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sábado, 28 de outubro de 2023
segunda-feira, 23 de outubro de 2023
"A Bolacha Confiante" de Jory John, ilustrado por Pete Oswald
Como subtítulo este livrinho tem: "Acredita em ti e mostra do que és capaz".
Acho importante, nós pais e educadores, sabermos para o que vamos quando pegamos num livro infantil. Porque muitas vezes a leitura é realizada em conjunto e, com as dicas que um subtítulo contém, podemos ler já com a intenção de sublinhar alguns aspectos focados na história.
Esta frase, embora dirigida a um público mais pequenino, é para os crescidos também. Quantas vezes ao longo da vida tivemos ou tiveram de nos dizer isto? 😀
Mas vamos à história:
Era uma vez uma bolacha... Ela conta-nos a sua história de como, enquanto criança, era super insegura. Até que a professora uma vez pediu para a turma criar algo e levar no dia seguinte. Depois de algumas tentativas falhadas a criar coisas diferentes, a bolachinha fez um poema. E, no dia seguinte, ficou maravilhada como os seus colegas criaram coisas tão diferentes! E ela conseguiu ler em voz alta o poema para todos! A mensagem da professora no final tornou as coisas ainda mais especiais...
História divertida com claro ensinamento para os mais pequeninos. Eles vão gostar e sentir-se-ão mais confiantes nas suas capacidades!
Cris
sábado, 21 de outubro de 2023
segunda-feira, 16 de outubro de 2023
Resultado do Passatempo "Toca a comentar!" - Mês de Setembro
Este é o link para o post onde se encontra anunciado o passatempo.
Assim, através do Random.Org, de todos os comentários efectuados nesse mês, foi seleccionada uma vencedora! Foi ela:
Alexandra Guimarães
Parabéns! Terás que comentar este post e enviar um email para otempoentreosmeuslivros@gmail.com até ao próximo dia 25, com os teus dados e escolher um de entre estes dois livros:
Cris
sábado, 14 de outubro de 2023
sexta-feira, 13 de outubro de 2023
A Convidada escolhe: Levantado do Chão
Este foi dos primeiros livros que li de José Saramago, há bastantes anos e numa altura em que não costumava fazer pequenos textos sobre as minhas leituras. Agora, que estou em vésperas de participar no Roteiro “Levantado do Chão” promovido pela Fundação José Saramago senti necessidade de reler esta obra que, na altura, me provocou uma grande emoção, não só pela forma como o Alentejo é retratado, mas também pelas semelhanças da família Mau-Tempo com a família do meu marido.
Lê-se este livro e é impossível ficar-se indiferente à mestria no manejo da língua, à riqueza vocabular e à análise social e das classes, com o foco no Alentejo ao longo do século passado. Na contracapa da edição (13ª) que tenho, pode ler-se “Um escritor é um homem como os outros: sonha. E o meu sonho foi de poder dizer deste livro, quando o terminasse: «Isto é o Alentejo»”.
A família Mau-Tempo é a protagonista maior. Várias gerações desde Domingos e Sara da Conceição até Maria Adelaide, sem esquecer o avô João Mau-Tempo que viveu a tortura da estátua e o isolamento em Caxias. Todos de olho azul. Da monarquia passou-se à República mas sem mudanças para a vida do povo, até que chegou o 25 de Abril e a Reforma Agrária. A paisagem é o Alentejo, a ceifa das searas, o tirar a cortiça, o trabalho nos arrozais, ou na vinha. Os homens e as mulheres que só dispõem da sua força de trabalho, sujeitos ao poder assente em 3 pilares: o latifúndio (Lamberto, Norberto…) a igreja (o padre Agamedes) e a guarda (sargento Armamento, inspector Paveia…). A luta contra as máquinas, pelos trinta e três escudos, por trabalho, pela jornada das oito horas e quarenta escudos de salário. A luta pela dignidade, contra a fome e prepotência. O povo, as formigas, a canzoada, quando não é tratada como carneirada. E também os milhanos que do céu tudo observam e que, como as formigas, são as testemunhas de tudo o que acontece no latifúndio.
Luta é resistência e sendo este “um livro sobre o Alentejo”, a epígrafe de “Levantado do Chão” dedica-o “À memória de Germano Vidigal e José Adelino dos Santos, assassinados.” Germano Santos Vidigal “o homem que caiu e foi levantado irá morrer sem dizer uma palavra que seja.”(p. 169)… “Que pálido está este homem, nem parece o mesmo, a cara inchada, os lábios rebentados, e os olhos, coitados dos olhos, nem se vêem entre os papos, tão diferente de quando chegou…” (p. 173) “Está morto José Adelino dos Santos, apanhou com uma bala na cabeça e primeiro nem acreditou, sacudiu a cabeça como se lhe tivesse mordido um bicho, mas depois compreendeu, Ah malandros que me mataram , e caiu de costas, desamparado, não tinha ali a mulher que o ajudasse, fez-lhe o sangue uma almofada vermelha, muito obrigada.” (p. 314).
A narrativa é densa, o narrador escreve, divaga, reflecte, antecipa acontecimentos futuros, dialoga com o leitor, não poupa nas palavras, ironiza. Como escreve na pág. 310 “São exageros no narrador”. “Todos os dias têm a sua história, um só minuto levaria anos a contar, o mínimo gesto, o descasque miudinho duma palavra, duma sílaba, dum som, para já não falar dos pensamentos, que é coisa de muito estofo, pensar no que se pensa, ou pensou, ou está pensando, e que pensamento é esse que pensa o outro pensamento, não acabaríamos nunca mais.” (p. 59). “Não foi a conversa por diante, nem já interessava, porquanto pôde o narrador dizer quanto queria, é o seu privilégio…” (p. 279). E vai-nos contando o que se passa lá fora e que vai chegando ao Alentejo: a República, a guerra, o atentado a Salazar, a emigração para a França, o general Delgado e a fraude eleitoral, a fuga de Peniche, o Santa Maria, a índia e o fim do império, a guerra colonial, o assalto ao quartel de Beja e finalmente o 25 de Abril e o primeiro 1º de Maio. Para o povo o trabalho quando o havia, duríssimo e mal pago, a resistência, organização e luta. No terreno, os capatazes e a guarda asseguram que o poder do latifúndio e da ditadura não são beliscados. “O feitor é o chicote que mete na ordem a canzoada. É um cão escolhido entre os cães para morder os cães.” … “uma espécie de mula humana, uma aberração, um judas, o que traiu os seus semelhantes a troco de mais poder e de algum pão de sobra.” (p.72).
A escrita de Saramago não esquece o mau viver das mulheres, o come e cala, “De mulheres nem vale a pena falar, tão constante é o seu fado de parideiras e animais de carga.” (p.125), mas os tempos mudam e elas também querem lutar ao lado dos seus companheiros “Gracinda Mau-Tempo também quis vir, já não há quem segure as mulheres, isto pensam os mais velhos e antigos, mas não dizem nada…” (p.310).
Muito mais e melhor se poderá dizer e escrever sobre este romance extraordinário, uma verdadeira lição de história, de resistência duríssima contra um poder ditatorial em que o Latifúndio, a Igreja e o Governo estavam de braço dado, mas contra o qual o povo lutou para se levantar do chão.
8 de Outubro de 2023 ( 25 anos depois do dia em que foi anunciado o prémio Nobel da Literatura de 1998 atribuído a José Saramago)
Almerinda Bento
quarta-feira, 11 de outubro de 2023
"Pequena Coreografia do Adeus" de Aline Bei
Uma forma diferente de apresentar o texto que à primeira vista poderia parecer mais difícil de entrar na leitura e que me surpreendeu muitíssimo porque foi precisamente o contrário. A musicalidade com que esta autora colocou nas palavras e nessa forma de escrita é fantástica e muito original. Ao falar nisso com uma amiga ela referiu que o seu livro do "Pássaro" é escrito também assim. Está visto que tenho de lhe pegar brevemente!
E o conteúdo? Fiquei encantada com esta história. Narrada pela personagem principal que recorda a sua infância conturbada dentro de uma família disfuncional, este livro é para ser lido com sofreguidão! Fala-nos de abandono e de maus tratos de diferentes tipos e perpetrados pelos pais mas com uma subtileza e leveza que intriga e surpreende. Júlia não conhece outra forma de vida, a comparação com as poucas colegas suas amigas fá-la ficar surpreendida. O carinho, o toque amoroso de pais para filhos não fazem parte da sua vida. Bem pelo contrário, as agressões da parte de quem a devia proteger, são frequentes e qualquer motivo é razão para surras valentes. E, no entanto, o despreendimento como ela nos relata isso, magoa o leitor atento, é quase como se isso não fosse importante, a sua vida é assim, nada há a fazer! Da mãe recebe agressões, do pai, ausências de afeto.
A escrita torna-se o seu refúgio.
A junção da forma com o conteúdo neste original romance é de mestre! Tão, mas tão bom! Não há palavras que exprimam a minha surpresa e contentamento. Leio para encontrar obras assim, é o que vos digo!
Terminado em 21 de Setembro de 2023
Estrelas: 6*
Sinopse
Com o talento capaz de conjugar numa única frase opostos como beleza e feiura, sofrimento e afeto, leveza e violência, Aline Bei conquistou uma legião de fãs com O Peso do Pássaro Morto, surgindo como uma das grandes revelações da literatura brasileira contemporânea. Neste novo romance, a autora consolida o seu estilo único — que explora habilmente ritmo, imagens e forma narrativa — e constrói uma trama inesquecível sobre autodescoberta, amor e trauma. A protagonista é Júlia, uma jovem que chegou à vida adulta tentando juntar os cacos de um relacionamento destroçado: a sua mãe não suporta a ideia de ter sido abandonada pelo marido, enquanto o pai não suporta a ideia de ter sido casado. Ela cresceu sufocada por uma atmosfera de brigas constantes e falta de afeto e, pouco a pouco, tenta desvencilhar-se da bagagem emocional familiar. Entre lembranças da infância e da adolescência — que moldaram quem ela é — e sonhos para o futuro — que podem ajudá-la a tornar-se quem ela quer ser —, Júlia ensaia a sua própria coreografia, numa sequência de movimentos de aproximação e afastamento dos seus pais que lhe traz marcas indeléveis. Ao longo desse processo, ora consolador ora angustiante, ela encontra uma série de personagens que a ajudam a enfrentar a solidão e dar sentido à sua história: uma dona de pensão, um pugilista aposentado, uma proprietária de um café e um misterioso escritor. Com a sensibilidade poética que captura a beleza, até mesmo dos sentimentos mais dolorosos, Pequena Coreografia do Adeus é um romance emocionante que examina o poder devastador das relações humanas — e das possibilidades de encontrar ternura onde menos se espera.
Cris
segunda-feira, 9 de outubro de 2023
"O Deserto dos Tártaros" de Dino Buzzati
Começado a ler para um desafio organizado no Instagram por umas amigas, fui para esta leitura com altas expectativas. As opiniões que li e ouvi eram muito boas e o autor foi uma figura da literatura italiana das mais importantes do séc XX. Este livro é considerado o seu melhor romance.
Perdida não se sabe bem onde, a Fortaleza Bastiane, situa-se num posto fronteiriço. Lugar desértico e incerto, portanto. Um jovem tenente, Giovanni Drogo, é lá colocado e não se sente feliz por isso. Espera poder ficar pouco tempo e acredita que tudo fará para se vir embora para a cidade o mais depressa possível. A sua primeira impressão do lugar é péssima e a sua intenção de regressar aumenta. O comando militar espera uma guerra a todo o momento. Só que a espera dura já há longos anos... Irá Drogo ficar ou ir embora?
O livro é de leitura lenta. Muito lenta. Porque na fortaleza nada se passa de interessante. A espera daqueles homens por uma guerra que não chegava nunca, desesperou-me. Foi-me muito difícil ler as primeiras 150 páginas e só não desisti porque uma amiga me encorajou com as suas palavras. "Gostei muito do final, disse. É um livro simbólico". As suas palavras fizeram-me ficar. Depois, de súbito, a acção como que acorda de um sono meio aborrecido e as ultimas 100 páginas lêem-se num ápice.
Refletindo sobre esta leitura no seu todo, valeu a pena. Faz-nos pensar. Às vezes a vida passa lenta por nós. Até que ponto não somos responsáveis por isso, por nos deixarmos ficar descontentes com o lugar onde estamos, ficando à espera que algo aconteça sem nada fazermos para alterar?
Terminado em 18 de Setembro de 2023
Estrelas: 4*
Sinopse
"O Deserto dos Tártaros" baseia-se na experiência vivida por Dino
Buzzati quando serviu no exército, antes da Segunda Guerra Mundial. Este
livro vive das ressonâncias que o ligam com alguns dos problemas mais
profundos da existência: a segurança como valor contraposto à liberdade,
a resignação progressiva perante as oportunidades de realização na vida
e a frustração das expectativas de concretizar feitos excepcionais que
mudem o sentido da existência.
"O Deserto dos Tártaros" é considerado o melhor romance de Dino Buzzati e uma das obras-primas do século XX.
Cris
sexta-feira, 6 de outubro de 2023
"Véspera" de Carla Madeira
Está decidido: se esta autora escrever uma lista telefónica vou querer lê-la!
A junção de dois factores espantosos - o saber escrever muito bem e o saber inventar uma história maravilhosa - fazem deste livro um dos meus preferidos deste ano.
As páginas voam nas nossas mãos embora, ao mesmo tempo, queiramos parar para absorver as palavras delicadas que surgem em catadupa.
A história prende a atenção mal começa. Duas histórias, quero dizer. Ou melhor, uma história contada em dois espaços temporais diferentes. Já vêem por aqui que não é fácil relatar um pouco da trama deste livro sem fazer spoilers. O melhor mesmo é aconselhar-vos a sua leitura e mergulharem nela sem nada saberem.
Um acontecimento fulcral abala-nos no início e desesperamos para saber o final. Mas Carla Madeira deixa-nos à espera por isso e o melhor é saborearem as suas palavras escritas com mestria!
A maternidade e aquilo que é esperado socialmente, famílias disfuncionais e o quanto elas marcam os seus elementos, acasos da vida que, se deixarmos, marcam e condicionam o futuro.
Façam um favor a vocês mesmos e abracem esta leitura. Não se vão arrepender! Aconselho vivamente!
Terminado em 16 de Setembro de 2023
Estrelas: 6*
Sinopse
O amor infiltra-se pelas mãos das coisas miúdas. Vedina, uma mulher traumatizada por um casamento destroçado, decide, num momento de descontrolo, abandonar o filho, largá-lo. Assim que o faz, contudo, arrepende-se de pronto, regressando ao local onde deixara o pequeno. Mas já nada encontra no local, nem a criança nem quaisquer vestígios da sua presença. A partir de então, a história prossegue, contada em dois tempos, levando o leitor a um mundo de medos e sombras, de vícios desgraçados e comportamentos controladores, remexendo as entranhas de uma família violenta e perdida, enquanto procura responder a uma dúvida essencial e sempre presente: como se chega ao limite? Depois dos sucessos de Tudo É Rio e A Natureza da Mordida, que fizeram de Carla Madeira a autora a mais lida no Brasil, Véspera vem confirmar-lhe o talento definidor da atual literatura brasileira. Uma obra com personagens de tremenda força emocional, dramáticas, misteriosas. Um labirinto de emoções do qual o leitor, preso na trama, só sairá no fim. Ou talvez nem isso.
CrisO amor infiltra-se pelas mãos das coisas miúdas. Vedina, uma mulher traumatizada por um casamento destroçado, decide, num momento de descontrolo, abandonar o filho, largá-lo. Assim que o faz, contudo, arrepende-se de pronto, regressando ao local onde deixara o pequeno. Mas já nada encontra no local, nem a criança nem quaisquer vestígios da sua presença. A partir de então, a história prossegue, contada em dois tempos, levando o leitor a um mundo de medos e sombras, de vícios desgraçados e comportamentos controladores, remexendo as entranhas de uma família violenta e perdida, enquanto procura responder a uma dúvida essencial e sempre presente: como se chega ao limite? Depois dos sucessos de Tudo É Rio e A Natureza da Mordida, que fizeram de Carla Madeira a autora a mais lida no Brasil, Véspera vem confirmar-lhe o talento definidor da atual literatura brasileira. Uma obra com personagens de tremenda força emocional, dramáticas, misteriosas. Um labirinto de emoções do qual o leitor, preso na trama, só sairá no fim. Ou talvez nem isso.
Cris
quarta-feira, 4 de outubro de 2023
"A Rapariga da Cabana" de Romy Hausmann
Lido por influência de um clube de leitura de thrillers a que pertenço, o "The Killer Book Club", comecei a ler este thriller psicológico. Confesso que não cumpri as etapas que o clube estipulou como orientação... não tinha como. O livro é viciante, prende, a história possui vários twists e o leitor perde-se em hipóteses, várias, que lhe vão surgindo no decorrer da leitura.
O tema é aflitivo, tanto mais que não é nada que não aconteça na vida real e esta similitude faz com que as páginas se virem depressa e o leitor sempre com o coração apertado. Pode acontecer algo idêntico na vida real? Infelizmente sim e as histórias de True Crime andam por aí. É só ver alguns documentários...
Uma rapariga encontra-se no hospital, vítima de um acidente. Junto com ela uma criança, supostamente sua filha. Será a mesma pessoa que desapareceu há 14 anos sem deixar rasto? A cabana onde vivia no meio de uma floresta é vasculhada. Onde está o seu raptor? Outra criança, mais nova, de premeio. Não conhecem outra realidade senão a vivida na cabana. Como estão psicologicamente?
Vamo-nos apercebendo, aos poucos, da gravidade da situação mas não descortinamos o mistério na sua totalidade. Como referi, as hipóteses multiplicam-se.
Intrincado, cheio de suspense, "horrível" de bom! Aconselho muito, caso gostem do género!
Terminado em 10 de Setembro de 2023
Estrelas: 5*
Sinopse
Uma cabana sem janelas no bosque. Uma corrida desesperada para escapar ao terror e encontrar a segurança. Quando uma mulher consegue fugir do cativeiro em que a têm mantido, o final da história é apenas o princípio do seu pesadelo. Diz chamar-se Lena, como a rapariga desaparecida catorze anos antes, e até tem uma cicatriz igual à dela. Porém, o pai de Lena garante que esta mulher não é a sua filha. Com ela, escapou também Hannah – uma menina pequena e frágil –, cujas palavras indiciam que algo muito grave aconteceu numa cabana isolada. Entretanto, o pai de Lena, devastado com toda a situação, procura juntar as peças deste estranho puzzle, mas elas parecem não encaixar. Por sua vez, a mulher que fugiu só quer poder recomeçar a sua vida, no entanto, algo lhe diz que quem a capturou quer de volta aquilo que lhe pertence… Com muito suspense e psicologicamente envolvente, A Rapariga da Cabana, de Romy Hausmann, é um thriller perturbador que não deixará ninguém indiferente.
Cris
segunda-feira, 2 de outubro de 2023
"Camila" de Manuel António Araújo
Este livro foi-me emprestado por uma amiga com a indicação de que ia gostar.
Não entrei nele à primeira, embora a fórmula adotada pelo autor me agradasse bastante. Gostei muito do discurso corrido, de como são apresentados os diálogos entre as personagens, das mudanças de interlocutor sem aviso prévio, mas escritas de uma forma clara que permite ao leitor saber quem diz o quê.
Camila é a personagem e tudo gira à sua volta. O seu discurso sem freios na língua chega a ser cómico, o seu passado é revelado aos poucos e a sua vida está cheia de imprevistos. O amor surge na pessoa de Miguel, um professor universitário, que a surpreende e do qual não se acha digna. Camila é mulher a dias, faz o que lhe aparece e o seu trabalho é precário.
O final é inesperado. Aposto tudo o que quiserem em como não o vão descobrir! Gostei disso.
Escrita muito sui generis, a trama também.
Terminado em 4 de Setembro de 2023
Estrelas: 5*
Sinopse
Uma mulher de 40 anos, que ninguém lhos dava, vive cuidando de pessoas velhas com ou sem Alzheimer. Num incêndio florestal insurge-se com Miguel que acha o incêndio lindo. E assim se conheceram.
Caminharam rua abaixo a discutir o incêndio. Comeram orelha de porco e beberam vinho da cor do sangue na única taberna da aldeia. Não mais se largaram.
Camila preferia enrolar cigarros do que os comprar já enrolados.
Também havia um gato e as loucuras dela por causa do gato. Dizia “meu” e “foda-se” por tudo e por nada. Ambos tinham, contudo, um gosto comum. Gostavam de escritores argentinos. Ela de Alejandra Pizarnik, ele de Jorge Luis Borges. Entre os dois uma história improvável de amor acontece.
Finalmente, havia Ana. Antes de Camila.
Antes de Camila havia um lobo mau que se alimentava da dor que infligia a Ana.
Chegou Camila e o lobo mau foi-se tornando no lobinho das estepes. Porque se transformou?
Um psiquiatra, impiedosamente, explicou-lhe a causa da transformação.
Cris