Gosta deste blog? Então siga-me...

Também estamos no Facebook e Twitter

domingo, 13 de julho de 2014

Ao Domingo com... Eduardo Aleixo

Notas sobre mim e os meus livros
Chamo-me Eduardo Aleixo. Nasci em 26 de Outubro de 1946, em Mértola, Baixo-Alentejo. Comecei a escrever cedo e publiquei na adolescência crónicas no “ Diário do Alentejo” e no suplemento literário. O  “ Juvenil”, do “ Diário de Lisboa”.  Durante a longa vida profissional, embora tenha escrito sempre, pouco publiquei. Só iniciei a publicação de livros a partir de 2005, data em que criei o blogue, “ À Beira de Agua “ , que ainda mantenho, só de poesia, e em 2009 publiquei o livro de poemas, “ As palavras são de água “ e em 2011, outro livro, chamado, “ Os Caminhos do Silêncio”, todos eles através da Chiado Editora. Colaborei ainda em todas as colectâneas, poéticas,  desta Editora, em nº de 4, subordinadas ao título: “ Entre o Sono e o Sonho”.  A  paisagem seca, mas  muito bela, de Mértola, à beira do Guadiana, onde vivi a infância, marcou a minha linguagem poética. Agradeço o convite formulado amavelmente por Cristina Delgado  e vou apresentar-me falando um pouco dos meus livros.

“ As palavras são de água “ revelam a importância da água na minha vida. Em alguns poemas falo das águas limpas, claras e sempre em movimento, clareza e limpidez que desejo para a minha poesia. Falo também de nascentes, de fontes, porque não escondo a minha sede de regresso  a  uma origem,  que não sei explicar,  mas sei que é aí que existe a fonte donde bebo as águas mais puras e donde saem os versos mais autênticos. Falo também da importância das palavras, porque elas são as pedras com que construo as casas dos poemas. Falo do Amor. Não só pela pessoa amada, mas por todos os seres e por toda  a Terra, onde habitamos. Amor indissociável da dádiva, da liberdade, da alegria, do sem medo, do repúdio das máscaras, mas também da dor. Tem este livro um capítulo dedicado aos “ caminhos do silêncio”. É a parte que retrata o meu ser mais profundo. Os caminhos que levam ao silêncio e à serenidade. À paz. Que exploram e atravessam a paisagem mais rica, e a essencial – quanto a mim – do ser, aquela que vive esquecida, não lembrada, na maioria de nós, muitas vezes traída, onde a nossa criança interior, a maior riqueza que temos dentro de nós, sofre e espera que olhemos para ela. Nos poemas destes caminhos falo com o silêncio, ouço a sua voz, a voz do mar, dos pássaros, do vento, e bato à porta do mistério, em alguns lugares que visito, onde as sombras e as luzes se entrechocam e é com denodo que entreabro as cortinas que separam as águas da superfície das águas mais profundas da vida.   Não esquece ainda o livro, “ As palavras são de água “ os problemas do Homem em sociedade e por fim mostra a minha postura face à morte, entendida como fase natural da vida e fronteira com outra vida que existe  a despeito de não a vermos com os sentidos da nossa dimensão.

Em  “ Os Caminhos do Silêncio”, livro publicado
em 2011, encontramos  o aprofundamento do já referido em “ As palavras são de água”, no que concerne à procura do mais profundo de  mim, espaço ilimitado onde sei que posso encontrar a serenidade.  Poesia que procura uma espiritualidade , mas sempre enraizada na terra dos homens, sem a qual o céu não faz sentido. Os versos são simples e, como diz Isabel Mendes Ferreira, no seu belo prefácio, não vêm acompanhados de “ objectos adornantes”. Nascem despidos o mais possível e isso faz-me lembrar gostosamente a paisagem árida, de xisto, da minha infância, com sol muito quente e luminoso, incidindo na cal branca das paredes e sobre as flores silvestres, como as estevas, as urzes, os cardos, beleza sóbria, lisa, quanto baste, mas com as águas do rio ao lado, muitas águas, onde as estrelas se reflectem.
Os meus poemas fazem um apelo permanente às origens que não sei. Por isso uso com frequência palavras como colo, regaço, nascente, manhã, orvalho, fonte, Desejo intenso de regresso a um ponto de partida que é também um ponto de chegada, às origens, à pureza, à inocência, à nudez, à transparência, ao mistério, ao indizível.
Depeço-me, oferecendo-vos o poema que consta na contra-capa deste livro :

Isto é mais importante
É importante escutar o que dizem os pássaros,
a voz do mar,
os sentimentos do vento,
a sonata do luar,
o namoro das pedras com as águas,
a sinfonia dos canaviais,
o rumorejar dos pássaros
antes do anoitar dos bicos
debaixo dos sovacos das penas…
Tantas palavras que escrevo para dizer
que isto é mais importante
do que os pensamentos ardilosos
que te povoam a mente
e com os quais, se dizes que sentes
a sábia música do silêncio…
mentes!...

Eduardo Manuel Nascimento Aleixo



Sem comentários:

Enviar um comentário