Esta leitura faz-se em pouco tempo. O livro é pequeno, a grafia grande. E, no entanto, é uma leitura pesada. Não é escrito com muitos dramatismos e a escrita é simples. Mas chama as coisas pelos nomes e é dura a sua leitura.
Já li muitos livros sobre este tema. Aprendo em todos eles. Para além de saber como vivenciaram as pessoas essa época de horror, gosto de saber como é que elas conseguiram viver depois da guerra. Porque não foram tempos fáceis, esses de suposta liberdade. Muitos dos que estavam "cá fora" não tinham noção do que se tinha passado nos Campos da Morte e muitos dos que sairam só queriam esquecer e não queriam falar do assunto. Só mais tarde é que tiveram consciência do quão importante era recordar para contar.
Eva era judia, gémea idêntica de Miriam e vivia com os pais e irmãs em Portz, na Transilvânia, Roménia, junto da fronteira com a Hungria. Ainda não tinha 10 anos quando a sua família foi levada para Auschwitz. Depressa percebeu que tinha de se manter, a ela e a Miriam, em estado de alerta total, sem reclamar e vivendo um dia de cada vez. Para sobreviver. Foi uma das "gémeas de Mengele".
O seu relato vale a pena ser lido. E a lição de vida e o testemunho de perdão que deu, no pós-guerra, foi o que mais me impressionou. Deveras.
Recomendo muitíssimo esta obra!
Terminado em 29 de Setembro de 2019
Estrelas: 6*
Sinopse
TODOS OS SERES HUMANOS TÊM O DIREITO DE VIVER SEM A DOR DO PASSADO
«Se eu tivesse morrido, Mengele teria dado uma injeção letal à minha irmã para fazer uma autópsia dupla. Só me lembro de repetir para mim mesma: tenho de sobreviver, tenho de sobreviver.»
Eva Mozes Kor
As portas do vagão abriram-se pela primeira vez em muitos dias e a luz do dia brilhou sobre nós. Agarrei bem a mão da minha irmã gémea quando nos empurraram para a plataforma.
– Auschwitz? É Auschwitz? Que sítio é este?
– Estamos na Alemanha – foi a resposta.
Na verdade, estávamos na Polónia, mas os Alemães tinham invadido a Polónia. Era na Polónia alemã que se situavam todos os campos de extermínio.
Os cães rosnavam e ladravam. As pessoas do vagão começaram a chorar, a berrar, a gritar todas ao mesmo tempo; todos procuravam os seus familiares à medida que eram afastados uns dos outros. Separavam homens de mulheres, filhos de pais.
Um guarda que ia a passar a correr parou bruscamente à nossa frente. Olhou para Miriam e para mim nas nossas roupas a condizer: «Gémeas! Gémeas!», exclamou. Sem dizer uma palavra, agarrou em nós e separou-nos da nossa mãe. Miriam e eu gritámos e chorámos, suplicámos, as nossas vozes perdidas entre o caos, o barulho e o desespero, tentando chegar à nossa mãe, que, por sua vez, tentava seguir-nos, de braços estendidos, com outro guarda a retê-la.
Miriam e eu tínhamos sido escolhidas. De repente, estávamos sozinhas. Tínhamos apenas dez anos. E nunca mais voltámos a ver nem o nosso pai nem a nossa mãe.
UMA HISTÓRIA NOTÁVEL DE FÉ, SOBREVIVÊNCIA E CORAGEM.
«Este livro notável é um marco para a compreensão do Holocausto e a sua relação com a superação e o triunfo do espírito humano.»
Richard Freedman, diretor nacional da Fundação Sul-Africana do Holocausto
«Conseguir triunfar sobre um mal tão grotesco, e ainda ter a capacidade de celebrar a vida e a bondade, é tanto um mistério quanto uma inspiração. Se este livro não lhe tocar o coração, nada o fará».
Philip Gulley, escritor e orador
«Li dezenas de livros sobre o Holocausto e vi outras dezenas de filmes sobre o assunto, mas este livro teve um impacto em mim como nenhum outro. Após os primeiros capítulos, tive de o baixar para me recompor.»
Goodreads Review Eva Mozes Kor e Miriam Mozes, são gémeas idênticas, que sobreviveram às experiências genéticas conduzidas pelo médico Josef Mengele, em Auschwitz. Os seus pais, avós, irmãs mais velhas, tios, tias e primos não sobreviveram. Cerca de outros 1400 pares de gémeos foram alvo de estudo e tortura por parte de Josef Mengele, também conhecido como o Anjo da Morte.
Cris
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