Já tinha há muito este livro na estante. Ouvi falar muito bem dele quando saiu. Creio que é um livro para saborear sobretudo depois de lido. Saborear a mensagem transmitida, a da inevitabilidade das coisas que nos acontecem mas, por outro lado, das diferentes formas de encarar essas mesmas coisas. De como esses acontecimentos ocorridos na infância marcam-nos para a vida toda mas, também e sobretudo, de como podemos alterar a forma como os encaramos.
Gostei muito do tom intimista do autor. Aqui e ali, há certamente partes vividas e recordadas por ele, mas faz-nos parecer que se trata totalmente de um auto-retrato da sua vida. Parece tudo real talvez porque contado de uma forma muito simples, verdadeira, com honestidade e porque traduz muitos sentimentos com que o leitor se revive, talvez porque se debate com eles no dia a dia.
A morte visita de perto uma família. Os três filhos menores, subitamente orfãos, são encaminhados para uma instituição onde ficam sob o regime de internato. Esse acontecimento marca-os de forma diferente e o narrador, o mais novo dos três irmãos, conta-nos como andaram à deriva de diferentes maneiras, como reagiram a partir desse facto, como se afastaram e, mais tarde, uniram, como ele descobre o amor e o perde, como precisou de uma vida para encarar o que lhe aconteceu na infância.
Um livro de leitura rápida (muito embora os temas tratados sejam duros) e fortemente cativante pela proximidade criada com o leitor. Tem como pano de fundo a Morte mas, também, a forma de encarar a Vida. E isso somos nós que escolhemos. No entanto, levamos uma vida para descobrir tal coisa...
Muito bom! Recomendo!
Terminado em 27 de Novembro de 2020
Estrelas: 6*
Sinopse
Jules Moreau tem onze anos quando os pais morrem num acidente de
carro. Nessa noite, a sua infância termina. Segue-se a ida para um
colégio interno, juntamente com os dois irmãos mais velhos. Pouco a
pouco, os laços que os unem quebram-se. Jules isola-se, alimentando-se
das suas memórias; Marty refugia-se ferozmente nos estudos; e Liz
procura todas as formas de evasão possíveis para preencher o vazio. O
único consolo do protagonista advém dos momentos que passa na companhia
de uma menina ruiva chamada Alva. As duas crianças lêem, ouvem música,
partilham o silêncio das tardes no colégio. E nunca falam sobre si
mesmas.
Quinze anos mais tarde, os irmãos afastaram-se
irremediavelmente uns dos outros. Jules, que continua a reviver o
passado interrompido, apenas encontra alento no sonho de se tornar
escritor e na ânsia de reencontrar Alva. E quando, por uma vez, tudo
parece subitamente possível, uma força invisível – talvez o destino –
volta a intervir. O fim da história de Jules está ainda por acontecer.
Cris
Existem livros que nos fazem reflectir sobre nós próprios.
ResponderEliminarEu também adorei ler este livro! Muito bom!
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