Enquanto lia este livro lembrei-me de quantos desconhecem o que realmente se passou por detrás dos muros das prisões de Caxias e de Peniche ou dentro das portas da sede da Pide na R. António Maria Cardoso!
Infelizmente esta obra não trata de um assunto ficcionado e embora se leia muito rapidamente, custa a fazê-lo de tão pesado que é o seu conteúdo. As suas páginas estão repletas de acontecimentos que devem ser conhecidos de todos. Por tudo o que sofreram, estes homens e mulheres, devem ser homenageados. Que melhor homenagem haverá do que fazer justiça? Saber que muitos dos carrascos ficaram impunes não honra a democracia pela qual tantos lutaram...
Fiquei horrorizada com as barbaridades cometidas a quem discordava do regime: a privação de sono, a completa negação de hábitos de higiene, o isolamento, a chantagem com familiares, a administração de drogas, as variações de temperatura e outros métodos psicológicos de tortura que tinham efeitos e consequências ainda piores do que os brutais espancamentos a que esses homens eram sujeitos. E se algum conseguia arranjar forças para não sucumbir a tudo isso, muitas das vezes, após dias e dias de tortura, bastava uma palavra amiga de um pide "bom" (que fingia sentir compaixão) para que confessasse tudo o que sabia e o que não sabia!
Conhecer "pessoalmente" estes homens e mulheres foi para mim algo único e inesquecível. Como foi também o tomar conhecimento das consequências desses actos bárbaros (psicoses e depressões) que ficaram, a maior parte das vezes, impunes. Pode-se perguntar: onde está a justiça?
Um livro a ler. Duro. Mas necessário. Obrigatório!
Terminado em 13 de outubro de 2013
Estrelas: 6*
Sinopse
Depois de uma curta «Primavera Marcelista», o País assistiu a uma escalada da violência contra todos os portugueses que enfrentavam a ditadura. Entre 1973 e 1974, mais de 500 pessoas, pertencentes a vários movimentos políticos e oriundas de diferentes classes sociais, foram presas e violentados pela PIDE.
No forte de Caxias, muitas eram sujeitas às mais sofisticadas e brutais formas de tortura, ensinadas através de um manual entregue pela CIA à polícia política portuguesa, enquanto lá fora se preparava a revolução de 25 de Abril.
Depois de meses de sofrimento, os homens e mulheres detidos em Caxias enfrentaram momentos de angústia e incerteza quando souberam que houvera um golpe militar - seria um golpe da esquerda ou, tal como acontecera no Chile, da direita mais radical? Atrás das grades, os prisioneiros enfrentaram essa dúvida durante horas a fio. Sofrendo até ao fim, os últimos presos políticos do Estado Novo só conheceram a liberdade na madrugada de 27 de Abril de 1974 - dois dias depois da revolução que pôs termo a 48 anos de ditadura.
Muito interessante, Cristina. Bela escolha e excelente reflexão.
ResponderEliminarBoas leituras.
Há tantas coisas que desconhecemos, ah André? Este vale a pena!
EliminarEstou a ler (não há coincidências?)
ResponderEliminar;-)
E que tal, Cristina? Eu gostei muito!
EliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarTambém gostei muito. Podes ler a minha opiniäo:
ResponderEliminarhttp://andancasmedievais.blogspot.de/2013/10/os-ultimos-presos-do-estado-novo.html
;-)