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segunda-feira, 30 de maio de 2022

"A Ilha Das Árvores Desaparecidas" de Elif Shafak

Não posso dizer que fiquei presa a este livro logo nas primeiras páginas. Primeiro tive de entender quais as personagens que nele habitavam. Mas vindo desta autora, de que gosto muito, sabia que a trama seria, no mínimo, inesperada! Adoro isso nela. Nada é previsível pois ela é de uma imaginação surpreendente. E garanto-vos que esse aspecto vai até ao final!

Findas umas... quê? 10, 20 páginas, entrei verdadeiramente na história, ou melhor, a história foi entrando em mim. Há uma personagem que mais não é que uma testemunha silenciosa de tudo o que acontece na ilha de Chipre, lugar onde se situa a trama, e que me fascinou pela sua originalidade. Testemunha dos aspectos da História de Chipre, que desconhecia na sua maior parte, mas também testemunha da história de amor que é descrita. Para além de ser através dessa personagem tão peculiar, uma figueira, que vamos ficando a conhecer aspectos da natureza específicos dessa ilha, enriquecedores e muito interessantes, que denotam um profundo respeito pela mãe natureza. Essa personagem tão sui generis, com os seus sentimentos humanos, não pára de nos surpreender. Até ao final.

As tensões entre cipriotas turcos e gregos estão bem retratadas e o amor e o ódio andam a par, como muitas vezes acontece, infelizmente, entre povos irmãos. Uma realidade que conhecia ao de leve e que consegui, se não aceitar, pelos menos compreender as suas origens.

Terminei com vontade de reler o último capítulo e foi o que fiz antes de vos deixar aqui a minha opinião. E voltei ao princípio também, às primeiras páginas. Porque eu, quando começo a ler um livro fico algo dispersa até ele me conquistar por completo. Então, as primeiras e as últimas páginas tiveram um gostinho e um entendimento muito especial. Se vos apetecer façam o mesmo! Reler, por vezes, enriquece. 

Se vos recomendo esta leitura? Evidentemente! E já agora leiam também o último livro que li dela, "10 Minutos e 38 Segundos Neste Mundo Estranho". A minha opinião aqui. Para além da originalidade fabulosa de que é detentora, Elif Shafak aborda temas muito pertinentes e, garanto-vos, vão aprender e apreender costumes, lugares diferentes dos vossos.

Terminado em 20 de Maio de 2022

Estrelas: 6*

Sinopse

Estamos na ilha de Chipre e corre o ano de 1974. Dois adolescentes, de dois lados opostos de uma terra dividida, encontram-se numa taverna. Aquele lugar, na cidade a que chamam casa, é o único em que Kostas, grego e cristão, e Defne, turca e muçulmana, se podem encontrar secretamente e esquecer, por breves instantes, os problemas do mundo lá fora. 

Naquele refúgio, bem ao centro, despontando por entre as telhas, cresce uma figueira. É ela que testemunha tudo: os silêncios e as confissões; a felicidade dos encontros e a melancolia das partidas; o início da guerra civil e a destruição da cidade - e a separação de Kostas e Defne.

Passam vários anos. Estamos agora em Londres. Ada nunca conheceu a ilha onde nasceram os seus pais e tem muitas perguntas sem resposta. A história da família está envolta em segredos, palavras proibidas e ruturas. A única coisa que a liga à terra da mãe e do pai é a Ficus carica que cresce no jardim de sua casa.

Esta é a história de um amor proibido, num cenário de raiva e violência que tudo quer destruir à sua volta, mas é também a história que dá voz às gerações passadas, tantas vezes silenciadas pelos conflitos. Profundamente humanas, plenas de falhas, dúvidas, generosidade e contradições, as personagens de Elif Shafak emergem de uma escrita arrebatadora, numa mistura de sonho, dor, imaginação e amor.

Cris

segunda-feira, 23 de maio de 2022

"Uma Vida Entre Marés" de José Rodrigues

Não me lembro de ter lido nenhum dos anteriores livros deste autor muito embora conheça bem as suas capas porque gostei muito do facto de serem a preto e branco, característica que lhes deu um toque muito especial, a meu ver. Daí que, sou sincera, esta capa não me encheu as medidas. Gostaria que tivesse seguido a orientação das outras mas a editora lá terá as suas razões... provavelmente o público a quem é dirigido este romance ficará mais atraído por uma capa mais colorida. Confesso que achei as outras mais sóbrias.

Mas voltando ao que interessa que é precisamente o conteúdo, não é? 

Sofia criou a filha sózinha. Um passado duro liga-a ao pai dessa menina que ama mais que a sua vida. Quando esse pai reaparece e tenta reaproximar-se, Sofia luta para que a filha, sem a desilusão que teme acontecer, se aproxime e se ligue a um pai que desconhece. Só o amor verdadeiro a um filho consegue fazer ultrapassar o ciúme que sente ao ver a menina a aproximar-se e a gostar cada vez mais dele! Perguntei-me muitas vezes, durante esta leitura, se teria sido a atitude mais acertada o facto da mãe ter escondido sempre o passado tumultuoso e grave por que passou. Não creio! Conforme as idades, as crianças estão prontas a receber a informação necessária e a processá-la. 

Romance com uma escrita escorreita e que se lê muito rapidamente. Embora a temática possa parecer dura é um romance leve, algo previsível no seu final. Sentimos que vai dar tudo certo depois da tempestade. Considero-o um livro perfeito para uma ida à praia numa tarde de calor.

Terminado em 8 de Maio de 2022

Estrelas: 4 -

Sinopse

Num quotidiano sem sobressaltos, Sofia divide o seu tempo entre a vida profissional e a dedicação a Leonor, a filha adolescente. Quando Edgar, ex-marido de Sofia e pai de Leonor, reaparece determinado a reconquistar o coração da filha, regressam também os fantasmas do passado, marcados pelo vício do jogo e pela consequente perda de tudo o que Sofia herdara dos pais. Entre o passado feliz vivido à beira-mar e o presente que ameaça a paz entretanto reencontrada, Sofia depara-se com uma nova e dolorosa luta pela felicidade. No momento em que as forças ameaçam faltar, o mar parece querer devolver-lhe o mundo perfeito da sua juventude, quando a amizade e o amor se uniam de forma intensa, muito antes da chegada de Edgar à sua vida…

Um romance comovente, ilustrado pela inspiração fotográfica de Sara Augusto.

Cris

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Para os Mais Pequeninos: "O Dia Em Que Chegaste"


Que livro bonito este! 

De uma forma subtil traduz por palavras e ilustrações a espera ansiosa e a grande vontade de um casal receber um filho. Um filho adoptado, um filho do coração que não sabiam quem seria, como seria mas que já esperavam com muito amor! Prepararam o quarto, brinquedos e sonhavam com a sua chegada! Até que esse dia maravilhoso chegou!

Um livro com poucas palavras, frases curtas mas muito expressivas e fortes. Bem como as imagens! Capa sugestiva e linda! Gostei muito e os vossos pequeninos também vão gostar, de certeza.

Um bom pretexto para lhes falarem dos filhos do coração.

 

 
 


Cris

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Experiências na Cozinha: Diário de Cozinha - Receitas Veganas


Uma óptima sugestão para quem quer, pelo menos, reduzir o consumo de carne. A Moussaka Vegan que hoje vos trazemos estava deliciosa. O aspecto é o que se pode ver, o sabor e o cheirinho só fazendo... Por isso mãos à obra! As lentilhas usadas foram as castanhas mas podem experimentar com as rosa também, lembrando que estas ao não possuírem as cascas são de mais fácil cozedura.
Deixem-se tentar e experimentem comer um dia na semana um prato vegetariano.



 



 

Palmira e Cris

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Experiências na Cozinha: Cozinhar em Mindfulness By Natália


Já há muito que não vos trazíamos uma receitinha boa! Esta, hoje, é dedicada a quem deseja introduzir um alimento pouco usual na alimentação habitual, as algas.

Devemos consumir algas com alguma regularidade porque possuem muitos minerais mas, como tudo, devem ser consumidas com moderação e em pouca quantidade de cada vez. Têm acção no sistema circulatório e linfático e ajudam na digestão. Sabem que se colocarem um pouco de alga kombu na água de demolhar e na de cozer as leguminosas, ajuda a evitar os gazes que normalmente provocam?

Às vezes o sabor não agrada a todos porque é muito forte (e a alga hiziki tem-no). A solução é fazer um estufado com o toque final da raspa do limão, como na receita que vos trazemos.

Brevemente traremos mais receitas com algas para experimentarem, se vos apetecer.

Ficam então as fotos e a receita:

 

Palmira e Cris

quarta-feira, 11 de maio de 2022

Resultado do Passatempo Mensal "Toca a Comentar"

Anunciamos o vencedor deste passatempo referente ao mês de Abril.

Este é o link para o post onde se encontra anunciado o passatempo.

Assim, através do Random.Org, de todos os comentários efectuados nesse mês, foi seleccionado uma vencedora! Foi ela:

Ryk@rdo

Parabéns! Terás que comentar este post e enviar um email para otempoentreosmeuslivros@gmail.com até ao próximo dia 25, com os teus dados e escolher um de entre estes dois livros:

 
Cris
 

terça-feira, 10 de maio de 2022

"Independência - Terra Alta II" de Javier Cercas

Este é a sequela do livro de Javier Cercas, "Terra Alta", um policial que foge aos estereótipos habituais e que, por essa razão, gostei muito de ler. A minha opinião aqui.

Melchor, como referi, não é como os outros polícias que estou habituada a ver caracterizados nos (poucos) policiais que leio. Tem duas facetas que, nele, coabitam admiravelmente. O leitor não estranha que seja um pai carinhoso, que goste de ler para si e para a filha, amigo do seu amigo, que cumpre a lei e a ordem. E depois há todo um lado de "vingador", movido pelo seu passado muito pouco ortodoxo, que nos desconcerta como leitores mas que nos dá, simultaneamente, um intimo prazer descobrir. Os métodos usados por este polícia não são os politicamente corretos mas são sim os que nos dão mais gozo ler!

Fiquei com vontade de ler "Os Miseráveis" de Vitor Hugo, tais são as vezes referidas nesta obra. Júlio Verne e Eça de Queiróz também aparecem referidos como autores preferidos deste polícia tão singular.

Terminado a 7 de Maio de 2022

Estrelas: 5*

Sinopse

Como enfrentar quem na sombra maneja o poder? Como vingar-se de quem tanto mal lhe fez? Volta Melchor Marín. E volta a Barcelona, aonde foi chamado para investigar um caso delicado: a presidente da Câmara está a ser chantageada com um vídeo sexual. Com um sentido inflexível de justiça e uma integridade moral inabalável, Melchor deverá desmontar uma extorsão cujas intenções não são claras. Para tal, terá de penetrar no mais fundo dos círculos do poder, onde reinam o cinismo, a ambição sem escrúpulos e a brutalidade da corrupção. E é nesse palco que este romance absorvente e selvagem, povoado de personagens memoráveis, se converte num retrato demolidor da elite político-económica de Barcelona, mas, sobretudo, num poderoso grito contra a tirania dos detentores do dinheiro e os amos do mundo.

Cris

segunda-feira, 9 de maio de 2022

"A rapariga de Java" de Pramoedya Ananta Toer

Sabem quando um livro vos está a custar a ler mas que há algo que vos impele a continuar? Um bichinho chamado curiosidade que vos impele a virar as páginas?

Estranhei muito a sua trama. Estranhei alguns diálogos, não os entendi. Mas tinha lido na badana do livro que o autor foi preso político da Indonésia, que escreveu grande parte da sua obra na prisão, obra essa proibida no seu país, e que era muito aclamado fora do seu país. Claro que fui googlar para saber mais sobre estas ilhas, antigas colónias da Holanda, e as relações existentes entre colonizados e colonizadores.

Isso manteve-me presa. Fiz bem em continuar.

Um casamento arranjado entre uma bela rapariga de 14 anos de uma aldeia piscatória pobre com um nobre é o ponto de partida. É um mundo diferente que ela tem de enfrentar, com regras que não compreende, com poucos benefícios. As relações de poder resultantes das diferenças de classe e de sexo são devastadoras e um pouco incompreensíveis para quem lê. Um mundo diferente. 

A injustiça é fortemente tratada e relatada pelo autor e é um sentimento que permanece latente tanto na personagem principal, a Rapariga de Java (que nunca surge com outro nome que não este) como no leitor. Permanece latente até que rebenta e somos inundados por esse sentimento para o qual não temos remédio. Nem a Rapariga de Java.

Adorei as ultimas páginas. Mudou tanto o meu sentir sobre este livro! Não vos conto mas a revelação  que o autor faz é... 😀

Terminado em 3 de Maio de 2022

Estrelas: 4*

Sinopse

É a primeira obra de ficção publicada em Portugal de Pramoedya Ananta Toer, depois de Solilóquio Mudo, um conjunto de textos de memórias escrito durante os anos de prisão. O casamento arranjado entre uma adolescente de 14 anos e um aristocrata javanês é o ponto de partida para uma longa e dolorosa caminhada de amadurecimento. A integração no meio aristocrático vai dilacerando lentamente o espírito rebelde e independente daquela jovem que, apesar de tudo, se vai apercebendo de que os aristocratas são, afinal, tão empobrecidos, oprimidos e grosseiros como os outros.

A Rapariga de Java é um romance que nos comove e inspira não só pela celebração daquilo que é simples e genuíno como por uma história profundamente enraizada nos problemas políticos e sociais da Indonésia, explorando as relações de poder entre as classes e os sexos.

Cris