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domingo, 24 de novembro de 2019

Ao Domingo com... Margarida Pereira-Müller


Fiz o ensino secundário num colégio interno feminino, o Instituto de Odivelas. Uma escola onde só havia mulheres: alunas, professoras, funcionárias. Tudo rodava à volta da dignificação da mulher e do seu importante papel na sociedade, tanto na família como na vida profissional. E, nós, alunas, tínhamos como exemplo grandes mulheres que se tinham realçado nas suas profissões, como por exemplo, a nossa professora de Desenho, Maria José Estanco, a primeira mulher a licenciar-se em Arquitetura em Portugal, a Luna Andermatt, antiga aluna em grande bailarina e que tinha o impulso necessário para o desenvolvimento do ballet no nosso país ou a Adelaide Cabete, médica e professora de Higiene e grande defensora da causa feminista, entre muitas outras mulheres.

Também em casa dos meus Pais, os exemplos eram femininos. Éramos três irmãs. Os pais tinham uma mentalidade aberta e à frente do seu tempo: as mulheres tudo podiam, bastava trabalhar e aplicar-se. Eu era a mais nova e as minhas duas irmãs foram sempre um marco nas suas carreiras académicas e profissionais.
Não é assim de admirar que os temas “mulheres” e “paridade” sempre tenham estado no topo dos meus interesses. A Luísa Paiva Boléo, que tinha lido alguns dos meus artigos biográficos sobre mulheres publicados em diversas revistas, desafiou-me para escrevermos um livro sobre mulheres pioneiras. Aceitei de imediato.
Urge dar a conhecer ao grande público o trabalho das mulheres, que muitas vezes (digamos, quase sempre) ficam na sombra, parecem invisíveis - ainda até nos dias de hoje.
No nosso livro “As Primeiras - Pioneiras Portuguesas num Mundo de Homens” (Esfera dos Livros) apresentamos somente 59 pioneiras. Muitas mais existem. A escolha não foi fácil. Mas já estamos a preparar um 2º volume com outras mulheres pioneiras que desbravam caminho neste mundo que os homens querem dominar em vez de partilhar.

Como escrevemos na Introdução do livro, “As mulheres, salvo raríssimas exceções, têm sido votadas a milénios de invisibilidade surgindo maioritariamente em papéis secundários. Tradições seculares e preconceitos sociais impediram-nas de expressar as suas opiniões, de realizar determinados trabalhos e de viver livremente. No entanto mulheres houve que ousaram enfrentar essas proibições e conseguiram vingar em profissões “masculinas”. As religiões, eivadas de ancestrais mitos, também em nada as favoreceram e eternizaram a menoridade das mulheres. (…) O objetivo desta nossa obra “As Primeiras - Pioneiras Portuguesas num Mundo de Homens “ é ajudar a retirar da sombra as vidas, vivências e legado de mulheres portuguesas que tiveram a coragem de se emancipar e serem pioneiras numa determinada área, muitas vezes contra tudo e contra todos. (…) Esperamos que estas histórias verdadeiras de mulheres que se não renderam às normas e à tradição e que escolheram ousar e seguir os seus talentos, os seus interesses, os seus sonhos, sejam inspiradoras de mudança na senda da igualdade de oportunidades.”
M. Margarida Pereira-Müller
2019/11/09












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