepção. Fácil e saborosa. Guisado de lentilhas e espinafres.





Palmira e Cris

terça-feira, 15 de outubro de 2019

"Um Ateliê de Sonhos" de Lucy Adlington

Não me canso de ler livros sobre o holocausto. Ou sobre guerras. Que se sucedem sem que os Homens percebam que elas são completamente inúteis e que os fazem ser pequeninos. Mesquinhos. Mas há sempre algo a reter, um gesto de bondade que nos faz ter esperança no ser humano. 

Este livro é ficção. As personagens não existiram. Mas podiam. Porque os lugares, os factos, esses estiveram lá. E continuam nos livros, nas cabeças de quem lá esteve e teve a sorte de sobreviver. Porque por vezes foi isso mesmo que se tratou: de sorte. 

Ella teve sorte. Podemos achar que muitos factores juntaram-se para determinar o seu destino. Tal como de muitas pessoas reais que sobreviveram e que foram alvo de uma série de acontecimentos onde a sorte esteve presente. Uma bala que passou ao lado, um pedaço de pão a mais que conseguiram arranjar fez a diferença para muitos. Mas a esperança, o querer viver, a força de vontade, a resiliência de cada um, fazia a diferença entre a vida e a morte. Ella é ficção, é obra da autora. Podia bem não ter sido. 

Um dos aspectos que é muito focado no enredo refere-se à linha ténue que separava um preso de um campo de concentração de um colaboracionista. Que farias para sobreviver? Até onde irias? Que espaço existia para uma amizade entre dois presos? Que estarias disposto a ceder das tuas coisas, da tua comida, a um companheiro de cama quando o que pensas todo o tempo é arranjar algo para comer? 

Recomendo esta leitura. A escrita é simples mas muito fluída o que faz com que as páginas voem de forma surpreendente. 

Deixo-vos com uma frase que me incomodou bastante. Ella era determinada: precisava sair viva de Birkenau. "Não voltes a pensar no Armazém. Não penses no pó, na sede ou nas moscas. Olha para baixo para a tua costura (ela pertencia ao ateliêr de costura que fazia vestidos para as mulheres dos oficiais e para as guardas) não para cima, para as chaminés."

Terminado em 11 de Outubro de 2019

Estrelas: 5*

Sinopse
Inspirado na história real das costureiras de Auschwitz, este é um livro poderoso e emocionante, perfeito para os fãs de O Diário de Anne Frank e O Rapaz do Pijama às Riscas.

Ella vive num mundo onde existem listas. A Ella também faz parte de uma lista: a dos judeus. Por isso, num dia perfeitamente normal, é apanhada pela polícia e atirada para um comboio com destino a um lugar que nunca pensou que pudesse existir: Auschwitz.

Destacada para trabalhar no ateliê de costura do campo, é lá que a Ella conhece a Rose. Ambas costuram vestidos para as guardas e para as mulheres dos oficiais, mas isso não as impede de se tornarem amigas e de tentarem manter a normalidade, ansiando pelo dia em que serão libertadas.

Um dia, a Rose desaparece, deixando para trás a sua fita de seda vermelha, o símbolo de esperança a que as duas raparigas se agarravam sempre que estavam prestes a perder a coragem. Conseguirá a Ella lutar sozinha e sobreviver?

Uma história de resiliência e esperança — uma esperança delicada e forte como a seda, e tão vibrante como uma fita vermelha num mar de cinza.

Cris

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

"Lisboa, Chão Sagrado" de Ana Bárbara Pedrosa

Tenho muitas coisas para vos confessar sobre esta leitura.

A primeira é que apanhou-me de surpresa. Tenho a mania de, pelas capas, tirar o conteúdo. Nada de mais errado, eu sei, mas não consigo deixar de o fazer. Quando dou por mim já “fiz o filme todo” depois de olhar para uma capa. Não me engano tantas vezes assim e é por isso que, inconscientemente, o continuo a fazer. Se isso aconteceu neste livro? Sim. Se me enganei? Completamente!

A capa é belíssima. Sóbria, bonita como gosto. Espantou-me a escrita. É muito crua e o uso de alguns termos pode ferir susceptibilidades. Percebe-se que não é gratuito mas creio que não será leitura para todos os gostos. Eu estranhei, depois entranhei mas, mesmo assim, não foi fácil. Mantive essa estranheza em mim durante a leitura toda. O currículo da autora é invejável e não pude deixar de sorrir quando, na apresentação do seu livro, depois de lhe ter dito que o tipo de escrita utilizado pelo narrador fere o ouvido do leitor, ela retorquiu: "Também a mim".

A escrita é fluída, a história prende, alguns sorrisos surgem mesmo sem querer, dado as confusões inerentes à diferença existente entre os termos em português de Portugal e o do Brasil.

O narrador é um desbragado! Opina, emite juízos de valor, interpela o leitor, sem pudor nenhum. É quase uma personagem tal a interferência na narrativa. Mas há mais! Eduarda, o centro da trama, Mariana, jovem presa ao amor que sente por Eduarda, Noé que ama Eduarda mas que sente uma atracção por Matias, Matias, por sua vez que ama Noé e Dulcineia que se ama a si própria.

Espero uma nova obra da autora. Fiquei curiosa. Manterá o registo? 

Terminado em 7 de Outubro de 2019

Estrelas: 4*

Sinopse
«Queria exagerar, ser o Werther, mas no exagero só veria adolescência. Evitou a explosão, o anacronismo, escondeu que queria fazer-lhe uma ode, compor-lhe uma ópera, invadir Lisboa com o seu exército montado em elefantes, dar-lhe mil camelos, erguer-lhe um palácio onde só pudessem entrar e-l-a e os seus livros.
Não restou nada de bom: insónias, fraqueza, ansiedade, aquela tristeza lenta, aquele abraço impossível, passeios furiosos pela madrugada de Lisboa, um escaravelho estúpido, um ego que já só serve para varrer o chão, a falta d-e-l-a, a falta d-e-l-a, a falta d-e-l-a, a certeza de que a teria seguido até um lar, até ao fim.»

Eduarda, Mariana, Noé, Matias e Dulcineia são os eixos desta história, numa teia que se estende de Lisboa ao Rio de Janeiro, do interior da Bahia à Palestina.
Nas ligações entre as personagens, a cama aparece como lugar de animalidade onde todos os conflitos, materiais ou emocionais, se resolvem: o amor, a falta dele, o tédio, a tristeza, o luto, a vingança, a excitação, o estímulo da decadência. De resto, são as expectativas frustradas, os desencontros, o improviso perante o novo.

Um romance de estreia arrojado, visceral e brutalmente honesto, que afirma Ana Bárbara Pedrosa como uma das novas vozes da ficção portuguesa.

Cris

sábado, 12 de outubro de 2019

Na minha caixa de correio

  

 

 


Os três primeiros livros vieram de Leiria e foram o resultado da troca de livros no II Encontro de Booktubers e Bloguers.
Os restantes foram ofertas das editoras:
- Manuscrito, Eu Sei Como Ser Feliz
- Bertrand, Kane e Abel
- Bertrand, Ão! Ão! e Bip! Bip!
- Arte Plural, Analgésicos Naturais