Começo por dizer que o tom deste livro é muito diferente dos outros que li da Célia e eu não o esperava de todo. Vá lá, podia ser auto ficção mas essa voz que nos entra pelo corpo adentro, zangada com tudo e com todos não casava (na minha cabeça!) com a imagem que tinha da autora. Sei lá porquê! Todos temos os nossos momentos menos “felizes” e mostrá-lo aos outros é prova de grande coragem. Escrever no papel é algo de muito catártico mas mostrá-lo aos outros não deve ser fácil. Significa, talvez, que essa raiva encontrou o seu lugar e já não domina permanentemente a casa onde habita? Não sei, estou a divagar… De qualquer forma o tom incomodou-me porque doía ouvir. Mas depois, passada a surpresa, li interessada e com gosto (no fundo imaginando que era somente ficção!).
O grito dessa mulher amarga, magoa quem lê. O subterfúgio que usei foi esse que referi em cima, pensar que era ficção, mas sabemos que a maior parte das vezes não terá sido assim. A história prende, as analepses são uma constante e, com elas, fica-se a perceber que a raiva, o “odeio as pessoas” talvez tenha razão de ser. Quem possuiu uma infância feliz não imagina sequer o que é ser negligenciado e as consequências que isso pode trazer na formação de um pequeno ser. Mas, neste caso, a admiração pela força que a personagem/autora possui para ultrapassar tudo e não seguir o mesmo padrão, apodera-se do leitor.
Parabéns Célia! Gostei muito!
Terminado em 26 de Outubro de 2021
Estrelas: 5*
Sinopse
Uma mulher prestes a completar 30 anos está no aeroporto de Barajas à espera do voo para Lisboa. Tem um bloco de notas e um lápis, pelo que começa a registar tudo o que vê ao redor, assim como o muito que tem por resolver. Num monólogo intimista e cru, sem cair no politicamente correto, os pensamentos desta mulher ameaçam fundir-se com os do leitor comum.
Cris
Obrigada pela partilha.
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