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domingo, 27 de fevereiro de 2011

O remorso de Baltazar Serapião de Valter Hugo Mãe


Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 174
Editor: Quidnovi
ISBN: 9789896280628

Nem sei como começar. Do princípio, dizem vocês! Pois, mas este livro tem tanto para dizer e, ao mesmo tempo, ficamos sem palavras, ou melhor, as palavras amontoam-se umas em cima das outras e não querem sair!


É-nos retratada a Idade Média: os Senhores das terras, suas vontades e ordens; a violência que era obedecer a essas mesmas ordens; o único papel das mulheres nessa altura, a procriação, papel igualado ao dos animais de estimação; a violência doméstica devido ao ciúme doentio; as superstições e as bruxarias e sua influência no dia a dia; a beleza vista como uma maldição, pois atraía predadores sexuais.


Não é um livro de leitura fácil, nem sequer isento de críticas. As palavras nele contidas são duras, fortes, pesadas. Exige uma leitura atenta, concentrada porque nos perdemos, tantos são os pormenores, tanta é a riqueza, tanto ao nível gramatical como de conteúdo.

Com uma escrita corrida, os pontos e as vírgulas são, de tal forma invisíveis, que não se dão por eles. Não vi maiúsculas nem pelos pontos de interrogação... Será que os havia? Este tipo de escrita pede mais de nós e exigiu-me um lugar sossegado, sem ruídos de fundo. Voltei muitas vezes a trás para reler algumas partes, pelo tipo de escrita e pela linguagem utilizada. 

Gostei. Não é definitivamente um livro para toda a gente. Mas, será que o são todos?


Terminado em 25 de Fevereiro de 2011


Estrelas: 4*


Sinopse


Numa Idade Média, os feudais abusam dos seus direitos. Baltazar, o protagonista deste romance, foi criado com a pobreza e com a violência numa família em que a vaca - animal de estimação - parece, afinal, ter tanta importância como a mãe. Porém, no meio da escuridão, Baltazar vê a luz: Chama-se Ermesinda e é a mais bela a ajuizada da aldeia. E o casamento acontece como uma bênção dos céus, preparando-se Baltazar para a educação esmerada da sua esposa, uma vez que as mulheres, já se sabe, são ignorantes e, também por isso, muito perigosas. Mas eis que, ainda quase não houve tempo para os dois se conhecerem, o senhor põe os olhos em tão bela e apetecível criatura. E logo reclama que a mesma o visite todos os dias pela manhã, quando dona Catarina, a mulher, ainda descansa... O que se passa nesses encontros ninguém sabe, mas o que Baltazar adivinha mortifica-o e enlouquece-o. 
Escrito numa linguagem que pretende representar a língua arcaica e rude do povo ignorante medieval, O remorso de Baltazar Serapião é um romance sobre o poder sinistro do amor e uma metáfora inegável da violência doméstica que ocupa notícias nos jornais.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Soltas...


"sabe, senhor paulo, as mães são como lugares de onde deus chega. lugares onde deus está e a partir dos quais pode chegar até nós. porque só através delas nos encontramos aqui. e, por isso, não há mãe alguma que não mereça o céu, porque, em verdade, as mães transportam o céu dentro delas, e multiplicam-no a custo, como ofício, mesmo que dotadas de burrice grande ou estupidez perigosa."

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Soltas...


"É assim que uma guerra destrói a vida regular e estável que criámos contra o lobo disfarçado de cordeiro, contra os tempos difíceis. Porque o lobo não é fome, é acidente  - o erro horrível e fatal de virar à esquerda para ir para a estação de metro mais próxima, ao invés de à direita para fazer o caminho mais longo. Ao caminhar por Londres à noite ficamos com a sensação de estar perante um Deus ensonado, cansado de manter todo um vasto mundo sob o Seu olhar, cansado de fazer sentido das coisas - de modo que cacos de vidro apunhalam bebés nos seus leitos. meninos regressam a casas vazias e a mulher e o homem que tinham acabado de se deitar são esmagados."

"Mas era quase impossível agora desviar o olhar do que estava claramente a acontecer na Europa. Os judeus viviam num pogrom permanente, incessante."

"Por aquela altura, a morte à muito que perdera o seu poder de chocar. Toda a gente tinha uma história: havia milhares empilhadas no coração de Londres."

"Têm de imaginar que existe agora na Europa, um mar de gente em movimento. Se um de vocês fosse escrever-lhes uma carta, têm de entender, a carta não iria encontrá-las em lugar nenhum..."

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Passagem



                                             (Imagem retirada daqui)

"As violetas avisam os homens que estamos aqui de passagem, mas isso não impede que cheiremos bem enquanto por cá caminharmos."

António Mota, "A casa das Bengalas"

Este post foi colocado a pedido do meu filhote mais novo: "Mãe tenho uma frase para pores no teu blog!!! É a última do livro que estou a ler para a escola..." E pronto! Aqui está ela.

Vou querer ler!



Vim agorinha da ante-estreia do filme 127 horas. Nomeado para alguns óscares. Muito impressionante, muito vivido, muito bom. Nada parado, se pensarmos que o filme é basicamente passado só com um actor, preso numa montanha do Utah... A sobrevivência, a vontade de viver, a luta.


Vou querer ler o livro. Se o filme é bom, o livro então... vou querer verificar!


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

"A Carta" de Sarah Blake


Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 352
Editor: Casa das Letras
ISBN: 9789724620015

Este livro é tão bonito por dentro como é por fora. Fiquei surpreendida e deliciada com esta leitura.

Num mundo onde as notícias correm muito depressa, às vezes quase mais depressa que o acontecimento em si (!), esquecemo-nos que nem sempre assim foi... Hoje em dia, a carta é um meio pouco usado porque a comunicação entre as partes faz-se lentamente.

Em 1940, era praticamente o único meio de contacto entre pessoas distantes entre si. Por outro lado, a rádio relatava-nos uma parte do terror que se vivia estão. A Alemanha invadia a Europa, bombardeando e destruindo tudo o que estivesse debaixo do céu. Os EUA não tinham conhecimento do massacre que se vivia  naqueles vagões de refugiados por toda a Europa! 

Quando Frankie Bard, repórter americana, viaja pela Europa para "encontrar" algumas histórias dos refugiados dá-se conta do martírio por que estão a passar os judeus, escorraçados e mortos sem qualquer razão... Grava vozes, testemunhos vivos do horror. Ficam-lhe marcados no coração, momentos, separações, mortes, que dificilmente esquece. Torna-se mensageira de notícias, relata-as, sempre que possível no "ar", com emissões radiofónicas. 

Íris, a senhora dos correios, sabe que uma notícia pode ser adiada. Não deve, mas pode. Pela primeira vez, guarda para si uma informação, mantém retida uma carta. 


Emma Fitch, esposa de um médico que parte para Londres para melhor poder ajudar, espera ansiosamente notícias!

Circunstâncias da vida vão unir estas três mulheres. Uma carta. Uma notícia. Uma guerra. A Segunda. Fragmentos de vidas estilhaçadas pela dor e pela morte. Histórias, partes de uma História, que aconteceram em simultâneo em vários países.


Recomendo.

Terminado em 21 de Fevereiro de 2011

Estrelas: 4*

Sinopse

1940. A França rendeu-se. As bombas caem sobre Londres. Roosevelt promete que não vai mandar os americanos lutar em «guerras estrangeiras». Mas a radialista americana Frankie Bard, a primeira mulher a fazer emissões radiofónicas da blitzkrieg em Londres, quer apenas levar a guerra até casa. Enquanto isso, em Franklin, Massachusetts, Iris James ouve as emissões radiofónicas e sabe que é apenas uma questão de tempo até a guerra chegar às margens da sua terra. Responsável pelo correio, Iris acredita que o seu trabalho é entregar e guardar os segredos das pessoas. A ouvir Frankie estão também Will e Emma Fitch, o médico da povoação e a sua mulher, ambos a tentarem escapar a uma infância frágil e a forjar um futuro mais risonho. Quando Will segue o canto da sereia de Frankie até à guerra, os piores receios de Emma tornam-se realidade. Will parte para Londres e as vidas das três mulheres entrelaçam-se. Alternando entre uma América ainda resguardada no casulo da sua incapacidade em compreender o perigo próximo e uma Europa a ser dilacerada pela guerra, A Carta traz-nos duas mulheres que se descobrem incapazes de entregar correspondência, e uma terceira mulher desesperada por uma carta, mas com medo de a receber.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Quem postou...


Soltas...


"Ou seria que esse amor que falavam os romances pouco teria a ver com o matrimónio? Talvez fosse isso que se escondia por trás dos silêncios de minha mãe: uma coisa era o amor e outra, o matrimónio. O meu esposo iria ser o meu rei e o meu dono. Tinha de me conformar com isso."

"Aqueles primeiros tempos do nosso casamento não foram senão o paradigma do que seria a nossa vida em comum: o encontro de dois corpos, a união de duas vontades, mas o silêncio entre duas almas."

"As mulheres que o rodeavam eram esposa, amantes, filhas e criadas, meros peões no xadrez do seu tabuleiro político."

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Acalmia

                                         (Imagem retirada daqui)

"Siciliana como era, tinha o calor das tardes mediterrânicas,o sossego das suas noites estreladas e o temperamento firme mas sensível de um mar que só se agita quando o vento, pela força da insistência, o consegue perturbar"

"Memórias da Rainha Santa" de Mª Pilar Q.del Hierro

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Memórias da Rainha Santa" de Maria Pilar Q. Del Hierro




Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 244
Editor: A Esfera dos Livros
ISBN: 9789896261443

Terminado em 17 de Fevereiro de 2011

Estrelas: 3+



Gosto muito de romances históricos e este agradou-me bastante. Fiquei a conhecer um pouco melhor o que foi a vida de Isabel de Aragão (1271- 1336), a "nossa" rainha Santa Isabel, casada com o rei D.Dinis e mãe de D.Afonso IV.


Tudo começa, 300 anos depois da sua morte, quando Frei Ramón faz uma viagem, levando consigo um manuscrito, com o intuito de interceder junto do Papa Urbano VIII, para que este acelere a canonização da rainha. É esse documento, escrito pela mão da própria rainha, onde ela nos conta a sua vida, que vamos lendo ao folhearmos este livro.


Nunca vos apeteceu ler algo em voz alta? Pois bem, isso aconteceu comigo aqui. Quando me apanhava sozinha, dava por mim a ler em voz alta, como se assim sentisse melhor esta vida atribulada e sofrida.


Factos verídicos misturam-se magistralmente no romance em si. O que mais me impressionou foi confirmar a ideia, que já possuía, de que as meninas, as "infantas" mais não eram que moedas de troca, meros peões num jogo de alianças e de poder. Eram apartadas das suas famílias, dos seus lares para irem para outros países, acabando por crescerem junto das famílias de seus maridos. Maridos que eram seus donos e senhores! Estou a falar de meninas que, o mais correcto era estarem ainda a brincar com bonecas, de apenas 3 anos... Já pensaram como se sentiriam essas crianças? E suas mães?


Sinopse



Frei Ramón de Alquézar, homem rijo e determinado, não levava mais do que uns pertences pessoais, um par de livros de orações e o precioso manuscrito de capa de couro que guardava com a sua vida nesta viagem até Roma. Por ele tinha abandonado o Convento de Olivar perto de Saragoça e quebrado os seus votos conventuais. O seu objectivo era levar este manuscrito ao Papa Urbano VIII e deixar provado que Isabel de Aragão, rainha de Portugal, merecia subir aos altares e ser considerada santa pela Igreja Católica. Através das páginas deste precioso manuscrito escrito pela mão da própria rainha, ficamos a conhecer a vida desta mulher que nasceu infanta de Aragão, no frio e inóspito mês de Fevereiro de 1271, em Espanha. Mas ficou para a História como Rainha Santa Isabel de Portugal, mulher de D. Dinis, mãe do futuro rei D. Afonso IV. Romance da Rainha, tornada santa, mas também da mulher que assistiu às constantes traições do marido, homem de muitas amantes e visitante habitual do Convento de Odivelas, e que deixou a seu cuidado muitos filhos bastardos para educar e cuidar. Culta, energética e corajosa, Isabel dedicou-se com humildade e piedade ao auxiliar os doentes e os mais necessitados, fundando ou patrocinando igrejas, mosteiros, hospitais e asilos. Quando termina de ler a última página do manuscrito, o Papa Urbano VIII está verdadeiramente enfeitiçado pela vida de Isabel de Portugal.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Soltas... Por favor não matem a cotovia.


"... queria que visses o que é a verdadeira coragem, em vez de pensares que coragem é um homem com uma arma nas mãos. Coragem é sabermos que estamos vencidos à partida, mas recomeçar na mesma e avançar incondicionalmente até ao fim."

"Se só existe um tipo de pessoas, por que é que não se dão bem? E se todos somos iguais por que é que se esforçam tanto por se odiarem mutuamente?"

Jem, como é possível odiar tanto o Hitler e, assim que se voltam as costas, ser-se tão mau para as pessoas da nossa terra..."

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Por favor não matem a cotovia de Harper Lee


Edição/reimpressão: 2004
Páginas: 400
Editor: Difel
ISBN: 9789722906838

Depois de vários comentários muito bons nalguns blogues, peguei neste livro para poder confirmar se a sua excelência era, de facto, verdadeira, pelo menos para mim. É sempre com alguma apreensão que pego num livro com muitas "estrelas" porque me sinto quase obrigada a gostar dele... e eu sou um pouco do contra! Mas este livro é, realmente, um doce cheio de inocência e frescura.

Pelos olhos de uma menina vamos desfolhando a sua infância, passada com seu pai, seu irmão e uma empregada negra que a criou depois de sua mãe ter falecido. Infância essa, passada numa pequena cidade dos EUA onde o racismo e o preconceito são uma constante. 

Com a inocência dos seus 8 anos vai descobrindo que as pessoas não são iguais nos seus direitos e que os membros da raça negra não são tratados de igual forma que os da raça branca. O pai, advogado, é uma figura importante no seu crescimento, um homem com um sentido de justiça muito apurado e que faz de tudo para conseguir salvar um homem negro, acusado injustamente. É o despertar por parte de uma criança, o começar a olhar e ver as injustiças que participam algumas pessoas da sua comunidade, pessoas que ela conhece e que vivem perto. Mas é também um olhar de esperança, de luta por parte de gente que acredita da igualdade entre todos os seres humanos.


Comove esta leitura porque a sabemos real em muitos aspectos. Ainda hoje! A cotovia, é-nos explicado a meio do livro, é um pássaro que não deve ser morto porque nos encanta com o seu canto e não faz mal a ninguém, representa a esperança num mundo mais justo e a inocência e frescura das crianças que, como tal, não se deve aniquilar... Um livro de leitura fácil e simples para um tema pesado e actual: o racismo. Gostei muito!


Queria fazer um reparo. O livro que li foi-me emprestado pelas BLX e é de uma edição de Abril de 2004. Encontrei dois erros de tal maneira ?!?!?!? que não posso passar sem os mencionar. Creio que a revisão deveria ser mais cuidada pois não se admite a sua existência. Aqui vão eles:
Pág. 57 - "ouvis-te" em vez de "ouviste"
Pág.180 - "ensinas-te" em vez de "ensinaste"
Que tal conjugarem os verbos? Eu ouvi, tu ouviste... Eu ensinei, tu ensinaste... O "te" só se separa quando se trata de um pronome.


Terminado em 15 de Fevereiro de 2011 

Estrelas: 5*

Sinopse

Durante os anos da Depressão, Atticus Finch, um advogado viúvo de Maycomb, uma pequena cidade do sul dos Estados Unidos, recebe a dura tarefa de defender um homem negro injustamente acusado de violar uma jovem branca. Através do olhar curioso e rebelde de uma criança, Harper Lee descreve-nos o dia-a-dia de uma comunidade conservadora onde o preconceito e o racismo caracterizam as relações humanas, revelando-nos, ao mesmo tempo, o processo de crescimento, aprendizagem e descoberta do mundo típicos da infância. Recentemente, alguns dos mais importantes livreiros norte-americanos atribuíram grande destaque ao livro, ao elegerem-no como o melhor romance do século XX.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O nosso lugar

                                  
                                      (Imagem retirada daqui)

"A conversa com os amigos confirmou-me mais uma vez que uma pessoa é de onde melhor se sente"

Luis Sepúlveda, "Patagónia Express"

domingo, 13 de fevereiro de 2011

ALGUÉM JÁ LEU?


Li a sinopse e fiquei muito curiosa com este livro... Alguém já leu?

Relato de uma viagem


Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 160
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04090-9
Idioma: Português

Surpreendeu-me pela positiva este pequeno livrinho!
De leitura rápida, porque pequeno em tamanho e em nº de páginas, foi com um gosto crescente que me fui imiscuindo nestas viagens que o narrador, jovem chileno, vai fazendo durante a sua vida. Algumas dessas viagens deixam transparecer as histórias de vida de Luis Sepúlveda.


Por vezes perdemos um pouco a ligação de uma história para a outra mas nada que não seja ultrapassado aquando da leitura final. Viajamos desde a prisão chilena de Temuco (com os horrores dos interrogatórios e o "convívio" entre os presos políticos, um verdadeiro corpo docente que dava "aulas", entre si, de diversas disciplinas ) até à Argentina, à Bolívia, ao Panamá, ao Equador, à Patagónia...


São pequenas histórias, tanto do narrador como de alguns amigos, por vezes hilariantes, por vezes trágicas. Como pano de fundo, a ditadura chilena de 1973.

Foi como se fizéssemos uma viagem pelo "Patagónia Express", comboio mítico quepercorria as terras da Patagónia e que já não existe, mas dentro da vida de um exilado político, desde os tempos de criança com seu avô, passando pelo seu exílio, até ao reencontro com as suas origens...

Terminado em 12 de Fevereiro de 2011

Estrelas: 4*

Sinopse

Homenagem a um comboio que já não existe, mas que continua a viajar na memória dos homens e mulheres da Patagónia, estes «apontamentos de viagem» - como lhes chamou Luis Sepúlveda - tornaram-se um dos livros de referência do grande autor chileno.
Desde os seus primeiros passos na militância política, que o levaram à prisão e depois ao exílio em diferentes países da América do Sul, até ao reencontro feliz, anos depois, com a Patagónia e a Terra do Fogo, é uma longa viagem (e uma longa memória) aquela que Luis Sepúlveda nos propõe neste seu livro.
Ao longo dele, confrontamo-nos com uma extensa galeria de personagens inesquecíveis e com um conjunto de histórias magníficas, daquelas que só um grande escritor é capaz de arrancar aos labirintos da vida.

Um pouco sobre Luis Sepúlveda


É um romancista, realizador, roteirista, jornalista e activista político chileno.
Em 1969 vence o “Prémio Casa das Américas” pelo seu primeiro livro Crónicas de Pedro Nadie, e também uma bolsa de estudo de cinco anos na Universidade Lomonosov de Moscovo. No entanto, só ficaria cinco meses na capital soviética, pois foi expulso da universidade por “atentado à moral proletária”, causado, segundo a versão oficial, por Luís Sepúlveda manter contactos com alguns dissidentes soviéticos.
De regresso ao Chile é expulso da Juventude Comunista, adere ao Partido Socialista Chileno e torna-se membro da guarda pessoal do presidente Salvador Allende. No golpe militar do dia 11 de Setembro de 1973, que levou ao poder o ditador general Augusto Pinochet, Luís Sepúlveda encontrava-se no Palácio de La Moneda a fazer guarda ao Presidente Allende. Membro activo da Unidade Popular chilena nos anos 70, teve de abandonar o país após o golpe militar de Augusto Pinochet.
Viajou e trabalhou no Brasil, Uruguai, Paraguai e Peru. Viveu no Equador entre os índios Shuar, participando numa missão de estudo da UNESCO. Sepúlveda era, na altura, amigo de Chico Mendes, herói da defesa da Amazónia. Dedicou a Chico Mendes O Velho que Lia Romances de Amor, o seu maior sucesso.
Perspicaz narrador de viagens e aventureiro nos confins do mundo, Sepúlveda concilia com sucesso o gosto pela descrição de lugares sugestivos e paisagens irreais com o desejo de contar histórias sobre o homem, através da sua experiência, dos seus sonhos, das suas esperanças.
(retirado da Wikipedia)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sem nada a perder


                              
                                               Imagem retirada daqui

"Estais a ver, todas as coisas que me eram queridas me foram tiradas. E quando perdemos tudo... Quando perdemos tudo, não temos nada a perder."

Ken Follett, "Um mundo sem fim", vol. II

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Um mundo sem fim de Ken Follett


Edição/reimpressão: 2008
Páginas: 596
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722340212
Colecção: Grandes Narrativas

A leitura deste livro apaixonou-me, de novo! Não que eu não tivesse à espera. É o vol.II e, como tal, sabia que ia gostar, adorar, mais propriamente... 

Ken Follett escreve com uma mestria que nos faz envolver rapidamente no livro, somos catapultados para a Idade Média de tal forma que as suas quase 600 páginas nos sabem a pouco. No início do primeiro volume é-nos apresentado um mistério que fica por deslindar...não que nos lembremos dele com frequência!  São tantos pormenores, tantas histórias, tanta imaginação, tantas cenas que poderiam ter acontecido naquela época - denotando uma busca e um rigor histórico - que nos esquecemos temporariamente desse mistério. E só mesmo no final deste volume é que ele é deslindado.

O único defeito que lhe encontro é mesmo chegar à página 596 e ter um ponto final.   Os costumes da Idade Média muita vezes bárbaros; a "justiça" que tardava em chegar e privilegiava os nobres e o clero; a medicina ainda tão ligada a superstições; as tentativas de impedir o avanço da inovação e da mudança, contrárias aos interesses das classes ditas superiores; a luta quase inglória contra a peste; o desenvolvimento das técnicas de arquitectura, sobretudo em igrejas, pontes e hospitais; tudo nos faz penetrar neste livro e imaginamos realmente os sítios onde tudo poderia ter acontecido... Virtude que acho fundamental na leitura de um livro e que marca a diferença entre um livro bom e um espectacular! 

A sinopse é insuficiente para nos colocar a par do conteúdo verdadeiro do livro. Quem pegar neste segundo volume, numa qualquer prateleira de uma livraria, não vai, certamente, aperceber-se da riqueza que está no seu interior. Por isso aconselho vivamente, sobretudo quem leu e gostou dos Pilares da Terra, que leiam estes dois volumes. Uma coisa vos garanto: vai-vos saber a pouco! Eu devorei-o em 4 dias...

Terminado em 10 de Fevereiro de 2011

Estrelas: 6*, com certeza absoluta!

Sinopse

Não é apenas em Espanha que Ken Follett é um autor bestseller, vendendo cerca de 575.000 exemplares em apenas três dias. Noutros países, como Itália e Alemanha o feito repete-se e por cá, em Portugal, os leitores começam a ganhar avanço e a percorrer as páginas volumosas de um autor de culto. Em O Mundo Sem Fim encontramos Follett ao seu melhor nível, nesta que é a continuação de Os Pilares da Terra, o épico histórico que vendeu 90 milhões de exemplares em todo o mundo. Devido ao seu tamanho, a Presença decidiu dividi-lo em dois volumes distanciados na publicação por um espaço de um mês.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Não consegui!


Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 368
Editor: Saída de Emergência
ISBN: 9789896371883



Há livros que estão bem escritos. Muito bem escritos! Que têm boas críticas, uma boa história, que julgamos que vamos gostar, logo à partida. Mas, simplesmente, não são o nosso género.


Este é um deles. Tenho pena de não continuar... Li 50 páginas. Só. Mas Fantasia não é mesmo a minha "cara". E lastimo bastante, porque eu queria mesmo ler este. A sinopse apresenta-nos como uma mistura de Fantasia e História. Gostei da forma como está escrito.


Porque será que não aprecio histórias com um quê de irreal? Não tenho paciência... A minha pilha de livros para ler é tão grande que sinto estar a perder tempo.


Mas fica aqui a sugestão para quem gosta deste género literário. Li boas críticas, inclusive na revista "Os meus livros" de Janeiro. 


Estrelas:1*


Não terminado.


Sinopse


Nuno Gonçalves, nascido com um dom quase sobrenatural para a pintura, desvia-se dos ensinamentos do mestre flamengo Jan Van Eyck quando perigosas obsessões tomam conta de si. Ao mesmo tempo, na sequência de uma cruzada falhada contra a cidade de Tânger, o Infante D. Henrique deixa para trás o seu irmão D. Fernando, um acto polémico que dividirá a nobreza e inspirará o regente D. Pedro a conceber uma obra única. E que melhor artista para a pintar que Nuno Gonçalves, estrela emergente no círculo artístico da corte? Mas o pintor louco tem outras intenções, e o quadro que sairá das suas mãos manchadas de sangue irá mudar o futuro de Portugal. Entretecendo História e fantasia, O Evangelho do Enforcado é um romance fantástico sobre a mais enigmática obra de arte portuguesa: os Painéis de São Vicente. É, também, um retrato pungente da cobiça pelo poder e da vida em Lisboa no final da Idade Média. Pleno de descrições vívidas como pinturas, torna-se numa viagem poderosa ao luminoso mundo da arte e aos tenebrosos abismos da alienação, servida por uma riquíssima galeria de personagens.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Quem postou...



http://www.fatimamarinho.com

http://livrosomeuvicio.blogspot.com

Soltas...


"Mas, ainda assim, voltemos às expectativas. Já sentiram na pele o que é estar à espera de um reconfortante, doce e quente chocolate quente, num fim de tarde outonal e serem obrigados a beber água gelada? Ou então, esperar rosas de alguém que, contra o prometido, nos coloca cardos no colo que desfazemos, em sangue, nas mãos desesperadas?"

"Como pode alguém tentar levantar-se, se sempre gatinhou e, ao seu redor, mil olhos o fitam e lhe suplicam que não é capaz?"

"Sou um acaso agendado pelo tempo, para que a ternura se soltasse, sem pudor de ser o que é."

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Saber multiplicar


                                              (Imagem retirada da net)

"O meu irmão sabe que sou diferente. Que tenho uma alteração no cromossoma 21. (...) Ele ouviu calado como quem adivinha uma luta contra um inimigo sem rosto. Suspeito até que, no início, nem percebeu muito bem. Mas, pelo sim pelo não, fez multiplicar os abraços."


Fátima Marinho, "À procura de um lugar"

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Reaprender a amar





Este livro é um olhar para a diferença com os olhos do amor! Fátima Marinho conta-nos, pela voz de um menino com trissomia 21, o Vicente, uma história de amor mas também uma história onde a diferença não é bem recebida.


A família e os amigos abraçam Vicente e defendem-no de um "monstro" que o rejeita, monstro que se encontra dentro de alguns de nós, que ainda olham para estes meninos-amor como seres incapazes e sem direito aos direitos de todos nós.


"Se eu fosse capaz, se soubesse como, criaria um mundo onde fosse proibido ignorar a negligência, sobretudo aquela onde muitas crianças crescem e se perdem. Somos poucos e todos preciosos. Cada ser humano transporta consigo sementes desconhecidas onde se acantoam mundos melhores. Ninguém pode ser ignorado." Fátima Marinho



Muito bem escrito, com uma poesia nas palavras que nos faz sentir o livro, Fátima deu voz a uma situação verídica que se passou na sua família, com o seu sobrinho. Este livro serve também para ajudar a APPT21 (Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21).


Obrigado Ana, pelo empréstimo!


Terminado em 3 de Fevereiro de 2011

Estrelas: 3*+

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Quem postou...

http://www.coiso.net/?p=637

Soltas...

"Lembra-te só de que as coisas que pomos na cabeça ficam lá para sempre, disse. Talvez seja melhor pensares nisso.
Esquecemo-nos de algumas coisas, não é?
Sim. Esquecemo-nos do que queríamos recordar e recordamos o que queríamos esquecer."

"Estava ali sentado com o cobertor a encapuzá-lo. Ao fim de um certo tempo, ergueu o rosto. Nós ainda somos os bons?, perguntou.
Sim. Nós ainda somos os bons. E havemos de ser sempre."

"Existe mesmo? O fogo?
Existe sim.
Aonde é que está? Eu não sei onde está.
Sabes, sim. Está dentro de ti. Sempre lá esteve. Eu consigo vê-lo."

Um mundo a arder



Edição/reimpressão: 2007
Páginas: 192
Editor: Relógio D` Água
ISBN: 9789727089345

Livro pequeno que se lê num ápice, tanto mais que, mesmo sem querer, nos envolvemos na história e com a história. Imaginamo-nos num mundo pós-apocalíptico, onde a destruição está presente em todo o lado, onde ao virar da esquina encontramos salteadores e assassinos, onde a fome e o frio são uma constante...

Pai e filho caminham nesse mundo, seguem uma estrada na esperança de encontrarem alguém ou algo que os salve. Afastam-se da estrada para se abrigarem e procurarem alguma coisa para comerem, voltam a ela quando querem continuar. A fome, a neve, as cinzas, o medo, a morte. Mas também, o amor que sentem um pelo outro, a esperança de dias melhores, a bondade sob os olhos de uma criança.

O ser humano no seu melhor mas, também no seu pior. Gostei muito. Um género de leitura que não leio habitualmente mas que me despertou a curiosidade quando li algumas críticas positivas nalguns blogs.


Terminado em 3 de Fevereiro de 2011

Estrelas: 4*

Sinopse

Um pai e um filho caminham sozinhos pela América. Nada se move na paisagem devastada, excepto a cinza no vento. O frio é tanto que é capaz de rachar as pedras. O céu está escuro e a neve, quando cai, é cinzenta. O seu destino é a costa, embora não saibam o que os espera, ou se algo os espera. Nada possuem, apenas uma pistola para se defenderem dos bandidos que assaltam a estrada, as roupas que trazem vestidas, comida que vão encontrando - e um ao outro. A Estrada é a história verdadeiramente comovente de uma viagem, que imagina com ousadia um futuro onde não há esperança, mas onde um pai e um filho, "cada qual o mundo inteiro do outro", se vão sustentando através do amor. Impressionante na plenitude da sua visão, esta é uma meditação inabalável sobre o pior e o melhor de que somos capazes: a destruição última, a persistência desesperada e o afecto que mantém duas pessoas vivas enfrentando a devastação total.


O filme, pelas imagens do triller, deve ser pesado. O livro, pelos diálogos entre pai e filho, fez-me imaginar  um mundo devastado mas onde o amor e a inocência conseguiram sobreviver...