Sou amarantina de gema, o que me enche de orgulho. Terra de ilustres figuras em diversas áreas da cultura (e não só), como Amadeo de Souza-Cardoso, Pascoaes e Agustina (apenas para nomear
alguns), a minha cidade é linda e verdadeiramente encantadora.
Estar face à escrita, para mim, é estar perante um constante desafio, como estar rodeada de folhas brancas de papel com necessidade de preenchê-las para não sufocar nas palavras.
Não sou muito de falar. Sou mais de escrever. Sou reservada, até nas opiniões, não sou propriamente pessoa de dar opinião sobre tudo e sobre nada. No entanto, quando me sinto indignada, ou quando penso que a minha opinião pode ajudar em alguma coisa, ou me sinto “na obrigação”, eu manifesto-me.
Escrevo muito em cadernos, à mão. E não seria a mesma pessoa se não o fizesse. Escrevo, rabisco, rasuro e faço uma ou outra ilustração.
Escrever faz-me bem. É uma necessidade intrínseca de comunicar, nem que seja apenas comigo. Na verdade, em primeira análise, é sempre comigo que comunico quando escrevo e só depois decido se partilho com os outros e o que partilho. É verdade que a escrita é aquele acto solitário, mas não é isolado do mundo, porque, ao escrever, analiso o que me rodeia e revejo-me no mundo. Pode ser uma visão muito à minha maneira, mas é a forma como me encaixo, como encontro o meu lugar e me relaciono com o que, de uma forma ou de outra, me afecta.
Em 2011, fui vencedora do prémio literário “Conto por Conto”, com o conto “A Tundra (cemitério de memórias)”, com a chancela da Alfarroba Editora. E em 2012, o meu conto “A Pergunta (fim de linha)” foi considerado o melhor da coletânea “Ocultos Buracos”, da Pastelaria Studios Editora,
valendo-me o prémio da publicação de um livro da minha inteira autoria, “Até Ser Primavera” – a publicar em Janeiro de 2014. Tenho participado em diversas antologias com contos e poesia.
Se existe alguma coisa que me inspire, então esse algo estará no âmago da condição humana, no frágil, no sofrido, no impotente, em contraponto com a beleza, o horrível e o poder da Natureza. A Natureza sempre se encarrega de corrigir os excessos humanos, muitas das vezes por meio da destruição, de uma forma cruel e imbatível. Isso lembra-me como sou pequenina e indefesa e espero que faça de mim uma pessoa mais tolerante e humilde.
O melhor do mundo? Bem, o melhor do mundo é ter uma família com quem poder contar.
Foi um prazer passar esta tarde de domingo na vossa companhia. Terei muito gosto em que acompanhem a minha escrita. Deixo-vos o meu abraço.
“Meus olhos são do mundo
Pássaros migrando em busca de sentido […]”,(excerto de poema a publicar).
ANABELA BORGES
Parabéns mais uma vez, Anabela!
ResponderEliminarE como "alguém" disse da "Belinha": "Era assim que falava sempre, com os olhos arregalados, a explicar tudo muito bem", esses "olhos grandes" servem para encontrar o sentido do mundo.
Beijinho