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terça-feira, 7 de agosto de 2012

A convidada escolhe... Mil sóis resplandescentes


Partilho inteiramente a opinião da Teresa. Um livro obrigatório! A minha opinião aqui. (Cris)

"Há livros que entram na nossa vida para literalmente nos dar um soco no estômago e acordar-nos para realidades que ultrapassam a nossa compreensão...

Perturbante, brutal e de extrema violência, este livro leva-nos pelo caminho da dor, a conhecer a realidade das mulheres afegãs ao contar a histórias de duas mulheres, Mariam e Laila, de diferentes idades e condições sociais que, por força do destino vemos seus destinos cruzarem-se ao casarem com o mesmo homem.
Inicialmente inimigas, acabam por desenvolver uma amizade inabalável para sobreviverem aos horrores a que diariamente foram submetidas.

É para nós ocidentais, impensável que no século XXI existam ainda mulheres a serem tratadas como mercadoria, sem direitos básicos, liberdade de expressão, direito de sair à rua sem a presença dum familiar masculino, sem o direito de decisão, sem direito ao amor, à escolha de parceiro, basicamente sem direito a uma existência digna e livre. No entanto, como tão bem sabemos, isso existe e passar por uma leitura punjente como esta acaba por ser um tributo à dor destas mulheres.

Imaginem terem de cumprir com isto:

(Excerto da mensagem “A Voz de Shari’a”, distribuída quando os taliban tomaram o poder no Afeganistão)

”... Atenção mulheres:
Devem permanecer sempre em vossas casas. Não é próprio uma mulher vaguear sem destino pelas ruas. Se saírem, devem ser acompanhadas por um mahram, um parente do sexo masculino. Se forem apanhadas sozinhas na rua, serão espancadas e mandadas para casa.
Não deverão, seja em que circunstância for, mostrar o vosso rosto. Cobrir-se-ão com a burca antes de sairem. Se não o fizerem serão severamente espancadas.
São proibidos os cosméticos.
São proibidas as joias.
Não deven usar roupa elegante.
Não devem falar senão quando falarem convosco.
Não devem cruzar o vosso olhar com o de um homem.
Não devem rir em público. Se o fizerem serão espancadas.
Não devem pintar as unhas, se o fizerem, perderão um dedo.
As raparigas ficam proibidas de frequentar a escola. Todas as escolas para raparigas serão imediatamente encerradas.
As mulheres serão proibidas de trabalhar.
Se forem culpadas de adultério, serão apedrejadas até à morte.
Ouçam,. Ouçam bem. Obedeçam. Allah-u-akbar.”
Pág. 215/216

Foi concerteza a intensão de Khaled Hosseini ao escrever este livro inesquecível,
homenagear as mulheres afegãs e de outras nacionalidades que, ainda hoje sofrem os horrores de serem oprimidas violentamente e de uma forma verdadeiramente ignóbil bem como dar-nos a conhecer este episódio tremendamente violento que foi a tomada do poder pelos Talibam no Afeganistão.

Terminando, quero apenas pedir-vos que não deixem de ler este livro mesmo que seja um dos mais perturbantes que li. Extraordinariamente violento mas ao mesmo tempo duma sensibilidade tocante é sem sombra de dúvidas uma leitura obrigatória e um dos livros que classifico como: inqualificável pela positiva!"

Teresa Carvalho

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