
Em dezembro de 2014 publiquei o meu primeiro romance, “Searas ao vento”, aliando duas paixões: a escrita e a genealogia. Tornei personagens os meus antepassados , obreiros anónimos do Alentejo que conhecemos, e as suas histórias de superação e luta foram o enredo, imortalizado como forma de homenagem pelo que foram e pelo que me transmitiram.
Saber-me lido foi simultaneamente assustador e gratificante. Saber as minhas histórias e os meus personagens comentados por outros pareceu-me estranho, mas ao mesmo tempo muito agradável. Era finalmente possível falar deles em voz alta, depois de um diálogo mudo que há muito travava comigo mesmo.
Quis repetir a experiência, mas sucumbi à angústia do segundo romance. Foi-me difícil construir uma história que me apaixonasse outra vez. Ao fim de quase cinco anos aconteceu.

a certeza.
Até lá fico em casa, como compete, a organizar ideias, estruturar novos projetos e a deixar que as emoções do momento sejam fonte de inspiração – as maiores provações inspiram os autores, é na dor e na angústia que encontram o expoente máximo da criatividade.
Resta-nos esperar que termos como “curva epidemiológica”, “confinamento” ou “isolamento social” voltem ao dicionário de onde nunca deviam ter saído e a normalidade seja restabelecida.
Cuidem-se e cuidem dos vossos. Que nunca acabe a aldeia que guardamos em nós.
Nuno Franco Pires
11 de abril de 2020
Gosto muito do Alentejo (vivi em Beja 5 anos). Quanto às aldeias, é uma pena o abandono a que assistimos. Lembro-me de 2 aldeias que visitei no norte do país. Uma já sem população e a outra (quando lá fui há vários anos) só com um casal idoso. Fiquei curiosa com os dois livros.
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