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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

“Canção para ninar menino grande” de Conceição Evaristo

Comecei esta leitura e, já a meio, entendi-a como pequenas histórias com um personagem masculino como elo de ligação. Pequenas histórias de mulheres poderosas que lhe estão ligadas pelo amor, essa fraqueza que lhes é mais forte que a vontade. Juventina, Neide, Eleonora, Aurora, Antonieta, Dolores, Dalva, Pérolo

Fio Jasmim é um jovem maquinista, bonito, que por força da profissão viaja por várias terras. O seu ego é imenso e, embora já com casamento marcado, não se prende a ninguém. Viaja, assim, pelo vale de muitos lençóis. Inquieto e inconstante nos seus amores, tenta manter a sua mulher no desconhecimento de tais aventuras. Tem como exemplo os ensinamentos de seu pai: homem viril e macho.

A narradora confessa: “Fui uma das mulheres de Fio Jasmim”.  Escreve e conta as várias histórias destas mulheres seguras, que sabem o que pretendem de Fio Jasmim.  Juventina destaca-se escrevendo uma composição: “Canção para ninar menino grande”.

“Quanto à vida de Juventina Maria Perpétua com Fio Jasmim, minha amiga me afirma sempre, que nunca precisou de um amor diferente do que ele lhe oferecia. Estava satisfeita, feliz até. Não queria um homem constantemente a seu lado. Não precisava de posar de esposa ou de namorada preferida. De noiva muito menos.” (pág.153)

O leitor pergunta-se no final: Quem saía enganado destas histórias de amor passageiro? Seriam mesmo as mulheres abandonadas? Ou Fio Jasmim? 

Terminado em 13 de Janeiro de 2025

Estrelas: 4*

Sinopse
Juventina Maria Perpétua sentou-se a escrever a canção da sua vida. Canção para ninar menino grande é um romance povoado por vozes femininas que habitam o passado e as muitas geografias de Fio Jasmim – o jovem ajudante de maquinista que percorre a região. De cidade em cidade, de solidão em solidão, a partitura vai-se compondo com as histórias entrelaçadas destas muitas mulheres, e dos seus amores. Mas a repetição que fica no ouvido é a dos afectos abandonados, dos filhos sem pai, dos esquecimentos inofensivos, que Fio Jasmim deixa pelo caminho. Conceição Evaristo entra no território da masculinidade esvaziada e sem-rumo de homens-meninos e faz dele uma canção para mulheres livres.

Cris


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