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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Um amor sem tempo


Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 264
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722344432
Colecção: Grandes Narrativas

Há livros que, logo nas primeiras páginas, ficamos arrebatados e apaixonados pela história. Não foi o caso deste. Custou-me a entrar, talvez porque o primeiro facto que nos é retratado me pareceu um pouco... como direi? Tolo, descabido. Assistimos à morte de vários pombos correio, mortos a tiro por alguém que não ficamos a saber quem é... Este facto é-nos relatado por Eduardo, um jovem que regressa à sua aldeia natal, ao fim de alguns anos de afastamento. 

E é através das suas palavras que vamos "entrando" aos poucos neste livro de Carlos Machado que considero muito bem escrito. Palavras cuidadas, com descrições simples e completas, mas sem serem massudas, localizando-nos no tempo com bastante cuidado e rigor histórico e onde as personagens, sobretudo Eduardo, são caracterizadas no seu aspecto interior com muita exactidão. Fiquei fascinada como  este autor me conseguiu conquistar, pois quando começo a "torcer o nariz"...

O escritor vai povoando este romance com salpicos de uma realidade que, muitos de nós, conheceu bem: o pós 25 de Abril, nos momentos altos de uma revolução, onde as ideias fervilhavam e as pessoas de mentalidades e de ideias políticas diferentes se confrontavam entre si... uns eram pró-Salazar, outros contra.

Revivemos, também, uma outra época em Portugal, durante a 2ª Guerra Mundial, onde a extracção de volfrâmio ilegal e a sua posterior venda era uma realidade, feita, muitas vezes, por indivíduos que não lhes interessava a que "lado" vendiam: era-lhes indiferente se era vendido aos "aliados" ou a Hitler. O volfrâmio era utilizado nas ligas metálicas do armamento.

O retrato psicológico das personagem, como referi, está muito bem conseguido. Eduardo surge-nos como alguém que se encontra apaixonado por uma amiga de infância mas que o medo, a vida, o tempo e a distância impedem de assumir. Como sucede na realidade, por vezes...

O mistério, a intriga estão presentes de uma forma que nos prende a atenção. Aconselho vivamente! Leiam.


P.S. Este livros foi o 1º que ganhei num passatempo! Veio direitinho da Presença. Espero que não seja o último...
Terminado em 29 de Dezembro de 2010.

Estrelas: 4*

Sinopse

Após seis anos de ausência, Eduardo regressa à aldeia onde nasceu para vender a propriedade da família, votada ao abandono desde a morte do avô. «Ia ficar pouco tempo», pensava encostado a uma árvore do carvalhal que bordejava a aldeia. Mas, subitamente, uma sucessão seca de tiros fez reverberar o ar sólido do estio e acabou com a paz daquele dia. Os famosos pombos-correio de Severino Sarmento, o homem mais poderoso da terra, tinham sido traiçoeiramente abatidos. E é, então, que se dá o reencontro de Eduardo com o seu passado e com todos aqueles que o marcaram de forma indelével. Sobretudo Mariana, a bela filha de Severino e seu grande amor. Carlos Machado, num romance apaixonante, conduz-nos através de uma trama que tem lugar nos tempos agitados do pós-25 de Abril e que nos coloca, sem moralismos, perante fraquezas e grandezas da natureza humana.

Um pouco de História


Durante a Segunda Guerra Mundial, Portugal encontrava-se sob o regime do Estado Novo, sob o governo de António de Oliveira Salazar. Oficialmente, Portugal declarou em 1939 a neutralidade - apesar da antiga Aliança Luso-Britânica - tendo-a mantido até ao final das hostilidades.
Salazar entendia ter Portugal pouco a ver com a política europeia, sendo a sua vocação essencialmente ultramarina, pelo que o interesse português era o de afastar-se o mais possível desse conflito.
Comercialmente, Portugal exportava produtos para os países em conflito, como açúcar, tabaco, e volfrâmio. O volfrâmio cujo preço subiu em flecha desde o início das exportações, sendo que para a Alemanha, a exportação foi interrompida em 1944 por imposição dos Aliados. Até ao final da guerra as exportações para a Alemanha foram pagas com ouro canalizado via Suíça.
Para tentar fortuna bastava não ter escrúpulos e ter, isso sim, um bom sentido da oportunidade.As terras ricas em volfrâmio eram disputadas por ingleses e alemães. O volfrâmio era o mineral que temperava o aço, tão necessário e utilizado para o material bélico.
(Retirado da Wikipédia e resumo de "A febre do ouro negro" da RTP)

1 comentário:

  1. Apaguei sem querer um comentário da Natacha de Quero um livro...
    aqui vai ele:
    "É realmente um livro que surpreende, não pelas reviravoltas na história que acaba por ser bastante simples mas, porque está muito bem escrito, de uma forma original até. Eu gostei! :)"

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