Depois de ter lido, há pouco tempo, o "Margarida Espantada" fiquei com a certeza que queria conhecer melhor a escrita e a obra deste autor português que não necessita de apresentações dado o seu perfil mediático.
A escrita é fácil de se ler, sem medo das palavras, tratando as coisas pelos nomes mas sem cair na vulgaridade, às vezes profunda q.b. para se tomar notas numa folha à parte. As histórias são muito sui generis. Vejo-as com um pano de fundo de alguma desesperança, que me incomoda um pouco, mas que me impulsiona a lê-las com avidez. Queria muito acreditar que as suas personagens (tal como as pessoas!) têm direito à felicidade mas RGdC teima em impedi-lo!
Este livro em específico é um livro de tangentes. Aqui, as personagens principais estão ligadas por fios que quase se cruzam mas que, no último momento, se afastam em caminhos diferentes. Foi uma das coisas que mais gostei, este enganar quase permanente do leitor que percorre as páginas pensando que é desta que Luís Gustavo e Maria Luisa vão finalmente encontrar um lugar único para os seus corações perdidos, solitários e sofridos.
O final, para mim, teria sido outro. Daí as minhas 5 e não 6 estrelas. Porque às vezes é necessário sossegar o leitor, faminto de um pouquinho de amor cor de rosa. Mas a vida, muitas mais vezes do que quereríamos, é feita de tangentes...
Um ligeiro à parte para referir que a escolha dos nomes é espectacular e, quase no final, há uma cena que possui como pano de fundo os nomes das personagens principais que achei "fantabulástica", de uma imaginação muito apropriada e subtil, que poderia muito bem conduzir ao final que eu desejava... mas o autor é o senhor das palavras e não concordará comigo, certamente.
Leiam que vão gostar!
Terminado em 13 de Novembro de 2020
Estrelas: 5*
Sinopse
O Pianista de Hotel transporta-nos numa melodia.
É uma entrada para um mundo regido pela linguagem da música, pela sua força e beleza, presentes no ritmo de cada frase, de cada parágrafo rigorosamente medido.
Livro em camadas, nele se cruzam diversos planos, diversas histórias perpassadas pelo poder redentor da música «que entra e rasga», a solidão, a dor e o vazio das pessoas que habitam nestas páginas.
Com um vasto subtexto, a densidade das personagens está carregada de mistérios que nos prendem a sucessivas interrogações.
Há um pouco de nós em todas elas.
Há muito de nós neste mergulho ao mais fundo da alma humana.
É um romance que se lê e ouve, que mantém todos os sentidos alerta. Uma pauta musical, com andamentos diversos, que acabam por se cruzar numa vertigem imprevisível de autêntico thriller psicológico.
E, depois, há o pianista...
Cris
Revi-me nas tuas palavras, Cris.
ResponderEliminar"O final, para mim, teria sido outro. Daí as minhas 5 e não 6 estrelas. Porque às vezes é necessário sossegar o leitor, faminto de um pouquinho de amor cor de rosa. Mas a vida, muitas mais vezes do que quereríamos, é feita de tangentes... "
Escolhi este trecho, como poderia ter escolhido outro. Contudo, é por estas "tangentes" que gosto de RGC, porque embora caindo no realismo exacerbado, é-me mais grata a realidade nua e crua, do que o "rosa". Um defeito meu, não o nego.
Post fantástico!!
Um beijinho.
Só o acho um pouquinho "sem esperança", percebes?
EliminarPercebo muito bem, Cris!! :)
EliminarConsiderando o autor, acredito que seja um livro fascinante de ler.
ResponderEliminar.
Um dia feliz
Saudações poéticas
Do RGdC só li "Jogos de Raiva", mas fiquei com vontade de ler mais livros do autor.
ResponderEliminarNunca li, mas gostava.
ResponderEliminarNunca li nada deste autor!:)
ResponderEliminar*
Melancolia à velocidade do tempo...
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Beijo e uma excelente noite :)
Olá Cris, nunca li nada do autor, mas acho que tenho cá em casa uma obra dele!
ResponderEliminarEsta parece-me interessante...
Tenho agora Os Jogos de Raiva para ler pq já ouvi falar ainda melhor...
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