Gosta deste blog? Então siga-me...

Também estamos no Facebook e Twitter

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Experiências na Cozinha: "Temperos com Alma"


A Natália é professora no Instituto Macrobiótico e foi lá que a conhecemos. Retirámos o texto que se
segue do seu livro para ficarem a perceber quais as quantidades e os tempos. Todas as receitas deste livro estão misturadas com pensamentos e reflexões sobre a Vida. Apreciem!

Trazemo-vos hoje um arroz doce feito com arroz integral, sem açúcar refinado, laticínios e ovos.

Arroz doce

Alma adorava cozinhar. Juntava os alimentos como se planeasse o tempo, e esperava ansiosa para ver a expressão dos outros ao provar.

Deu uma volta com a colher de pau dentro da água morna e segredou-lhe o seu plano: "Vou fazer arroz doce e hoje tu serás o palco da minha obra".

O arroz que ia ser doce, precisava de uma pitada de sal.

Alma voltou a mexer a água e aproximou o rosto para ouvir mais de perto o seu sussurrar. Juntou-lhe uma pitada de sal na quantidade certa.

Alma tirou o limão da fruteira e cortou cuidadosamente um pedaço da sua casca.

O limão é o perfume do arroz, a sua água de colónia que se sente logo à entrada de casa. 

O pau de canela picante e amargo era a dupla perfeita para este encontro entre o arroz e o palato.

A canela, vaidosa, não se negou a partilhar o seu interior e libertou-se totalmente sem se desfazer.

Alma lavou o arroz e juntou-o ao líquido morno que fervia. O arroz agradeceu, por ter viajado até ao lugar que não esperava encontrar. Sentiu o calor,  emocionou-se e depois entregou-se. Deixou-se transformar e começou a cozinhar.

O arroz absorveu o caldo onde mergulhou. Alma juntou a bebida de aveia e continuou a mexer, criava o tempo que haveria de se provar.

O arroz clamava pelo doce que batizaria o seu nome e nesse urgente pedido, a geleia também feita de arroz, deixou-se cair entre os bagos  que a receberam e abençoaram. O arroz estava quase pronto,  só faltava o tempo certo, para unificar os sabores.

A geleia cozinhou depois de conversar com todos os outros presentes. E perdeu-se no encontro com eles. O arroz estava no ponto e pronto para ser servido, pelos pratos foi repartido.

A canela em pó, esperou sentada. O tempo levou o calor, e o arroz arrefeceu. A canela numa suave dança  desenhou-se, e decorou o arroz que já era doce.

(extracto do livro "Temperos com Alma" de Natália Rodrigues Porto)





Palmira e Cris

2 comentários:

  1. Gosto muito de arroz (quem não?!), mas não sou apreciadora de arroz em sobremesas ou, por exemplo, numa canja de galinha. Prefiro aletria. Contudo, esta é uma forma diferente e muito curiosa de apresentar uma receita.

    ResponderEliminar