Esta obra começa por nos contar a história de um escritor/poeta que, numa crise de inspiração e, também, de vendas do seu último livro procura um novo tema para uma nova história. Confesso que a sua personalidade me surpreendeu pela negativa e o achei irritantemente inseguro, demonstrando ser algo amorfo. Com a introdução de três personagens femininas, todas elas refugiadas imigrantes ilegais, a história ganha um novo fôlego e o personagem principal cresce e desenvolve-se em redor das suas histórias. Talvez o autor quisesse precisamente dar o enfoque maior a essas histórias que no final descobrimos terem um fundo de verdade que nos desconcerta...
Muitas vezes é com um humor muito próprio que nos inteiramos de histórias pessoais de um horror surpreendente. Um grito e um desejo de liberdade face a uma sociedade que muitas vezes prefere não ouvir falar. Histórias de imigrantes de várias partes do mundo que ferem e magoam de tão tristes que são e do seu desejo profundo de liberdade. Liberdade que, mesmo depois de chegados ao país de sonho, é difícil de alcançar. Saber em que condições vivem alguns imigrantes ilegais foi, decerto, o intuito de Henning Mankell.
Foi amplamente conseguido.
Terminado em 5 de Maio de 2014
Estrelas: 4*+
Sinopse
Jesper Humlin é um conceituado poeta sueco que está a passar por uma fase algo caótica da sua vida pessoal e, para cúmulo, o seu editor, intima-o a escrever um policial, género que o poeta despreza. Um dia, Jesper vai dar uma série de palestras na zona de Gotemburgo e entra em contacto com uma comunidade de imigrantes ilegais. Mas são três jovens, em particular, que o irão marcar profundamente e inspirá-lo para uma nova aventura literária - Tea-Bag, uma refugiada nigeriana, Leila, oriunda do Irão, e Tania, uma jovem da Europa de Leste. Cada uma delas traz consigo uma história de vida, a fuga à opressão e o anseio pela liberdade, uma voz que deseja ser ouvida e que faz nascer em Jesper a vontade de a dar a conhecer ao mundo. Um romance inspirador, iluminado pela esperança, a comédia e o humor e ensombrado pela realidade trágica das vidas que sofrem a marca indelével do preconceito e do racismo.
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