Gosta deste blog? Então siga-me...

Também estamos no Facebook e Twitter

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

"Lugar Para Dois" de Miguel Jesus

Quando serves de intermediária na passagem de um livro de uma amiga para outra, quando as cores quentes da capa te chamam a atenção e a sinopse te aguça o apetite porque afinal aquelas cores te fazem lembrar a infância, o que fazes? Lês o livro de enfiada, pois claro! 

Escrita cuidada, algo poética, trama que desperta interesse passada em três épocas temporais diferentes - 1959 em Lisboa, 1964 em Moçambique e 1991 entre Lisboa e Moçambique. Atrevo-me a dizer que a linguagem utilizada tem as cores e sons dessa terra africana, de quem lá viveu. Capa que traduz na perfeição o texto do seu interior.

O livro fala-nos dos erros que cometemos e da melhor ou pior forma como lidamos com eles. Daniel culpa-se de desatenção e do acidente que provocou a morte de sua filha. Depois de muita dor, de disparate atrás de disparate, foge para um lugar recôndito em Moçambique. Tudo lhe passa ao lado, nada o faz voltar à vida. A vida encarrega-se de lhe povoar os dias com gente boa e com amor que não sabe reconhecer. 

Em relação aos sons que transbordam das palavras, este livro possui outra particularidade que o faz ainda mais musical: o autor é pioneiro na junção da literatura com a música. Os seus livros possuem um QR Code e o leitor vai ouvindo os temas que o músico/escritor compôs para esse efeito.

Um twist inesperado surpreende o leitor, embora outro aspecto da trama nos indique o final.

Fiquei muito curiosa e vou ler o seu livro mais recente, "Os flamingos também sonham".

Frase escolhida: "Tentei dizer-lhe que o inferno não está no mal que nos acontece, mas no mal que fazemos com ele."

Terminado em 25 de Julho de 2023

Estrelas: 5*

Sinopse

Depois do sucesso da inauguração do Metropolitano de Lisboa, Daniel Stoffel, responsável financeiro do projeto, parece poder escolher o futuro que quiser. Porém, a morte da filha num acidente estúpido enche-o de uma culpa que de não se consegue libertar. Desfeito o casamento, começa a afundar-se na bebida, até que um amigo lhe sugere que deixe Portugal, onde tudo aconteceu, e tente recomeçar a vida noutro lugar. Instala-se, então, num lugar recôndito de Moçambique, onde uma velha negra o ajuda nas tarefas domésticas e lhe leva jornais que o põem a par dos movimentos independentistas das Colónias e das mudanças por que a Metrópole vai passando.

Apesar da vontade de ficar sozinho, o frondoso embondeiro que o protege da curiosidade alheia tem uma frase riscada no tronco que parece traçar-lhe um destino diferente, insistindo na paternidade que lhe estava destinada. E, por mais que Daniel a renegue, é nesse caminho que poderá encontrar o próprio perdão.

Belo, duro, mágico e ternurento – com uma banda sonora exclusiva e um toque africano no colorido das palavras e das paisagens –, Lugar para Dois é um romance excecional sobre a culpa, o amor e aquilo que ainda tem para dar quem julga que, afinal, já perdeu tudo.

Cris

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

"1984 A Novela Gráfica" de George Orwell (Autor) e Fido Nesti (Ilustração)

Demorei mais tempo a ler esta graphic novel do que pretendia e não dou mais estrelas precisamente pela dificuldade que me levou a demorar a lê-la... A mancha gráfica é compacta, escrita num fundo escuro. Não é GN para ser lida a correr se quisermos apreciá-la devidamente.

O que quero analisar aqui é a graphic novel em si mas não posso deixar de referir a história em que ela se baseia, escrita em 1948, repleta de imaginação e que revela um sentido crítico apurado de George Orwell. Uma distopia que, naquela altura, poderia parecer um mundo sem sentido mas que continua a constituir os piores receios do mundo actual. 

Londres, 1984. A manipulação extrema das mentalidades por parte de um regime político totalitário (existia uma Polícia do Pensamento), onde a guerra é mantida perpetuamente (de forma a que a população viva perpectuamente amedrontada), os membros do partido são vigiados continuamente e onde é reprimida qualquer atitude que não se coadune com as diretivas dadas. Uma nova língua vai sendo apresentada e introduzida (Novilíngua) sendo que algumas palavras e sentidos vão sendo eliminados. A História vai sendo apagada conforme as intenções do partido. Pensar não é permitido. Há desaparecimentos de indivíduos com frequência. Para que direcção caminha esta sociedade?

Winston é o personagem central. Trabalha para o partido, nada vê para além do que lhe mandam, é obediente. Até que...

A GN é volumosa em termos de páginas e de informação e retrata bem o conteúdo do livro.

Terminado em 26 de Julho de 2023

Estrelas: 5*

Sinopse

No ano 1984, Londres é uma cidade lúgubre, em que a Polícia do Pensamento vigia de forma asfixiante a vida dos cidadãos. O mais grave dos crimes é ter uma mente livre. Publicada originalmente em 1949, a obra mais poderosa de George Orwell é, pela primeira vez, adaptada a novela gráfica, no traço do artista brasileiro Fido Nesti, que capta magistralmente os rostos, corpos e cenários de um mundo que, cada dia, é menos difícil de imaginar.

Cris

terça-feira, 29 de agosto de 2023

"Assombro" de Richard Powers

Não costumo ler ficção científica e, sinceramente, tenho algumas dúvidas se este livro poderá ser incluído nessa categoria, mas, alturas houve durante a minha leitura, que achei que sim. O que é certo é que me apanhou no seu enredo e quero ler mais livros deste autor. Sei que está traduzido pela Editorial Presença o livro "Sobre o Céu" e já o coloquei na wishlist. Vou querer lê-lo!

Theo é um jovem cientista, um exobiólogo (ou astrobiólogo) que descobriu como procurar vida em outros planetas, viúvo e que vive com o seu filho de nove anos, Robin. Ambos sentem muito a falta de Alyssa, esposa e mãe. Os dois. Muito. Este aspecto é central na trama dado que condiciona sobremaneira estes dois personagens, ligados pelo amor que sentiam por Aly.

Outro aspecto que marca o leitor é o amor deste pai que tudo faz para que o seu filho tenha uma vida o mais "normal" possível. O diagnóstico incerto que lhe é atribuído (como Theo refere com "dois votos favoráveis à síndrome de Asperger, um favorável a uma provável perturbação obsessivo-compulsiva e um favorável a uma possível perturbação de hiperatividade e défice de atenção"), os medicamentos que querem que tome que o fazem parecer um zombie, fazem com que Theo resista em aceitar os diversos e contraditórios tratamentos e medicamentos que lhe receitam.

Há histórias que queremos que acabem bem. Esta é uma delas!

A capa é de uma beleza simples e profunda, que traduz muito bem o ambiente descrito nestas páginas. A ligação que Theo e Robin possuem com a natureza, o respeito que lhe têm, faz-nos apreciar melhor esta capa e repensar esse assunto. Adorei!

Terminado em 20 de Julho de 2023

Estrelas: 6*

Sinopse

Theo Byrne é um jovem cientista promissor que descobriu como procurar vida noutros planetas a dezenas de anos-luz. Viúvo,Theo é também pai de um menino de nove anos muito peculiar. Robin, o seu fi­lho, é divertido, amoroso e tem mil planos para concretizar. Tudo o que pensa e sente tem enorme profundidade, adora animais e passa horas in­finitas a fazer desenhos muito elaborados. Robin é também a criança que está prestes a ser expulsa da escola por ter agredido um amigo.

Que pode um pai fazer quando a única solução que lhe dão é medicar aquele menino tão raro quanto problemático? Como pode Theo explicar a Robin este mundo em que vivemos, um mundo que parece estar claramente a destruir-se a si próprio? O único caminho para este pai é levar o fi­lho para outros planetas, enquanto acarinha e encoraja a vontade enorme que ele tem de salvar o planeta Terra.

Como poderemos, todos e cada um de nós, dizer a verdade sobre este maravilhoso e ameaçado planeta aos nossos fi­lhos? No mais íntimo de cada um, ecoa a pergunta: porquê este mundo?

Cris

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

A Convidada escolhe: "Maria Antonieta"

Maria Antonieta, Stefan Zweig, 1932

Quando há um ano li “Maria Stuart” decidi que queria ler “Maria Antonieta” uma das diversas biografias que o incansável Stefan Zweig escreveu ao longo da vida. Tal como “Maria Stuart”, “Maria Antonieta” é o resultado de um profundo trabalho de pesquisa, aliado a uma escrita irrepreensível e a uma reflexão pessoal sobre a personagem, a história e todo o ambiente na Europa e na corte francesa nos finais do século XVIII. Esta edição do Círculo de Leitores foi traduzida por Alice Ogando, tal como acontecera na biografia de “Maria Stuart”.

Maria Antonieta é uma personagem trágica, usada na infância como moeda para alianças entre famílias reais através de um casamento de conveniência, sem possibilidade de brincar e crescer num ambiente que não fosse regido pela etiqueta e pelas intrigas, fascinada pelo papel que lhe é atribuído, apesar de nem ela nem o jovem marido Luís XVI estarem à altura desse papel – ele mole e indeciso, ela fútil e superficial. São vinte anos de vida estouvada, com gastos exorbitantes e sem limites que geram uma reviravolta na atitude do povo que deixa de lhe ter o respeito e a estima que antes tivera, para a odiar, caluniar e desprezar. Quando o povo desperta, já é tarde demais para a rainha e para a os nobres que viviam na órbita desta jovem rainha que nuca quis ouvir os conselhos da sua mãe Maria Teresa, a imperatriz da Áustria. Aliás, ninguém tinha a noção da amplitude da revolta popular, uma verdadeira revolução. A rainha fica sozinha, todos os amigos desaparecem, excepto Hans Axel von Fersen, o único que tudo fez até ao fim para tentar salvá-la da justiça popular. Após a tomada da Bastilha a 14 de Julho, os acontecimentos precipitam-se e a roda da História nunca mais sorrirá a Luís XVI e a Maria Antonieta. Acaba Trianon, o palácio da evasão e da futilidade da rainha, a última noite em Versailles será a 5 de Outubro, para nunca mais voltarem. Numa viagem de seis horas para Paris, seguidos pela multidão em fúria, vão ficar presos nas Tulherias, desabitadas há mais de cem anos, desde os tempos de Luis XIV. A tentativa de fuga para Varennes, a constituição da Comuna a 10 de Agosto de 1792, o aprisionamento dos reis no Templo e a abolição da realeza com a decapitação do rei são a sequência de um momento histórico decisivo para a França e com reflexos na Europa. Maria Antonieta está completamente só, “todos a abandonaram” (pág. 370); inclusivamente, o imperador Francisco, sobrinho de Maria Antonieta não mexe uma palha para a ajudar. Só mesmo o embaixador Mercy e Fersen, tentam, no exterior, impedir que Maria Antonieta suba ao cadafalso. Mesmo na Conciergerie “a antecâmara da morte” (pág. 399), onde os carcereiros estabelecem relações de simpatia e amizade com a presa, o medo das represálias da Comuna e da Junta de Salvação Pública falam mais forte.

A mudança na vida de Maria Antonieta operou uma transformação radical na sua atitude e é essa capacidade da escrita que torna este livro tão extraordinário e a personagem de Maria Antonieta tão dramática. “Desde a tomada da Bastilha até ao cadafalso, não cessa de se sentir completamente senhora dos seus direitos” (pág. 211) e, tal como me surpreendeu a descrição da morte de Maria Stuart, nesta biografia, a fibra de uma mulher que quis morrer com dignidade sem dar quaisquer trunfos aos que a acossaram e traíram e aos que a julgaram, mesmo sem terem documentos comprovativos, torna as últimas páginas deste livro verdadeiramente inesquecíveis. “ «Quando te resolves a ser quem és?», escrevia-lhe vinte anos antes, Maria Teresa, desesperada. Agora, a dois passos da morte, começa a encontrar em si mesma essa grandeza que só possuía exteriormente. Quando lhe perguntaram o seu nome, responde em voz alta e clara: «Maria Antonieta de Áustria Lorena, trinta e oito anos, viúva do rei de França.»” (pág. 417) Como num filme, Stefan Zweig é exímio na descrição da atitude e dos sentimentos da rainha e na descrição de toda a envolvência no percurso desde a cela na Conciergerie até ao cadafalso na Praça da Revolução, hoje Praça da Concórdia.

18 de Agosto de 2023

Almerinda Bento

Nota: Ao ler este livro sobre a rainha Maria Antonieta, não pude deixar de me lembrar da minha leitura de “As Luzes de Leonor” de Maria Teresa Horta. Lembro-me que D. Leonor de Almeida Portugal, 4ª Marquesa de Alorna estava em França, em Marselha e que partiu para Paris, porque queria viver de perto a revolução francesa que a fascina e atemoriza, porque a questiona sobre o mundo em que sempre viveu. Vai conhecer mulheres fascinantes, mulheres do povo que falam em liberdade e igualdade, em direitos. São tempos de grandes questionamentos, mas que a atraem imenso e nessa altura conhece Olympe de Gouges.

Leonor associa Paris à Roma incendiada por Nero. Sente-se deslocada entre os revolucionários e as amazonas, mas não quer partir. As mulheres encabeçam o cerco a Versalhes. Leonor não toma posição sobre a revolução e considera que nada será como dantes; é uma mera testemunha e regressa a Marselha.

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Resultado do Passatempo "Toca a comentar!" - Mês de Julho

 Anunciamos o vencedor deste passatempo referente ao mês de Julho.

Este é o link para o post onde se encontra anunciado o passatempo.

Assim, através do Random.Org, de todos os comentários efectuados nesse mês, foi seleccionada uma vencedora! Foi ela:

Alexandra Guimarães

Parabéns! Terás que comentar este post e enviar um email para otempoentreosmeuslivros@gmail.com até ao próximo dia 25, com os teus dados e escolher um de entre estes dois livros:




Cris


terça-feira, 8 de agosto de 2023

"Viver Depressa" de Brigitte Giraud

Relato autobiográfico desta escritora que possui já dez romances publicados em França mas de quem nada tinha lido, sequer ouvido falar. É um relato confessional sobre os seus últimos vinte anos, altura em que o  seu marido morreu num acidente de moto e que alterou completamente a sua vida. 

Recordações que busca na memória sobre o seu passado em conjunto com um tempo em que era feliz e, sobretudo, a reviver os momentos anteriores ao acidente. Acaso teria ocorrido se?... e são muitos os "ses" que ela questiona e para poucos obtém a resposta pretendida. 

Um exercício de catarse feito muitos anos depois que, creio ter sido importante para a autora arrumar alguns fantasmas que a atormentaram e que levam o leitor a analisar, por comparação, alguns aspectos da sua própria vida.

Escrita segura, simples e direta. Gostei.

Terminado em 13 de Julho de 2023

Estrelas: 4*

Sinopse

«Estava obcecada com aquela dupla missão impossível. Comprar a casa e encontrar as armas escondidas. Era inesperado e eu não pressenti a engrenagem que iria fazer a nossa vida dar um tombo. Porque a casa está no cerne do que provocou o acidente.»

Num relato tenso que é apresentado como uma verdadeira contagem decrescente, Brigitte Giraud tenta compreender o que conduziu ao acidente de mota que custou a vida ao marido no dia 22 de junho de 1999.

Vinte anos depois, faz por assim dizer o ponto da situação e ataca uma última vez as perguntas que ficaram sem resposta. Acaso, destino, coincidências? Regressa àqueles dias que se precipitaram numa série de perturbações imprevisíveis até desembocarem no inelutável. de tal modo empolgado com a perspetiva da mudança de casa, de tal modo desejoso de dar início aos trabalhos de remodelação, o casal tinha-se esquecido de que viver é perigoso. Brigitte Giraud conduz a investigação e põe em cena a vida de Claude e a vida deles, ambas miraculosamente ressuscitadas.

Cris

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

"Café Kanimambo" de Fernando Ribeiro

Este foi um livro que me surpreendeu. Pela história em si e também pela dureza das palavras bem escritas.

Com personagens bastante sui generis, a trama deste livro é passada maioritariamente na Lagoa de Albufeira, com ligações entre Lisboa e Setúbal. Com capítulos pequenos e com pouco mais de cem páginas, o livro lê-se num ápice numa tarde de férias ou fim de semana porque a história prende bastante, saltitando entre esses personagens tão crus e reais. 

Dr. Paulo, deputado, e o Sr Braz, dono de uma loja de brinquedos, amigos que escondem um segredo sujo e indecoroso, o Raça, operador/condutor de máquinas de limpeza nas praias e Vitor Batista, ex-futebolista e alcoólico. Estes quatro homens são os protagonistas de uma história triste, bastante suja e demonstrativa do que pode ser o comportamento humano e que, infelizmente, tem parecenças com muitas que verdadeiramente se passam nos nossos dias. Suspense q.b. para um tema pesado, duro. 

Gostei do final, do facto do autor ter relatado aquilo que poderia ter acontecido num mundo melhor e do que realmente ocorreu. Original.

Tenho o livro de estreia de Fernando Ribeiro, vocalista do grupo Moonspell, (Bairro sem Saída) por ler e vou tentar lê-lo brevemente porque fiquei curiosa em saber se o registo da escrita sofreu alterações ou se já era o mesmo.

Terminado em 11 de Julho de 2023

Estrelas: 4*

Sinopse

TUDO É KANIMAMBO

Num verão de que não há memória na Lagoa de Albufeira, Vítor Batista (ex-futebolista caído em desgraça e alcoólico), o Doutor Paulo (um deputado da nação que tenta esconder um segredo obscuro), o Senhor Braz (dono de uma loja de brinquedos em Benfica, que podia ser feliz, mas não consegue) e o Raça (um operador de máquinas com um sonho simples), quatro homens com pouco em comum, veem-se, contra todas as expectativas, subitamente envolvidos numa espiral de sexo, vergonha, castigo, justiça popular, crimes sexuais, homens e demónios.

Entre o thriller e a narrativa hardcore, Café Kanimambo, segundo romance de Fernando Ribeiro, é a confirmação do autor como uma das vozes mais acutilantes e provocadoras da nova ficção nacional, num livro perturbante que não deixará ninguém indiferente.

Cris

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

"A Maldição de Rosas" de Diana Pinguicha


Não sei qual a razão que me levou a pegar neste livro. É certo que fiquei curiosa em saber como é que a autora pegou no conhecido "milagre das rosas" e numa lenda de uma moura encantada (pesquisem lenda da Moura Salúquia) e recontou a história de Isabel de Aragão. Com um misto de magia/fantasia, a autora prendeu a minha atenção e conseguiu que ficasse surpreendida com o decorrer da trama, tanto mais que neste género literário não me sinto "em casa".

É o romance de estreia de Diana Pinguicha e, por essa razão, estou sempre pronta, como leitora, a relevar qualquer coisinha mas, na verdade, nada tenho a apontar. Pelo contrário, uma história contada com sentido, focando e falando em temas oportunos e muito bem escrita.

Como a autora explica nas notas iniciais, este romanc tem muito de si, de como a cidade pequena onde nasceu, pequena sobretudo em termos de aceitação, e grande em preconceitos, marcou profundamente o seu crescimento, sentindo-se excluída, diferente dos demais. 

Achei brilhante a forma como a autora tocou em temas pesados como a autoflagelação, a homofobia e até distúrbios alimentares mas também nos fala sobre solidariedade, compaixão e a força necessária para mudar mentalidades, principalmente pelas mulheres e, de forma astuta nos transportou para esta história "encantada", mesclando-a com a História de Portugal. É uma viagem ao Portugal de 1288, onde a fome e a peste grassam no país. D. Dinis e a princesa Isabel de Aragão estão prometidos em casamento. Isabel tem 17 anos e vive no reino português, aprende hábitos e costumes de forma a que se torne uma verdadeira rainha! Mas Isabel esconde um segredo. É aqui que a magia de Diana Pinguicha faz acontecer uma história surpreendente!

Um "reconto" com sentido, cheio de imaginação, com vários temas acutilantes, uma história com pés e cabeça no meio de uma doce magia! Gostei muito!

Este livro foi inicialmente publicado em Nova Iorque.

Terminado em 9 de Julho de 2023

Estrelas: 5*

Sinopse

Uma futura rainha não se deveria apaixonar por uma mulher.

Mas o verdadeiro amor não conhece regras.

Em 1288, a fome e a peste estão a devastar o reino de Portugal. com apenas 17 anos, a princesa Isabel de Aragão quer salvar o seu povo, mas também ela está à beira da morte: vítima de uma terrível maldição, tudo o que a futura rainha tenta comer transforma-se em flores.

Às escondidas do seu noivo controlador, o rei D. Dinis, Isabel descobre a existência de uma Moura Encantada que concede desejos. Aprisionada há mais de cem anos numa pedra, ela pode ser a salvação de Isabel - e talvez até do próprio reino. em troca, tudo o que Fatyan, a Moura, lhe pede é um beijo que coloque de uma vez fim à sua penitência.

Com apenas um beijo, Fatyan é libertada. e com apenas um beijo, o amor acontece.

Neste romance de estreia arrebatador que apaixonou os norte-americanos, a autora portuguesa Diana Pinguicha oferece-nos um retelling apaixonante da lenda do milagre das rosas, que eternizou Isabel de Aragão como a Rainha Santa Isabel. Uma história única de mistério e magia, e a escolha, quase sempre impossível, entre o amor e o cumprimento do dever.

Cris