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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

A Convidada Escolhe: "A Caixa Negra"

A Caixa Negra, Amos Oz, 1987

Amos Oz era um escritor desconhecido para mim e foi o impulso de este livro estar a um preço muito simpático que me levou a comprá-lo. O título, a capa e a sinopse ajudaram também.

Não é a primeira vez que leio livros com uma estrutura epistolar, como acontece com “A Caixa Negra” e esse facto também me agradou, mal comecei a lê-lo. As personagens vão surgindo e densificando-se à medida que as cartas trocadas entre eles nos vão sendo reveladas. A partir da primeira carta que vai quebrar um longo silêncio de seis anos após o divórcio entre Llana e Alexander Gideon, vai tecer-se toda uma trama de situações que, ultrapassando o aspecto superficial do drama familiar provocado pelos problemas que o filho de ambos Boaz está a criar, traz um conjunto de aspectos políticos, sociais, religiosos da sociedade israelita, os quais surgem em camadas muito para além do que espoletou a carta inicial.

Cartas, telegramas, longas, breves, as de Boaz cheias de erros ortográficos que nos fazem sorrir, é desta matéria que “A Caixa Negra” é construída. Aquilo que muitas vezes não se consegue verbalizar nem transmitir numa conversa face a face, a escrita e, neste caso, a escrita de cartas permite aprofundar ou tornar visíveis sentimentos e estados de alma das personagens. Elas esmiúçam sentimentos, recordam episódios íntimos e analisam-nos como antes os protagonistas nunca tinham conseguido fazer cara a cara Apesar da separação, houve algo que nunca foi destruído e esse fio que permaneceu é-nos revelado à medida que a correspondência é trocada entre LLana e Alexander. Como numa investigação a partir duma caixa negra de um avião, estas cartas vão-nos revelando aos poucos as histórias daquelas pessoas, deixando-nos adivinhar ou supor o que levou à separação, ao ódio, ao fim de uma relação. Confesso que a certa altura desejei chegar rapidamente ao fim do livro. As cartas de Michel Sommo o segundo marido de Llana, alguém que se revela ambicioso e muito oportunista, sabendo ser melífluo para levar a água ao seu moinho, passaram a ser-me fastidiosas, cheias de citações bíblicas e de sermões para Boaz. O livro perdeu ritmo e tornou-se cansativo.

Confesso os meus poucos conhecimentos sobre a realidade da sociedade israelita: os conflitos entre judeus e árabes, as divisões de classe que se pressentem entre Alexander e Michel Sommo, as diferenças que existem entre judeus relacionadas com as suas origens e proveniências e daí crer que não consegui retirar do livro todo o sentido que um israelita consegue captar deste livro escrito por um escritor israelita com uma postura política de defesa da paz e de simpatia com a causa palestiniana.

16 de Novembro de 2020

Almerinda Bento

3 comentários:

  1. Não faz o meu género mas acredito que seja um livro interessante de ler.
    .
    Abraço

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    Respostas
    1. Nem todos gostamos de amarelo... por isso existwm todas as outras corws, não é? Bjs

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  2. Penso que talvez também não conseguisse apreender todo o conteúdo da história, mas parece-me interessante.

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