Li com bastante interesse este livro, chamada que fui pela sinopse que captou a minha atenção logo quando a li.
Foi uma viagem agradabilíssima que fiz a uma Austrália boémia dos anos 30. É através dos olhos de Lily que recordamos a sua infância e a sua adolescência. Uma forte amizade com uma colega da escola levou-a a entrar num ambiente diferente do que vivia em casa. Filha única de pais bastante conservadores, o mundo que se lhe abriu perante os olhos deslumbrou-a! O pai de Eva, a amiga inseparavel, era um pintor relativamente conhecido. O ambiente boémio que encontrou nessa casa, que aos poucos foi considerando sua, fascinou-a ao ponto de ir escrevendo em pequenos cadernos aquilo que considerava relevante, diferente, mantendo-se quase sempre como observadora.
A casa de Eva passou a ser a sua casa. O ambiente que aos oito anos lhe era estranho passou a fazer parte da sua vida. Cresceu e sempre que podia ficava nessa casa onde tudo era novo. Sobretudo a liberdade. Os adultos não interferiam. Eva e suas irmãs cresciam numa liberdade (ou indeferença?) que Lily não possuía. Os artistas que lá viviam, a sua arte e formas de encarar o mundo, fizeram-na ter um olhar diferente sobre o mundo em seu redor. No entanto, o seu elo de ligação com esse mundo sempre foi Eva. O que terá ocorrido que motivou a quebra dessa amizade?
Sabemos quase no início da narrativa que algo se passou que levou ao afastamento dessa amizade especial. O mistério fica por revelar, claro. O passado é descoberto aos poucos, as implicações dessa amizade e suas consequências também.
Bem escrita, esta história manteve-me atenta durante todas as suas páginas. Creio que esperava algo mais forte pois, dado o ambiente descrito e vivido pelos personagens, o motivo da separação destas duas amigas não constituiu, para mim, uma surpresa grande. No entanto, relembro que se trata do primeiro livro desta escritora, o que me leva a ficar disponível, curiosa e ter vontade de ler um próximo livro seu.
Terminado em 18 de Maio de 2017
Estrelas: 4*
Sinopse
No seu primeiro dia de aulas numa nova escola, Lily trava amizade com Eva, uma das filhas do infame artista avant-garde Evan Trentham. Ele e a sua esposa, Helena, tentam escapar ao conservadorismo sufocante da Austrália dos anos 1930 convidando outros artistas, cujo ideal e ambição se coadunam com os seus, para viver e trabalhar em sua casa. À medida que a amizade de Lily e Eva cresce, a primeira deixar-se-á seduzir pela excentricidade desta residência de artistas, ansiando por se integrar e pertencer verdadeiramente a uma família improvisada. Mas há sempre um preço a pagar pelo sonho e, falhada a utopia, serão as filhas de Evan que mais sofrerão com as escolhas dos pais.
Emily Bitto oferece-nos em Os Vadios, o seu romance de estreia, uma narrativa comovente acerca da amizade insuperável entre duas raparigas com uma cumplicidade muito própria - de um lado a voracidade e irreverência de Eva, do outro o torpor e uma certa rigidez de Lily - ambas como que alimentando-se uma da outra. Uma fascinante história de ambição, sacrifício e lealdades comprometidas.
Cris
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