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terça-feira, 19 de maio de 2020

"Sob Céus Vermelhos" de Karoline Kan

Este é um livro de memórias. Como tal é uma viagem ao interior das recordações da autora. Ela própria refere que são contadas como ela as viveu e sentiu. Mas independentemente disso, é num livro de História que mergulhamos. Não um daqueles maçudos e aborrecidos, não!

Embora com uma escrita muito concisa, jornalística, quase sem emoção, este livro prendeu-me muito sobretudo pelas lições históricas que fui apreendendo sobre um país que conhecia ao de leve.

A escrita é, assim, muito directa mas nem por isso desinteressante. Pelo contrário. Embora o papel da mulher nas três gerações referidas (avó, mãe e autora) tenha sofrido algumas alterações para melhor há, contudo, um caminho muito longo a percorrer de modo a que se possa falar de igualdade de sexos em termos de oportunidades.

O forte papel do Estado na vida do povo, manipulando e desinformando, provoca no leitor, pouco habituado a viver tais situações, um misto de repulsa e de incredulidade. As formas de manipulação que ele, subrepticiamente, induz aos seus habitantes, produz no leitor uma sensação incómoda.

Recomendo vivamente esta leitura para quem gosta de aprender sobre culturas muito diferentes da nossa.

Terminado em 14 de Maio de 2020

Estrelas: 6*

Sinopse
Muito na linha de Cisnes Selvagens, de Jung Chang, mas tendo como objeto a China das novas gerações, este é um relato não ficcional e na primeira pessoa, com digressões para o passado (político e familiar) e a observação das múltiplas vertentes sociais e culturais da história moderna da China, em constante mudança.

Karoline Kan está na vanguarda dessa mudança: nasceu em 1989, como segunda filha - ainda durante a vigência da Política do Filho Único - numa China rural. Chegou ao ensino superior e conquistou a autonomia económica sem ter de se casar e fazendo o trabalho que escolheu: escrever para revistas e jornais de prestígio internacional. As grandes referências de Karoline Kan são Jung Chang, Xinran e Xiaolu Guo - todas elas autoras publicadas pela Quetzal.

Cris

3 comentários:

  1. Li há muitos anos "Cisnes Selvagens" e gostei muito. Adoraria poder ler este também.

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  2. Parece bem interessante, especialmente para mim que li, ainda muito miúda, os livros da Pearl Buck (havia muitos lá em casa). Estranhei tanto aqueles costumes de enfaicharem os pés das meninas, todo aquele sofrimento para terem pés minúsculos; e a perplexidade deles quando por lá apareceu uma americana com uns pés enormes e cabelo ruivo (a quem chamaram diabo vermelho). Era a namorada do primogénito que tinha ido estudar para os Estados Unidos e se recusava a casar com a noiva chinesa, prometida à nascença...
    Muita coisa entretanto mudou, mas possivelmente não nos meios rurais. É um país imenso e ainda cheio de mistérios, penso eu...

    Beijo.
    🌻

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    Respostas
    1. A autora fala na politização a que são sujeitos os estudantes universitários e o tabu que há, ainda, em falar do massacre de Tiananmen, por ex.

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