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segunda-feira, 24 de junho de 2024

"Filhos da Fábula" de Fernando Aramburu

Fernando Aramburu conquistou-me com o seu romance, "Pátria". Com as suas (tantas!) páginas fiquei um pouco mais conhecedora do quanto sofreram as famílias no País Basco, muitas vezes amigas que a guerra cível fez rivais, inimigas. Uma história que nos conta as feridas pelas quais duas famílias passaram. Impossível esquecer, necessário perdoar. Tão bom!

Confesso que não li ainda "O Regresso dos Andorinhões", sobretudo pelo tijolo que é e pela dificuldade de o transportar no dia a dia. Sei que a temática é diferente do "Pátria" mas o interesse está lá e, espero que chegue a sua vez!

Este "Filhos da Fábula", sendo de Aramburu e possuindo menos de 300 páginas, suscitou o meu interesse imediato. O tom da escrita é completamente diferente mas como pano de fundo encontra-se, à semelhança do "Pátria", o conflito basco. Asier e Joseba são dois jovens que em 2011 partem para o sul de França com o intuito de se juntarem à ETA. Não fosse a sua situação - e atitudes - desesperadamente ridículas, dado julgarem-se prestes a serem heróis, poderia ter dado algumas gargalhadas. Este tom na escrita não é o meu preferido mas reconheço em Aramburu uma mestria ímpar. E porquê?  Porque independentemente de não apreciar este tom jocoso na narrativa, o autor conseguiu conquistar-me com esta trama logo de início.

Asier e Joseba, Sancho e Pança. Foi de quem logo me lembrei. Dois personagens bastante patéticos na sua forma de encarar os acontecimentos, nomeadamente a extinção da ETA, porque lutam contra moinhos inventados. A sua perseverança fá-los caminhar para situações que se não fossem trágicas, seriam cómicas. A reflectir.

Leiam!

Terminado em 19 de Maio de 2024

Estrelas: 4*

Sinopse

O novo romance do autor de Pátria sobre gentes bascas: uma obra irónica, demolidora, divertidíssima. Dois jovens empolgados, Asier e Joseba, partem em 2011 para o Sul de França com a intenção de se converterem em militantes da ETA. Esperam instruções numa quinta com um aviário, acolhidos por um casal francês com quem pouco se entendem. É lá que ficam a saber que o grupo anunciou o fim da atividade armada. Abandonados à sua sorte, sem dinheiro, sem experiência nem armas, decidem continuar a luta por sua conta, fundando uma organização própria, na qual um assumirá o papel de chefe e disciplinado ideólogo, e o outro o de subalterno mais descontraído. O contraste entre o ensejo de feitos heroicos e as peripécias mais ridículas, sob uma chuva persistente, vai conduzindo a história para uma espécie de drama cómico. Até que conhecem uma jovem que lhes propõe um plano. Depois do sucesso de Pátria, este novo romance de Fernando Aramburu arrasta-nos, de uma forma muito ágil e surpreendente, para uma aventura inesperada com um desenlace magistral. Contado com um humor permanente, cáustico e veloz, e escrito com frases cuja brevidade são um autêntico virtuosismo, Filhos da Fábula é mais uma prova de que Fernando Aramburu pertence à estirpe dos grandes escritores, aqueles que nos contam histórias como mais ninguém é capaz de o fazer. 

Cris

3 comentários:

  1. Não li ainda nada do autor mas, se calhar, este livro não será a melhor opção para me iniciar na sua escrita.

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  2. Acredito que seja um livro com uma narrativa muito interessante de ler
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    Saudações poéticas e amigas.
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  3. Adorei o Pátria, um tijolo mas mto bom!

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