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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

A Convidada Escolhe: "Para Sempre"


Para Sempre, Vergílio Ferreira, 1983

Depois de “Cartas a Sandra”, tinha de reler “Para Sempre”, um livro que comprei e li nos anos 80 do século passado. Logo no primeiro capítulo, Paulo a regressar à aldeia natal, referências a Sandra, à montanha e às tias Luísa e Joana.

Já vieste, Paulinho?

Sim. Para sempre. Aqui estou.”


Chegado à casa vazia, fechada há muito, Paulo vem “tomar posse do seu destino final”. O calor é abrasador e as memórias vão surgindo como fantasmas, à medida que vai abrindo as janelas, as vidraças, as portadas, para deixar sair o mofo e o bafio. As recordações, podem ser fotografias paradas no tempo ou pedaços de filmes, são entrecortadas pelo andar de Paulo pela casa que há que arejar, pela intenção do que tem de fazer – “tenho de…” – num arrastar ao longo daquela tarde escaldante com “a montanha ao fundo, plácida de eternidade”, uma intenção que fica sempre em suspenso.

Os momentos marcantes de toda uma vida do Paulinho, menino triste que se despede da mãe que vai para o asilo e cujas últimas palavras sussurradas ele não consegue recordar. As tias beatas e castradoras, avessas a qualquer desordem, que ficam a tomar conta dele. As aulas de violino com o padre Parente, os ensaios da tuna e as aflições nos dias da apresentação ao público da Ave-Maria de Schubert. A ida para Penalva para a escola secundária e mais tarde para a Universidade. Sandra e a distância de que sempre foi feita a sua relação. O casamento, o anúncio da gravidez, uma filha que nasce e não um filho, o dia em que ficaram sós no dia em que a filha saiu de casa – “Tu é que tiveste a culpa” – a doença e o fim de Sandra. Neste andar entre o presente e o passado, na estranheza entre a velhice e a juventude, Paulo velho confronta-se com o jovem Paulo acabado de sair do liceu de Penalva e a entrar na Universidade, tal como se confrontara com a filha Xana no dia em que o visitou na Biblioteca Geral, pouco antes de se aposentar “Tu não te sentes uma múmia?”

É um livro triste, de um homem só, chegado ao período final da vida, em que o calor sufocante da tarde de Agosto reforça o peso das memórias tristes, mas onde há páginas e momentos com recordações ácidas e hilariantes como os gases do padre Parente, ou os clisteres da tia Luísa que “quanto a intestinos, tinha os seus engarrafamentos”, ou a cena em que, sem comiserações, Paulo se imagina morto no caixão e ouve Deolinda a falar das suas fragilidades “– Coitadinho, para o fim já nem sustinha as águas. E surdo. Muito surdo.”

Um livro maravilhoso, triste, o diálogo de Paulo narrador com o Paulinho criança, o Paulo apaixonado, o Paulo marido e pai, o Paulo homem que cresce e envelhece, o Paulo no regresso às origens. Uma escrita poderosa como a montanha sempre presente,”densa”, “uma grande pedra ao sol”. E a fechar a tarde de calor tórrido “ Agora há só que fechar a do outro quarto que dá para o vale e uma serra longínqua. Toda a face da serra está já na sombra., breves manchas brancas assinalam aldeias de que não sei o nome.”

28 de Dezembro de 2020

Almerinda Bento

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Experiências na Cozinha: "Mãe, Vamos Cozinhar"


Este é o livro certo para fazer o que se propõe, "levar as crianças para a cozinha" mas com um aspecto que achei maravilhoso... as receitas são simples e os ingredientes muito mais saudáveis! Não estão cheios de açúcar refinado e são adoçadas de outra forma. Para além disso, o seu aspecto visual está muito bem direccionado para os mais pequeninos que ainda não sabem ler. Eles percebem as imagens e já conseguem "seguir" a receita!

Mas este livro não tem somente receitas de doces. Possui pratos principais de fácil confecção (vou experimentar a Lasanha Fácil de Espinafres!), snacks, bebidas, ideias para o pequeno almoço e piqueniques...

A que escolhemos é tão simples e fica tão bonito que nos espantámos com o resultado. E soube tão bem!!!! São simplesmente deliciosos e frescos no seu sabor e muito melhor em termos nutricionais que os donuts de compra.

Apresento-vos os "Donuts de Maçã"!

 

Palmira e Cris

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

"Coração" de Edmondo de Amicis

Este foi um dos livros da minha infância! Devo-o ter lido por volta dos nove anos e é dos poucos (outro é o "Oliver Twist" de Charles Dickens) que ainda guardo comigo. Sei que não me vou separar dele. Guarda memórias felizes que uma época boa. Quando soube que a Sextante o ia reeditar (foi editado pela primeira vez em 1886), nesta colecção que acho fantástica - "Biblioteca dos Tesouros" -, quis ter esta nova edição e relê-la.

Claro que é sempre um perigo reler algo que lemos em miúdos e que nos marcou muito, porque um livro não é só uma mera leitura, é também o conjunto de acontecimentos que o envolveram e que marcaram o leitor. Este livro tem, para mim, o cheiro a África mesmo que tenha como pano de fundo Itália, porque foi lá que o li. Ou melhor, o devorei. Mas, mesmo hoje com outros olhos, li-o com muito prazer.

Já pouco me lembrava dele. Foi tão bom saborear estas palavras! Tentei colocar-me na cabeça e com o coração de um miúda de nove anos, de há muitos anos atrás, e perceber o que ela teria sentido com estas histórias de Enrico, um menino italiano que escreve este diário onde conta precisamente um ano da sua vida na escola, com os colegas, os pais e professores. A descrição dos seus colegas de turma, os seus nomes sempre complementados com adjectivos e referências às profissões dos pais (dando a entender que a escola unificaria as pessoas não importando de que extrato social elas viessem, dando, assim, oportunidades iguais a todos), faz com que o leitor não se perca e crie laços de empatia com esses meninos da terceira classe (hoje terceiro ano). 

Lembra um pouco os manuais escolares antigos com o seu espírito educativo, com o lema a Pátria, a Família e a Escola. Um ano lectivo cheio de peripécias, com muitas alegrias e tristezas, com ensinamentos e aprendizagens. Muito giro de reler!






Terminado em 27 de Dezembro de 2020

Estrelas: 5*

Sinopse

O romance Coração foi originalmente publicado em 1886, e tornou-se rapidamente um enorme sucesso de leitura obrigatória em todo o mundo. Tem por base o diário de Enrico, um rapazinho de onze anos, que frequenta a terceira classe durante o ano escolar de 1881-1882, em Turim. Em cada parte Eurico relata um dos meses desse ano: a vida na escola e na família, com os colegas, os amigos e os professores.

Romance de iniciação e de criação de uma identidade nacional, Coração parece responder à famosa frase de Massimo D’Azeglio: «Fizemos a Itália, agora trata-se de fazer os italianos.»

Cris

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

"O Bisavô" de Maria João Lopo de Carvalho

Sobre este livro recaiu a nossa escolha para a "leitura em prestações" deste mês. Acho que ainda não vos falei deste grupo de leitura a que tenho a sorte de pertencer. Somos um grupo de amigas livrólicas que escolhe um livro, de preferência um "tijolo",  para ler por volta de 30 pág. por dia. E assim um livro gordo vai sendo lido, entre comentários comentados e falatório sobre outras coisas também... 

Às vezes a escolha não é fácil. Somos seis e, ora uma já leu, ora é outra... Desta vez o consenso foi relativamente fácil. Era um livro com muitas páginas que dava para durante muitos dias do mês, de uma autora portuguesa que algumas já tinham lido e gostado.

Foi uma leitura muito boa. O livro fala-nos da história da família da autora, sobretudo do seu bisavô, Manuel Caroça. Supostamente a história começa com um envelope, sem nada lá dentro, endereçado por seu bisavô a uma bisneta (a própria autora) que ainda não possuía. Tenho curiosidade em saber se isto se tratou de um pretexto inventado pela Maria João para dar uma directiva ao livro, ou se terá sido real...

Com uma escrita escorreita e atrativa, Maia João soube cativar-nos a todas logo desde o início. Entra-se muito bem na história, com os episódios familiares do irrequieto Manuel, e que mostrava já uma vontade louca de sair da sua terra, a Guarda, e ir viver para outro lado, contrariando os desejos de seu pai que, sendo o filho mais velho, o queria a cuidar das terras e negócios familiares. 

Paralelamente, este livro é uma lição de História, dada com mestria e sem enfado algum. Acompanha Portugal e o mundo em geral e damo-nos conta dos problemas e acontecimentos mais marcantes entre 1887 e 1931. São tantos os lugares físicos que reconhecemos, tantos os acontecimentos que marcaram a nossa História! 

Tudo contado com mestria, mantendo o interesse do leitor, com uma pitada de humor face aos costumes da época que recordamos das histórias das nossas avós e outros familiares. Muito bom. Um livro de 800 páginas que não pesa!

Terminado em 23 de Dezembro de 2020

Estrelas: 5 *

Sinopse

Talvez por culpa da mãe, Cândida Patrício, o jovem Manoel Caroça fez-se um sonhador. A pesada e granítica cidade da Guarda já não lhe bastava, nem o vale rochoso onde o pai imperava. Queria conhecer mundo. E o mundo era Lisboa, era Paris, eram as Colónias onde enriqueciam os portugueses…

O Bisavô é a biografia romanceada de Manoel Caroça, o bisavô da autora. Através dele acompanhamos a saga de três gerações de uma família beirã, desde o fim do século xix até às vésperas da Guerra Civil Espanhola. Anos abalados pela queda da Monarquia, pela Grande Guerra, pela devastação da tuberculose e da pneumónica, pela grande depressão. 

História até hoje inédita, surge agora rigorosamente reconstruída graças às memórias ainda vívidas de uma descendência vasta, bem como às cartas, retratos e documentos desenterrados dos baús que foram sobrevivendo aos sótãos por onde passaram… 

E ironicamente, ao escrever a sua obra mais íntima até à data, a autora de Marquesa de Alorna oferece-nos um impressionante fresco do nosso país – a saga desta família é o retrato de Portugal.

Cris

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Passatempo de Natal / Alma dos Livros

Olá a todos! 

Como vai sendo hábito todos os anos, o blogue quer presentear os seus seguidores nesta altura do ano! Com a colaboração da Alma dos Livros temos para sortear o livro "Reinventa a tua Vida" (incluindo o bloco de notas de apoio ao livro). 

Para concorrerem precisam somente de enviar um mail para otempoentreosmeuslivros@gmail.com indicando em assunto o título deste post e os vossos dados (nome e morada) e nome de seguidor.

O passatempo termina dia 31 de Dezembro e é válido apenas para Portugal.

Só devem concorrer uma única vez!

No Instagram (@cris.delgado1) sairá um post para este passatempo. Quem comentar aí, identificando cinco amigos, terá uma participação adicional.

Boa sorte a todos! O resultado do passatempo será divulgado nos primeiros dias de Janeiro!

Cris

Passatempo de Natal / Gradiva

Olá a todos! 

Como vai sendo hábito todos os anos, o blogue quer presentear os seus seguidores nesta altura do ano! Com a colaboração da Gradiva temos para sortear os livros (um por cada concorrente vencedor):

- "As Pálidas Colinas de Nagasáqui"

- "Máquinas como Eu"

- "Fui Soldado e Morri"

- "Ponte Pequim sobre o Tejo"

- "Lealdades"




Para concorrerem precisam somente de enviar um mail para otempoentreosmeuslivros@gmail.com indicando em assunto o título deste post e os vossos dados (nome e morada) e nome de seguidor.

O passatempo termina dia 31 de Dezembro e é válido apenas para Portugal.

Só devem concorrer uma única vez!

No Instagram (@cris.delgado1) sairá um post para este passatempo. Quem comentar aí, identificando cinco amigos, terá uma participação adicional.

Boa sorte a todos! O resultado do passatempo será divulgado nos primeiros dias de Janeiro!

Cris

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Passatempo de Natal / Porto Editora

Olá a todos! 

Como vai sendo hábito todos os anos, o blogue quer presentear os seus seguidores nesta altura do ano! Com a colaboração da Porto Editora temos para sortear o livro "Memória de Uma Cor". 

Para concorrerem precisam somente de enviar um mail para otempoentreosmeuslivros@gmail.com indicando em assunto o título deste post e os vossos dados (nome e morada) e nome de seguidor.

O passatempo termina dia 31 de Dezembro e é válido apenas para Portugal.

Só devem concorrer uma única vez!

No Instagram (@cris.delgado1) sairá um post para este passatempo. Quem comentar aí, identificando cinco amigos, terá uma participação adicional neste passatempo. Aqui também o pode fazer uma vez.

Boa sorte a todos! O resultado do passatempo será divulgado nos primeiros dias de Janeiro!

Cris

Passatempo de Natal / Presença

Olá a todos! 

Como vai sendo hábito todos os anos, o blogue quer presentear os seus seguidores nesta altura do ano! Com a colaboração da Editorial Presença temos para sortear o livro "A Pequena Farmácia Literária". 

Para concorrerem precisam somente de enviar um mail para otempoentreosmeuslivros@gmail.com indicando em assunto o título deste post e os vossos dados (nome e morada) e nome de seguidor.

O passatempo termina dia 31 de Dezembro e é válido apenas para Portugal.

Só devem enviar um único e-mail!

No Instagram (@cris.delgado1) sairá um post para este passatempo. Quem comentar aí, identificando cinco amigos, terá uma participação adicional neste passatempo.

Boa sorte a todos! O resultado do passatempo será divulgado nos primeiros dias de Janeiro!

Cris


segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

"António Variações, uma Biografia" de Bruno Horta e Helena Soares

Na minha geração não há ninguém que não saiba quem foi António Variações. E no entanto, para muitos de nós, ele foi apenas a música que todos conhecemos de tão original que é e o tipo excêntrico e incompreendido que morreu com a doença da época que poucos conheciam, a sida.

Fiquei a conhecê-lo um pouco mais e foi com prazer que acompanhei esta leitura com as suas músicas tão sui generis e tão facilmente reconhecíveis. É algo que gosto de fazer enquanto decorre a leitura de uma biografia de um músico: ouvir as suas músicas quando estão a ser referidas no livro. 

Para quem se resguardou bastante durante a vida, Variações é posto aqui a nu de uma forma honesta, sem ser intrusiva mas dando a conhecer a sua personalidade, a sua vida e as dificuldades que conheceu e enfrentou durante a sua curta vida. A sua originalidade como forma de combater a sua timidez. 

Gostei muito desta leitura, de ficar a conhecer um pouco melhor alguém que ficou mais conhecido após a sua morte. Um homem com uma voz reconhecível ainda hoje. 

E que dizer da parte gráfica deste livro e das ilustrações que possui? Um must! Parabéns Helena! O seu trabalho está magnífico.

Terminado em 13 de Dezembro de 2020

Estrelas: 6*

Sinopse

António Variações foi fugaz como um cometa. Mas à medida que o tempo passa, mais viva se torna a lenda. Diz-se que António Variações era um artista à frente do seu tempo. Que era talvez demasiado moderno para um Portugal ainda tão cinzento e conservador, um país cujas aldeias perdidas no interior tinham parado no tempo e não tinham espaço para espíritos inquietos como o de António Joaquim Rodrigues Ribeiro.

Cris

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

"A mulher Transparente" de Ana Cristina Silva

Tinha este livro na estante há muito. Como outros tantos, aliás. Mas a capa é tão brutal, o tema, infelizmente, tão pertinente nestes tempos que correm, que as minhas mãos foram buscá-lo. 

Não é só a capa que é brutal! Ana Cristina Silva soube dar voz ao medo, à insegurança, ao ódio, ao amor fingido mas também à esperança. É um livro de poucas páginas mas consegue-nos fazer sentir cada palavra dita, cada sentimento camuflado e, consegue criar empatia, solidariedade com esta mulher agredida. Compreendê-la!

É também um livro cheio de esperança. A última a morrer, não é? Tomara que na vida real as histórias conseguissem, também, ter um final feliz... 

Um livro obrigatório!

Terminado em 8 de Dezembro de 2020

Estrelas: 6 *

Sinopse

Clara pensava que estava a casar com um homem de sonho que a resgataria da miséria material e afectiva da sua infância. Mas o que ela pensava vir a ser um casamento feliz foi-se transformando lentamente no pior dos pesadelos, e a sua vida passou a ser marcada pela agressão física e psicológica.

Ferida e desesperada, Clara chega a planear o assassínio do marido para se libertar e impedir que o filho cresça naquele ambiente de violência. Os seus planos sofrem uma inesperada reviravolta.

Este é um romance, escrito numa prosa arrebatadora por uma das melhores autoras portuguesas do romance psicológico, prende da primeira à última página, relatando o drama da violência doméstica.

Cris

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

"Nevoeiro em Agosto" de Robert Domes

Mais um livro que sai da estante onde habitava há muito tempo para a lista dos de 6 estrelas! 

Desde há algum tempo que tenho vindo a participar nalguns desafios que alguns blogues colocam. Tento encaixar os livros que leio nas categorias apresentadas e, por vezes, vou às estantes procurar algum para encaixar numa ou noutra, fazendo com que tire o pó a algum livro já meio esquecido. Peguei neste para a categoria "Livro que tenha um mês do ano no título". 

É engraçado como há histórias que, apesar de sabermos como acabam, não perdemos a vontade de as conhecer! Esta foi uma delas, tanto mais que é baseada em factos reais e o protagonista, uma criança alemã supostamente de etnia cigana, Ernst, existiu de facto e foi mais uma das vítima do fanatismo hitleriano.

A capa sugestiva e acertada (existe uma única foto de Ernst com o cabelo rapado) faz-nos prever uma leitura pesada e dura. E é-o de facto mas, como nos é relatada através da voz de uma criança (tem quatro anos quando o livro começa), o tom doce e inocente impera. Ernst mostra-nos de que forma absorve a vida e como interpreta os acontecimentos trágicos que se vão sucedendo. De menino inocente a jovem que tenta sobreviver através de furtos e manhas, Ernst conhece a solidão vivida num mundo cheio de crianças que ninguém quer e ama, um orfanato.

A guerra, neste relato, chega em pequenas doses, estando sempre em pano de fundo mas existindo um filtro quase permanente entre o mundo lá fora e o mundo no interior das instituições por onde Ernst passa. O leitor vai-se  apercebendo de mais detalhes que o próprio Ernst não consegue captar devido à sua tenra idade mas também porque ele e os colegas são mantidos num mundo à parte.

Gostei muito desta leitura. Aqui a parte ficcionada é como que um tributo do autor a Ernst. O Posfácio do autor constitui uma leitura devastadora e apercebemo-nos da elaborada e profunda pesquisa fpor ele feita. Ernst foi uma das vítimas de um regime que considerava indigno de viver quem possuísse incapacidades físicas ou mentais, fosse de "raça inferior" ou politicamente incorreto. Tinha apenas catorze anos e os últimos dez foram passados em orfanatos e hospícios. Viu o que não era suposto ver, morreu por isso e porque os seus pais pertenciam a uma raça menor. Ninguém foi acusado da sua morte. Como tantos outros. 

Recomendo muitíssimo.

Terminado em 13 de Dezembro de 2020

Estrelas: 6*

Sinopse

Baseado na história real de Ernst Lossa e das crianças institucionalizadas em hospitais psiquiátricos na Alemanha de Hitler. Contada através da perspetiva do jovem Ernst, esta é a história trágica, mas verdadeira, da sua breve vida e da sua luta pela verdade e pela liberdade. Um relato de coragem e amizade num cenário desesperante de guerra e ódio que varreu a Europa durante a Segunda Guerra Mundial.

Cris

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Experiências na Cozinha: Diário de uma Vegana


A receita que hoje trazemos é muito simples... e muito saborosa! Creio que este livro não existe cá, este veio do Brasil a pedido de uns amigos que lá foram. Mas podem seguir a Alana nas redes sociais (como faço há muito) porque ela dá dicas fantásticas e receitas ainda melhores.

Sobre o livro... Receitas fáceis, de produtos de beleza e de limpeza doméstica escrito por menina que se tornou vegan por motivos de saúde associados à alimentação errada.







Palmira e Cris

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

"A Dádiva da Costureira de Paris" de Fiona Valpy

Se me canso de ler sobre este tema? Não. É claro que tento intercalar livros sobre o Holocausto porque, quer sejam baseados em histórias verídicas ou numa realidade  ficcionada, não podem tratar com ligeireza este horror da História porque seria ultrajante se assim fosse.

Este livro conquistou-me devagar, conforme ia avançando na sua leitura. Denota uma pesquisa séria, embora seja uma história de ficção, sobre o papel da Resistência Francesa na luta contra o poder de Hitler e, mais concretamente, sobre o papel das mulheres nessa luta. 

As personagens principais, nos dois espaços temporais relatados onde o leitor circula (1940 e anos seguintes e 1916/17), são mulheres possuidoras de muita garra mas com as fragilidades que por um lado a guerra, a insegurança, o medo e a fome trazem e por outro as marcas que as heranças familiares deixam. 

Vai ser uma foto de três raparigas em Paris, nos anos da invasão hitleriana, entre as quais a avó de Harriet, que vai fazer a ponte com o passado desta e o seu presente. Ao tentar desvendar a vida de sua avó, Harriet conhece as suas raízes e as causas da sua angústia e solidão. Um mergulho no passado que vai fazer todo o sentido e fá-la repensar até que ponto vai deixar que a herança da guerra a influencie como influenciou a sua mãe.

Um livro que aconselho vivamente caso sejam amantes deste tema, como sou!

Terminado em 7 de Dezembro de 2020

Estrelas: 5*

Sinopse

Harriet chega a Paris com pouco mais do que os seus sonhos e uma fotografia antiga. O destino leva-a à Rue Cardinale, ao mesmo prédio onde a sua avó Claire vivera e trabalhara décadas antes. Ansiosa por saber mais sobre o seu passado, Harriet procura pistas sobre a vida da avó, mas o que descobre é uma história muito mais negra e dolorosa do que alguma vez imaginara. 

Em 1940, três costureiras tentam sobreviver numa Paris ocupada pelos nazis, uma cidade onde tudo parece faltar. Enquanto Claire se envolve com um oficial do Exército Alemão, Mireille ajuda a Resistência, participando em missões cada vez mais arriscadas, e a enigmática Vivienne desempenha um papel que não pode revelar às suas companheiras. À medida que se enredam mais profundamente em atividades clandestinas, o cerco aperta-se em torno destas três mulheres, e os segredos que guardam ameaçam não só a amizade que as une como também as suas vidas. As escolhas difíceis que são obrigadas a fazer acabarão por determinar o seu futuro e o das gerações vindouras.

Cris

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Para os Mais Pequeninos: "Quem soltou o Pum?"


Pois é! Este livro é muito divertido. O Pum é um cãozinho, não é o que estão a pensar... mas porque tem um nome sugestivo as crianças vão adorá-lo! Sei bem o quanto se divertem com nomes assim meios parvos e quantas vezes os repetem nas suas brincadeiras...

As aventuras do Pum põe todos bem dispostos, sobretudo quando sem querer alguém solta o Pum!!! Com as suas brincadeiras desajeitadas o Pum só arranja complicações para o seu dono pequenino que se vê com vários problemas em mãos...

Ora vejam:







Cris



sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

"Mulheres da Minha Alma" de Isabel Allende

Comecei 2020 a ler "Longa Pétala de Mar" (opinião aqui) e, sem querer, uma das minhas últimas leituras deste ano é o "Mulheres da Minha Alma". Gosto muito desta autora. Nos seus (nossos!) romances, a ficção casa na perfeição com acontecimentos verídicos, vivenciados por si, numa vida que nada teve de monótona.

Este livro é um não ficção, fala-nos de Mulheres. Num tom intimista, Isabel Allende, tal como nos habituou noutras obras, abre a porta do seu coração, da sua vida e da da sua alma para nos falar de como desde pequena sempre se sentiu diferente, avançada nas suas ideias feministas mais do que seria próprio para uma menina nessa altura e no país onde viveu cerca de trinta anos, o Chile.

Suponho que não seja fácil deixar entrar desconhecidos no nosso mundo. Mas na escrita de Isabel Allende não falta honestidade. E creio que é isso que cativa o leitor. Este livro não é um romance e, no entanto, lê-se tão bem. A autora fala da sua vida, de como esteve sempre ligada a ideias feministas, das protagonistas dos seus livros, deambulando sobre temas variadíssimos, desde o amor, a paixão e a violência, sempre no prisma da igualdade das mulheres e nos seus direitos.

E são tantas as mulheres mencionadas aqui, que se cruzaram na vida da autora, que desconhecemos por completo e que fazem tanto por este mundo fora! Olga Murray é uma delas. Fiquei impressionada pela vitalidade desta jovem senhora de mais de 90 anos e do que ela consegue fazer em prol dos outros! Pesquisem sobre ela na net.

Um livro a ler, sem dúvida alguma. Carregado de significado, de partilhas onde a principal protagonista é a Mulher. Fabuloso!

Terminado a 30 de Novembro de 2020

Estrelas: 6*

Sinopse

A discussão em torno da igualdade de género tem vindo a ganhar importância nos dias de hoje. Para Isabel Allende, essa é uma luta que a acompanha desde a infância, quando não compreendia porque certos comportamentos lhe estavam interditos por ser mulher, e na qual continua a estar profundamente comprometida, defendendo que o patriarcado seja permanentemente erradicado, em favor de uma sociedade mais justa, igualitária e inclusiva.

Mulheres da Minha Alma é um importante testemunho da autora em torno da causa do feminismo, a partir de exemplos da sua vida pessoal e da reflexão sobre os acontecimentos que vão tendo lugar no mundo. Com o seu exemplo, e através da partilha da sua experiência de vida, com a escrita bem-humorada e preciosa tão do agrado dos leitores portugueses, Isabel Allende traz uma obra obrigatória para todos aqueles que sonham com um mundo melhor.

Cris

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

"Um Dia de Cada Vez" de David Machado e Paulo Galindro


David Machado, para alguns de nós, não precisa de apresentações. Gosto muito da sua escrita. Os seus livros, infantis e para adultos, têm um lugar cativo na minha estante. Não são para sair delas. Gosto da sua escrita, clara e simples. Fluída. Algumas opiniões aqui...

Paulo Galindro. Se calhar muitos de vocês nunca ouviram falar dele. É ilustrador. E que ilustrador! Sou completamente apaixonada pelos seus "bonecos"! Tão, mas tão bonitos! Carregados de cor e expressividade!

Este livro nasceu em resultado desta pandemia que estamos a viver e do primeiro confinamento daí resultante. David e Paulo juntaram as suas artes e no FB, com a página Um Dia De Cada Vez, começaram a colocar, diariamente, um pequeno texto e uma ilustração alusiva ao mesmo. Não sei qual prefiro. Tal facto passou-me despercebido mas, certo dia, vi um pedido de crowdfunding e aderi. O resultado foi esta pequena maravilha.

É um livro para crianças. E adultos. Lindo, lindo de morrer! E a mensagem passa. Um dia de cada vez! 

Terminado em 29 de Novembro de 2020

Estrelas: 5*

Cris