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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Soltas...

"A coca demora setenta e duas horas até sair do sangue. Esses seriam os piores momentos. Depois de ultrapassados sentir-me-ia cada vez melhor. (...) Fiz diariamente três horas de ginásio. O meu corpo precisava de ficar desgastado para que, ao anoitecer, quando chegasse a hora de dar uma snifadela, estivesse tão cansada que nem pensasse nisso e fosse direita para a cama dormir."

"Tudo parecia na mesma, só que a nossa dinâmica enquanto amigos estava profundamente alterada. Não conseguíamos comunicar tão bem. Depois de, os últimos tempos, só comunicarmos enquanto estávamos passados, ali. sóbrios, sentíamo-nos estranhos que acabaram de se conhecer."

"Pensei nos pais de cada um de nós. Apesar de fisicamente presentes, todos nos davam uma autonomia para a qual não tínhamos maturidade. Acabámos em permanente autogestão e profundamente influenciados por tudo aquilo que nos rodeara."

"Aparentemente, cada um de nós vinha de uma família normal, como existem centenas de milhar em todo o país. Só que, tal como a maioria dessas, o tempo de qualidade passado na companhia dos nossos pais era diminuto."

"Ao mesmo tempo, senti que ela me podia dar paz e que podia estabelecer com ela um relacionamento saudável. Vi nela alguém que me ofereceria carinho e afecto, sentimentos genuínos que não viessem no seguimento de uma snifadela ou de pastilhas engolidas à pressa na noite."

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