Junto com este empréstimo veio uma recomendação positiva e as palavras "vais gostar". A minha amiga livrólica acertou. Bateu fundo, bem cá no fundo, este livro.
Consoante ia virando as páginas e avançando na leitura o meu assombro aumentava. O casal, protagonista nesta história, que sendo também o narrador, vai intercalando os seus pontos de vista e contando parte da história que vivem em conjunto, muito embora Yejide tenha um papel mais forte e predominante que Akin.
Yejide cresceu sozinha numa família constituída por muita gente. A sua mãe morreu ao dá-la à luz e isso marcou-a. Marcou-a porque as outras mulheres de seu pai não a deixavam esquecer isso e, também, o facto de a considerarem inferior na linhagem... Esqueci-me de referir que estamos na Nigéria por volta dos anos 80, palco de muitos confrontos e situações instáveis politicamente.
É um mundo cultural muito diferente aquele em que entramos ao folhear as páginas desta obra mas é-o, de igual forma, para Yejide. É uma moça universitária e, no entanto, a marca social que traz e as pressões a que está sujeita levam-na a aceitar e acreditar em situações, no mínimo, insólitas. Por seu lado, Akin, seu marido, está sujeito a pressões familiares e sociais de outro tipo mas não menos repressivas.
É um livro para se chorar, este. Um choro sem lágrimas, bem cá dentro, porque é contado de uma forma nua e crua mas não podemos deixar de repetir vezes sem conta: "Como é possível?"
Bem construído, desvendando mistérios pouco a pouco, como se quer, este romance prende o leitor, sobretudo porque escrito com uma crueza tal, que (temos a certeza), roça a realidade desse país. Verosímil. Assustador.
Terminado a 6 de Maio de 2020
Estrelas: 6*
Sinopse
Yejide e Akin estão casados desde os tempos de faculdade, onde se conheceram e apaixonaram. Agora, decorridos vários anos, Yejide espera por um milagre: uma criança. É o que o seu marido quer, e o que a sociedade espera dela - e, entre consultas de fertilidade, curandeiros e tisanas, Yejide tem feito tudo o que pode para consegui-lo. A família de Akin, no entanto, começa a dar sinais de impaciência, e quando sugerem ao jovem casal acolher em casa uma segunda esposa, mais jovem, os dois percebem que terão de encontrar uma solução rapidamente.
Percorrendo os anos turbulentos da Nigéria da década de 1980 até aos nossos dias, Fica Comigo é uma história sobre a fragilidade do amor conjugal e do colapso da família sob o peso exasperante da maternidade, bem como da contradição de valores que coexistem no interior de uma mesma sociedade.
Cris
Fiquei curiosa com o livro. Aliás, já tenho vários títulos desta colecção da Elsinone na minha wishlist. Acho que tem excelentes obras!
ResponderEliminarÉ verdade, Kassie! Tb gosto muito desta chancela!
EliminarExistem sociedades em que a cultura e a tradição constituem um choque para nós pois convivemos com valores diferentes. No entanto, mesmo na nossa sociedade e nas sociedades que nos são mais próximas há ainda muito caminho para percorrer no que respeita à justiça, igualdade de direitos e deveres e da pressão que é exercida sobre nós.
ResponderEliminarEstou a acabar um outro livro que aborda precisamwnte esse tema (entre outros) mas passado na China...beijinho
EliminarDeixou-me curiosa em relação ao livro... acho que vou inclui-li na minha lista. Partilho da opinião da Alexandra Guimarães. Todas as sociedades de alguma forma, umas mais ou menos tem os seus “esqueletos” no armário em relação à justiça.
ResponderEliminarLivrista este livro chocou-me. Tendo a protagonista uma educação superior não esperava determinados comportamentos nem que a pressão social tivessw tanto peso.
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