Era uma jovem de 23 anos, trabalhando num escritório de uma fábrica metalomecânica como tradutora, quando ocorreu o 25 de Abril.
As imagens mais fortes que tenho desses dias têm a ver com a rua, as vozes das pessoas que falavam umas com as outras mesmo não se conhecendo, nos transportes públicos, nos cafés, em qualquer sítio. Era a explosão da liberdade, dos sentidos, da alegria. Era o rio a transbordar.
A música e os poemas ligados às músicas são as marcas mais fortes que tenho. O Sérgio Godinho, o José Mário Branco, as músicas que ouvíamos e cantávamos até à exaustão. Mais tarde os poemas do GAC, canções revolucionárias que nos diziam tanto. Foi um tempo pouco dado à leitura, à literatura, era difícil estar muito tempo sentada a ler.
Mas lembro-me que houve um tempo em que devorei os três volumes de "Os Subterrâneos da Liberdade" de Jorge Amado. As viagens de comboio ajudavam a encontrar o tempo para a leitura e para apreender a vivência dura da militância em tempos de ditadura.
Foi um tempo memorável. Foi uma felicidade única poder viver esse tempo.
Viva o 25 de Abril.
Almerinda Bento
25 de Abril de 2019
Obgda pelo texto tão sentido, Almerinda! Bjinho
ResponderEliminar