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quinta-feira, 19 de maio de 2016

"A Confissão do Navegador" de Duarte Nuno Braga

Se é certo que estava um pouco renitente com esta leitura pelo tema tratado e por temer que se tornasse um pouco aborrecida, também é certo que fui ficando cada vez mais cativada com o enredo ao virar das páginas. E o medo pelo desconhecido tornou-se numa ânsia de querer saber mais. E gostei.

Fiquei surpreendida pela forma como o autor, habilmente, deu-nos a conhecer uma parte da História de Portugal que, se bem me lembro, foi-me dada com muita ligeireza e rapidamente. Tenho uma vaga ideia de se ter falado de "alguém" ter descoberto o Brasil antes de Pedro Álvares Cabral e essa descoberta ter sido encoberta por vontades políticas e questòes de estratégia relacionadas com o Tratado de Tordesilhas. Desenvolver este assunto foi um tiro certeiro, dado com mestria pelo autor.

Duarte Pacheco Pereira (1460-1533), geógrafo, cosmógrafo e navegador, era, para mim, um ilustre desconhecido. Até ter lido este livro. Mas, para além de todos os factos históricos que se descortinam deste romance, achei que o escritor soube muito bem dar vida a este navegador, construindo um personagem que o leitor passa a admirar, de personalidade determinada e de carácter forte. Colocando sempre uma pitada de romance que cria uma leveza ao livro, foram, no entanto, as descrições das conquistas e sua vida em mar alto que me apaixonaram.

Senti falta de um mapa com o tracejado das várias viagens descritas (logo eu que basta dar uma volta sobre mim mesma para me perder!) para ir acompanhando esses momentos e também de um glossário com algumas palavras de elementos que existiam na época. Por exemplo: "paraus". Percebe-se no decorrer da narrativa que se trata de um tipo de embarcação mas gostaria de ver uma nota explicativa, leiga que sou nessa matéria.

Tirando isso, achei perfeito este livro. Sinceramente não estava à espera, num primeiro livro, de uma escrita com tanta qualidade e onde se denota uma pesquisa apurada. Aguardo o próximo. Serei leitora atenta concerteza! Temo que, como muitas vezes acontece, este livro passe ao lado dos leitores. Não merece, de todo.

Uma história da História muito bem contada que nos prende profundamente. Vivenciamos os acontecimentos e somos transportados para uma época onde a honra e a palavra dada constituiam valores a ter em conta. Muito visual e realista, este romance chega a impressionar fortemente, tal é a força das descrições e a forma como o autor capta a reproduz os sentimentos dos personagens reais ou fictícios.

Fiquei fã da escrita de Duarte Nuno Braga. Venha o próximo livro!

Terminado em 15 de Maio de 2016


Estrelas: 5*+

Sinopse

Corre o ano de 1493. D. João II convida o navegador Duarte Pacheco Pereira a conhecer Cristóvão Colombo. Joga-se o destino de Portugal e do próprio Duarte Pacheco Pereira, incumbido de uma missão secreta que o leva aos confins do Atlântico. Neste empolgante romance histórico desvenda-se a figura pouco conhecida do navegador descrito por Camões como o «Aquiles lusitano». Do perigo dos mares ao calor da Índia e da batalha, somos levados para uma época envolta em segredos, conspirações e relações proibidas. A ambição de um reino muda a vida de um homem dividido numa busca espiritual entre a lealdade e o amor.

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