Sou fã de Richard Zimler. Da sua escrita e também dos temas que aborda. De tudo que ele escreve que tenha a ver com a Segunda Guerra.
Sabia que este livro não estava relacionado com essa temática mas sabia também que as palavras deste autor têm o condão de prender e cativar o leitor. Esperava que isso me acontecesse. E, na realidade, muito embora marcado por um género diferente, este livro encantou-me pela diversidade de aspectos abordados, pelas histórias - várias - que encerra.
Não é um simples policial. Possui, porém, tudo o que um policial deve ter: suspense, mistério, mortes. Paralelamente decorrem outras histórias, histórias em meu entender, mais interessantes e que me prenderam grandemente a atenção: a personalidade dupla do personagem principal (distúrbio de personalidade múltipla) e a sua infância repleta de maus-tratos infligidos por seu pai.
Vemos que Henrique Monroe, o inspector da polícia e personagem principal, cresce e desenvolve-se como ser humano, com as suas contradições, os seus medos e as suas angústias. A sua família é o seu porto de abrigo e quer a sua esposa, como os seus filhos e irmão estão caracterizados profundamente e partilham com ele as sua preocupações e anseios. Gostei de sentir essa união, esse amor. Henrique, como muitas vezes sabemos que acontece na vida real, não deseja repetir os erros de seus pais e tenta pautar a sua vida por outros e melhores princípios.
A acção decorre em espaços por nós conhecidos. Lisboa serve de pano de fundo desta história e o ambiente de corrupção que tão bem nós ouvimos falar e conhecemos ilustra muitas destas páginas. Sentirmos que a acção poderia estar a acontecer ao nosso lado confere-lhe um realismo que me agradou de sobremaneira.
Um livro diferente dos que estou habituada a ler de Richard Zimler mas não menos interessante por isso.
Gostei e recomendo.
Terminado em 21 de Outubro de 2013
Estrelas: 5*
Sinopse
Até que ponto um único assassinato pode iluminar a crise moral em que se encontra o país?
6 de julho de 2012. Henrique Monroe, inspetor-chefe da Polícia Judiciária, é chamado a um luxuoso palacete de Lisboa para investigar o homicídio de Pedro Coutinho, um abastado construtor civil. Depois de interrogar a filha da vítima, Monroe começa a acreditar que Coutinho foi assassinado ao tentar defender a perturbada adolescente do violento assédio sexual de algum amigo da família. Ao mesmo tempo, uma pen que o inspetor descobre escondida na biblioteca da casa contém alguns ñcheiros com indícios de que a vítima poderá também ter sido silenciada por um dos políticos implicados na rede de corrupção que o industrial montara para conseguir os seus contratos.
Tendo como pano de fundo o Portugal contemporâneo, um país traído por uma elite política corrupta, que sofre sob o peso dos seus próprios erros históricos, Richard Zimler criou um intrigante policial psicológico, com uma ñgura central que se debate com os seus demónios pessoais ao mesmo tempo que tenta deslindar um caso que irá abalar para sempre os muros da sua própria identidade.
Ansiosa para ler Cris, ainda mais com esta tua opinião! bjs
ResponderEliminarPara quem está habituado aos livros de Zimler, este livro está escrito num registo diferente, mas apreciei-o de igual modo! Vale a leitura, Marília!
EliminarTambém já comprei! Gosto dele como escritor e como pessoa. Veio falar com os meus alunos há uns anos e adorámos!
ResponderEliminarHelena, fui à apresentação do seu livro no Corte Inglês. Zimler é de uma simplicidade extrema e não esqueceu de referir o seu tradutor. Esse facto agradou-me muito. Tantos desconhecidos que contribuem para que os livros sejam o que realmente pretendem ser: um meio de comunicar!
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