Peguei neste livro num bocado de uma manhã. Porque era pequeno sobretudo, mas também por tratar-se de um retrato vivido e verdadeiro de alguém. Pouco tenho a dizer sobre ele e o muito pouco que diga será sempre muito.
É a história de alguém que se despe perante o leitor, contando-nos como dedicou a sua vida aos outros esquecendo-se tantas e tantas vezes de si própria. Que dizer perante tanta abnegação?
Poderia talvez dizer que foi demais, que devemos também ter tempo para nós, para olharmos pelo nosso interior, para aquilo que nos dá prazer, mas isso seria deixar vir ao de cima julgamentos que não devo nem quero fazer e, principalmente, seria ditar como deveria ser a vida de outrém. E isso não farei nunca.
Antes de qualquer juízo de valor que não devo emitir sobre a vida de alguém, acredito que se o que fazemos nos deixa bem com a nossa consciência, então estamos no caminha certo. E ē isso que importa: estarmos bem connosco. E é isso que a Célia certamente sente. Por isso está tudo bem, não é?
Um livro que se lê rapidamente embora com alguma angústia por ver tanto sofrimento.
Terminado a 8 de Maio de 2016
Estrelas: 4*
Sinopse
Frequentemente olhava para os meus pais e meditava sobre o que seria mais doloroso: assistir à morte cerebral, lenta e degradante, num organismo saudável, no caso da minha mãe, ou ao depauperamento físico, numa mente brilhante e extremamente activa, no caso do meu pai. Ainda hoje não encontrei resposta, mas sou peremptória em afirmar que são duas situações de uma complexidade extrema.
Por tudo isto eu estava, não só estranha, mas também alheada. Era a minha despedida, o meu adeus, o meu "nunca mais" à minha mãe. Até sempre meu amor, minha querida, minha linda, minha rica, minha menina... minha MÃE!
O amor pode revelar-se de diversas formas: conjugal, maternal, paternal, filial, fraternal, avuncular... até a amizade é uma maneira diferente de gostar.
Comum a todas elas, na minha opinião, é querer o melhor para o ser querido. Sem egoísmos, sem amarras, sem cobranças... num despojamento total. Por isso, quando chega o momento final, apesar de todo o desgosto que nos cause, devemos libertar, suave e firmemente, aquele que padece e deixá-lo desprender-se livremente de tudo quanto o prende à terra. É amar bem, na verdadeira acepção da palavra.
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