segue do seu livro para ficarem a perceber quais as quantidades e os tempos. Todas as receitas deste livro estão misturadas com pensamentos e reflexões sobre a Vida. Apreciem!
Trazemo-vos hoje um arroz doce feito com arroz integral, sem açúcar refinado, laticínios e ovos.
Arroz doce
Alma adorava cozinhar. Juntava os alimentos como se planeasse o tempo, e esperava ansiosa para ver a expressão dos outros ao provar.
Deu uma volta com a colher de pau dentro da água morna e segredou-lhe o seu plano: "Vou fazer arroz doce e hoje tu serás o palco da minha obra".
O arroz que ia ser doce, precisava de uma pitada de sal.
Alma voltou a mexer a água e aproximou o rosto para ouvir mais de perto o seu sussurrar. Juntou-lhe uma pitada de sal na quantidade certa.
Alma tirou o limão da fruteira e cortou cuidadosamente um pedaço da sua casca.
O limão é o perfume do arroz, a sua água de colónia que se sente logo à entrada de casa.
O pau de canela picante e amargo era a dupla perfeita para este encontro entre o arroz e o palato.
A canela, vaidosa, não se negou a partilhar o seu interior e libertou-se totalmente sem se desfazer.
Alma lavou o arroz e juntou-o ao líquido morno que fervia. O arroz agradeceu, por ter viajado até ao lugar que não esperava encontrar. Sentiu o calor, emocionou-se e depois entregou-se. Deixou-se transformar e começou a cozinhar.
O arroz absorveu o caldo onde mergulhou. Alma juntou a bebida de aveia e continuou a mexer, criava o tempo que haveria de se provar.
O arroz clamava pelo doce que batizaria o seu nome e nesse urgente pedido, a geleia também feita de arroz, deixou-se cair entre os bagos que a receberam e abençoaram. O arroz estava quase pronto, só faltava o tempo certo, para unificar os sabores.
A geleia cozinhou depois de conversar com todos os outros presentes. E perdeu-se no encontro com eles. O arroz estava no ponto e pronto para ser servido, pelos pratos foi repartido.
A canela em pó, esperou sentada. O tempo levou o calor, e o arroz arrefeceu. A canela numa suave dança desenhou-se, e decorou o arroz que já era doce.
(extracto do livro "Temperos com Alma" de Natália Rodrigues Porto)
Palmira e Cris
Gosto muito de arroz (quem não?!), mas não sou apreciadora de arroz em sobremesas ou, por exemplo, numa canja de galinha. Prefiro aletria. Contudo, esta é uma forma diferente e muito curiosa de apresentar uma receita.
ResponderEliminarMaravilhoso.
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