Este é um livro de não ficção. Escrito por uma mulher que sabe pegar na "pena" e escrever com uma rara sensibilidade e beleza. A sua escrita é, pois, de uma beleza profunda muito embora o assunto de que fale seja de difícil entendimento. Isto porque, por mais que digam, "elas estão lá dentro e nós estamos cá fora". E isso faz toda a diferença. Por mais que digamos que somos iguais, esse muro invísivel é forte e está presente quando pensamos que por detrás dos muros, pessoas de verdade estão confinadas num espaço muita vezes superlotado.E são mulheres (como nós) que nos contam como foram parar por detrás das grades, como é estar limitada na sua liberdade, quem deixaram cá fora, o que lhes pesa na alma e como sonham com o mundo que vão encontrar quando saírem. Mas também nos falam do que aprenderam com tudo o que lhes aconteceu e como sentem a falta da palavra liberdade. Dos filhos e da saudade que doi, do trabalho na prisão para passar o tempo e de como e porque foram ali parar.
São muitas as histórias que nos são contadas. Outras, demasiadas, ficam por contar. Agostinha, Mónica, Nádia, Soraia, Margarida... A ala feminina em muitas prisões de Portugal e do Brasil. Um retrato das desigualdades sociais, da reclusão mas também de como o dinheiro fácil ainda (ingenuamente?) é o motor de muita gente que procura a "felicidade".
Terminado em 7 de Julho de 2018
Estrelas: 5*
Sinopse
Pode a reclusão revelar mistérios da condição da mulher?
O que têm em comum uma colombiana, uma romena, uma angolana, uma venezuelana, uma uruguaia, três brasileiras e nove portuguesas? Para elas, a liberdade é um desejo que carregam na mente, livre para sonhar, com o corpo preso num cárcere, labirinto entre o Rio de Janeiro, o Porto e Lisboa.
São mães, vaidosas, filhas, amantes, sonhadoras, escrevem cartas, leem livros, amam. São barqueiras invisíveis entre dois mundos: o mundo cá de fora e um céu gradeado. Este é mais do que um livro-reportagem, é a intuição subjetiva a partir de conversas com mulheres privadas de liberdade: os medos, os desafios, as conquistas, os desabafos, a ânsia de ser livre.
Cris
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