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sábado, 30 de outubro de 2021

Novidade Saída de Emergência

O Rapaz de Buchenwald

de Robbie Waisman e Susan McClelland

Abril de 1945. Quando as forças americanas libertam o campo de concentração de Buchenwald, descobrem quase mil rapazes judeus que tinham sido escondidos e protegidos pelos prisioneiros do campo. Ninguém sabe o que fazer com eles – e, durante dois meses, os jovens permanecem nos dormitórios da prisão sem qualquer tipo de rotina ou orientação.

Estes «Rapazes de Buchenwald» estavam zangados com o mundo pelo abuso que tinham sofrido e encontraram na violência uma fuga: roubavam para se alimentarem, eram conflituosos e lutavam por poder. Tudo mudou quando Albert Einstein e o rabino Herschel Shachter descobriram a história destes jovens e os levaram para França, para uma reabilitação com vista à integração na sociedade.

Este é o testemunho de Romek Wajsman, agora Robbie Waisman, um desses rapazes, que partilha a sua extraordinária história de transformação da dor em resiliência, e da superação de uma perda incrível para encontrar uma alegria extraordinária.

Na Minha Caixa de Correio

 


Cris

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

"Até os comboios andam aos saltos" de Célia Loureiro

Começo por dizer que o tom deste livro é muito diferente dos outros que li da Célia e eu não o esperava de todo. Vá lá, podia ser auto ficção mas essa voz que nos entra pelo corpo adentro, zangada com tudo e com todos não casava (na minha cabeça!) com a imagem que tinha da autora. Sei lá porquê! Todos temos os nossos momentos menos “felizes” e mostrá-lo aos outros é prova de grande coragem. Escrever no papel é algo de muito catártico mas mostrá-lo aos outros não deve ser fácil. Significa, talvez, que essa raiva encontrou o seu lugar e já não domina permanentemente a casa onde habita? Não sei, estou a divagar… De qualquer forma o tom incomodou-me porque doía ouvir. Mas depois, passada a surpresa, li interessada e com gosto (no fundo imaginando que era somente ficção!).

O grito dessa mulher amarga, magoa quem lê. O subterfúgio que usei foi esse que referi em cima, pensar que era ficção, mas sabemos que a maior parte das vezes não terá sido assim. A história prende, as analepses são uma constante e, com elas, fica-se a perceber que a raiva, o “odeio as pessoas” talvez tenha razão de ser. Quem possuiu uma infância feliz não imagina sequer o que é ser negligenciado e as consequências que isso pode trazer na formação de um pequeno ser. Mas, neste caso, a admiração pela força que a personagem/autora possui para ultrapassar tudo e não seguir o mesmo padrão,  apodera-se do leitor.

Parabéns Célia! Gostei muito!

Terminado em 26 de Outubro de 2021

Estrelas: 5*

Sinopse

Uma mulher prestes a completar 30 anos está no aeroporto de Barajas à espera do voo para Lisboa. Tem um bloco de notas e um lápis, pelo que começa a registar tudo o que vê ao redor, assim como o muito que tem por resolver. Num monólogo intimista e cru, sem cair no politicamente correto, os pensamentos desta mulher ameaçam fundir-se com os do leitor comum.

Cris

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

"Último Olhar" de Miguel Sousa Tavares

Aconselhado por uma amiga (que é daquelas pessoas que os livros nos trazem e que a amizade mútua mantém perto de mim) que me disse que ia gostar, nem hesitei a leitura desta obra. Se não fosse por isso não lhe teria pegado. Queria ouvir opiniões primeiro.

E gostei muito sim senhor! Duas histórias de vidas diferentes, que decorrem em espaços temporais distintos e que parecem não ter pontos em comum. Duas histórias muito interessantes pela vivência sofrida dos personagens. Uma das histórias é passada durante a Guerra Civil Espanhola e, posteriormente, num campo de “trabalho” para presos políticos e a outra passada em tempo de pandemia em Espanha. Tanto Pablo, um ancião de 93 anos como Inez, médica de profissão, são personagens inesquecíveis com características muito pertinentes ao olhar do leitor, sem, no entanto serem super heróis. Personagens credíveis e muito reais.

As duas histórias unem-se num casamento perfeito. No final. Até lá parecem histórias que decorrem em paralelo, como referi, sem pontos de contacto. Preferi a de Pablo pela época retratada tanto mais que ainda não me sinto preparada para ouvir histórias sobre a pandemia.

Um ligeiro senão: uma pequena referência às mulheres de burca feita por um personagem secundário causou-me estranheza. Não acrescenta nada à história e achei o comentário desnecessário.

Terminado em 17 de outubro de 2021

Estrelas: 5*

Sinopse

Pablo tem 93 anos, viveu a Guerra Civil Espanhola, viveu os campos de refugiados da guerra em França, viveu quatro anos no campo de extermínio nazi de Mauthausen. E depois viveu 75 anos tão feliz quanto possível, entre os campos de Landes, em França, e os da Andaluzia espanhola.

Inez tem 37 anos, é médica e vive um casamento e uma carreira de sucesso com Martín, em Madrid, até ao dia em que conhece Paolo, um médico italiano que está mergulhado no olho do furacão do combate a uma doença provocada por um vírus novo e devastador, chegado da China: o SARS-CoV-2. Essa nova doença, transformada numa pandemia sem fim, vai mudar a vida de todos eles, aproximando-os ou afastando-os, e a cada um convocando para enfrentar dilemas éticos a que se julgavam imunes.

Último Olhar marca o aguardado regresso de Miguel Sousa Tavares ao romance. Uma história sem tréguas nem contemplações, onde o passado cruza o presente e o presente interroga o futuro que queremos ter. Da primeira à última página, até decifrarmos o que se esconde atrás do título.

Cris

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

"Todo o Ar Que Nos Rodeia" de Tom Malmquist

Este é o segundo livro do autor publicado em Portugal e o segundo que leio. Embora possa ser lido em separado, para mim, fez todo o sentido ter começado pelo anterior "Em Todos Os Momentos Estamos Vivos"(opinião aqui). O tom que o autor imprimiu em ambos é semelhante. São livros de auto-ficção e muito do que lá consta sucedeu. Pelo menos é a sua visão dos acontecimentos que Tom relata. Nas entrelinhas descortinamos o seu sentir, a sua dor, as suas perdas e angústias.

Neste, tal como no anterior, está espelhado quer o seu passado quer os momentos vividos no presente. A sua busca por encontrar as causas da morte de Mikael K. (alguém que morreu tragicamente assassinado, sobre quem ele tem uma vaga lembrança e por quem vai descobrindo muitos aspectos semelhantes) mais não é do que uma tentativa de esclarecer partes do seu passado que se encontram nubladas, esquecidas e pouco esclarecidas.

Tom revê-se em muito no que vai descobrindo na sua investigação sobre o passado de Mikael e encontra muitas semelhanças naquilo que sente e sobre aquilo que pensa que Mikael sentiu também. Aqui, o mais importante não é o resultado da investigação que faz mas aquilo que descobre sobre si próprio, creio. E se esperam que no final exista uma descoberta espectacular sobre o assassinato que o vai catapultar para a fama como investigador, vão ficar desiludidos.

Este livro não é um thriller. São as palavras de alguém que continua a catarse que começou no primeiro livro. Achei o primeiro mais ao meu gosto e aconselho a que o leiam primeiro.  É um relato cru, muito real e sem embelezamento algum sobre um acontecimento da sua vida. Aliás, o autor começou a escrever este de que agora falo mas parou para escrever o "Em todos os momentos...", tendo-o acabado depois.

Terminado em Outubro de 2021

Estrelas: 4*

Sinopse

«No sábado, foi encontrado um homem morto numa gruta na floresta de Sörskogen. Apresentava cortes graves no rosto e no peito, e a polícia acredita que foi assassinado com um machado.» A notícia tem duas décadas e está esquecida numa folha de jornal utilizada para embrulhar as delicadas peças do serviço de loiça da mãe de Tom. Quando, por ocasião do aniversário de Karin, ele vai ao sótão dos pais para as levar consigo, encontra-a e a curiosidade nasce. Partindo da pouca informação que tem, Tom Malmquist iniciará a sua própria investigação para descobrir tudo o que puder sobre Mikael K, o homem brutalmente assassinado duas décadas antes. Quem o matou? E porquê? Mas, enquanto procura respostas para essas e outras perguntas, encontra perturbantes paralelos entre a história investigada e a sua própria vida. Em Todo o Ar Que Nos Rodeia – uma intrigante história sobre morte, solidão e laços desfeitos – Tom Malmquist regressa ao passado e às personagens que apaixonaram os leitores do seu grande sucesso anterior, o romance Em Todos os Momentos Estamos Vivos.

Cris

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

A Convidada Escolhe: “O Vício dos Livros”

“O Vício dos Livros” – Afonso Cruz, 2021

Tudo nos atrai neste livro. Desde logo o título, a ilustração da capa, o livro objecto em si, de capa dura. Do autor apenas tinha lido há anos “Nem todas as Baleias voam”, que fala da arte, de que não se consegue fugir quando se é capturado por ela. 

E quando se é capturado pelos livros? “O Vício dos Livros” fala da extraordinária força dos livros. Do seu poder imenso. Basta ir seguindo os títulos dos textos de que é constituído este pequeno livro, uma espécie de roteiro que vamos seguindo. A leitura chega a conseguir afastar a morte: “A morte também é leitora, por isso, aconselho a que andem sempre com um livro na mão, porque, quando a morte chega e vê o livro, espreita para ver o que estamos a ler, tal como eu faço no autocarro, e distrai-se.” A leitura é um verdadeiro elixir para aumentar o tempo e a qualidade de vida, digo eu. 

Por vezes, deparamos com surpresas no meio de livros esquecidos nas estantes. Pois “os livros são seres pacientes. Imóveis nas suas prateleiras, com uma espantosa resignação, podem esperar décadas ou séculos por um leitor.” Quantas vezes isso não nos aconteceu, embora eu nunca tenha conhecido “um esquifobético”, que se referia ao seu corpo como “neve”. 

De entre os vários títulos que constituem “O Vício dos Livros”, quero salientar alguns que achei especiais.

 “Liberdade” que fala duma escritora árabe que, apontando para um niqab exposto numa loja, diz: Já fui uma mulher destas”… “Comecei a ler e libertei-me.” 

“O Terceiro pulmão de Bagdade” que fala de lugares onde não se desiste. A Rua Al-Mutanabi em Bagdade é o terceiro pulmão da cidade pois, apesar de atentados suicidas que mataram e feriram dezenas de pessoas, continua a ser um local de resistência, onde livreiros, alfarrabistas e escritores expõem, vendem e trocam os seus livros. Em 2019, a Feira do Livro de Bagdade teve mais de um milhão de visitantes, o que é deveras extraordinário, se compararmos com outras feiras do livro de renome mundial. 

“Gatos” pois “gatos e escritores são espécies claramente aparentadas: por trabalharem sós, pela contemplação e observação e curiosidade”. 

“Bibliotecas” com referência à biblioteca do faraó Ramsés II que tinha os seguintes dizeres no cimo da porta de entrada: “Casa para terapia da alma”. Para Jorge Luis Borges “Uma biblioteca é uma autobiografia”.

Muitas vezes, já tarde nas nossas vidas, percebemos que não estivemos disponíveis nem atentos a ouvir e a aprender com os velhos, com os nossos familiares que já morreram e é assim que há “Histórias que se estragam”, porque “quando morre um velho, desaparece uma biblioteca”, segundo um adágio africano. É essa “luz por dentro”, o extraordinário conhecimento que descobrimos em tantos velhos através das suas histórias, das suas memórias e reflexões e a que tantas vezes damos pouco valor e atenção.

Como se atesta em “O Vício dos Livros”, depois de se ler um livro, sai-se sempre modificado. Um livro não pode ser neutro, nem inodoro, nem algo que não cause sobressaltos no leitor. “A leitura é um diálogo entre autor e leitor”, “… deve resultar numa transformação e um leitor deverá saber que aquele que abre um livro não é a mesma pessoa que o fecha”. “Um bom livro dirige-se ao futuro de cada leitor e não ao seu presente”. Numa das suas muitas referências bibliográficas ao longo do livro, Afonso Cruz cita Graham Greene para dizer que “Quando abrimos um livro, abrimos um futuro”.

A impressão inicial no primeiro contacto visual e táctil com “O Vício dos Livros” é confirmada quando se chega à sua última página. Dá vontade de ir buscar-lhe excertos, pequenas citações. Daqueles livros a que se vai, a que se quer voltar sempre.

8 de Outubro de 2021 

Almerinda Bento

terça-feira, 12 de outubro de 2021

"Marilyn, uma Biografia" de Maria Hesse

Quinta feira da semana passada, dia 7, no Instituto Cervantes, fui assistir à apresentação deste livro. Inês Fonseca Santos esteve à conversa com Maria Hesse, a autora desta obra. Conversa agradável sobre todos os seus livros, dos quais já tinha lido o "Frida Kahlo" e o "David Bowie". Fiquei muitíssimo curiosa com o livro anterior a este, "O Prazer".

Gostei muito desta leitura porque, efetivamente, descobri uma outra Marilyn que desconhecia por completo. Para a gente comum Marilyn foi uma atriz com uma matriz marcadamente sexual e pouco mais. Este desvendar da personalidade de Marilyn, tão diferente do estereótipo instituído, deu-me muito prazer conhecer.

Marilyn não surge como uma super-mulher, não. Tem as suas contradições, os seus traumas de infância que marcaram a mulher que se tornou, as suas dependências. Mas, paralelamente é uma mulher independente, que luta pelos seus objectivos e sonhos, com ideias muito à frente do seu tempo, que procura no trabalho a sua estabilidade emocional, uma grande leitora que gostava, também, muito de escrever. Essa força e fraqueza simultâneas estão muito bem expressas nas ilustrações belíssimas a que Maria Hesse já nos habituou e que aqui, mais uma vez, casam muito bem com o texto.

Adorei e, como referi, fiquei muito interessada em ler o único livro dela publicado cá que não conheço, "O Prazer"!

Terminado em 9 de Outubro de 2021

Estrelas: 6*









Sinopse

Quem era a verdadeira Norma Jeane Baker?

A actriz mais conhecida da História do cinema, o símbolo sexual de uma era inteira, o protótipo, por excelência, de "loira burra" e, sobretudo, alguém que, até hoje, permanece uma grande incógnita. Depois de fazer os corações de Frida Kahlo e Bowie florescer, descobrindo o seu lado mais humano, María Hesse revela a alma de Marilyn Monroe, uma mulher que, como tantas outras das suas contemporâneas, explodiu todos os cânones e merece ser lembrada, hoje mais do que nunca, pelo seu talento, a sua sensibilidade, a sua inteligência e as barreiras que quebrou.

Cris

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

A Convidada escolhe: "Ao Cair da Noite"

Ao Cair da Noite, Michael Cunningham, 2010

Este foi, de entre os três livros que até agora li de Michael Cunningham, o que menos me entusiasmou. Centrado num casal bem sucedido com profissões ligadas à arte, pertencendo a uma elite culta e endinheirada, com um casamento de vinte anos, o único “contratempo” da relação é o afastamento da filha de ambos – Beatrice – a viver em Boston. Rebecca é editora de uma revista e Peter negoceia em arte. 

A aparente estabilidade do casal é posta em causa com a chegada de Mizzy, o irmão mais novo de Beatrice, que se vai instalar no apartamento do casal. Muitas das certezas de Peter, até as mais íntimas, passam a ser questionadas. Sentimentos de culpa face ao afastamento da filha; a dor da perda do irmão Matthew; as dúvidas sobre se devia denunciar ou ocultar à mulher os consumos de droga de Mizzy; as dúvidas sobre o próprio valor da arte e de artistas actuais com quem trabalha; a atracção erótica que Mizzy exerce sobre ele, tudo isto é o cerne deste romance de Michael Cunningham que decorre em Nova York. 

A estrutura do romance é feita de diálogos curtos e sincopados, em que Peter, sendo personagem, mas também narrador, dialoga com o leitor, faz reflexões, questionando os seus pensamentos, partilhando as suas dúvidas, hesitações, incertezas e fragilidades. É este questionamento, este diálogo constante, o que achei mais interessante no romance, esta humildade de pôr à prova todas as certezas, até aquelas que poderiam ser vistas como inquestionáveis.

Por fim, o livro está repleto de referências a artistas contemporâneos, sobretudo americanos. Nas considerações de Peter, negociante em arte, está implícita uma crítica ao mundo da arte e das galerias em que se move, ao reconhecimento e valorização que é dado a certos artistas em detrimento de outros, em função dos patrocínios e dos padrinhos que os promovem. “Não nos encaminhamos para um reino em que o lixo é tratado de facto como um tesouro?”

Em minha opinião, esta entorse que aqui versa o real valor da arte pode aplicar-se a outras áreas da vida actual, tão obcecada pelo sucesso e pela aparência e indiferente à essência e qualidade dos valores produzidos.

4 de Outubro de 2021 

Almerinda Bento


sexta-feira, 8 de outubro de 2021

A Convidada escolhe: "Escravidão"

"Escravidão" de Laurentino Gomes 

Este é o 1° volume de uma trilogia dedicada à escravatura, escrita por Laurentino Gomes, jornalista brasileiro. 

O tema da escravatura é pouco falado nas aulas de História e nunca lhe é dada a ênfase que o assunto merece nem  a importância que este livro lhe dá. 

A sua leitura provoca um grande incómodo  pela responsabilidade que nós (portugueses) tivemos num flagelo social que ainda perdura no tempo  no Brasil (porque é a raiz do nível de criminalidade que ali se vive; a escravidão terminou apenas no final do sec. XIX e os cativos foram deixados à sua sorte e sem integração social),  quer em África (de onde as pessoas foram violentamente arrancadas das suas terras e separadas das suas famílias e tribos). 

Os horrores da captura,  do transporte e da selecção (como se fossem gado), a forma como eram tratados, a explicação ideológica do cativeiro que era dada pelos jesuítas (a Igreja sempre esteve bem envolvida neste tráfico mas sob a capa da evangelização...), a existência de um centro de reprodução de escravos em Vila Viçosa, a forma como se fugia aos impostos neste comércio,  e até a importância que alguns dos nossos heróis navegadores tiveram no tráfico negreiro,  tudo é descrito neste livro com algum detalhe. 

Ler este livro foi fácil e difícil. 

Fácil,  porque está escrito de forma acessível e, apesar de não ser ficção, leva-nos  a querer saber mais.

Difícil, pelo sofrimento humano que relata e pela tomada de consciência que provoca.

Palmira Estalagem

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Resultado do Passatempo Mensal "Toca a Comentar"

Anunciamos o vencedor deste passatempo referente ao mês de Setembro.

Este é o link para o post onde se encontra anunciado o passatempo.

Assim, através do Random.Org, de todos os comentários efectuados nesse mês, foi seleccionado um vencedor! Foi ele:

LuA58

Parabéns! Terás que comentar este post e enviar um email para otempoentreosmeuslivros@gmail.com até ao próximo dia 20, com os teus dados e escolher um de entre estes dois livros:

 



quarta-feira, 6 de outubro de 2021

"Pyongyang, Uma Viagem à Coreia do Norte" de Guy Delisle (Graphic Novel)

Gostei muito desta GN. As ilustrações são singelas, traços que nos parecem simples, a preto e branco. Retratam um país sem cor, regido por regras que nos parecem absurdas, ideias capsuladas que todos os habitantes são obrigados a seguir.

Por detrás desta obra esteve a ida do autor à Coreia do Norte durante alguns meses quando trabalhava em animação. 

A história se não retratasse situações verídicas far-nos-ia gargalhar. Ao lê-la, contudo, não podemos deixar de sorrir com o humor e ironia constantes representados nestas quase 170 pág. E se pensam que sabem o que se passa nesse mundo fechado, garanto-vos que devem ler este livro. Não que vos vá surpreender mas que ficarão mais elucidados, é certo.

Uma GN a ler sem dúvida alguma.

Terminado em 23 de Setembro de 2021

Estrelas: 5*

Sinopse

Pyongyang é quase uma fotorreportagem da estadia do autor na Coreia do Norte, enquanto colaborador do Estúdio de Animação SEK (Scientific Educational Korea).

As histórias, ilustradas de forma simples mas bastante pormenorizada, apresentam com ironia e bom humor os paradoxos de uma sociedade em negação.

Cris

terça-feira, 5 de outubro de 2021

A Convidada escolhe: "Seis Ruas"

Seis Ruas, Márcia Lima Soares, 2020

Conheci a Márcia na militância política, nos activismos mais difíceis, aqueles que põem toda a coragem de afirmar a sua identidade e os seus desejos, lutando contra a tradição, o politicamente correcto, o status quo. Afirmativa, sem rodeios, invulgar, as suas gargalhadas e postura positiva destacam-na como uma mulher que ama a vida a tempo inteiro.

Na dedicatória que me escreveu no seu “Seis Ruas” pedia-me entre outras coisas que, se quisesse, ilustrasse alguma das passagens do livro e que depois as partilhasse. Não me senti tentada nem habilitada a isso. Preferi escrever um pouco sobre o que o livro deixou em mim.

Os espaços, as ruas, as casas estão povoados de memórias. Neste caso, as seis ruas, todas na margem sul, acompanham a história da narradora e do seu irmão mais velho, aquele que ela tanto desejou quando era a filha única e com o qual teve sempre uma ligação muito próxima. Sendo muitas vezes maternal, aparece sempre como a menina viva, brincalhona e que vai acompanhando o crescimento dos irmãos que entretanto vão nascendo. Ao longo das páginas, com o decorrer dos anos e nas várias ruas onde moram, as brincadeiras, as traquinices, os desastres vão surgindo e em muitos nos revemos. Alguns episódios surgem-nos mais detalhadamente, alguns pormenores são mesmo divertidos e fazem-nos recordar as peripécias das brincadeiras das crianças. A narradora não transforma num relato fofinho o que são as constipações duma criança, nem aquilo que um rabinho limpo e bem cheiroso mostrado em anúncios televisivos apaga da realidade suja e mal cheirosa de uma criança. 

Os anos passam. Novos desafios. Casas mais pequenas, sonhos de um sótão cheio de projectos, divórcio dos pais, novas amizades, novas aprendizagens. Mesmo sem querermos e à medida que o livro avança há um adensar de tragédia sempre que as datas são mencionadas com o pormenor do dia, do mês e do ano. O avô que quase se afogou e, mesmo assim, a vida a continuar num concurso televisivo em que o tema eram os pássaros. Irreverentemente, Tiago cumpriu a sua promessa exibindo o “rabo muito branco a imitar a Lua cheia”. E por fim, aquele derradeiro dia quente de Agosto no regresso de um dia bem passado na praia.

Senti este livro como um testemunho de amor ao irmão Tiago. A necessidade de, em livro, a Márcia verter mais umas lágrimas por ele, dar umas gargalhadas para lhe dizer que não o esquece, que ele está sempre com ela, mesmo vivendo agora “além Tejo”. É um testemunho muito belo e sentido, pelo qual só posso dar os parabéns à irmã que ficou para contar. 

Sei que a Márcia fará muitos outros livros. Acrescentando novas ruas, novas viagens, novas cidades, novas personagens. Com todos os amores da sua vida, agora que o seu amor maior, a Laurinha, vem acrescentar um novo sentido e uma nova motivação para uma vida com muitos caminhos, muitas causas e muito amor.

3 de Outubro de 2021 

Almerinda Bento


segunda-feira, 4 de outubro de 2021

"Balada para Sophie" de Filipe Melo e Juan Cavia (Graphic Novel)

Quando decidi finalmente comprar este livro, após muito pensar porque o preço não é convidativo, estava esgotado... Depois na FLL lá me decidi e comprei-o. 

Posso afirmar-vos que esta GN vale todos os euritos que custa! A história é maravilhosa e o seu casamento com as imagens é perfeito. Creio que nunca li nenhuma tão expressiva! Onde as palavras não estão, estão as ilustrações belíssimas ocupando o lugar certo, na proporção certa! Realmente fantástico! De uma beleza estética única e com uma caracterização facial dos personagens espectacular!

Todas as personagens ficam em nós. Há uma em particular, que pela sua diferença de caracterização na ilustração, fica marcada em todos os leitores. De repente, surge alguém com uma cabeça de bode. O impacto no leitor é grande já que todos os outros possuem faces humanas. A explicação para tal é brutal: é assim que Julien o recorda. É a transposição dessa sua lembrança para algo real que nos causa primeiro estranheza mas, depois, concordância. Apoiamos essa decisão do autor e parece-nos acertado que tenha mesclado o carácter duro e mau dessa personagem hedionda com o seu aspecto físico.

A história fala-nos, sobretudo, dos desencontros que a vida trouxe a um músico, já de idade avançada e doente,  alguns provocados por ele (bastantes é certo!), outros por quem lhe era próximo. Fala-nos de arrependimento, de oportunidades perdidas e de reencontros. Da rivalidade/inveja inerente ao ser humano e na sua superação. Fala-nos de alguém com uma vida já muito longa e nos pensamentos que o atormentam. De redenção e de perdão também. 

Julien Dubois é pianista. E não é que tenha um jeito natural e extraordinário para tocar mas foi, sobretudo devido à insistência de sua mãe e dos professores por ela contratados desde pequeno, que Julien Dubois vai ser um pianista célebre! E como é que este facto transparece com uma clareza constante nesta obra não vos sei explicar. A musicalidade presente nestas páginas é uma constante e isso é muito bonito de se ver/ler.

Gostei muitíssimo e recomendo sem reservas! 

Terminada em 19 de Setembro de 2021

Estrelas: 6*

Sinopse

A vida de Julien Dubois, pianista de sucesso, confunde-se com a história da Europa do século XX. Desencantado e misantropo, vive a reforma numa velha mansão, com um gato e uma governanta por companhia. Um dia, é visitado por uma jovem jornalista que o incita a contar a sua verdadeira história. Nas paredes da casa, saturadas de fumo de cigarro e de velhas memórias, ressoa a confissão de uma vida feita de rivalidade, desamor e arrependimento. 

Balada para Sophie é uma deslumbrante novela gráfica de uma das duplas mais consagradas da Banda Desenhada em Portugal.

Cris

sábado, 2 de outubro de 2021

Novidade Saída de Emergência

O Rapaz de Buchenwald

de Robbie Waisman e Susan MCclelland

Abril de 1945. Quando as forças americanas libertam o campo de concentração de Buchenwald, descobrem quase mil rapazes judeus que tinham sido escondidos e protegidos pelos prisioneiros do campo. Ninguém sabe o que fazer com eles – e, durante dois meses, os jovens permanecem nos dormitórios da prisão sem qualquer tipo de rotina ou orientação.

Estes «Rapazes de Buchenwald» estavam zangados com o mundo pelo abuso que tinham sofrido e encontraram na violência uma fuga: roubavam para se alimentarem, eram conflituosos e lutavam por poder. Tudo mudou quando Albert Einstein e o rabino Herschel Shachter descobriram a história destes jovens e os levaram para França, para uma reabilitação com vista à integração na sociedade.

Este é o testemunho de Romek Wajsman, agora Robbie Waisman, um desses rapazes, que partilha a sua extraordinária história de transformação da dor em resiliência, e da superação de uma perda incrível para encontrar uma alegria extraordinária.

Na Minha Caixa de Correio

 

 

 


Cris