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segunda-feira, 30 de novembro de 2020

"O Fim da Solidão" de Benedict Wells

Já tinha há muito este livro na estante. Ouvi falar muito bem dele quando saiu. Creio que é um livro para saborear sobretudo depois de lido. Saborear a mensagem transmitida, a da inevitabilidade das coisas que nos acontecem mas, por outro lado, das diferentes formas de encarar essas mesmas coisas. De como esses acontecimentos ocorridos na infância marcam-nos para a vida toda mas, também e sobretudo, de como podemos alterar a forma como os encaramos.

Gostei muito do tom intimista do autor. Aqui e ali, há certamente partes vividas e recordadas por ele, mas faz-nos parecer que se trata totalmente de um auto-retrato da sua vida. Parece tudo real talvez porque contado de uma forma muito simples, verdadeira, com honestidade e porque traduz muitos sentimentos com que o leitor se revive, talvez porque se debate com eles no dia a dia.

A morte visita de perto uma família. Os três filhos menores, subitamente orfãos, são encaminhados para uma instituição onde ficam sob o regime de internato. Esse acontecimento marca-os de forma diferente e o narrador, o mais novo dos três irmãos, conta-nos como andaram à deriva de diferentes maneiras, como reagiram a partir desse facto, como se afastaram e, mais tarde, uniram, como ele descobre o amor e o perde, como precisou de uma vida para encarar o que lhe aconteceu na infância.

Um livro de leitura rápida (muito embora os temas tratados sejam duros) e fortemente cativante pela proximidade criada com o leitor. Tem como pano de fundo a Morte mas, também, a forma de encarar a Vida. E isso somos nós que escolhemos. No entanto, levamos uma vida para descobrir tal coisa...

Muito bom! Recomendo!

Terminado em 27 de Novembro de 2020

Estrelas: 6*

Sinopse

Jules Moreau tem onze anos quando os pais morrem num acidente de carro. Nessa noite, a sua infância termina. Segue-se a ida para um colégio interno, juntamente com os dois irmãos mais velhos. Pouco a pouco, os laços que os unem quebram-se. Jules isola-se, alimentando-se das suas memórias; Marty refugia-se ferozmente nos estudos; e Liz procura todas as formas de evasão possíveis para preencher o vazio. O único consolo do protagonista advém dos momentos que passa na companhia de uma menina ruiva chamada Alva. As duas crianças lêem, ouvem música, partilham o silêncio das tardes no colégio. E nunca falam sobre si mesmas.
Quinze anos mais tarde, os irmãos afastaram-se irremediavelmente uns dos outros. Jules, que continua a reviver o passado interrompido, apenas encontra alento no sonho de se tornar escritor e na ânsia de reencontrar Alva. E quando, por uma vez, tudo parece subitamente possível, uma força invisível – talvez o destino – volta a intervir. O fim da história de Jules está ainda por acontecer.

Cris

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

"Vardø, Depois da Tempestade" de Kiran M. Hargrave

"Porque lês tanto?" - perguntam-me frequentemente. "Para encontrar livros como este!" - poderia responder.

Este livro é absolutamente fantástico. Não ouvi falar dele a ninguém e basicamente foi a menção na capa que se tinha inspirado numa história real de caça às bruxas na Noruega no séc. XVII, que me atraiu. Às vezes penso que não tenho mais palavras para descrever os meus sentimentos quando termino um livro assim, terrivelmente avassalador! Mas depois elas saem em catadupa porque fervilham no meu cérebro que não descansa enquanto não as vomitar...

A acção decorre por volta de 1617, quando uma tempestade súbita em alto mar faz desaparecer cerca de 40 homens, praticamente todos os habitantes masculinos de  Vardø, uma pequena ilha no norte da então Dinamarca/Noruega. Este foi o facto verídico que serviu de pano de fundo desta obra. As mulheres da aldeia viram-se com os filhos pequenos nas mãos, um clima inclemente e sem recursos. Fizeram o que qualquer mãe faria, o que qualquer pessoa com fome faria... Uniram-se e fizeram o trabalho duro deixado pelos homens da aldeia. Mal sabiam que as esperava algo movido por uma força maior que elas: o medo, o ódio desmedido por coisas que não se conhecem!

Somos transportadas para um mundo diferente, onde o frio gela os corações e o medo do desconhecido põe em marcha acções de que o Homem deveria ter vergonha. A nota histórica no final do livro esclarece o quão a verdade pode ser horrível e a ficção pode moldar um acontecimento e fazê-lo presente. O rei Cristiano IV quer deixar o seu legado e determina uma caça ao povo sami e à sua influência na restante população e introduziu a Lei da Bruxaria em 1618. Por si só isso já seria condenável mas o governador dessa região vai mais além... o resultado final traduz-se na morte de 14 homens sami e 77 mulheres norueguesas.

Pegar nestes factos e captar o horror não deve ter sido tarefa fácil para a autora mas conseguir passar para o papel a dor, o amor, a desilusão, a paixão entre aquelas que considero as protagonistas desta história ficcionada - Maren e Ursa - foi sublime e prova de grande mestria! Este é o primeiro livro para adultos desta autora que possui alguns dedicados aos mais pequenos. 

DEVEM mesmo ler este livro! 

Terminado em 18 de Novembro de 2020

Estrelas: 6*

Sinopse

Uma tempestade mortal.

Uma povoação sem homens.

Uma implacável caça às bruxas.

Na véspera de Natal de 1617, Maren encontra-se junto à costa da remota ilha de Vardø, na Noruega, quando vê uma tempestade repentina e destruidora formar-se no mar. Quarenta pescadores, incluindo o irmão e o pai, morrem afogados. Dias mais tarde, o mar devolve os seus corpos. Com a população masculina dizimada, as mulheres de Vardø dedicam-se a trabalhar para subsistir por si próprias.  

Dezoito meses depois, o escocês Absalom Cornet é convocado para assumir o controlo da ilha e livrá-la de supostas práticas de bruxaria. Esta figura sinistra traz consigo a mulher, Ursula, uma jovem norueguesa que se sente tão orgulhosa quanto aterrorizada pela autoridade do marido. Em Vardø, Ursula encontra algo que nunca havia visto antes: mulheres independentes. Absalom, porém, vê apenas um lugar enfeitiçado e intocado por Deus.  

Maren e Ursula criam uma ligação que se vai estreitando cada vez mais, mas, à medida que o domínio férreo de Absalom aumenta, a ilha começa a sufocá-las. E a própria existência de Vardø é ameaçada, pois Absalom está determinado a erradicar o mal daquele lugar a qualquer custo… 

«Um tema intemporal e oportuno, belissimamente escrito, que nos lembra dos perigos de sermos varridos num turbilhão de demagogia. Uma história com protagonistas femininas poderosas, tão adequadas à sua época histórica quanto aos dias de hoje.» - The New York Times 

Um livro com um enredo absolutamente cativante inspirado nos eventos reais da tempestade de Vardø, na Noruega, e na caça às bruxas dessa localidade e subsequentes julgamentos do ano 1621. 

Cris

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Experiências na Cozinha: "Super Fácil - Aperitivosos"

 
Hoje trazemo-vos uma refeição ligeira ou uma entrada muito fácil e boa. É a célebre bruschetta de tomate e alho. Se quiserem e gostarem podem colocar também queijo fresco.

Toda a gente gosta e fica uma mesa bonita. Não se esqueçam de usar pão de boa qualidade!
Ora vejam:




Palmira e Cris

terça-feira, 24 de novembro de 2020

"A Vida Secreta das Viúvas Panjábi" de Balli Kaur Jaswal

Aviso ao leitor: este é um livro de leitura compulsiva! Quando se começa, não se larga. A sua leitura é muito fluída, o assunto muito interessante, o que nos leva a querer saber mais sobre a trama que se desenrola nestas páginas.

Nikki tem 22 anos, vive em Londres, vive sozinha e trabalha num pub.  Ainda não sabe o que quer fazer a nível profissional mas sabe o que não quer. As decisões que tomou marcaram negativamente a sua relação com a sua família. Nikki pertence a uma comunidade indiana panjábi e isso marca involuntáriamente o seu destino. Mas o que ela pretende é ser senhora das suas decisões, do seu corpo e da sua vida.

Poder-se-ia pensar que o tom ligeiro, apimentado e o humor, características deste livro, o tornariam pouco profundo. Desengane-se o leitor. Achei fantástica a delicadeza com que a autora tratou aspectos tão relevantes duma comunidade imigrante, de como nas gerações mais novas, os aspectos culturais herdados e os adquiridos se misturam e os conflitos internos que criam.

E lá fui eu à Wikipédia em busca de resultados mais aprofundados para os termos "panjábi" e "sique", facto que gosto particularmente pois enriquece-me sempre.

Composto por um pouco de tudo, desde o humor à seriedade, passando por um toque picante (quem havia de supor o que vai na cabeça das viúvas panjábis!) e crimes por resolver, este é o livro para quem quer aprender, rir e passar um bom bocado!

Terminado em 16 de Novembro de 2020

Estrelas: 5*

Sinopse

Nikki desiludiu a sua família conservadora várias vezes: desistiu da faculdade, saiu de casa e trabalha num pub, passando grande parte do tempo a tentar afastar-se das tradições indianas.

Quando aceita dar aulas de escrita criativa no centro comunitário local, fica entusiasmada com a possibilidade de ajudar algumas viúvas da comunidade panjábi em Londres, mas o que encontra é um pequeno grupo de mulheres iletradas que, embora pouco interessadas nos ideais de Nikki, estão cheias de histórias para contar. Para sua surpresa, a aparente modéstia das viúvas esconde uma secreta vida interior rica em memórias e fantasias, o que transforma as aulas em momentos de partilha de contos apaixonantes e sensuais.

Ao mesmo tempo que compartilham as suas fantasias mais secretas, as viúvas revelam alguns dos segredos mais sombrios da comunidade. Com as aulas a gerarem interesse em cada vez mais mulheres, Nikki e as alunas começam a correr alguns riscos. Conseguirá esta comunidade repressiva e controladora aceitar as aulas de escrita erótica e as cruéis verdades que aí são reveladas.

Num tom ligeiro e cheio de humor, são aqui abordados temas muito atuais: a integração dos imigrantes nas comunidades onde vivem e trabalham, e como as mulheres desafiam uma estrutura extremamente machista na comunidade indiana panjabi. Uma das escolhas do Clube de Leitura de Reese Witherspoon, tornou-se rapidamente num fenómeno de vendas e de popularidade.

Cris

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Para os Mais Pequeninos: "Luzes na Floresta"


Sabem aquele livro que procuram e que vai fazer a diferença no meio dos vários brinquedos que os miúdos hoje têm? É este.

A mensagem é tão, tão bonita! E é quase toda ela passada através das imagens, com recurso a poucas, mas acertadas palavras. A Helena é uma menina que cresce e envelhece a sonhar na vida que poderia ter tido se tivesse conseguido seguir o amigo que lhe apareceu numa nave espacial quando era criança... e mal esse sonho se concretiza, ela tem a certeza que irá perder o melhor que a vida lhe deu: a família que construiu.

Não sei se conhecem os outros três livros deste autor. Todos merecem a vossa atenção. Talvez vos consiga transmitir a ligação fantástica que se consegue estabelecer entre a palavra escrita e aquela que está subjacente às imagens se vos mostrar algumas fotos. Por isso aqui ficam:





Cris


domingo, 22 de novembro de 2020

Ao Domingo com... Claudia Costa e Tiago Lucena


Somos um casal que desde 2010 procura viver de um modo mais ecológico e natural, tendo o nosso blog A Senhora do Monte nascido no processo da descoberta do mundo rural e de uma vida mais sustentável.

O nosso blog A Senhora do Monte representa e homenageia uma geração gloriosa de avós e avôs que continuam diariamente a carregar o peso das tradições nas suas costas. Uma última geração, perdida em Portugal, que muitas vezes não valoriza a sua própria sabedoria, mas que vai mantendo viva a tradição de um conhecimento profundo, sustentável e biológico.

Criámos este blog inspirados pelas soluções do passado, ensinadas pelas gentes do campo com que nos fomos cruzando ao longo destes anos e também para podermos partilhar todos estes conhecimentos com todas as pessoas que se interessam por estes temas.

Com o passar dos anos, o interesse do público cresceu imenso e daí acabou por surgir a oportunidade de lançarmos o nosso primeiro livro: A Senhora do Monte - O Regresso à Tradição e a uma vida mais natural (2019). Este livro é o reflexo de quase uma década de dedicação ao estudo da sustentabilidade, e

 


com ela a exploração do mundo rural tradicional português que nos trouxe à memória muitas histórias, muitos momentos e muitas pessoas que conhecemos ao longo destes anos.

Do Norte ao Sul, em muitas viagens, formações e actividades, deixámos um rasto de memórias que nos enchem a alma. Fizémos muitas amizades, mas também ganhámos muitos avôs e avós que nos servem de inspiração diariamente.

Como cada vez mais as questões ambientais estão na ordem do dia, sendo uma preocupação crescente para todos nós resolvemos lançar um segundo livro:  Saberes do Passado - Receitas de higiene, beleza e limpeza doméstica para toda a família.

Procurámos complementar o nosso primeiro livro com novas soluções surpreendentes, desta vez focando-nos em produtos específicos para homem ou mulher, com muitas surpresas. Também não nos esquecemos de incluir quer as crianças, quer os animais de estimação!

Aprender a fazer os próprios produtos de higiene, beleza e limpeza doméstica não se aprende de um dia para o outro e requer alguma paciência e algumas experiências até encontrarmos a receita que se encaixa no nosso perfil.

O que pretendemos com o nosso blog e os nossos livros é incentivar este processo para que todos possam diminuir a sua pegada ecológica e até poupar dinheiro.

O planeta é a nossa casa e o nosso corpo é o nosso templo. Por isso, o nosso objectivo é que cada vez mais pessoas adiram a este estilo de vida e, com isso, que possamos de facto ajudar a reduzir o consumismo e os impactos tanto no planeta como na saúde de todos!

Claudia Costa e Tiago Lucena (Autores do blog A Senhora do Monte)

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Novidades Saída de Emergência

Isto Nunca Aconteceu
de Lara Prescott


Uma obra‑prima banida. Duas espias. Um livro que transformou a História.
1956. Boris Pasternak está a escrever Doutor Jivago, um livro controverso capaz de provocar dissensão na União Soviética. Com medo do seu poder subversivo, os soviéticos censuram‑no e proíbem a sua publicação. Mas isso não impede que no resto do mundo a obra se transforme num bestseller… e numa possível sentença de morte para o autor.

A CIA está atenta aos acontecimentos e planeia utilizar o livro para influenciar a Guerra Fria a seu favor. Contudo, os agentes destinados a esta missão não são os espiões tradicionais. Duas secretárias — a charmosa e experiente Sally e a talentosa e novata Irina — são encarregadas da missão das suas vidas: devolver clandestinamente Doutor Jivago à URSS e utilizá‑lo como arma de propaganda.

No entanto, esta não será uma missão fácil. Há pessoas dispostas a morrer por este livro — e agentes prontos a matar por ele. De Moscovo a Washington, de Paris a Milão, Isto Nunca Aconteceu retrata um momento único na história da literatura — contado com emoção e detalhes históricos cativantes. E no coração deste romance inesquecível está a poderosa convicção de que o poder da palavra escrita pode transformar o mundo.

 

Mar de Ganância
de Clive Cussler & Graham Brown

Com as reservas petrolíferas mundiais em risco, a equipa NUMA é chamada para evitar uma catástrofe iminente.
Depois de uma explosão no Golfo do México destruir três plataformas de extração de petróleo, Kurt Austin e a equipa NUMA são destacados pelo presidente dos Estados Unidos para descobrir o que está a acontecer. As pistas levam-nos até Tessa Franco, uma milionária brilhante na área da energia alternativa. O seu objetivo é acabar com a era do petróleo – a sua empresa gastou milhões a desenvolver o mais avançado sistema de células de combustível do mundo. Mas será ela, de facto, uma heroína ambiental? A equipa NUMA descobre que os campos petrolíferos estão infetados com uma bactéria que está a consumir o petróleo antes de este ser extraído da terra – uma bactéria que se perdeu há muitos anos, quando dois submarinos desapareceram no Mediterrâneo sem deixar qualquer rasto. Com o preço do petróleo a disparar e a economia mundial a colapsar, Kurt terá de encontrar um dos submarinos desaparecidos para poder travar a ameaça biológica que se avizinha. Mas esta não é uma tarefa fácil, e com dinheiro e um exército de assassinos aos seu dispor, Tessa Franco fará tudo o que estiver ao seu alcance para o travar.


quinta-feira, 19 de novembro de 2020

A Convidada Escolhe: "A Caixa Negra"

A Caixa Negra, Amos Oz, 1987

Amos Oz era um escritor desconhecido para mim e foi o impulso de este livro estar a um preço muito simpático que me levou a comprá-lo. O título, a capa e a sinopse ajudaram também.

Não é a primeira vez que leio livros com uma estrutura epistolar, como acontece com “A Caixa Negra” e esse facto também me agradou, mal comecei a lê-lo. As personagens vão surgindo e densificando-se à medida que as cartas trocadas entre eles nos vão sendo reveladas. A partir da primeira carta que vai quebrar um longo silêncio de seis anos após o divórcio entre Llana e Alexander Gideon, vai tecer-se toda uma trama de situações que, ultrapassando o aspecto superficial do drama familiar provocado pelos problemas que o filho de ambos Boaz está a criar, traz um conjunto de aspectos políticos, sociais, religiosos da sociedade israelita, os quais surgem em camadas muito para além do que espoletou a carta inicial.

Cartas, telegramas, longas, breves, as de Boaz cheias de erros ortográficos que nos fazem sorrir, é desta matéria que “A Caixa Negra” é construída. Aquilo que muitas vezes não se consegue verbalizar nem transmitir numa conversa face a face, a escrita e, neste caso, a escrita de cartas permite aprofundar ou tornar visíveis sentimentos e estados de alma das personagens. Elas esmiúçam sentimentos, recordam episódios íntimos e analisam-nos como antes os protagonistas nunca tinham conseguido fazer cara a cara Apesar da separação, houve algo que nunca foi destruído e esse fio que permaneceu é-nos revelado à medida que a correspondência é trocada entre LLana e Alexander. Como numa investigação a partir duma caixa negra de um avião, estas cartas vão-nos revelando aos poucos as histórias daquelas pessoas, deixando-nos adivinhar ou supor o que levou à separação, ao ódio, ao fim de uma relação. Confesso que a certa altura desejei chegar rapidamente ao fim do livro. As cartas de Michel Sommo o segundo marido de Llana, alguém que se revela ambicioso e muito oportunista, sabendo ser melífluo para levar a água ao seu moinho, passaram a ser-me fastidiosas, cheias de citações bíblicas e de sermões para Boaz. O livro perdeu ritmo e tornou-se cansativo.

Confesso os meus poucos conhecimentos sobre a realidade da sociedade israelita: os conflitos entre judeus e árabes, as divisões de classe que se pressentem entre Alexander e Michel Sommo, as diferenças que existem entre judeus relacionadas com as suas origens e proveniências e daí crer que não consegui retirar do livro todo o sentido que um israelita consegue captar deste livro escrito por um escritor israelita com uma postura política de defesa da paz e de simpatia com a causa palestiniana.

16 de Novembro de 2020

Almerinda Bento

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Experiências na Cozinha: "Temperos da Argas"


Para hoje escolhemos uma sopinha alentejana, a Açorda Alentejana.

Este livro nao é vegetariano pois segue a linha Paleo, com bastante proteina animal, legumes e poucos hidratos. Não é a alimentacão que tentamos seguir mas escolhemos esta sopinha que nos pareceu apetitosa.

E era! Foi o que disse a Palmira que nestes tempos difíceis nao deu para eu provar, como costumávamos fazer... Ficam aqui as fotos e façam como eu vou fazer: ponham mãos à obra!

 
 
  Palmira e Cris

terça-feira, 17 de novembro de 2020

"O Pianista de Hotel" de Rodrigues Guedes de Carvalho

Depois de ter lido, há pouco tempo, o "Margarida Espantada" fiquei com a certeza que queria conhecer melhor a escrita e a obra deste autor português que não necessita de apresentações dado o seu perfil mediático.

A escrita é fácil de se ler, sem medo das palavras, tratando as coisas pelos nomes mas sem cair na vulgaridade, às vezes profunda q.b. para se tomar notas numa folha à parte. As histórias são muito sui generis. Vejo-as com um pano de fundo de alguma desesperança, que me incomoda um pouco, mas que me impulsiona a lê-las com avidez. Queria muito acreditar que as suas personagens (tal como as pessoas!) têm direito à felicidade mas RGdC teima em impedi-lo!

Este livro em específico é um livro de tangentes. Aqui, as personagens principais estão ligadas por fios que quase se cruzam mas que, no último momento, se afastam em caminhos diferentes. Foi uma das coisas que mais gostei, este enganar quase permanente do leitor que percorre as páginas pensando que é desta que Luís Gustavo e Maria Luisa vão finalmente encontrar um lugar único para os seus corações perdidos, solitários e sofridos.

O final, para mim, teria sido outro. Daí as minhas 5 e não 6 estrelas. Porque às vezes é necessário sossegar o leitor, faminto de um pouquinho de amor cor de rosa. Mas a vida, muitas mais vezes do que quereríamos, é feita de tangentes... 

Um ligeiro à parte para referir que a escolha dos nomes é espectacular e, quase no final, há uma cena que possui como pano de fundo os nomes das personagens principais que achei "fantabulástica", de uma imaginação muito apropriada e subtil, que poderia muito bem conduzir ao final que eu desejava... mas o autor é o senhor das palavras e não concordará comigo, certamente.

Leiam que vão gostar!

Terminado em 13 de Novembro de 2020

Estrelas: 5*

Sinopse

O Pianista de Hotel transporta-nos numa melodia.

É uma entrada para um mundo regido pela linguagem da música, pela sua força e beleza, presentes no ritmo de cada frase, de cada parágrafo rigorosamente medido.

Livro em camadas, nele se cruzam diversos planos, diversas histórias perpassadas pelo poder redentor da música «que entra e rasga», a solidão, a dor e o vazio das pessoas que habitam nestas páginas.

Com um vasto subtexto, a densidade das personagens está carregada de mistérios que nos prendem a sucessivas interrogações.

Há um pouco de nós em todas elas.

Há muito de nós neste mergulho ao mais fundo da alma humana.

É um romance que se lê e ouve, que mantém todos os sentidos alerta. Uma pauta musical, com andamentos diversos, que acabam por se cruzar numa vertigem imprevisível de autêntico thriller psicológico.

E, depois, há o pianista...

Cris



domingo, 15 de novembro de 2020

Ao Domingo com... José Rodrigues


Ter o coração bem junto à boca, quando o motivo é a paixão, é um fenómeno tão bom quanto difícil de descrever. Sentir que, daqui a pouco, vamos encontrar alguém por quem estamos apaixonados, consegue fazer com que o coração saia do seu lugar e se encoste bem junto à garganta. Esta viagem imaginária que faz o órgão vital tem exatamente a mesma duração da paixão. Tem também, pelo menos, dois passageiros. É uma viagem fabulosa, com paisagens impossíveis de descrever, tal a beleza com que os olhos dos viajantes a veem. Queremos viajar a todas as horas, a todo o instante. O único meio de transporte são mesmo as nuvens, onde fazemos questão de poisar todo o corpo. Um meio de tal forma saboroso que nos faz esquecer que, a qualquer momento, um dos passageiros pode resolver não mais viajar. E dói voltar a colocar os pés no chão. Dói ainda mais sentir que fica um caminho deserto entre o peito e a garganta e sentimos que, de uma forma teimosamente duradoura, o coração se recusará a querer voltar a fazer esse percurso. E é neste momento que se paga o bilhete sobre a forma de insónias, piques de mau humor ou vontade de nada querer ou fazer.

Quando alguém mais velho ou experiente nos tenta confortar através de frases como "isso passa com o tempo", discordamos de todos os termos. Na verdade, passamos a achar que o tempo passou a ser medido por um relógio de corda que parou.

A paixão não exige madrugadas ou manhãs próprias para nascer e as rugas ou a ausência de força física são meras circunstâncias. As noites são pormenores incluídos nos dias que se desejam longos, prolongados pelo sol que brilha sempre aos olhos dos apaixonados, mesmo que o céu pareça carregado de nuvens que anunciem as mais severas tempestades. A paixão não tem hemisférios, movimentos de rotação e as flores mais belas podem nascer num pedaço de terra que nunca tenha conhecido água suja ou limpa. O vento até pode correr de forma violenta e a chuva ou granizo chegarem com um terrível temporal. No entanto, os corações apaixonados tudo conseguem, incluindo fazer com que os mais belos dias de verão nunca se afastem da paixão.

José Rodrigues

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Para os Mais Pequeninos: "Formiga Duma Figa"


Neste livro a palavra é rei, ou melhor, rainha! Com ela chegam as rimas, o humor e uma imaginação sem limites. E essas palavras ditas em voz alta têm um som especial! Recomendo vivamente ler este livro e as suas historinhas em voz alta. 

E está resumido um livro que vai divertir miúdos e graúdos. Versos que vão fazer sucesso e que se podem ler vezes sem conta porque, ditos e repetidos até a memória os decorar, são muito engraçados de se dizer!

Aqui ficam uns quantos e, também, aquele que dá nome a este livro que recomendo vivamente:







Cris