Sabem quando um livro vos está a custar a ler mas que há algo que vos impele a continuar? Um bichinho chamado curiosidade que vos impele a virar as páginas?
Estranhei muito a sua trama. Estranhei alguns diálogos, não os entendi. Mas tinha lido na badana do livro que o autor foi preso político da Indonésia, que escreveu grande parte da sua obra na prisão, obra essa proibida no seu país, e que era muito aclamado fora do seu país. Claro que fui googlar para saber mais sobre estas ilhas, antigas colónias da Holanda, e as relações existentes entre colonizados e colonizadores.
Isso manteve-me presa. Fiz bem em continuar.
Um casamento arranjado entre uma bela rapariga de 14 anos de uma aldeia piscatória pobre com um nobre é o ponto de partida. É um mundo diferente que ela tem de enfrentar, com regras que não compreende, com poucos benefícios. As relações de poder resultantes das diferenças de classe e de sexo são devastadoras e um pouco incompreensíveis para quem lê. Um mundo diferente.
A injustiça é fortemente tratada e relatada pelo autor e é um sentimento que permanece latente tanto na personagem principal, a Rapariga de Java (que nunca surge com outro nome que não este) como no leitor. Permanece latente até que rebenta e somos inundados por esse sentimento para o qual não temos remédio. Nem a Rapariga de Java.
Adorei as ultimas páginas. Mudou tanto o meu sentir sobre este livro! Não vos conto mas a revelação que o autor faz é... 😀
Terminado em 3 de Maio de 2022
Estrelas: 4*
Sinopse
É a primeira obra de
ficção publicada em Portugal de Pramoedya Ananta Toer, depois de
Solilóquio Mudo, um conjunto de textos de memórias escrito durante os
anos de prisão. O casamento arranjado entre uma adolescente de 14 anos e
um aristocrata javanês é o ponto de partida para uma longa e dolorosa
caminhada de amadurecimento. A integração no meio aristocrático vai
dilacerando lentamente o espírito rebelde e independente daquela jovem
que, apesar de tudo, se vai apercebendo de que os aristocratas são,
afinal, tão empobrecidos, oprimidos e grosseiros como os outros.
A
Rapariga de Java é um romance que nos comove e inspira não só pela
celebração daquilo que é simples e genuíno como por uma história
profundamente enraizada nos problemas políticos e sociais da Indonésia,
explorando as relações de poder entre as classes e os sexos.
Cris
Pelo título, tudo indica ser um livro com uma narrativa fascinante de ler.
ResponderEliminar.
Cumprimentos cordiais … boa semana.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Existem livros que inicialmente não nos prendem, mas que depois nos agarram verdadeiramente.
ResponderEliminarFiquei muito interessada em ler. Obrigada.
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