Muito se tem falado nas viagens que os livros proporcionam. Belas, não há dúvida! Longas e repletas de emoção, também. Mas há viagens inesperadas. Viagens que nos fazem viver outras vidas e conhecer outras realidades. Serão as mais belas? Não sei responder mas são, certamente, as que nos permitem crescer um pouco mais. Saboreando melhor os prazeres que a vida nos dá. Apreciando o nosso cotidiano porque tão diferente.
Com este livro fiz uma viagem particularmente gratificante! Entrei num mundo desconhecido de uma cidade do litoral italiano que gira à volta de fábricas de aço, apreciei a sua rudeza, a beleza uma escrita sem travos na língua que, no início, custa a ouvir (leia-se ler). Duas amigas. Uma amizade de infância onde as promessas estão por realizar mas que fazem parte de sonhos que se sentem reais. Quem não teve amizades assim? E, no entanto, o ambiente que as cerca é de violência, de maus tratos, de perversão até.
O crescimento traz o desejo de união, de amor, da parte de uma delas que não é correspondido. E a separação torna-se uma realidade. Francesca e Anna. A elas juntam-se as histórias de Mattia, Alessio e Cristiano. Sandra e Rosa. Sente-se o peso que as unidades fabris impõem às vidas das personagens, e seus condicionamentos. O desejo de fuga está presente em todos os futuros sonhados. O ideal é sair para bem longe, o real é a permanência em Piombino, a cidade siderúrgica, que no verão se transforma por estar junto ao mar.
Um romance que apreciei muito ler, sobretudo pela rudeza do ambiente e pela forma como a autora o soube descrever tão bem!
Terminado em 29 de Julho de 2014
Estrelas: 5*
Sinopse
Não é fácil crescer na rua Stalingrado, na cidade siderúrgica de Piombino, no litoral da Toscana, por debaixo da sombra da imponente fábrica de aço. Ter 14 anos num ambiente social degradado, demasiado duro, junto a realidades incómodas como a violência, a droga, a delinquência… e, principalmente, a total ausência de ilusões, complica ainda mais a adolescência de Francesca e Anna. Mas estas duas jovens não estão dispostas a baixar os braços e a dar-se por vencidas. Têm como arma a sua beleza exuberante, a sua sexualidade, e a vitalidade que a juventude lhes confere, e estão prontas a ultrapassar todos os obstáculos, para lutar pelos seus sonhos.
Silvia Avallone, que surpreendeu Itália e comoveu a Europa com esta obra aclamada pela crítica, transporta-nos até a uma Itália industrial e periférica, para retratar a história de uma amizade intensa entre duas jovens que procuram desesperadamente a sua identidade. Com mestria e sinceridade, a autora capta as contradições da nossa época e da nossa economia, onde reina a falta de esperança e de perspetivas e os dramas dos jovens actuais.
Um livro actual, polémico, arrojado e duro como o Aço. Contudo, absolutamente comovente. Aço ensina aos jovens o valor da amizade e do amor e aos adultos, quem são e o que pensam, verdadeiramente os seus filhos.
Fiquei bastante curiosa!
ResponderEliminarBJ