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domingo, 17 de março de 2013
Ao Domingo com... Pedro Garcia Rosado
Entre 2002 e 2008, o jornalista David Simon e o investigador policial Ed Burns criaram uma série televisiva que, durante cinco temporadas, se ocupou do sindicalismo, da política, da escola pública, dos negócios da droga, da Polícia e do jornalismo. A série era “The Wire”, que ficou a ser um dos marcos da televisão contemporânea (e não apenas no domínio do “thriller”), como o foram, vinte anos antes, “A Balada de Hill Street” e, dez anos depois, “Forbrydelsen/The Killing”.
Os criadores de “The Wire”, que sabiamente inovaram mais no conteúdo do que na forma, prestaram também uma atenção invulgar à escrita. Nos temas e na narrativa, o género literário conhecido por literatura policial é dos que mais se aproxima do audiovisual, sobretudo no caso da televisão, onde há mais tempo para contar uma história.
Como autor da ficção escrita, reconheço em “The Wire” a matriz da literatura “policial” contemporânea e, sobretudo, a demonstração de que este género será – de todos os géneros literários – o que tem os limites mais amplos e maleáveis na sua interacção com a sociedade real.
A literatura não serve para mudar o mundo e, como escritor, se o quiser mudar, vou votar, manifestar-me da maneira que entender conveniente ou escrever um panfleto. Mas gosto de abordar, no que escrevo, os problemas sociais e políticos da nossa sociedade, combinando-os com a criação de uma narrativa ficcional que, seguindo os cânones do “thriller”, dialogue com o leitor e o chame a participar na descoberta dos enigmas subjacentes às histórias. Foi o que comecei a fazer em 2004 com “Crimes Solitários”, o meu primeiro romance. Foi o que fiz agora com “Morte com Vista para o Mar”, o meu oitavo romance, agora publicado pela TopSeller.
Houve uma única pessoa que me fez a pergunta mais interessante de todas: por que motivo é que escrevo histórias policiais? A única resposta que dei, e que posso dar, é esta: porque gosto. E é o que tenciono continuar a fazer, como autor.
Num país como o nosso em que há um interesse público tão generalizado pelo crime e pela justiça, acredito que há futuro para a literatura policial de qualidade. E com o apoio de alguns editores, e sem ligar ao desinteresse ignorante de outros, penso que os meus “thrillers” não servirão apenas para entreter os leitores mas também para estimular outros autores, outros projectos e o desenvolvimento da literatura e do audiovisual neste domínio, correspondendo aos interesses reais do público e sem abdicar da qualidade e da originalidade.
Pedro Garcia Rosado
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Boa noite.
ResponderEliminarA cada semana não me canso de sublinhar a importância e o mérito desta iniciativa da Cristina.
Gostei bastante das palavras do Pedro Garcia Rosado. Gostei de sentir a sua segurança em si próprio. Gosto que se conheça e se afirme. Quanto à escrita de policiais tenho uma opinião muito minha. Penso que é um género demasiado sub-valorizado. Um policial com qualidade pode ter todos os ingredientes de uma grande e memorável obra que conste da história da literatura. Quando bem escrito um livro deste género, para além de todo o suspense e capacidade de agarrar o leitor, tem todas as condições para abordar uma miríade de temas que podem originar um sem número de perspectivas e reflexões por parte do leitor.
Quando o Pedro afirma que escreve policiais porque gosta... acho que faz muito bem. Eu também adoro lê-los.
Embora ainda não tenha lido o autor, shame on me, tenho três dos seus livros na minha wishlist, os referentes à trilogia Não Matarás, que conto ler ainda este ano.
As maiores felicidades ao Pedro Rosado.
Cumprimentos ao autor e à Cristina, e, claro, boas leituras. :)
Agradeço muito as suas palavras, André Nuno! E à Cristina agradeço a oportunidade para falar deste género literário.
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