Gosta deste blog? Então siga-me...

Também estamos no Facebook e Twitter

segunda-feira, 9 de maio de 2022

"A rapariga de Java" de Pramoedya Ananta Toer

Sabem quando um livro vos está a custar a ler mas que há algo que vos impele a continuar? Um bichinho chamado curiosidade que vos impele a virar as páginas?

Estranhei muito a sua trama. Estranhei alguns diálogos, não os entendi. Mas tinha lido na badana do livro que o autor foi preso político da Indonésia, que escreveu grande parte da sua obra na prisão, obra essa proibida no seu país, e que era muito aclamado fora do seu país. Claro que fui googlar para saber mais sobre estas ilhas, antigas colónias da Holanda, e as relações existentes entre colonizados e colonizadores.

Isso manteve-me presa. Fiz bem em continuar.

Um casamento arranjado entre uma bela rapariga de 14 anos de uma aldeia piscatória pobre com um nobre é o ponto de partida. É um mundo diferente que ela tem de enfrentar, com regras que não compreende, com poucos benefícios. As relações de poder resultantes das diferenças de classe e de sexo são devastadoras e um pouco incompreensíveis para quem lê. Um mundo diferente. 

A injustiça é fortemente tratada e relatada pelo autor e é um sentimento que permanece latente tanto na personagem principal, a Rapariga de Java (que nunca surge com outro nome que não este) como no leitor. Permanece latente até que rebenta e somos inundados por esse sentimento para o qual não temos remédio. Nem a Rapariga de Java.

Adorei as ultimas páginas. Mudou tanto o meu sentir sobre este livro! Não vos conto mas a revelação  que o autor faz é... 😀

Terminado em 3 de Maio de 2022

Estrelas: 4*

Sinopse

É a primeira obra de ficção publicada em Portugal de Pramoedya Ananta Toer, depois de Solilóquio Mudo, um conjunto de textos de memórias escrito durante os anos de prisão. O casamento arranjado entre uma adolescente de 14 anos e um aristocrata javanês é o ponto de partida para uma longa e dolorosa caminhada de amadurecimento. A integração no meio aristocrático vai dilacerando lentamente o espírito rebelde e independente daquela jovem que, apesar de tudo, se vai apercebendo de que os aristocratas são, afinal, tão empobrecidos, oprimidos e grosseiros como os outros.

A Rapariga de Java é um romance que nos comove e inspira não só pela celebração daquilo que é simples e genuíno como por uma história profundamente enraizada nos problemas políticos e sociais da Indonésia, explorando as relações de poder entre as classes e os sexos.

Cris

3 comentários:

  1. Pelo título, tudo indica ser um livro com uma narrativa fascinante de ler.
    .
    Cumprimentos cordiais … boa semana.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

    ResponderEliminar
  2. Existem livros que inicialmente não nos prendem, mas que depois nos agarram verdadeiramente.

    ResponderEliminar