Leitura intensa esta que nos conta a história de uma mulher de meia idade que se sente e é tratada como forasteira numa Andaluzia profunda, fechada em si mesma, quase desertificada. Angie escolheu regressar e viver sozinha, apenas com os seus cães, a uma casa meia arruinada, a casa de seus antepassados.
O leitor consegue visualizar na perfeição o ambiente e os pormenores físicos dessa aldeia e das poucas pessoas que interagem com a personagem principal. O ambiente e os habitantes são agrestes e o leitor sente e vê. Um filme passa pelos nossos olhos. As descrições são perfeitas, a autora é exímia nisso.
Angie escolheu a solidão e as poucas pessoas com quem convive bastam-lhe. O seu passado vem ter connosco aos poucos e a sua relação com um artista inglês explica, em parte, essa necessidade de afastamento. Vai descobrindo mistérios familiares e descobrindo, de igual modo, a sua resiliência face aos problemas que vão surgindo, criados por alguns habitantes.
Para apimentar a trama, o descobrir de algumas mortes, passadas e presentes (suicídios?) que escondem dramas do passado e revelam histórias e rivalidades.
Personagens credíveis, temas fortes (ruralidade, o contacto com a natureza, a falta de compaixão, a solidão, imigração ilegal) que servem para contar uma história que prende e que vai caminhando entre passado e presente. Linguagem crua, detalhada, apaixonante.
Final em aberto. Gosto disso! Recomendo!
Terminado em 11 de Novembro de 2024
Estrelas: 6*
Sinopse
Numa Andaluzia rural e quase desertificada, Angie é o último membro de uma família pobre oriunda de um bairro operário de Barcelona. Vive isolada, numa casa decrépita, apenas acompanhada pelos dois cães, os fantasmas do passado familiar e a memória de um grande amor de juventude.
Uma manhã, descobre o corpo do proprietário das terras da região enforcado numa nogueira, o que vai fazer perigar a permanência de Angie no seu pequeno pedaço de terra. Enquanto luta pelo que lhe pertence, descobrirá segredos bem enterrados, entre eles o que liga a sua família à dos latifundiários – uma estranha dinastia com uma história de suicídio a cada geração.
Considerado um western contemporâneo, género em que o território, a lei, o peso da paisagem e as pessoas divididas têm protagonismo, A Forasteira é também um magnífico romance sobre liberdade e resistência.
Cris
Deixou-me com vontade de o ler.
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