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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

"Pequenos Mundos" de Caleb Azumah Nelson

Não li o livro anterior desta autor, "Mar Alto", mas fiquei curiosa e este atraiu-me.

Escrito maioritariamente na primeira pessoa, facto que me agrada sobremaneira nos livros que leio porque, acredito, o tom intimista que se gera cria uma proximidade com o leitor. De facto isso aconteceu aqui.

O narrador é Stephan, ainda adolescente, de raízes ganenses, e a história gira durante alguns verões passados em Londres onde habita com os pais e irmão. Os seus amores, as suas desavenças familiares, a auto-descoberta daquilo que pretende da vida, as quedas e os avanços que os contratempos lhe trazem. As quezílias familiares e amorosas que marcam o seu destino. E, sobretudo, o seu amor pela música/dança que o mantém vivo e o salva em muitas situações. Conhecendo as suas raízes (os pais são do Gana) inspira-se e descobre o que pretende para o seu futuro, descobrindo a sua identidade. Fala-nos de perda e de luto, dos traumas que permanecem muitas vezes sem lhes darmos os devidos créditos e como condicionam as nossas atitudes no futuro. Das raízes culturais e de culturas assimiladas.

Leitura que penetra em nós muito rapidamente e que se faz rápida sem momentos moles ou desinteressantes, com capítulos curtos. Brilha pela construção das personagens que são consistentes, com virtudes e defeitos. Reais. Muito interessante verificar como o leitor acompanha inquieto as metamorfoses a que Stephan passa para o ver florescer mais tarde.

Recomendo!

Terminado em 15 de Novembro de 2024

Estrelas: 6*

Sinopse
SÓ A DANÇA FAZ SENTIDO PARA STEPHEN.
Stephen dança na igreja, com os pais e o irmão, o brilho das mãos negras levantadas em louvor; ele pode ter perdido a fé, mas se há coisa na qual ainda acredita é no ritmo.
Dança com os amigos, algures numa cave, à espera da entrada enérgica da batida, do verdadeiro clímax na música eletrónica do DJ.
Dança com a sua banda, criando música que fala não só das dificuldades da vida, mas também das alegrias.
Dança com a sua melhor amiga, Adeline, rodopiando pela sala, cantando, mexendo-se ao ponto de quase encostarem as cabeças.
Dança sozinho, em casa, ao som dos discos do pai, descobrindo partes de um homem que nunca conheceu verdadeiramente.
E SE A MÚSICA DESAPARECE?
Quando o pai começa a falar de vergonha e sacrifício, quando Stephen deixa de ver a sua casa como sua, como encontrará ele espaço para si mesmo: um lugar onde possa sentir-se bem, bonito, livre? Passado ao longo de três verões na vida de Stephen, de Londres ao Gana e de volta a Londres, Pequenos Mundos é um romance emocionante e expansivo sobre os locais e as emoções que construímos para nós mesmos, sobre os mundos em que vivemos, em que dançamos e em que amamos.

Cris

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