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terça-feira, 19 de março de 2013
A convidada escolhe: "Um longo regresso a casa"
Já li este livro e partilho da opinião da Teresa. A minha opinião aqui. (Cris)
Iniciei este livro com alguma angústia por se tratar de um livro de cariz autobiográfico que conta a história da amizade entre a autora e Caroline, a sua
melhor amiga que morreu de cancro.
A minha angústia deve-se ao facto de meses antes desta leitura, a minha melhor amiga ter sido diagnosticada com cancro o qual batalhou e superou, mas não deixa de ainda hoje me perturbar...
Gail Caldwell conta-nos neste livro a história da sua amizade com Caroline que se iniciou devido a um interesse comum, os cães. É escrito duma forma muito intimista, que nos transporta para um universo de dor pela perda de alguém importante. Houve momentos em que a leitura se tornou difícil pois a dor de Gail é tão devastadora que quase a sentimos nós mesmos.
A leitura cujo tema aborda a dor e o sofrimento causados pela perda, é sempre
difícil mas é um dos temas que me atraem bastante. O lidar com a perda é um
assunto que devemos explorar uma vez que num momento qualquer do nosso
percurso teremos infelizmente de lidar com ele. E podemos até achar que
estamos preparados mas, há sempre algo que falta...
Estas duas mulheres constroem uma amizade forte e inabalável que é
subitamente interrompida pela morte de uma delas. A autora conta-nos neste livro não só como se construiu a sólida amizade com Caroline mas também a forma como lidou com a perda da sua melhor amiga e tão somente a pessoa mais importante na sua vida.
Tornou-se a certa altura uma leitura difícil por um lado pelos motivos que já abordei acima, por outro porque a narrativa se arrastou um pouco à volta de aspectos que suponho sejam importantes para a autora mas mais desinteressantes para o leitor, mas obviamente que se corre esse risco numa
obra autobiográfica.
Mas rápidamente se deixa essa fase e entra-se de novo em cheio no universo
sofrido de Gail e na forma como encontra saída para conseguir sobreviver à
imensa e dolorosa perda da sua amiga.
A escrita de Gail Caldwell é simples e intimista, envolvente e sentida.
As suas descrições de situações e ambientes facilmente nos envolve e quase
que visualizamos essas mesmas situações e ambientes.
A autora conta-nos ainda duma maneira igualmente sentida a nova perda que
sofre com a morte da sua fiel cadela e novamente o leitor que tem um particular amor aos seus animais, consegue perceber e sentir a perda de Gail.
Mas no final sente-se uma lufada de esperança ao perceber que é possível
sobreviver a perdas enormes e que há forma de continuar em frente mas
preservando memórias, emoções e sentimentos vividos no desenrolar duma
amizade profunda.
Este livro é um grito de dor mas também de esperança.
Inicei-o com angustia e terminei-o com um sentimento de esperança e com a
certeza que a morte embora nos roube quem amamos não nos pode roubar a
memória dos sentimentos e vivências, e sobretudo acabei-o com a satisfação
de saber que a amizade é algo de profundamente importante e vital na nossa
vida.
Teresa Carvalho
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