Livro pequeno que se lê num dia mas que nos deixa a pensar. Conta-nos a história de uma mulher de 36 anos que desde pequena era diferente nas suas atitudes e vontades próprias. Sempre agiu em conformidade com essa diferença até que "percebeu" que não se enquadrava naquilo que esperavam dela. Passou a observar os comportamentos dos outros e a imitá-los de forma a parecer-se mais com o que dela era esperado. Calada, introspectiva, conseguiu passar despercebida na escola, que era o pretendido.
Furukura tem 36 anos e trabalha há 18 numa loja de conveniência. Gosta do que faz mas o mundo que a rodeia pressiona-a constantemente. Tenta passar despercebida mas as interferências directas ou indirectas começam a deixá-la incomodada. Não é emprego para a sua idade este que ela tem (pois não tem perspectivas de ascenção na carreira) e não deveria ter já um marido?
Esta personagem, por um lado, fez-me lembrar o protagonista de "Stoner", um livro de que gostei muito. A sua vida é passada num ritmo lento, sem surpresas. Monótona, sem ambição. Mas é a vida que gosta. Até que ponto deverá alterá-la para satisfazer as vontades de outrém?
Gostei muito desta leitura. É um livro com uma forte crítica social, mordaz, que faz-nos refletir sobre as nossas atitudes e preconceitos que todos temos em relação aos outros.
Terminado em 30 de Setembro de 2019
Estrelas: 5*
Sinopse
Keiko foi sempre estranha – e os pais perguntam-se onde encaixará ela no mundo real. Por isso, quando a rapariga resolve ir trabalhar para uma loja de conveniência, a notícia é recebida com entusiasmo, até porque na loja ela encontra um mundo bastante previsível, que domina com a ajuda de um manual e copiando os colegas até na forma de falar. Mas aos 36 anos é ainda na mesma loja de conveniência que trabalha, e além disso nunca teve um namorado, frustrando as expectativas da sociedade... Embora Keiko não se importe com isso, sabe que a família e os amigos estão mais ou menos desesperados. Um dia, porém, é contratado para a loja um rapaz com o qual Keiko tem algumas afinididades. Não será então aconselhável para ambos um relacionamento?
Sayaka Murata, uma das vozes mais originais e talentosas da ficção contemporânea japonesa, capta brilhantemente a atmosfera de uma loja de conveniência e satiriza as obsessões que regem a sociedade contemporânea e a pressão exercida sobre as mulheres no sentido de cumprirem expectativas alheias, com o pretexto de terem uma vida «normal». Uma Questão de Conveniência, que venceu o prémio Akutagawa e foi traduzido em mais de vinte países, é o retrato de uma heroína deliciosa que promete ser tão memorável como Amélie Poulain.
Cris
Não me importava de ler este! Gosto bastante do universo da cultura japonesa. Quando olhei a capa e porque tinha acabado de ler sobre o livro do Círculo, o que trazia a receita do pesto, pensei que era sobre comida japonesa!
ResponderEliminarNão é, não. As capas enganam... a personagm principal trabalha numa loja de conveniência. Daí a comida da capa e o título tb.
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