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sábado, 30 de maio de 2015

Na minha caixa de correio

  

  

 

Primeira ida àFLL: Um Aprasível Suicídio de Grupo, O Vinho da solidão e Suttree.
Oferta da Marcador, Nome de código Portograal e Coisas Nada Aborrecidas Para Ser Muito Feliz
Oferta da Pleneta: O Dia Em Que Estaline Encontrou Picasso na Biblioteca.
Comprado: Perguntem a Sarah Gross.
O que anda comigo na mala: Dora Bruder

quinta-feira, 28 de maio de 2015

A Escolha do Jorge: A Nossa Casa É Onde Está O Coração

"Home – A Nossa Casa é onde está o Coração" é a mais recente publicação da norte-americana Toni Morrisson (n. 1931; Prémio Nobel de Literatura em 1993) em Portugal após a edição de "A Dádiva"(2010), através da Editorial Presença.
Passado maioritariamente numa pequena localidade da Geórgia, "Home" conta-nos a história de Frank Money que decidiu alistar-se para a Guerra da Coreia (1950-1953) juntamente com dois dos seus amigos de infância no intuito de poder sair da sua terra natal que não lhe oferecia quaisquer garantias de um futuro melhor. Tornar-se um veterano de guerra à semelhança daqueles antigos combatentes durante a 2ª Guerra Mundial trariam glória e alguma perspetiva futura à sua vida.
É neste contexto que Frank deixa para trás a sua família que em boa verdade pouco se importa consigo, exceptuando a sua irmã Cee a quem protegia dos amigos mais velhos e que o acompanhava em todas as brincadeiras. Tratando-se de uma família tão ausente como até maléfica para com as crianças sobretudo por parte dos avós que os maltratavam (a avó Leonore agia e o avô Salem consentia) tanto física como psicologicamente.
É durante a guerra que Frank vai conhecer os maiores horrores a que qualquer ser humano pode ser submetido e que nunca deveria acontecer. Falamos não só de toda a espécie de crimes consentidos em ambiente de guerra em nome de um dos beligerantes envolvidos (e neste caso em particular, nem sequer se tratava de uma guerra sua ou do seu país) independentemente de as vítimas se tratarem de crianças inocentes culminando mesmo com o assassinato de tantos civis que são apanhados de surpresa neste género de conflitos que infelizmente não são acautelados por quem governa cada país.
Frank fica ainda mais abalado quando os seus amigos de infância são mortos na guerra, mesmo nos tempos a seguir à guerra que, não tendo para onde ir e não sendo propriamente desejado na sua casa na terra natal, acabou por vagabundear durante mais de um ano sem dar notícias limitando-se apenas a informar a família que estava de regresso aos EUA, tendo, pois, ao conflito na longínqua Coreia, numa guerra que afinal também não era a dele.
Deambulando por aqui e por ali sem objetivos determinados, Frank (re)age como se fosse um zombie em certas alturas deixando de interagir com as pessoas à sua volta, além de que vive momentos parado num dado instante, sem espaço e sem tempo, revivendo momentos intensos da recente guerra.
Tudo está prestes a mudar quando Frank recebe notícias sobre o estado crítico da sua irmã Cee que tendo sido alvo de experiências médicas por parte do seu patrão, corria o risco de vida. Frank mete-se a caminho atravessando vários estados com o fito de ir buscar a sua irmã, levando-a para a terra natal, na Geórgia, entregando-a ao cuidado de algumas senhoras que eram conhecedoras de todo um saber ancestral que passou de geração em geração, através das mulheres. Através de plantas e mezinhas, e com a graça da natureza, Cee é salva, deixando o leitor quase incrédulo com todas as descrições e sapiência daquelas mulheres que se uniram contra a doença que quase vitimou mortalmente a jovem.
É de facto este género de laços entre as mulheres que marca este "Home" de Toni Morrison que, longe de ser um romance doce e gentil (tendo em consideração o título em português), apresenta em vários momentos da narrativa a dureza proveniente da força das palavras, assim como os vários exemplos de crueldade que são cometidos.
Outro aspeto a ter em consideração é o temor a Deus por parte das mulheres desta pequena comunidade exemplificado através de um dos momentos mais significativos da narrativa quando as mulheres não deixam de praticar o bem a Lenore que sempre as prejudicou enquanto era capaz. No seu entender, mesmo com uma doença incapacitante, as mulheres não deixaram de ajudar a sua família. "Tinha portanto de contentar-se com a companhia da pessoa que mais prezava – ela própria. Talvez tenha sido essa associação entre Lenore e Lenore que provocou a pequena trombose de que foi vítima numa sufocante noite de julho. Salem encontrou-a ajoelhada ao lado da cama e correu a casa do Sr. Haywood, que a conduziu ao hospital de Mount Haven. Aí, após uma longa e perigosa espera no corredor, recebeu finalmente tratamento, que evitou males maiores. Ficou com a fala entaramelada, mas movimentava-se – com muito cuidado. Salem ocupou-se das suas necessidades básicas, mas sentiu-se aliviado ao descobrir que não conseguia compreender uma só palavra dela. Pelo menos, era o que ele dizia. As vizinhas que frequentavam a igreja e eram tementes a Deus deram uma prova de boa vontade ao levarem-lhe pratos de comida, varrerem-lhe o chão e lavarem-lhe a roupa; ter-lhe-iam igualmente dado banho se o seu orgulho e a sensibilidade delas o não proibissem. Sabendo que a mulher que ajudavam as desprezava a todas, não precisavam sequer de dizer em voz alta o que compreendiam ser verdade: os caminhos do Senhor são insondáveis para operar as Suas maravilhas." (pp. 89-90)
Toni Morrison consegue assim devolver a paz e a harmonia aos irmãos Frank e Cee ligando-os através do lar da infância que aqui se apresenta como um refúgio para reorganizarem a vida ainda que seja num local longínquo de tudo até porque compreenderam que, fora dali, a vida também é cruel e porque para recomeçar a vida, nada melhor do que a sua própria casa.
"Home" é, pois, um pequeno grande romance pejado de sentimento, emoção, compaixão e de grandes exemplos que têm como base valores universais que servem de referência para todas as gerações não importando qual a origem, seja ela mais humilde, cujo conhecimento se baseie no conhecimento empírico da natureza.


Excertos:
"Cee estava diferente. Dois meses rodeada de mulheres do campo, avaras no amor, transformaram-na. Aquelas mulheres tratavam a doença como se fosse uma afronta, um fanfarrão invasor e ilegal que precisava de ser chicoteado. Não perdiam o seu tempo nem o da doente com gestos de compaixão e acolhiam as lágrimas da sofredora com um desdém resignado.
Primeiro as hemorragias: «Afasta os joelhos. Isto vai doer. Caluda. Caluda, já disse.»
A seguir, a infeção: «Bebe isto. Se vomitares, tens de beber mais, portanto, não vomites.»
Depois a cicatrização: «Para com isso. O que arde cura. Cala a boca.»
(…)
- Os homens reconhecem um bacio quando o veem.
- Não és uma mula para puxar a carroça de um médico malvado.
- És uma latrina ou uma mulher?
- Quem te disse que eras lixo?
- Como é que eu havia de saber o que ele engendrava? – tentava Cee defender-se.
- A desgraça não se anuncia. É por isso que tens de permanecer desperta, senão ela limita-se a entrar pela tua porta.
- Mas…
- Mas nada. Tu és suficientemente boa para Jesus. É tudo o que precisas de saber.
(…)
A última etapa da cura de Cee fora, para ela, a pior. Tinha de ser açoitada pelo sol, o que significava passar pelo menos uma hora por dia de pernas bem abertas perante o sol escaldante. Todas as mulheres concordavam que esse abraço a libertaria de qualquer resto de doença uterina. Cee, chocada e embaraçada, recusara. Supondo que alguém, uma criança, um homem, a via assim escarranchada?
- Ninguém vai estar a olhar para ti – responderam elas. – E se olharem? O que tem?
- Achas que a tua rata é uma novidade?
- Não te preocupes – aconselhou a D. Ethel. – Estarei contigo lá fora. O importante é conseguir uma cura permanente. Algo que ultrapasse o poder humano.
Portanto, Cee, virando a cabeça de tão envergonhada, deitava-se apoiada em almofadas à beira da minúscula varanda das traseiras da casa de Ethel assim que os violentos raios de sol apontavam nessa direção. A cólera e a humilhação levavam-na sempre a curvar os dedos dos pés e a contrair as pernas.

Texto da autoria de Jorge Navarro

quarta-feira, 27 de maio de 2015

"A Rapariga no Comboio" de Paula Hawkins

Quando se começou a ouvir "falar" deste livro, fiquei um pouco de pé atrás... Por vezes quando as expectativas são altas e esperamos demasiado, a leitura não corresponde totalmente ao imaginado. Todos sabemos isso porque já nos aconteceu algo semelhante.

E, no entanto, logo nas primeiras páginas verifiquei com agrado que iria ser uma leitura rápida e empolgante. Gostei da divisão dos capítulos conforme as personagens nos contavam a sua história, segundo o seus pontos de vista. E o facto de elas falarem na primeira pessoa torna a história mais real para o leitor conseguindo que nós tomassemos as suas dúvidas, angústias e dores. Rachel, Megan e Anna, as personagens femininas, tomam conta da acção deste livro e a trama gira em volta delas.

Sobretudo Rachel. Uma personagem muito bem construída, com problemas alcoólicos que a levam a confundir sonho e realidade, com "apagões" derivados do seu estado de embriaguês. A sua angústia ao aperceber-se que não se recorda de momentos vividos, que poderia ser a autora de agressões de que não se lembra, as suas tentativas para se manter sóbria e afastada da bebida, de tentar viver uma vida aparentemente normal, tornam esta personagem muito real e verosímil.

O desaparecimento de uma delas vem despoletar uma série de momentos intensos, de mistério e suspense, o que me levou a uma leitura rápida e compulsiva. Não posso deixar de agradecer à Topseller o facto de me ter enviado este exemplar de avanço já que o livro só sai a 8 de Junho.

Terminado em 22 de Maio de 2015

Estrelas: 5*

Sinopse

O livro que vai mudar para sempre o modo como vemos a vida dos outros.
Todos os dias, Rachel apanha o comboio... No caminho para o trabalho, ela observa sempre as mesmas casas durante a sua viagem. Numa das casas ela observa sempre o mesmo casal, ao qual ela atribui nomes e vidas imaginárias. Aos olhos de Rachel, o casal tem uma vida perfeita, quase igual à que ela perdeu recentemente.
Até que um dia...
Rachel assiste a algo errado com o casal... É uma imagem rápida, mas suficiente para a deixar perturbada.
Não querendo guardar segredo do que viu, Rachel fala com a polícia. A partir daqui, ela torna-se parte integrante de uma sucessão vertiginosa de acontecimentos, afetando as vidas de todos os envolvidos.

terça-feira, 26 de maio de 2015

A Convidada Escolhe: Rainhas de Portugal

Rainhas de Portugal de Francisco da Fonseca Benevides, livro histórico onde prima a investigação rigorosa, é sem dúvida uma visitação a toda a história de Portugal desde a fundação do Condado Portucalense até D. Maria Pia de Saboia, mulher de D. Luís I. Esta obra foi publicada originalmente entre 1878 e 1879, estando o original disponível na Biblioteca nacional de Portugal.
Neste trabalho o autor apresenta, cronologicamente, ao leitor, todas as rainhas de Portugal contextualizadas na época em que viveram.
São revelados e apreciados com detalhe os aspetos relativos à importância e relevância das suas obrigações e deveres, às suas influências mais ou menos ligadas à governação, bem como a sua relação com os reis seus maridos, com o país, com o clero, com a nobreza e com o povo. Portugal teve 41 rainhas, das quais apenas duas, D. Maria I e D. Maria II, "foram reinantes", enquanto as outras foram "rainhas consortes".
São com minúcia abordados, neste livro, os pormenores das tradições, dos usos e costumes das cortes dos diversos reinados, as leis, os seus protocolos e modas, as guerras, a reconquista, a expansão, os sucessos e os fracassos sempre fazendo ligação às rainhas que ajudaram na consolidação de Portugal como nação e que muitas vezes exerceram bastante influência na resolução de graves problemas que assolaram o país.
Nesta nova edição (2011), foi optado fixar o texto fazendo uso da gramática atual e recomendo para quem gosta de história rigorosa e ao pormenor.

Da sinopse: " ……..O historiador pesquisou e compilou documentos, pistas arqueológicas e depoimentos, realizando a mais vasta e completa investigação nesta temática - ainda não superada nos dias de hoje - obtendo uma visão de conjunto abrangente.……"

Maria Fernanda Pinto

segunda-feira, 25 de maio de 2015

"O Meteorologista" de Olivier Rolin

Existem pessoas que, através dos seus feitos, ficam conhecidas na História. Muitas, infelizmente, não pelos melhores motivos. Estaline foi uma delas. Outras há que passam despercebidas. Quantos feitos heroicos terão realizado sem que ninguém se tenha apercebido? Quantas acções terão sido abafadas porque ninguém soube o que se passou?

Este livro, um misto de romance e ensaio, fala-nos disso. De um homem que hoje quase ninguém conhece e que até só queria viver uma vida dedicada à família (mulher e filha de quatro anos) e ao conhecimento. Alexei Feodossevitch Vangengheim, o meteorologista, acreditava no "socialismo" e nos ideais do partido. Foi nomeado para a direcção do Serviço Hidrometeorológico Unificado da URSS. Membro do Partido, burguês comunista, é um fiel seguidor da sua ideologia. Acreditava que sendo competente servia o seu Partido e o povo.

A 8 de Janeiro de 1934, Varvara Kurgusova, sua segunda mulher, espera em vão à porta do teatro Bolshoi. Alexei é preso. Sem se dar conta o círculo foi-se fechando à sua volta. As prisões sucedem-se em catadupa. O terror estalinista envolve tudo e todos. Ninguém fica a salvo. Quem hoje prende, amanhã é preso.

Mesmo depois de ter sido injustamente acusado de conspirador, acreditava que o erro seria desvendado em breve. Mas os dias foram passando, levado que foi à força para as Ilhas Solavki, onde permaneceu por alguns anos. Pelas cartas apercebemo-nos que Alexei nunca perdeu realmente a fé no reconhecimento da sua inocência mas podemos questionarmo-nos até que ponto isso seria verdade...

Alexei não mais voltará. Não se apercebe que o seu desfecho já estava decidido por mais que envie cartas aos membros do Partido explicando a sua inocência e pedido que o erro seja reconhecido. Escreve também à sua esposa e envia desehos para a sua filha Eleonora de quatro anos, com o intuito de a ensinar e para que ela não o esqueça. São desenhos de herbários geométricos e aritméticos, de animais e bagas, de adivinhas que sua filha guardou ciosamente e que ilustram as últimas páginas deste livro. Lindos e cheios de pormenores.

São partes dessas cartas que se encontram neste livro e alguns dos desenhos também. É parte da vida de um inocente que aqui se retrata que vale a pena ler. Um dos muitos de que a História não faz juz.

 Aconselho.

Terminado em 18 de Junho de 2015

Estrelas: 5*

Sinopse

A sua ocupação eram as nuvens. Sobre a imensa extensão da URSS, os aviões tinham necessidade das suas previsões para aterrar, os navios para abrir caminho através dos gelos, os tratores para lavrar as terras negras. Na conquista do espaço que se iniciava, os seus instrumentos sondavam a estratosfera, ele sonhava domesticar a energia dos ventos e do sol, acreditava «construir o socialismo», até ao dia de 1934 em que foi detido como «sabotador». A partir desse momento a sua vida, a de uma vítima por entre os milhões de outras do terror estalinista, foi uma descida aos infernos.
Durante os anos no campo de concentração, e até à véspera da sua morte atroz, ele enviava à pequena filha Eleonora desenhos, herbários, adivinhas. É a descoberta dessa correspondência destinada a uma criança, que ele não mais voltaria a ver, que me levou a investigar sobre o destino de Alexei Feodossevitch Vangengheim, o meteorologista. Mas também a convicção de que estas histórias de um outro tempo, de um outro país, não são tão longínquas como poderíamos pensar: o triunfo mundial do capitalismo não se explica sem o fim terrível da esperança revolucionária.
Olivier Rolin

domingo, 24 de maio de 2015

Ao Domingo com... Inês Guerreiro Relvas

O meu nome é Inês Guerreiro Relvas, sou alentejana, engenheira civil, mãe e, mais recentemente, segundo consta também sou escritora, com um livro publicado chamado "Doidas, doidas, doidas andam as mamãs". Como é que surgiu este livro? Começou com o nascimento da minha filha. Quando ela nasceu comecei a contar as peripécias do meu dia-a-dia como mãe e engenheira na minha página do Facebook. O feedback dos amigos era positivo e isso dava-me cada vez mais confiança para continuar a escrever. Tenho péssima imaginação para escrever ficção mas uma facilidade muito grande para descrever situações banais da rotina duma forma divertida, modéstia à parte. Passados três anos apercebi-me de que já teria material para reunir num livro, tratei de fazê-lo e enviei para a Chiado Editora. Obtive luz verde da parte da editora mas o montante necessário para publicar era muito elevado. Decidi então fazer uma campanha de crowdfunding. Quando percebi que a campanha estava a correr bem lembrei-me de oferecer um eventual lucro resultante da mesma ao Movimento 1 euro, uma associação da qual sou sócia e que ajuda mensalmente a mais votada de três causas colocadas a votação no site da instituição. Com esta iniciativa a dedicação ao projecto ganhou outro ânimo, pois o objectivo passou a ser angariar o maior montante possível para doar, e no final do prazo consegui juntar 600€ que foram entregues à Mum's & Kids. 
Quando comecei a divulgar a minha intenção de publicar o livro, um amigo e ex-colega de curso teve uma ideia fantástica de criar uma música baseada na "Doidas, doidas, doidas andam as galinhas" mas com a letra adaptada às mamãs. Escrevi a letra, ele cantou e tocou e na altura fez um vídeo que partilhei no Facebook. Quando chegou a altura de apresentar o livro convidei o meu amigo para cantar e tocar ao vivo a canção "Doidas, doidas, doidas andam as mamãs", convite esse que ele aceitou, tendo acabado por dar um concerto para bebés e crianças que terminou com essa mesma música e a minha inesperada participação, no Cineteatro Grandolense.
Depois de tudo isto, que se passou durante a gravidez do meu segundo filho, passei à fase de divulgação do livro, propriamente dita. Contactei bibliotecas, livrarias, televisões, jornais... à conta desse esforço consegui algumas vitórias: fui entrevistada para a SIC, entrevista essa que pode ser vista aqui: http://youtu.be/3XJVHKNCTpw e o Professor Marcelo Rebelo de Sousa também já apresentou o meu livro na rubrica semanal (minuto 37 deste video http://www.tvi.iol.pt/programa/comentarios-marcelo-rebelo-de-sousa/4529/videos/128762/video/14273069/1 ).
E desenganem-se os que pensam que este é um livro só para mamãs! Conheço várias pessoas que já leram e gostaram muito e que não são pais nem mães. Este livro é quase um diário da minha vida durante os primeiros três anos como mãe e fala de tudo um pouco. Até as greves dos transportes têm direito a aparecer por lá! Tudo o que afectava a minha rotina aparece por lá. É um livro despretensioso, descontraído, divertido. Também já houve quem lesse e chorasse, mas de emoção. Confesso que há alturas em que os textos se tornam lamechas e depois quem lê, por vezes, pode acabar por emocionar-se. Contudo, a minha intenção é provocar gargalhadas, não choro!  
Quem tiver curiosidade em relação à minha escrita pode seguir a minha página de facebook www.facebook.com/doidasdoidasdoidas onde tenho continuado a escrever os meus desabafos e de onde, mais cedo ou mais tarde, há-de surgir o segundo volume do livro, certamente.
Resta-me agradecer esta oportunidade de divulgar o meu trabalho.
Muito obrigada!

Inês Guerreiro Relvas

sábado, 23 de maio de 2015

Na minha caixa de correio

  


Oferta da Topseller: À Morte Ninguém Escapa e a Dieta M
Oferta da Bizâncio: Que Esperam os Macacos
O meu muito obrigada a estas editoras!

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Convite Oficina do Livro


Novidade Planeta

MANDALAS E OUTROS DESENHOS DA SELVA PARA COLORIR
de Antonio F. Rodriguéz Esteban
Os mandalas ocupam um lugar especial nas representações iconográficas do budismo.
Um mandala é um sistema gráfico que contém um espaço mental sagrado, um diagrama cosmológico e energético capaz de purificar a mente e reconciliar as nossas energias dispersas.
Mandala é uma palavra do Sânscrito que significa círculo, roda e totalidade.
Neste livro encontrará uma série de mandalas e outros desenhos para colorir, concebidos especialmente para poder usufruir da serenidade e relaxamento proporcionados pelo focalizar a atenção numa actividade criativa. Colorir é uma terapia muito eficaz para combater a apatia, a tristeza
ou o stress. O facto de escolher a figura que vai pintar permite equilibrar a mente e recuperar a energia.
Atreva-se a explorar a dimensão de cor e atenção que lhe proporcionará uma sensação de serenidade incomparável.

Novidade Marcador

Arquipélago 

de Joel Neto 
No último paraíso do Planeta, a meio caminho entre o Velho e o Novo Mundo, as ventanias preparam a sua ofensiva. Ardem vulcões e terramotos, e é contra a morte que o povo dos Açores festeja, eufórico, como se em todo o caso o fim estivesse próximo. De regresso às ilhas após trinta e cinco anos de ausência, José Artur Drumonde colecciona afectos e perplexidades.
Há Elias Mão-de-Ferro, um velho endurecido pela vida no mato e pela culpa. Há Maria Rosa, uma pequena maria-rapaz, loira como só aos oito anos, conhecedora das raças de vaca e da natureza humana. Há Cabrinha, taberneiro e manipulador da consciência coletiva; há La Salete, a sua filha cozinheira e sábia; há Luísa Bretão, mulher de beleza e silêncios, a quem o regressado demorará tempo de mais a declarar-se.
A sua viagem não é a de um vencedor. Com a carreira na universidade onde ensina em risco, José Artur voltou em busca de vestígios da Atlântida, a utopia há tanto procurada por arqueólogos e historiadores, e provavelmente também da memória de José Guilherme, o avô de cuja vida de adulto a sua própria existência fora, décadas antes, uma reprodução em ponto pequeno.
A terra não treme sob os seus pés: nem o maior o terramoto o seu corpo será capaz detectar, no que constituirá o mais evidente sinal da incompletude da sua pessoa. Na autenticidade da vida do campo, na repetição dos gestos dos seus antepassados – aí se encontrará, talvez, a redenção.
Mas as entranhas da velha casa familiar escondem um segredo: os ossos de Elisabete, a criança desprovida de um braço e dotada de força sobre-humana cujo desaparecimento, quase quarenta anos antes, coincidira com o fim da sua própria infância.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

A Escolha do Jorge: Somos Todos Assassinos

O francês Jean Meckert (1910-1995) foi publicado pela primeira vez em Portugal, em 2013, com o pequeno livro "Abismo e Outros Contos" através da Antígona. Trata-se de um pequeno livro que provoca no leitor momentos de inquietação assim como o desejo de ler outras obras do escritor.
"Golpes", o primeiro romance do escritor, chegou-nos no início deste ano como um bom augúrio do panorama editorial, apresentando-se como uma obra de referência para todos aqueles que lutam contra certo tipo de regras e convenções criadas pela sociedade que tantas vezes não consegue resolver os problemas e situações que ela própria cria (que todos, em conjunto, criamos). http://otempoentreosmeuslivros.blogspot.pt/2015/02/a-escolha-do-jorge-golpes.html
"Somos Todos Assassinos" é a terceira aposta da Antígona dando assim continuidade à divulgação da obra de Jean Meckert que, a convite de Gaston Gallimard, em 1952, escreve este romance alusivo à pena de morte em França abolida somente em 1981.
O cenário de "Somos Todos Assassinos" é a cela de uma prisão onde estão condenados à morte três prisioneiros, todos eles por crimes por homicídio. Ao longo do romance vão sendo desfiadas as várias histórias e circunstâncias que estiveram por trás de cada um dos crimes/assassinatos cometidos e que serão "pagos" numa qualquer madrugada que chega sem aviso prévio.
Os personagens centrais da obra vivem assim os dias na ilusão de verem respondidos positivamente os seus pedidos de clemência por parte do Presidente da República cujo ato nunca acontece, cumprindo-se, neste sentido, a justiça na verdadeira aceção da palavra. O acordar a cada manhã ilude os prisioneiros com uma nova esperança de que afinal ainda há solução face à atual situação de calabouço, mas é com a chegada da noite que chegam as incertezas face à possibilidade de viver um novo dia perante a chegada iminente dos carrascos que prepararão o tão aguardado dia como forma de cumprimento de uma justiça maior.
Uma vez mais, Jean Meckert não poupa nada nem ninguém aos seus juízos de livre pensador. Para quem já leu outra(s) obra(s) do escritor tem a perceção de se tratar de um indivíduo que não está preso a regras e convenções, bem pelo contrário. Os espíritos livres não se apegam a grilhões que condicionam a sua liberdade! Nas suas obras não há espaço para imposições seja de que natureza for, a não ser a da boa convivência entre os homens capaz de gerar, por si só, a harmonia entre as pessoas. Pura utopia, é certo, mas Jean Meckert apresenta-nos nas suas obras homens e mulheres, jovens e até crianças que vivem no limiar da pobreza, lidando com a rejeição permanente da sociedade que determinou, em primeira instância, as regras, e afinal não conseguiu integrar estes mesmos indivíduos conseguindo, de alguma forma, a sua reorientação no que respeita a determinar o sentido da vida que a tão portentosa sociedade estabeleceu.
Ler "Somos Todos Assassinos" mais de meio século depois da sua publicação deixa-nos não só inquietos como já foi referido acima, mas igualmente conscientes de que a sociedade pouco evoluiu em matéria de mentalidade durante este período.
Atentemos, pois, em René, um dos prisioneiros condenados à morte. René faz parte de uma família desestruturada, sem pai, mãe alcoólica, irmã prostituta e irmão que se encontra numa família de acolhimento e que se aproveita do facto de ter mais um elemento, explorando-o ao máximo, sendo tratado como os animais que tem à sua guarda, não indo por isso mesmo à escola e nem tão-pouco sente essa necessidade porque não lhe é permitida essa consciência.
Este conjunto de histórias não é de forma alguma assim tão diferente de tantas outras histórias que ouvimos na comunicação social. As histórias que nos chocam são precisamente as histórias que chocaram Jean Meckert há mais de meio século e passado todo este tempo, as agressões físicas e psicológicas a crianças e jovens continuam a estar na ordem do dia.
O jogo de "colocarmo-nos no lugar do outro" é um recurso frequente nas obras de Jean Meckert na medida em que o leitor é levado a "deambular" no perverso jogo do inconformismo atroz criado, afinal, por todos os seus "jogadores", vulgo, elementos da sociedade. Assim, se por um lado é lícito questionarmos e pormos em causa a integração daqueles que não se ajustam às suas regras, por outro lado, é igualmente lícito o inconformismo dos desfavorecidos que nunca ou raramente tiveram oportunidade de seguir um rumo de liberdade tendo em vista uma vida minimamente decente capaz de satisfazer as suas necessidades mais elementares.
Podemos então questionar onde está a justiça sobretudo quando o próprio capelão na tentativa de reconciliar os condenados perante Deus afirma "Somos todos assassinos" na sequência de o seu interlocutor ter afirmado "Não acredito na confissão feita no terror (…). Mas recusar a um indivíduo a oportunidade de se arrepender ou de se emendar, a isso chamo eu um crime!" (pp. 107-108) O condenado remata ainda: "Se Ele sabe tudo (…), porque é que nos deixa na merda? Daqui não saio, senhor padre. Se Deus sabe tudo, as misérias, as guerras e tudo isso, então Ele é mais assassino nojento do que nós todos! E ainda por cima perverso, a querer-nos julgar!" (p. 109)
Jean Meckert atiça-nos completamente face aos grilhões da injustiça com a sua ironia, humor e argúcia. É o seu inconformismo que nos deixa inconformados na mesma medida. O jogo de papéis e de imagens chega a ser de uma nitidez fotográfica que atinge um dos momentos altos na descrição do ritual de preparação do condenado rumo ao cadafalso. É simultaneamente arrepiante e doloroso as descrições de Jean Meckert capazes de nos transportar para o local até mais do que num filme!
"Somos Todos Assassinos" levanta inúmeras questões sobre a pena de morte sobretudo aquela que é a pior de todas, capaz de alterar a cadência da linguagem. A dúvida. A dúvida que faz toda a diferença. E se…? E se, afinal, o condenado à morte está isento de culpa? Quem assume a culpa do inocente em nome de uma justiça que afinal se revelou injusta? Quem assumirá essa culpa? Perante casos irremediáveis como este, que nos sirvam ao menos de consolo as palavras do capelão: "Ninguém é um caso perdido. (…) Tu és imortal e insubstituível. Quando chegares ao dia do Juízo Final, Nosso Senhor verá a sinceridade do teu arrependimento, pois cada um de nós será avaliado e julgado segundo as suas obras e a pureza do seu coração." (p. 108)
Jean Meckert é, desta forma, um escritor que abana e arrasa as consciências tornando a literatura num espaço de reflexão sobre o modo de organização da sociedade em que vivemos. Em jeito de conclusão, o autor afirma "A sociedade exigia menos a inocência do que a submissão. Era a sua natureza." (p. 205)

Texto da autoria de Jorge Navarro

terça-feira, 19 de maio de 2015

Resultado do Passatempo Quinta Essência

Com 352 participações chegámos ao fim de mais um passatempo aqui no blogue. O vencedor irá receber, como prometido, o novo livro da Jude Deveraux, Amor Verdadeiro, gentilmente cedido pela editora Quinta Essência.

E o Sr. Random escolheu o número 196 que pertence a:


- Alice Domingues de Lisboa.


Boa leitura e muitos parabéns!

segunda-feira, 18 de maio de 2015

"Tempo de Partir" de Jodi Picoult

Ler Jodi Picoult é sempre um valor seguro. Sei que vou gostar. E foi com essa certeza que peguei neste livro e com satisfação folheei avidamente as suas páginas.

Para além da história, que prende rapidamente como tão bem esta autora sabe fazer, é também um universo desconhecido que se abre para que aprendamos sempre algo mais. Desta feita, a informação sobre os elefantes, seus hábitos e modos de vida, é tão pormenorizada que ficamos ricamente surpreendidos com a pesquisa feita e com os conhecimentos que apreendemos sobre esses animais.

O enredo puxa por nós, queremos adivinhar o momento seguinte como se fosse fácil entrar dentro de Jodi Picoult! Mas, não estamos preparados para a reviravolta que se dá a poucas páginas do final. De todo! Estava eu lutando contra o sono, pensando que mais meia hora bastaria para terminar o livro, quando algo mudou repentinamente. Nem queria acreditar, voltei a trás e li as páginas de novo, já desperta para a alteração brutal que se me deparava! Por mais que se preparem para isso, posso-vos garantir que não conseguirão adivinhar o final. Nem um pouquinho só!

São muitas as razões que fazem desta escritora uma das minhas prediletas mas a imprevisibilidade dos seus enredos é, sem dúvida alguma, a primeira delas. Recomendo vivamente!

Para mais informações veja Editorial Presença aqui!

Terminado em de Maio de 2015

Estrelas: 5*

Sinopse

Durante mais de uma década, Jenna Metcalf não deixa de pensar na sua mãe, Alice, que desapareceu em misteriosas circunstâncias na sequência de um trágico acidente. A criança que era então não conservou lembranças dos acontecimentos, mas Jenna recusa-se a acreditar que a mãe a tivesse abandonado e relê constantemente os diários que ela escrevia com as observações da sua pesquisa sobre elefantes, tentando encontrar uma pista oculta.
Desesperada por obter respostas, Jenna contrata dois improváveis ajudantes, uma médium famosa por encontrar pessoas desaparecidas e um detetive que já tinha estado envolvido na investigação do desaparecimento de Alice, e parte determinada a descobrir a verdade.

domingo, 17 de maio de 2015

Ao Domingo com... Luís Corredoura

Gentilmente, pediram-me para falar de mim... Bom, isso é sempre complicado. Descrever-me soa-me deveras a um auto-elogio, algo que me é estranho, apesar de não padecer de grandes complexos quando há que dizer algo sobre a minha pessoa, não obstante ser um pouco comedido em palavras nesse aspecto, quer seja para apontar virtudes - poucas -, quer seja para denunciar defeitos - demasiado obscenos para aqui serem descritos!... -. Quando nos expomos livremente, há sempre que ter em atenção a ténue barreira que separa o que pode soar a elogio do que semelha ser uma crítica - negativa, claro!, visto demasiada humildade ser vaidade, assim diziam os antigos... -. Perante tudo isto, opto por falar daquilo que faço, melhor dizendo, de parte do que faço, disso que fez com que estas linhas fossem escritas...
O que é escrever? Um processo expiatório e, concomitantemente, de libertação? Sim, é-me isso, mas também mais. Escrever, para mim, acaba por ser uma necessidade fisiológica tão premente quanto respirar e comer, apesar de ter consciência que isto soa a exagero. No entanto, é tão-só o que sucede. Escrevo para exorcizar os meus demónios, do mesmo modo que escrevo porque necessito constantemente de despejar o acervo acumulado no interior da minha cabeça. E quão mais fácil tudo seria se esta dispusesse de um terminal USB onde pudesse ligar um cabo directamente a uma impressora!... Seria? Sim, seria, mas o gozo da escrita perder-se-ia porque escrever - assim o sinto - é como desbastar um bloco de pedra para o transformar numa escultura. Digo isto de um modo metaforicamente real, visto ter nascido e crescido no seio de grandes pedreiras e de fábricas transformadoras de pedra, daquela pedra com que toda a Lisboa foi refeita após o terramoto, a mesma pedra que permitiu que o sonho de D. João V se consubstanciasse, dando origem ao colossal Palácio-Convento de Mafra - basta recordar o que Saramago escreveu no seu "Memorial do Convento" -, o material que sustem o Aqueduto das Águas-Livres...
Nasci em Pêro Pinheiro, uma pequena vila que nada tem de excepcional para além das fábricas e pedreiras que, devido às vicissitudes dos tempos que correm, se encontram quase todas em sérias dificuldades, sendo que  muitas já encerraram definitivamente. Quando muito novo, ansiei ser pedreiro ou carpinteiro, vagueando por entre montanhas de pedras e de madeira, correndo e brincando num ambiente simultaneamente campestre, industrial e selvagem. Depois de várias marteladas e cortes profundos nos dedos das mãos, descobri que o melhor, afinal, seria enveredar por uma carreira de arquitecto  - é mais seguro empunhar um lápis que um martelo e um escopro!... - No entanto, sempre me fascinou a construção, pelo que jamais recuso um convite para "pôr a mão na massa", na verdadeira acepção do termo.
Entre riscos e rabiscos e leituras desenfreadas, desenhava também palavras, não sabendo, às tantas, se escrevia desenhos, se debuxava frases. Desde então, têm seguido em paralelo estas minhas duas facetas até ao presente. E tanto é que não consigo deixar de designar os meus manuscritos como "projectos literários"... Um paradoxo face a um projecto de Arquitectura propriamente dito, pois este só deixa de o ser quando é construído, quando passa do papel e se ergue em betão, cimento e tijolos, enquanto um "projecto literário" somente se torna palpável quando surge no papel de um exemplar que fique disponível para o público.
... e foi assim, sem que houvesse qualquer memória de arquitectos no seio familiar - havia e há, como seria de esperar, tradição de labuta no lioz, uma rocha única no mundo, a tal com que o marquês do Pombal mandou reerguer a capital dos escombros -, que me licenciei em Arquitectura enquanto vivia/vivo obcecado pela História. Quiçá devido a isso, acabei por aprofundar os estudos, especializando-me em Recuperação do Património Arquitectónico e Paisagístico, ingenuamente crendo desde há muito que o futuro da Arquitectura em Portugal reside na reabilitação, situação que até ao momento, infelizmente, ainda não se concretizou, independentemente de esta área ser um filão inesgotável em termos de trabalho - pelo menos, para as próximas gerações - dado o estado em que chegaram muitos dos nossos centros históricos e monumentos.

Como arquitecto, tenho também noção que a minha formação profissional desempenha um papel nada despiciendo na escrita, visto "facilitar-me a vida" quando tenho que "olhar" um território, quando há que descrever um cenário, quando há que inventar um país. O mesmo sucede com os pequenos escritos em jeito de poema que amiúde faço. São para mim como exercícios matemáticos, onde me exercito à procura das palavras, dos seus sinónimos, antónimos e de figuras de estilo que agilizam o meu expressar quando me embrenho por veredas mais longas e misteriosas, como são as que percorremos quando estamos envolvidos num "projecto literário" de fundo.
Mas, falando de livros... Sim, escrevo porque preciso de colocar no papel o que vou imaginando, sonhando e pensando sobre situações que, em muitos dos casos, não sucederam, mas que... mas que podiam ter acontecido. É o designado género "what if", conforme os anglo-saxões o designam e que, por vezes, acaba por entrar no mundo do fantástico. Tal passou-se com os meus livros entretanto editados, "Nome de Código Portograal" e "Lusitano Fado" - ambos p'la Editora Marcador -, assim como com vários outros encerrados num esconso e que aguardam "a luz do dia". Tentei reinventar a História tendo por base factos concretos, tendo como substracto as intermináveis horas que sempre dediquei à leitura. Não vou dizer que fui bem sucedido, não. Isso compete a quem me lê. Mas posso adiantar que me deu um gozo imenso recuar oitenta anos e reescrever a História em "Nome de Código Portograal" ou voltar a 1974 e reinventar partes do processo que esteve na origem da mudança de regime, como se passa, entre outras coisas, em "Lusitano Fado".
Se calhar, sou isso mesmo, um reinventor do passado..., sim, resumidamente, sou alguém que recria cenários para se sentir como verdadeira testemunha de factos que, afinal, nunca podia ter vivido. Oh, e como gostaria de lá ter estado!...

Luís Corredoura

sábado, 16 de maio de 2015

Na minha caixa de correio

 


Oferta da Topseller, A Rapariga do Comboio, que vai ser a minha próxima leitura. Este livro estará à venda a 8 Junho deste ano e a editora enviou um exemplar de avanço (com uma capa ligeiramente diferente).
Gentilmente ofertado pelo escritor Nuno Nepumoceno, chegou O Espião Português, o primeiro livro de uma trilogia. Assim já posso pegar nele e depois na Espia do Oriente, o volume II.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

A Escolha do Jorge: O Meteorologista

Olivier Rolin (n. 1947) apresenta-nos no seu mais recente livro "O Meteorologista" que poderá ser lido num misto de romance histórico e ensaio. Partindo de dados verídicos sobre Alexei Feodossevitch Vangengheim (1881-1937), o escritor francês começa por relatar-nos como surgiu o desejo de investigar sobre a vida e destino daquele que foi o primeiro director do Serviço Hidrometeorológico da URSS, em 1929, passando pela sua detenção, em 1934, altura em que é deportado para um Gulag numa das ilhas do arquipélago Solovki, no Mar Branco, até ao seu desaparecimento, em 1937.
É precisamente em 2010 na sequência da visita de Olivier Rolin ao arquipélago Solovki que o escritor trava conhecimento com Antonina Sotchina que lhe deu a conhecer um álbum com a reprodução das cartas que o meteorologista Alexei Feodossevitch enviava à sua filha Eleonora juntamente com desenhos de grande qualidade (que vêm no final deste livro) feitos durante o tempo em que permaneceu no gulag. "Havia herbários, desenhos feitos com traço firme, ingénuo e claro, coloridos com lápis ou aguarela. Via-se uma aurora boreal, gelo marinho, uma raposa preta, uma galinha, uma melancia, um samovar, um avião, barcos, um gato, uma mosca, uma vela, pássaros… Através das plantas, o pai ensinava à filha os rudimentos da aritmética e da geometria. Os lóbulos de uma folha figuravam os números elementares, a sua forma, a simetria e a dissimetria, uma pinha ilustrava a espiral." (p. 16)
É desta forma que os dados estão lançados para o nascimento de um livro que embarca no encalço de um homem que foi vítima da loucura estalinista à semelhança de vários milhões de russos que sucumbiram ante o terror que se instalou na URSS durante a década de 30 do século passado.
Deste modo, "O Meteorologista" não só tenta fazer justiça face a um período negro da História da ex-URSS que vitimou milhões de concidadãos, repondo a verdade, neste caso em concreto, sobre a inocência de Alexei Feodossevitch que se vem a comprovar, sendo igualmente uma forma de, uma vez mais, compreendermos que os assassinatos em massa na URSS durante o período estalinista tiveram, afinal de contas, um peso semelhante ao número de vítimas de judeus durante a 2ª Guerra Mundial ainda que, ainda hoje, o impacto seja substancialmente menor, (in)compreensivelmente, como se o valor da vida humana tivesse um peso e medida diferentes mediante a região do globo onde se perpetraram tamanhos atos de loucura assassina.
Impossível não ficar preso a este livro com a leitura das primeiras linhas em que Olivier Rolin nos apresenta um Alexei Feodossevitch completamente apaixonado pela natureza e pela necessidade de a compreender através de forma científica. "A sua ocupação eram as nuvens. As longas penas de gelo dos cirros, as torres florescentes dos cumulonimbus, os trapos esfarrapados dos estratos, os estratocúmlos que encarquilham o céu como as pequenas ondas da maré a areia da praia, os alto-estratos que se tornam véus do Sol, todas as grandes formas que andam à deriva orladas de luz, os gigantes de algodão donde caem chuva e neve e trovoada." (p.11)
O contributo de Alexei Feodossevitch conduziu, a partir de 1930, à institucionalização do boletim meteorológico com vista ao desenvolvimento da economia da URSS assente na agricultura que, segundo o autor, visava a "construção do socialismo e, mais precisamente, da agricultura socialista". (p. 27) "A parte que lhe cabia na construção do socialismo era essa: ajudar o proletariado revolucionário a dominar as forças da Natureza." (p. 42)
À medida que Alexei Feodossevitch Vangengheim vai fazendo carreira como meteorologista e face aos cargos relevantes que vai desempenhando ao serviço da consolidação do socialismo, é provável, segundo o autor, que as suspeitas da polícia política tenham aumentado enquanto o terror estalinista alastrava, não poupando ninguém, nem mesmo aqueles ligados às altas esferas do Partido que acabaram também por ser eliminados, sempre que necessário.
É neste contexto que Alexei Feodossevitch é preso em 1933 no seguimento de uma denúncia que comprovava a existência de uma organização contrarrevolucionária afeta ao Serviço Hidrometeorológico que tinha como objetivo criar "previsões conscientemente falsas, no intuito de prejudicar a agricultura socialista, e a desorganização ou destruição da rede das estações, nomeadamente aquelas cujo objetivo era combater as estiagens (…)." (p. 57)
Alexei Feodossevitch não vê alternativa senão em confessar aquilo que não é verdade, perante situações concretas de espancamento, humilhações e ameaças à família durante os interrogatórios.
Assim, entre 1934 e 1937, Alexei Feodossevitch encontra-se num Gulag, numa das ilhas do arquipélago Solovki, para onde foi deportado. Durante o período em que está preso, Alexei Feodossevitch refere várias vezes, nas cartas dirigidas à sua esposa, frases como "(…) Escrevi ao camarada Estaline que não perdi e que nunca perderei a confiança no Partido" (p. 68) ou "A minha confiança no poder soviético não está de modo algum abalada" (p. 81), o que segundo o autor, Alexei Feodossevitch Vangengheim "continua a ser um bom militante comunista, um bom soviético empanturrado de ideologia, o destino que o espera, e que não será o único a conhecer, não parece abalar as suas convicções. (pp. 84-85).
Durante este período, para além das tarefas diárias a que Alexei Feodossevitch está sujeito, também se dedica a desenhar para a filha como já foi dito no início do texto, a ler e a observar a natureza à sua volta e sempre com um olhar científico, fazendo jus à sua profissão de meteorologista, acompanhando, deste modo, a cadência das duas únicas estações do ano, o inverno e o verão, naquela ilha das Solovki.
Alexei Feodossevitch acaba por "desaparecer" no contexto do período que ficou conhecido por "Grande Terror" (1937-1938) em que o estado soviético, sob as orientações de Estaline, perseguiu milhões de concidadãos, cumprindo, deste modo, as quotas de assassinatos por região e república da URSS.
Face ao desejo de se fazer justiça, assim como de se repor a verdade em torno do meteorologista, Olivier Rolin investiga ao máximo tudo o que tem que ver com este indivíduo, articulando-se com alguns elementos do Memorial, uma espécie de associação ligada às vítimas do terror estalinista.
Em "O Meteorologista", Olivier Rolin capta a atenção do leitor para esta história apaixonante e que, através dela, confirmamos, uma vez mais, o quão longe foi o estalinismo.






terça-feira, 12 de maio de 2015

"Todos os Pássaros do Céu" de Evie Wyld

Gosto de, mal acabo de ler um livro, colocar no papel aquilo que ele me fez sentir. A quente! As palavras saem mais fluidamente, quase sem precisar de as mastigar. Às vezes até se atabalhoam umas às outras! Mas nem sempre isso é possível e quanto mais dias passam mais se torna difícil falar dele, sobretudo porque outra leitura já domina o meu pensar...E, no entanto, isso não significa que não tenha gostado do que li.

Os capítulos desta obra são escritos na primeira pessoa mas, no princípio, a ideia com que fiquei foi que existiam dois narradores diferentes, duas histórias paralelas. Depois fui-me apercebendo que se tratava do mesmo narrador, Jake Whyte, mas em espaços temporais diferentes. Gostei bastante dessa forma de narrar que induz o leitor por certos caminhos que, mais tarde, se revelam falsos...

É um livro forte, uma história com momentos pesados, marcantes e que gira à volta de um acontecimento passado na vida de Jake que a marcou fisicamente nas costas. As suas cicatrizes são a prova que algo de muito feio se passou na sua vida e que a levou a tentar levar uma vida isolada. E mais uma vez o nosso pensamento se inclina para algo, para uma explicação que não corresponde à verdade. Este "baralhar" com que esta autora nos brinda a todo o instante deu a esta história um suspense todo especial que muito me agradou.

E mais não digo. Leiam! Vão gostar!

Terminado em maio de 2015

Estrelas: 5*

Sinopse

Jake Whyte é a única habitante de uma velha quinta localizada numa ilha britânica, um lugar fustigado por chuvas infindáveis e ventos cortantes onde vive sozinha com o seu desobediente cão, Dog, e um rebanho de ovelhas. Foi assim que Jake escolheu viver. Mas algo anda a atacar as ovelhas - aparece certas noites, apanha um dos animais e deixa-o completamente desfeito.
Pode ser qualquer coisa. Há raposas nos bosques, um rapaz e um homem estranhos, rumores da existência de um ser obscuro e terrível. E há ainda o passado desconhecido de Jake, imiscuindo-se no presente, uma história deixada a muitos quilómetros e anos de distância, numa paisagem de cores e sons diferentes, uma história inscrita nas cicatrizes que lhe marcam as costas.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Passatempo: A Espia do Oriente

O tempo entre os meus livros tem para sortear, aos seguidores do blogue, um exemplar do último livro do escritor Nuno Nepomuceno, A Espia do Oriente.

Para concorrer basta seguir as regras habituais.

O passatempo termina a 20 de Maio.

Boa sorte a todos e um muito obrigada ao autor por esta gentil oferta!

sábado, 9 de maio de 2015

Na minha caixa de correio

  

  



Chegaram cá a casa, gentilmente ofertados pelas editoras:
O Metereologista da Porto Editora,
Estamos Todos Fora de Nós do Clube do Autor.
Também oferecido pelo autor, A Espia do Oriente de Nuno Nepomuceno.
Ganhos do JN vieram A Última Carta de Carlota Joaquina e Para Que Não Te Percas no Bairro.
Na loja Cash Converters que habitualmente visito, comprei Deslumbra-me 
e As Meninas Proibidas de Cabul.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Novidade TopSeller

A Rapariga no Comboio

de Paula Hawkins
Todos os dias, Rachel apanha o comboio... No caminho para o trabalho, ela observa sempre as mesmas casas durante a sua viagem. Numa das casas ela observa sempre o mesmo casal, ao qual ela atribui nomes e vidas imaginárias. Aos olhos de Rachel, o casal tem uma vida perfeita, quase igual à que ela perdeu recentemente.

Até que um dia... 

Rachel assiste a algo errado com o casal... É uma imagem rápida, mas suficiente para a deixar perturbada. 

Não querendo guardar segredo do que viu, Rachel fala com a polícia. A partir daqui, ela torna-se parte integrante de uma sucessão vertiginosa de acontecimentos, afetando as vidas de todos os envolvidos.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

A Escolha do Jorge: A Hora das Sombras

De vez em quando gosto de me aventurar em policiais, preferencialmente nórdicos, tendo escolhido "A Hora das Sombras" do sueco Johan Theorin (Gotemburgo, 1963) para leitura do último fim-de-semana em registo mais descontraído.
A surpresa foi imensa na medida em que este livro é mais do que um tradicional livro policial. Além da trama em torno do desaparecimento de Jens, um menino de 6 anos, em 1972, que nos prende desde o início até ao fim, relata-nos também as transformações que ocorreram na ilha de Öland, na Suécia, em mais de um quarto de século, refletindo as transformações socioeconómicas verificadas no país durante aquele período, assim como a descoberta da ilha pelos residentes de Estocolmo como destino turístico sendo, pois, um local ideal para construir uma casa de veraneio.
Por outro lado, as descrições sobre o meio ambiente, assim como as preocupações ambientais constituem em certa medida um ponto de destaque nesta obra que nos leva a navegar muito calma e tranquilamente ao longo da narrativa.
O livro incute um ritmo próprio, ao sabor do mar e calma que a ilha transmite sobretudo no início do outono quando já todos os veraneantes partiram rumo às cidades e ao seu quotidiano.
Acrescente-se ainda que em "A Hora das Sombras", a vida e a morte constituem duas faces da mesma moeda na medida em que os idosos que tanto procuram Öland para gozarem a sua aposentação com qualidade de vida, são também alguns dos personagens principais do livro e sempre com a ideia de que o fim chegará invariavelmente, mais tarde ou mais cedo. É perante essa consciência de finitude que nos deixa melancólicos em certa medida com a leitura deste livro.
"A Hora das Sombras" é, pois, um policial muito diferente daquilo a que nos habituámos quando lemos este género de livros.
O escritor estabelece um ritmo natural, tão natural como a vida no seu dia-a-dia, tornando "A Hora das Sombras" numa história mais verosímil do que as que tantas vezes lemos noutros livros do género, pois aqui nada é vertiginoso, nada decorre em permanente sobressalto. Também nos inquieta, também nos fascina, mas é graças à tranquilidade e melancolia que o autor nos prende ao longo de toda a narrativa.
Excertos:
"Nils apercebe-se que Öland mudou muito desde o tempo da sua juventude. Há mais matagal e árvores na ilha, e a estrada estreita de gravilha que levava a Borgholm transformou-se numa estrada nacional alcatroada, tão plana e reta como a ponte. A linha de comboio que atravessava a ilha de norte a sul deve ter fechado, pois Nils não vê carris na charneca. A fileira de moinhos que se erguia junto à praia para aproveitar o vento do estreito também desaparecera; restam apenas uns quantos.
Parece haver menos pessoas na ilha, embora haja muitas casas novas junto à costa. Nils aponta para elas com a cabeça.
- Quem vive nestas casas? - pergunta.
- Os veraneantes - responde Fritiof, lacónico. - Ganham a vida em Estocolmo e compram casa em Öland. Atravessam a ponte de carro e passam as férias ao sol, depois voltam rapidamente para casa para ganhar mais dinheiro. Não querem ficar aqui no inverno... é demasiado frio e triste.
Por um lado, até os compreende." (pp. 320-321)
"- Stenvik é muito bonito, não é? - disse Ljunger. - Camo e aprazível, com a pedreira fechada e as casas de campo vazias - esboçou um sorriso. - Aqui temos optado por outra via, claro... expandir-nos e apostar no turismo, no golfe e nas conferências. Acreditamos que é a única maneira de manter as aldeias da costa norte de Öland com vida.
Julia assentiu, não sem alguma hesitação.
- Parece que funciona - comentou." (p. 148)
"Só acho que é melhor contar as histórias no seu ritmo. Antigamente as pessoas davam tempo para narrar histórias, agora tem de ser tudo a correr." (p. 170)

Texto da autoria de Jorge Navarro

quarta-feira, 6 de maio de 2015

A Convidada Escolhe: Uma Outra Voz

UMA OUTRA VOZ de GABRIELA TRINDADE RUIVO é uma obra que tem por base alguns factos conhecidos da autora sobre a vivência de um tio-trisavô de sua avó materna, João José Mariano Serrão. Este personagem real, à volta do qual é tecida toda a trama ficcional, foi, na realidade, um republicano convicto, testemunha de momentos importantes da nossa história e que muito contribuiu para o desenvolvimento de Estremoz, inclusive a sua elevação a cidade, tendo sido o responsável pela proclamação da república na então vila alentejana, após o 5 de Outubro de 1910
Sendo solteiro dedicou-se a proporcionar o bem-estar de seus numerosos sobrinhos.
A história de três gerações, com cenários em Lisboa e África para além de Estremoz, que acompanha um século da história de Portugal, desde a monarquia, passando pelo movimento republicano bem como a ascensão do Estado Novo até ao pós 25 de abril, é apresentada ao leitor através de cinco vozes, cinco narradores, a começar pelo membro mais novo da família, sendo a última das vozes a crucial, a que vem desvendar muitos factos desconhecidos até então e dar complementaridade e unificação às histórias contadas pelas quatro vozes que a precederam.
As narrativas dos vários membros da família têm muita força, vão-se interligando, existindo uma grande história de amor neste romance de ficção.
O livro inclui uma árvore genealógica, um diário ficcionado dado que o original se perdeu, e fotos, dos anos 30, da estada em África de João José Mariano Serrão, aquando do surgimento do Estado Novo, curiosidades inovadoras que valorizam a obra.
É um livro com qualidade, entusiasmante e interessante, com bastante originalidade e de escrita agradável de que se vai gostando mais à medida que a leitura avança e cujas narrações finais não deixam de surpreender.

Maria Fernanda Pinto

terça-feira, 5 de maio de 2015

A Convidada Escolhe: Coração

Hoje resolvi fazer uma viagem no tempo e parei no Ciclo Preparatório, onde tínhamos uma pequena biblioteca de turma.
Nesse dia resolvi requisitar uma pequena pérola de Edmundo de Amicis, a qual dá pelo nome de "Coração".
Escrito há mais de um século, curiosamente foi adoptado como livro de leitura em quase todas as escolas de Itália, tendo por objectivo criar uma identidade cultural, para este país recentemente unificado.
Ao fim de algumas páginas, já estava irremediavelmente rendida ao enredo e às personagens.
A história narra a vida de uma turma de alunos da escola pública escrita em forma de diário, por um deles - o Henrique.
Com ele cruzam-se uma série de figuras oriundas de diferentes extractos sociais, que numa ternura imensa nos dão lições de vida e de valores humanos.
Da galeria das personagens ficaram-me os nomes de Deroso, Pedreirito, Nelli, Crosi, Precusa, Franti, Garrone e Garofi. Despertaram-me sorrisos, lágrimas e gargalhadas.
Mais tarde voltei a lê-lo e com o mesmo agrado, quando já fazia parte da minha biblioteca pessoal. Podem-me acusar de pieguice, estar desfasada, contudo eu teimosamente contraponho.
Numa linguagem romântica , Edmundo de Amicis dá-nos uma lição de ética, um belo testemunho dos princípios e dos valores, que 50 anos depois dariam corpo à Declaração Universal dos Direitos Humanos.
São atribuídos valores à amizade, ao carácter, às coisas conquistadas com esforço, à necessidade de aprender e saber, à família, à coragem, à injustiça e à brutalidade do trabalho infantil, que estão evidenciados nesta obra, ainda de que forma subtil.
Num tempo como este, "Coração" é seguramente uma leitura oportuna e indispensável, também para adultos.

Ana Mafalda Salvado

segunda-feira, 4 de maio de 2015

"O Estranho Caso de Vanessa M" de Filipa Fonseca Silva

Como se lê depressa este livro! Ele é a prova de como uma escrita fluída e muito agradável pode contribuir para uma leitura prazeirosa e rápida.

E gostei da história também. Muito. Fala-nos de tanta coisa do nosso dia-a-dia, daquilo que reconhecemos em nós e daquilo que reconhecemos nos outros à nossa volta. Da insatisfação que se instala quando o que fazemos profissionalmente não foi uma opção consciente nem é fruto do nosso gosto pessoal e quando se tomam decisões empurrados por pressões familiares. Muitos ficam-se pela insatisfação. A personagem desta história, não. Quer mudar. E sucedem-se erros mas também novos caminhos, novas decisões. Buscas que levam a novas procuras. Nesses erros, descobre o que realmente dá valor e o que pretende da vida.

Um enredo sem pausas, uma história com personagens credíveis, actuais. Recomendo porque gostei.

Terminado em 29 de Abril de 2015

Estrelas: 5*

Sinopse

Quando entrou no carro naquela tarde de Inverno, Vanessa não sabia que estava a embarcar numa viagem sem retorno. Uma viagem interior, que pôs em causa todas as suas escolhas e, acima de tudo, toda uma vida construída em torno das expectativas e opiniões dos outros.
Fluido, divertido e fresco, O Estranho ano de Vanessa M. conduz-nos nessa autodescoberta de 365 dias e faz-nos reflectir sobre o poder que temos de, a qualquer momento, colocar tudo em questão, através de episódios trágicos e cómicos que envolvem uma mãe controladora, uma tia hippie, um casamento entediante, um chefe insuportável e uma amiga que não sabe quando se calar. Porque a busca da felicidade não tem prazo e a chave para abrir essa porta está dentro de nós.
Uma nova voz irrompe na cena literária portuguesa, leve, despretensiosa, crua, divertidíssima e incrivelmente humana.