O último dos colonos
de João Afonso dos Santos
Memórias de infância e adolescência, retrato de uma família mas também de uma sociedade: a ditadura, o regime colonial e a ilusória eternidade de tudo isso, inscrita no catecismo oficial e nos costumes de então. A dada altura, a família divide-se entre Portugal e Timor. Cá, em Portugal, para onde o autor e o irmão, Zeca Afonso, depois de uma infância africana, se mudam, ainda crianças; lá, em Timor, a onde aportam os pais e a irmã Mariazinha no mesmo dia em que deflagra a guerra, que rapidamente arrebatará a ilha no seu vórtice. Ao contrário do que anunciou ao tempo a propaganda oficial, a neutralidade portuguesa na II Guerra Mundial não foi respeitada. Portugal entrou na guerra, com Timor-Leste ocupado pela força das armas, com órgãos de soberania e administração suprimidos, com populações martirizadas, assassinadas ou encarceradas, com património público ou privado esbulhado ou destruído. Até que a grande catástrofe chegou ao fim e o percurso familiar se restabeleceu na conjunção feliz dos seus membros.
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