Mimo, nascido em França mas filho de pais italianos, depois da morte do pai, é mandado pela mãe para Itália, para casa de um parente para aprender um ofício: esculpir pedra. A sua estatura muito pequena não influencia a sua maneira de ser e de ver a vida, muito embora tenha sofrido e sido gozado por isso durante a sua vida. Mas Mimo descobre que a pedra pode ser esculpida com amor e com arte. E é com este narrador que começa esta trama que se desenvolve em seu redor.
Estamos no início do séc. XX, os trabalhos em pedra possuem um papel de destaque na sociedade italiana e Mimo, mesmo com a tentativa do seu tio de lhe roubar o protagonismo das obras em que ele trabalha, vai-se destacando e libertando desse tio alcoólico e que o maltrata. Conhece Viola, filha de uma família aristocrata, cujos sonhos e desejos ultrapassam em muito o que lhe é permitido em sociedade, e nasce uma estranha e improvável amizade que se vai prolongar por muitos anos, através de uma sucessão de acontecimentos que, ora os afasta, ora os junta. Como pano de fundo está a ascenção do fascismo e os diferentes lados de uma guerra que os pode separar.
Com uma imaginação fértil, o autor prende rapidamente o leitor, tanto mais que o narrador, no início do livro, é ainda uma criança e não percebe porque se tem se se separar da mãe, mantendo essa mágoa durante muitos anos. As cenas são muito cinematográficas e tanto as descrições dos ambientes como dos personagens entram pelos nossos olhos dentro. Gostei muito disso! O título tem razão de ser e só posteriormente a entendemos. Confesso que pelo título pensei em coisas bem diferentes e que esse factor me surpreendeu agradavelmente.
Leitura ávida e que se deseja ininterrupta. O desejo de saber como avança a vida de Mimo e Viola comanda esta leitura. Gostei muito e as suas quase 400 páginas não amedrontam o leitor!
Terminado em 25 de Setembro de 2024
Estrelas: 5*
Sinopse
Agosto de 1986.
Num mosteiro italiano, um homem encontra-se às portas da morte, entregue aos cuidados dos monges que ali habitam.
Durante 40 anos, viveu entre eles, para «velar por ela».
«Ela» é a sua última obra, uma estátua que perturba quem a vê, mas cuja história e origem permanecem em segredo.
No leito de morte, o homem revisita o seu passado, desde os tempos de aprendiz de um escultor alcoólico e violento, no planalto de Pietra d'Alba, reduto da poderosa família Orsini.
Recorda sobretudo Viola Orsini, que gosta deste escultor anormalmente pequeno, com mãos de génio e mente livre.
Desde o seu primeiro encontro, na adolescência, Viola e Mimo percorrerão lado a lado a primeira metade do século xx, testemunhando a ascensão do fascismo e a agitação das guerras mundiais.
Ele torna-se um artista prodigioso, muito requisitado pela elite; ela tenta incansavelmente perseguir os seus sonhos de mulher emancipada.
Ambos se perderão e encontrarão continuamente, como amigos ou inimigos, sem que nenhum deles desista dos fortes laços que os unem.
Velar por ela é um romance arrebatador, que nos dá a conhecer duas personagens inesquecíveis e uma história de afetos que insiste em manter- se no tempo, contra todas as probabilidades.
Cris
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