Mas não só em sons e paisagens encontro inspiração, ela chega-me sem aviso e quase sempre acompanhada: vem de braço dado com o trabalho. Foi ao fim de três décadas que decidi mostrar o meu labor, ocultado pela timidez. Deixei voar um primeiro policial, a que chamei Bom Tempo no Canal – A Conspiração da Energia. Fui feliz outra vez, porque somei à árvore plantada e à paternidade a coisa que faltava ao homem para ter a vida feita. Mas o mundo não acabou, estava apenas a começar. O livro laureou-se com o Prémio Letras em Movimento, e eu sorri mais uma vez. Vieram outras experiências, digressões e um sentimento de plenitude. Sim, porque o fogo não está nas coisas que ardem, está no ar que
as rodeia. O mistério dos atlantes bateu-me à porta e trouxe os ingredientes para o romance número dois: Capítulo 41 – A Redescoberta da Atlântida. Mostrei mais um lado destas ilhas, um possível passado. Depois, a Mostra LabJovem desafiou-me, apaixonei-me outra vez e escrevi a novela Nove Estações.
Não se pode resumir uma vida, mas pode-se sumariar um percurso. Parece que a minha existência se divide em duas: uma desencontrada e outra recém-chegada. Este caminho também trouxe um regresso, a aposta num futuro académico. Alistei-me na Psicologia e percorro agora os trilhos da mente humana. Convidaram-me a participar numa aventura infantil, regressei a ser criança, e saiu-nos um golfinho: o Necas. Ensina as crianças a lidar com as emoções.
Como a vontade de escrever não morre, e nem tão cedo quero padecer, continuo a debitar pensamentos, em forma de crónicas e poesias banais. A vontade de mostrar, essa está viva e recomendada. Sim, quero seguir por este rumo.
Pedro Almeida Maia
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