Este livro de páginas amarelecidas pelo tempo chegou-me às mãos, via BLX, recomendado já não sei por quem. Embora o título seja significativo, "Só acontece aos outros - Histórias de violência", a capa de outros tempos sugere-nos assuntos de outras épocas, que já não têm nada a ver com a nossa realidade. Mas não! A violência é um assunto contemporâneo, habitando ao nosso lado muitas vezes disfarçada, camuflada, sobretudo a violência contra os mais fracos - as mulheres e as crianças.
A acção decorre entre 1970 e 79. Foram reportagens realizadas pela jornalista Maria Antónia Palla, no semanário já desaparecido O Século Ilustrado, e que retratam casos de violência vivenciados em Portugal, tendo ficado por esclarecer muitos dos mistérios que lhes estavam subjacentes.
Podiam muito bem ter constituído o início de vários romances... Prendem-nos logo pela forma como estão escritos só que, na realidade, são pequenas-grandes histórias verídicas de violência gratuita e outras de actos irreflectidos e brutais, onde a omissão dos vizinhos está presente e contribui para a realização de vários crimes. O que nos faz perguntar: O que se esconde ao nosso lado? Será que olhamos devidamente ao nosso redor? Denunciamos ou fingimos não ver?
Estrelas: 4*
Sinopse
Jornalista corajosa e independente, uma das mais prestigiadas da nossa imprensa, Maria Antónia Palla desde sempre se interessou pelos "casos humanos", muito especialmente aqueles que envolviam as mulheres e as crianças.
"Só acontece aos outros" reúne alguns dos muitos casos em que interveio como repórter e a sua escolha assenta em duas linhas gerais: são histórias de violência e histórias em que a violência recaiu sobre mulheres e crianças.
Contadas de uma maneira directa, como reportagens que são, não excluem, no entanto, a visão emocionada de quem, por muito que habituada à realidade, não se conforma com ela.
Tenho esse livro e li-o em 1985, segundo o registo feito no mesmo. Lembro-me bem deste livro pois na época fiquei deveras impressionada com os casos. Ainda não havia uma mediatização tão grande como hoje e o livro na altura foi de certa forma uma pedrada no charco. Lamentavelmente, casos parecidos continuam a ocorrer na nossa sociedade.
ResponderEliminarSe calhar foi algum comentário teu que eu li, Teresa!
ResponderEliminarAcho que não Cris. Há tantos anos que não pegava neste livro... Quando li o teu post é que reparei que apesar de o ter lido há tantos anos, retenho ainda na memória as impressões com que fiquei depois de o ler. Na altura fiquei muito marcada por este livro. Como já disse,naquela altura não havia tanta mediatização e portanto não se sabia a dimensão deste flagelo.
ResponderEliminarFiquei com a ideia de teres falado nele no site da Presença... mas se calhar estou a fazer confusão, bjinhos
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